Após vitória de Trump, governo Lula e especialistas temem enfraquecimento das negociações da COP30 em Belém
Quando foi presidente pela primeira vez, republicano retirou Estados Unidos do Acordo de Paris O governo Luiz Inácio Lula da Silva e especialistas da área ambiental temem que a vitória eleitoral de Donald Trump como novo presidente dos Estados Unidos enfraqueça as negociações da COP30, que acontecerá em Belém em 2025. O principal mote da conferência é revisar e fortalecer o Acordo de Paris, que só foi alcançado depois que os EUA, sob o comando de Barack Obama, e a China aderiram ao pacto de frear as emissões de carbono. Quando foi presidente pela primeira vez, Trump retirou o país do Acordo assinado por 195 países por considerá-lo "desvantajoso" aos americanos. A tendência é repetir o ato depois que o presidente Joe Biden recolocou a nação no tratado. Secretária Nacional de Mudança Climática do Brasil, Ana Toni, evitou comentar a vitória eleitoral de Trump, mas afirmou que “a luta contra as mudanças climáticas é um compromisso de longo prazo de todos os governos e uma necessidade para a humanidade”. — Eleições nacionais ou tensões políticas podem, obviamente, afetar a governança climática global, mas temos uma responsabilidade coletiva de manter e fortalecer a estrutura climática multilateral internacional — disse a secretária que participará das negociações com os outros países na COP29, que começa na próxima semana no Azerbaijão. A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, aposta que as negociações climáticas possam ser feitas diretamente com os Estados, se o presidente norte-americano não aderir ao acordo. Ela também questionou se os países "precisarão trabalhar dobrado" caso uma nação não faça a sua parte. — Os demais países vão ter que trabalhar dobrado por um país que eventualmente não queira fazer a sua parte? Mas a questão climática e ambiental também é uma questão de compreensão econômica. Todo mundo vai ter que se esforçar para ter produtos que não sejam carbonointensivos. Vamos ter um país que diz "nós vamos continuar com produtos carbonointensivos? Colocas esses produtos no mercado, competindo com aqueles que estão fazendo um esforço? — questionou Marina na quarta-feira, após apresentação de dados sobre o desmatamento. Especialistas avaliam que a eventual ausência ou o descompromisso dos Estados Unidos esvaziarão ações globais em prol do clima, tendo em vista que o país é o maior produtor de petróleo do mundo e o segundo maior emissor de gás carbônico. — É um baque total. Se já estava difícil avançar na questão climática sem o Trump, imagine agora. A questão climática será uma das áreas mais atingidas, porque ele não é só uma pessoa descompromissada, mas um opositor do acordo. Anunciou que vai estimular mais petróleo, mais carvão. Isso vai exigir uma nova estratégia e os esforços terão que ser redobrados — disse o ex-ministro do Meio Ambiente Carlos Minc. Um dos efeitos práticos da eleição de Trump para o Brasil na área climática é a possível quebra da promessa de Biden de doar R$ 500 milhões ao Fundo Amazônia. O anúncio foi feito em 2023 e visava reforçar as ações de fiscalização contra crimes ambientais bancadas pelo Fundo. — Até agora, os EUA depositaram um pouco mais de 10%, mas essas remessas devem cessar daqui para frente — disse Marcio Astrini, secretário-executivo do Observatório do Clima. Durante a campanha deste ano, Trump prometeu incentivar a indústria dos combustíveis fósseis com o bordão “perfure, querido, perfure”. Um dos principais temas que devem ser negociados em Belém é justamente como limitar essa produção e estimular as fontes de energia renováveis. — O principal impacto é a priorização da agenda de combustíveis fósseis, que nos Estados Unidos se chama "fossil first". É essa tentativa de colocar os combustíveis fósseis ainda como uma prioridade política — afirmou Natalie Unterstell, presidente do Instituto Talanoa, dedicado a políticas voltadas às mudanças climáticas. Ela ponderou, no entanto, que nenhum país saiu do Acordo de Paris porque os Estados Unidos se retiraram. — Vamos ver como vai ser agora — completou. Firmado na COP21 em 2015, o acordo de Paris é considerado o pacto mais importante assinado até hoje por 195 países que estipulava investimentos da ordem de 100 bilhões de dólares por ano de países ricos a nações em desenvolvimento. O objetivo era manter o aquecimento global abaixo dos 1,5ºC. Essa temperatura, no entanto, foi alcançada no primeiro semestre de 2024 e os aportes prometidos nunca chegaram perto dessa cifra. Passados dez anos, o tratado será revisitado na COP30, quando cada os país tentarão chegar a um novo consenso sobre como frear o aquecimento global e, por consequência, os desastres climáticos.
