Como falar de política sem falar de política
Mulheres, imigrantes, minorias e o clima estão sob ameaça depois da vitória de Trump; corrupção, individualismo e materialismo serão rompantes Alguns textos demandam tempo para maturar. Outros só funcionam se escritos de sentada e por instinto. Esse é o segundo texto que escrevo por impulso depois da vitória de Donald Trump. O primeiro foi uma carta para meus filhos. Disse que os próximos anos serão duros e cruéis para muita gente. Direitos humanos básicos serão ignorados e abolidos. Mulheres, imigrantes, minorias e o clima estão sob ameaça. Corrupção, individualismo e materialismo serão rompantes. A pura e simples decência vai desaparecer. De pária a presidente eleito: Como Trump (re)construiu seu caminho de volta à Casa Branca Martha Batalha: Kamala e o voto das mulheres O consolo e revanche em tempos sombrios, disse a eles, é saber quem vocês são e no que acreditam. Vocês vivem numa casa cheia de amor, livros e música. Com boa comida e um jardim. Com pais que não são perfeitos mas tentam o melhor, pedem desculpas quando errados e se perdoam. Vocês foram criados sabendo o que é respeito, empatia, justiça, gentileza. Entendendo que não são o centro do mundo, mas parte de uma comunidade. Expostos a outras culturas e realidades. No momento este país está doente e só o que vale é dinheiro e entretenimento. Milhões de pessoas se submetem a uma dieta online de porcarias e se fazem zumbis. Elas deixam de pensar por conta própria e se contentam com a superfície do conhecimento. Não dirigem a atenção para o que desejam, mas para o que as mídias sociais impõem. Lembrei a eles sobre o mais valioso que possuem, as suas mentes e corações. Pedi cuidado para o que forem consumir online, para sempre conversarem conosco e nunca deixarem de ler livros. Para lembrarem de exercer discernimento, compaixão e pensamento crítico. Pedi para evitarem o cinismo. Os Estados Unidos estão indo para um lado, disse a eles, e nós seguiremos para outro. É questão de preto no branco, de se opor firme e tranquilamente ao que esse governo fará. Essa oposição, eu sinto, e espero que eles também, se dá a princípio na essência. Ela me traz paz e a certeza de que eu estou do lado certo da História. Escrevi na quarta-feira que Kamala Harris ganharia pelo voto das mulheres. Não fui capaz de intuir o oposto. Ela perdeu por causa dos votos dos homens, e principalmente do homem latino. O que nem Kamala percebeu em seus discursos feministas é que atacar a misoginia de Trump é atacar grande parte do eleitorado. A carapuça serviu. Ainda no calor dos fatos, e com o sentimento no gogó: um só eleitor do Trump me causa indignação. Setenta e dois milhões causam decepção com o ser humano. Mas de novo, eu sei quem eu sou e o que está certo. Eu tenho livros, filhos, samambaias e uma casa com amor. Eu posso não ser a maioria, mas certamente não sou a única.
Mulheres, imigrantes, minorias e o clima estão sob ameaça depois da vitória de Trump; corrupção, individualismo e materialismo serão rompantes Alguns textos demandam tempo para maturar. Outros só funcionam se escritos de sentada e por instinto. Esse é o segundo texto que escrevo por impulso depois da vitória de Donald Trump. O primeiro foi uma carta para meus filhos. Disse que os próximos anos serão duros e cruéis para muita gente. Direitos humanos básicos serão ignorados e abolidos. Mulheres, imigrantes, minorias e o clima estão sob ameaça. Corrupção, individualismo e materialismo serão rompantes. A pura e simples decência vai desaparecer. De pária a presidente eleito: Como Trump (re)construiu seu caminho de volta à Casa Branca Martha Batalha: Kamala e o voto das mulheres O consolo e revanche em tempos sombrios, disse a eles, é saber quem vocês são e no que acreditam. Vocês vivem numa casa cheia de amor, livros e música. Com boa comida e um jardim. Com pais que não são perfeitos mas tentam o melhor, pedem desculpas quando errados e se perdoam. Vocês foram criados sabendo o que é respeito, empatia, justiça, gentileza. Entendendo que não são o centro do mundo, mas parte de uma comunidade. Expostos a outras culturas e realidades. No momento este país está doente e só o que vale é dinheiro e entretenimento. Milhões de pessoas se submetem a uma dieta online de porcarias e se fazem zumbis. Elas deixam de pensar por conta própria e se contentam com a superfície do conhecimento. Não dirigem a atenção para o que desejam, mas para o que as mídias sociais impõem. Lembrei a eles sobre o mais valioso que possuem, as suas mentes e corações. Pedi cuidado para o que forem consumir online, para sempre conversarem conosco e nunca deixarem de ler livros. Para lembrarem de exercer discernimento, compaixão e pensamento crítico. Pedi para evitarem o cinismo. Os Estados Unidos estão indo para um lado, disse a eles, e nós seguiremos para outro. É questão de preto no branco, de se opor firme e tranquilamente ao que esse governo fará. Essa oposição, eu sinto, e espero que eles também, se dá a princípio na essência. Ela me traz paz e a certeza de que eu estou do lado certo da História. Escrevi na quarta-feira que Kamala Harris ganharia pelo voto das mulheres. Não fui capaz de intuir o oposto. Ela perdeu por causa dos votos dos homens, e principalmente do homem latino. O que nem Kamala percebeu em seus discursos feministas é que atacar a misoginia de Trump é atacar grande parte do eleitorado. A carapuça serviu. Ainda no calor dos fatos, e com o sentimento no gogó: um só eleitor do Trump me causa indignação. Setenta e dois milhões causam decepção com o ser humano. Mas de novo, eu sei quem eu sou e o que está certo. Eu tenho livros, filhos, samambaias e uma casa com amor. Eu posso não ser a maioria, mas certamente não sou a única.
Qual é a sua reação?