Redução de danos, mistura de tranquilizantes: o que está por trás da queda significativa nas mortes por overdose de fentanil nos EUA

Especialistas estão intrigados sobre quais intervenções estão salvando vidas; mudanças na própria oferta ilícita podem conter pistas importantes Depois de anos de aumentos implacáveis nas mortes por overdose, os Estados Unidos viram uma reversão notável. Por sete meses consecutivos, de acordo com dados federais, os óbitos vêm diminuindo. Os esforços expandidos de tratamento, prevenção e educação desempenham um papel, mas os especialistas em políticas de drogas acreditam que há outra razão surpreendente: mudanças na própria oferta de drogas, que estão, por sua vez, influenciando a forma como as pessoas usam as substâncias. inovação 'inacreditável': Americana é 1ª pessoa a receber transplante duplo de pulmão totalmente robótico; entenda EUA desenvolve a 1ª IA capaz de criar o material genético de um ser vivo; veja o que isso significa O fentanil nas ruas, opioide por trás da maior parte das mortes por overdose no país, está começando a ficar mais fraco. A chefe da Administração de Combate às Drogas dos EUA (DEA, da sigla em inglês), Anne Milgram, anunciou na semana passada que, pela primeira vez desde 2021, a agência viu um declínio na potência da substância. Ela atribui o feito à repressão do governo aos cartéis mexicanos e às cadeias de suprimentos internacionais. No ano passado, 7 em cada 10 pílulas falsificadas testadas nos laboratórios da DEA continham uma quantidade de fentanil com risco de vida, número que caiu para 5 em cada 10. Especialistas em dependência afirmam que outras intervenções também contribuíram para o declínio das fatalidades, incluindo uma distribuição mais ampla de medicamentos para reversão de overdose, como o Narcan; um aumento em alguns estados nas prescrições de fármacos que suprimem os desejos por opioides, e campanhas para alertar o público sobre pílulas falsificadas contaminadas com fentanil. Além disso, programas de redução de danos que oferecem trocas de seringas estéreis e tiras de teste de fentanil aos usuários também estão salvando vidas, observam os especialistas. Muitos serviços de tratamento e apoio que foram fechados durante a pandemia da Covid-19 passaram a estar mais acessíveis. — Todos esses fatores fazem parte de uma resposta de saúde ao uso de substâncias que está dobrando a curva — diz o presidente da Sociedade Americana de Medicina do Vício, Brian Hurley. Mas os especialistas em políticas e médicos dizem que as mudanças no mercado de drogas ilícitas de fato são um fator crescente, como apontou a chefe da DEA, embora algumas das mudanças também tenham efeitos controversos. O diretor do Escritório de Política Nacional de Controle de Drogas da Casa Branca, Rahul Gupta, atribui a diminuição nas mortes por overdose em parte aos esforços de repressão à distribuição de produtos químicos usados para fazer fentanil e outros suprimentos que levam a droga mais facilmente para as ruas dos EUA. Como resultado, o fentanil puro está se tornando mais escasso e mais caro, disse Gupta em entrevista ao noticiário local: — Obviamente, a pureza tem uma relação com a letalidade. Excesso de gordura no braço: confira 3 exercícios para eliminar a flacidez Em todo o país, autoridades locais e trabalhadores comunitários estão percebendo a alteração: — Há algum tempo vemos o fentanil mudando: quanto fentanil está no fornecimento, os tipos e a forma — comenta a líder do programa de verificação de drogas em Massachusetts, Traci Green, que coleta amostras de grupos de redução de danos e agências de aplicação da Lei. Alguns pesquisadores de saúde pública também teorizam que a crescente prevalência de outras drogas, vendidas sozinhas e também misturadas com fentanil, teve um impacto na forma como as pessoas usam o próprio fentanil. O opioide agora é frequentemente diluído com xilazina, um tranquilizante animal que pode causar úlceras cutâneas graves, que já levaram até mesmo a casos de amputações de membros. Mas especialistas em políticas de drogas disseram que a xilazina, em alguns casos, também pode estar tendo um efeito que salva vidas. Isso porque pessoas com dependência em fentanil geralmente precisam da droga várias vezes ao dia. Mas a xilazina pode sedar os usuários por horas. Se alguém consome fentanil misturado com xilazina, "você não pode usar outro pacote de fentanil, porque você está apagado", diz o pesquisador Colin Miller, da Universidade da Carolina do Norte em Chapel Hill, que tem entrevistado usuários de drogas em Grand Rapids, Michigan e Pittsburgh sobre os efeitos da xilazina. A pesquisa descobriu que os pacientes internados nos departamentos de emergência por overdose de fentanil tiveram resultados menos graves quando a xilazina também foi detectada. Falta de higienização: Médicos alertam para aumento de micoses causadas por fungos transmitidos em barbearias Há ainda o papel da disseminação de psicoestimulantes como metanfetamina e cocaína, que também pode estar desempenhando um papel, continuam os especialistas. Mas separar esse impacto é difícil. As pesquisas sugerem q