Quando foi presidente pela primeira vez, republicano retirou Estados Unidos do Acordo de Paris O governo Luiz Inácio Lula da Silva e especialistas da área ambiental temem que a vitória eleitoral de Donald Trump como novo presidente dos Estados Unidos enfraqueça as negociações da COP30, que acontecerá em Belém em 2025. O principal mote da conferência é revisar e fortalecer o Acordo de Paris, que só foi alcançado depois que os EUA, sob o comando de Barack Obama, e a China aderiram ao pacto de frear as emissões de carbono. Quando foi presidente pela primeira vez, Trump retirou o país do Acordo assinado por 195 países por considerá-lo "desvantajoso" aos americanos. A tendência é repetir o ato depois que o presidente Joe Biden recolocou a nação no tratado. Secretária Nacional de Mudança Climática do Brasil, Ana Toni, evitou comentar a vitória eleitoral de Trump, mas afirmou que “a luta contra as mudanças climáticas é um compromisso de longo prazo de todos os governos e uma necessidade para a humanidade”. — Eleições nacionais ou tensões políticas podem, obviamente, afetar a governança climática global, mas temos uma responsabilidade coletiva de manter e fortalecer a estrutura climática multilateral internacional — disse a secretária que participará das negociações com os outros países na COP29, que começa na próxima semana no Azerbaijão. A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, aposta que as negociações climáticas possam ser feitas diretamente com os Estados, se o presidente norte-americano não aderir ao acordo. Ela também questionou se os países "precisarão trabalhar dobrado" caso uma nação não faça a sua parte. — Os demais países vão ter que trabalhar dobrado por um país que eventualmente não queira fazer a sua parte? Mas a questão climática e ambiental também é uma questão de compreensão econômica. Todo mundo vai ter que se esforçar para ter produtos que não sejam carbonointensivos. Vamos ter um país que diz "nós vamos continuar com produtos carbonointensivos? Colocas esses produtos no mercado, competindo com aqueles que estão fazendo um esforço? — questionou Marina na quarta-feira, após apresentação de dados sobre o desmatamento. Especialistas avaliam que a eventual ausência ou o descompromisso dos Estados Unidos esvaziarão ações globais em prol do clima, tendo em vista que o país é o maior produtor de petróleo do mundo e o segundo maior emissor de gás carbônico. — É um baque total. Se já estava difícil avançar na questão climática sem o Trump, imagine agora. A questão climática será uma das áreas mais atingidas, porque ele não é só uma pessoa descompromissada, mas um opositor do acordo. Anunciou que vai estimular mais petróleo, mais carvão. Isso vai exigir uma nova estratégia e os esforços terão que ser redobrados — disse o ex-ministro do Meio Ambiente Carlos Minc. Um dos efeitos práticos da eleição de Trump para o Brasil na área climática é a possível quebra da promessa de Biden de doar R$ 500 milhões ao Fundo Amazônia. O anúncio foi feito em 2023 e visava reforçar as ações de fiscalização contra crimes ambientais bancadas pelo Fundo. — Até agora, os EUA depositaram um pouco mais de 10%, mas essas remessas devem cessar daqui para frente — disse Marcio Astrini, secretário-executivo do Observatório do Clima. Durante a campanha deste ano, Trump prometeu incentivar a indústria dos combustíveis fósseis com o bordão “perfure, querido, perfure”. Um dos principais temas que devem ser negociados em Belém é justamente como limitar essa produção e estimular as fontes de energia renováveis. — O principal impacto é a priorização da agenda de combustíveis fósseis, que nos Estados Unidos se chama "fossil first". É essa tentativa de colocar os combustíveis fósseis ainda como uma prioridade política — afirmou Natalie Unterstell, presidente do Instituto Talanoa, dedicado a políticas voltadas às mudanças climáticas. Ela ponderou, no entanto, que nenhum país saiu do Acordo de Paris porque os Estados Unidos se retiraram. — Vamos ver como vai ser agora — completou. Firmado na COP21 em 2015, o acordo de Paris é considerado o pacto mais importante assinado até hoje por 195 países que estipulava investimentos da ordem de 100 bilhões de dólares por ano de países ricos a nações em desenvolvimento. O objetivo era manter o aquecimento global abaixo dos 1,5ºC. Essa temperatura, no entanto, foi alcançada no primeiro semestre de 2024 e os aportes prometidos nunca chegaram perto dessa cifra. Passados dez anos, o tratado será revisitado na COP30, quando cada os país tentarão chegar a um novo consenso sobre como frear o aquecimento global e, por consequência, os desastres climáticos.
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