Nov 22, 2024 - 12:46
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Redução de danos, mistura de tranquilizantes: o que está por trás da queda significativa nas mortes por overdose de fentanil nos EUA

Especialistas estão intrigados sobre quais intervenções estão salvando vidas; mudanças na própria oferta ilícita podem conter pistas importantes Depois de anos de aumentos implacáveis nas mortes por overdose, os Estados Unidos viram uma reversão notável. Por sete meses consecutivos, de acordo com dados federais, os óbitos vêm diminuindo. Os esforços expandidos de tratamento, prevenção e educação desempenham um papel, mas os especialistas em políticas de drogas acreditam que há outra razão surpreendente: mudanças na própria oferta de drogas, que estão, por sua vez, influenciando a forma como as pessoas usam as substâncias. inovação 'inacreditável': Americana é 1ª pessoa a receber transplante duplo de pulmão totalmente robótico; entenda EUA desenvolve a 1ª IA capaz de criar o material genético de um ser vivo; veja o que isso significa O fentanil nas ruas, opioide por trás da maior parte das mortes por overdose no país, está começando a ficar mais fraco. A chefe da Administração de Combate às Drogas dos EUA (DEA, da sigla em inglês), Anne Milgram, anunciou na semana passada que, pela primeira vez desde 2021, a agência viu um declínio na potência da substância. Ela atribui o feito à repressão do governo aos cartéis mexicanos e às cadeias de suprimentos internacionais. No ano passado, 7 em cada 10 pílulas falsificadas testadas nos laboratórios da DEA continham uma quantidade de fentanil com risco de vida, número que caiu para 5 em cada 10. Especialistas em dependência afirmam que outras intervenções também contribuíram para o declínio das fatalidades, incluindo uma distribuição mais ampla de medicamentos para reversão de overdose, como o Narcan; um aumento em alguns estados nas prescrições de fármacos que suprimem os desejos por opioides, e campanhas para alertar o público sobre pílulas falsificadas contaminadas com fentanil. Além disso, programas de redução de danos que oferecem trocas de seringas estéreis e tiras de teste de fentanil aos usuários também estão salvando vidas, observam os especialistas. Muitos serviços de tratamento e apoio que foram fechados durante a pandemia da Covid-19 passaram a estar mais acessíveis. — Todos esses fatores fazem parte de uma resposta de saúde ao uso de substâncias que está dobrando a curva — diz o presidente da Sociedade Americana de Medicina do Vício, Brian Hurley. Mas os especialistas em políticas e médicos dizem que as mudanças no mercado de drogas ilícitas de fato são um fator crescente, como apontou a chefe da DEA, embora algumas das mudanças também tenham efeitos controversos. O diretor do Escritório de Política Nacional de Controle de Drogas da Casa Branca, Rahul Gupta, atribui a diminuição nas mortes por overdose em parte aos esforços de repressão à distribuição de produtos químicos usados para fazer fentanil e outros suprimentos que levam a droga mais facilmente para as ruas dos EUA. Como resultado, o fentanil puro está se tornando mais escasso e mais caro, disse Gupta em entrevista ao noticiário local: — Obviamente, a pureza tem uma relação com a letalidade. Excesso de gordura no braço: confira 3 exercícios para eliminar a flacidez Em todo o país, autoridades locais e trabalhadores comunitários estão percebendo a alteração: — Há algum tempo vemos o fentanil mudando: quanto fentanil está no fornecimento, os tipos e a forma — comenta a líder do programa de verificação de drogas em Massachusetts, Traci Green, que coleta amostras de grupos de redução de danos e agências de aplicação da Lei. Alguns pesquisadores de saúde pública também teorizam que a crescente prevalência de outras drogas, vendidas sozinhas e também misturadas com fentanil, teve um impacto na forma como as pessoas usam o próprio fentanil. O opioide agora é frequentemente diluído com xilazina, um tranquilizante animal que pode causar úlceras cutâneas graves, que já levaram até mesmo a casos de amputações de membros. Mas especialistas em políticas de drogas disseram que a xilazina, em alguns casos, também pode estar tendo um efeito que salva vidas. Isso porque pessoas com dependência em fentanil geralmente precisam da droga várias vezes ao dia. Mas a xilazina pode sedar os usuários por horas. Se alguém consome fentanil misturado com xilazina, "você não pode usar outro pacote de fentanil, porque você está apagado", diz o pesquisador Colin Miller, da Universidade da Carolina do Norte em Chapel Hill, que tem entrevistado usuários de drogas em Grand Rapids, Michigan e Pittsburgh sobre os efeitos da xilazina. A pesquisa descobriu que os pacientes internados nos departamentos de emergência por overdose de fentanil tiveram resultados menos graves quando a xilazina também foi detectada. Falta de higienização: Médicos alertam para aumento de micoses causadas por fungos transmitidos em barbearias Há ainda o papel da disseminação de psicoestimulantes como metanfetamina e cocaína, que também pode estar desempenhando um papel, continuam os especialistas. Mas separar esse impacto é difícil. As pesquisas sugerem que os estimulantes não são tão letais quanto o fentanil, embora ainda sejam perigosos e possam levar a overdoses fatais e danos cardíacos crônicos. Um estudo recente mostrou uma possível correlação em Ohio entre a queda nas mortes por opioides e um aumento de metanfetamina no estado. Um dos autores, Daniel Ciccarone, especialista em política de drogas e professor da faculdade de medicina da Universidade da Califórnia, em San Francisco, entrevistou usuários de opiáceos sobre o porquê de eles estarem passando a usar também estimulantes. — Pessoa após pessoa disse que a metanfetamina pode distraí-los ou saciá-los o suficiente para evitar o fentanil — explica Ciccarone, que continua: — Teoricamente, uma dosagem menos cumulativa de fentanil levará a menos mortes por fentanil. Os pesquisadores observam que as campanhas alertando sobre suprimentos de drogas contaminadas com fentanil tiveram um impacto, levando muitos usuários de drogas a tomar mais precauções. — As pessoas chegam dizendo: "Quero ter certeza de que não é fentanil — revela a epidemiologista da UCLA, Chelsea Shover, que dirige um programa de verificação de drogas baseado na comunidade. — Ou às vezes vemos pessoas dizendo: "Tenho certeza de que é fentanil, mas quero ter certeza de que não há outras coisas nele" — complementa. As formas como as pessoas ingerem fentanil também estão mudando, observaram alguns pesquisadores, embora ainda não considerem ser possível chegar a conclusões sobre como isso está afetando as fatalidades. Dieta equilibrada: As 6 dicas de Harvard para incluir mais fibras na alimentação A diretora do Centro Nacional de Prevenção e Controle de Lesões do governo, Allison Arwady, que é um braço dos Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), diz que menos usuários estavam injetando fentanil, dando preferência a fumá-lo ou cheirá-lo. Isso pode ser porque estão tentando evitar as feridas de necrose causadas pela xilazina, que estão intimamente associadas à injeção. Mas também pode estar relacionado à percepção equivocada de que fumar ou cheirar é menos letal do que a injeção. Na verdade, um estudo recente dos CDC mostrou que, embora as mortes por opioides relacionadas à injeção tenham caído, principalmente na Costa Oeste, as mortes associadas à droga fumada aumentaram. Arwady disse que o afastamento da injeção, especialmente entre os mais jovens, pode indicar que eles estão absorvendo e reagindo às mensagens de saúde pública sobre como o uso compartilhado de agulhas pode transmitir infecções perigosas. Mortes permanecem altas Formuladores de políticas públicas e especialistas em tratamento dizem que é importante lembrar que, embora as melhorias tenham sido significativas, as mortes relacionadas a drogas ainda estão alarmantemente altas. De acordo com os últimos dados provisórios dos CDC, os óbitos por overdose caíram para 97 mil nos 12 meses encerrados em junho, uma diminuição para abaixo da marca de 100 mil que foi superada na pandemia. Houve 16 mil mortes a menos durante esse período do que no anterior - uma queda projetada de 14,5%. Os dados sugerem que, em muitos estados, as taxas de overdose não fatais também estão caindo. Jejum, comer mais cedo no dia ou fazer menos refeições: o que funciona melhor para perder peso? Mas os dados também mostram um progresso desigual entre grupos raciais e étnicos e regiões geográficas. As overdoses fatais entre os negros americanos aumentaram entre 2022 e 2023, enquanto diminuíram amplamente entre os americanos brancos, de acordo com uma análise recente dos dados estaduais da Universidade de Georgetown. Os estados do Leste e do Meio-Oeste viram algumas das quedas mais acentuadas de fatalidades, um possível reflexo de suas respostas mais experientes ao fentanil, que os atormenta há anos. Por outro lado, em cinco estados do Oeste, onde o fentanil chegou mais tarde, as mortes por overdose ainda estão em alta. Além disso, o aumento nas prescrições de tratamento com opioides não é uniforme, e o acesso às medicações ainda é limitado: obstáculos para reduzir ainda mais a fatalidade, bem como as taxas gerais de dependência, disse a Associação Médica Americana em um relatório sobre a crise dos opioides divulgado nesta quinta-feira. Embora o declínio geral da letalidade seja uma notícia bem-vinda, "ele vem com o risco de que as pessoas digam: 'Estamos bem agora com overdoses de drogas, estamos progredindo'", comenta Allison: — Existem comunidades inteiras que não estão vendo esse progresso. Muitas famílias continuam a ser impactadas por isso todos os dias. Portanto, deve continuar sendo uma prioridade para os CDC e a saúde pública em todo o país.

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