Mensagens entre auxiliares, itinerário no Planalto e discurso no Alvorada: indícios levantados pela PF apontam que Bolsonaro sabia do plano para matar Moraes
Indiciado por tramar um golpe, ex-presidente nega as acusações O relatório final da Polícia Federal lista um conjunto de indícios que aponta que o ex-presidente Jair Bolsonaro estava a par do plano para capturar ou matar o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). A aliados, o ex-mandatário tem dito que não sabia sobre a trama. Entre as provas elencadas pelos investigadores, estão mensagens trocadas entre auxiliares do ex-presidente, reuniões e registros de entrada e saída do Palácio do Planalto, além da impressão do plano chamado de "Punha Verde e Amarelo" na sede do Executivo na mesma hora em que Bolsonaro estava lá. O relatório da PF, que ainda está sob sigilo, traz o indiciamento de Bolsonaro e outras 36 pessoas entre militares de alta patente, ex-ministros, juristas e um padre. Outra evidência destacada pela PF é a movimentação do general Mário Fernandes, número dois da Secretaria-Geral da Presidência. Segundo os investigadores, o militar imprimiu as três páginas do plano golpista no Palácio do Planalto em 6 de dezembro de 2022. Novo depoimento: Cid reforçou a Moraes que Bolsonaro sabia da minuta golpista e sugeriu alterações no documento A PF descobriu que, na noite de 8 de dezembro, Mário Fernandes enviou um áudio a Mauro Cid, então ajudante de ordens de Bolsonaro, dizendo que teve uma conversa com o presidente. "A primeira, durante a conversa que eu tive com o presidente, ele citou que o dia 12, pela diplomação do vagabundo, não seria uma restrição, que isso pode, que qualquer ação nossa pode acontecer até 31 de dezembro e tudo. Mas, porra, aí na hora eu disse, pô presidente, mas o quanto antes, a gente já perdeu tantas oportunidades", relatou Fernandes, indicando que Bolsonaro havia autorizado "qualquer ação nossa" até o fim do ano, segundo a PF. A PF comprovou que, no mesmo dia do áudio, Fernandes esteve no Palácio da Alvorada, residência oficial do presidente, por cerca de 40 minutos, conforme mostram registros de entrada e saída do local. No dia seguinte, de acordo com a investigação, Bolsonaro fez a sua primeira manifestação pública após a derrota nas eleições de 2022, no cercadinho do Alvorada. Na ocasião, ele pediu para que os seus apoiadores não fizessem "críticas" sobre o que não sabem e deu a entender que estava trabalhando em uma "decisão" que não dependia exclusivamente dele. — As decisões, quando são exclusivamente nossas, são menos difíceis e menos dolorosas. Mas quando elas passam por outros setores da sociedade são mais difíceis e devem ser trabalhadas. Se algo der errado é porque eu perdi a minha liderança. Eu me responsabilizo pelos meus erros. Mas peço a vocês: não critiquem sem ter certeza absoluta do que está acontecendo — disse o então presidente. A manifestação de Bolsonaro foi comemorada por Fernandes, que enviou enviou um outro áudio a Cid, dizendo que Bolsonaro havia "aceitado" o "nosso assessoramento". “Deu a cara pro público dele, pra galera que confia, acredita nele até a morte", celebrou ele. Segundo a PF, o general da Secretaria Geral da Presidência era um "ponto focal" entre o Planalto e os golpistas acampados na frente do Quartel General do Exército. A PF também apontou que Fernandes acompanhava de perto as reuniões palacianas de Bolsonaro. Em 7 de dezembro — o mesmo dia em que o plano "Punhal Verde e Amarelo" começou a ser colocado em prática —, Bolsonaro convocou uma reunião com os comandantes do Exército e da Marinha no Palácio da Alvorada para apresentar uma minuta de golpe de Estado, segundo relato de Mauro Cid, em seu acordo de delação premiada. O texto sugeria a decretação de um Estado de Sítio e uma Operação de Garantia da Lei e da Ordem (GLO). O teor do documento foi confirmado em depoimento à PF prestado pelo general Freire Gomes, então comandante do Exército, na condição de testemunha. Fernandes sabia que o general estava reticente em aderir ao plano golpista. Por isso, enviou um áudio ao Cid pedindo para que ele mostrasse a Freire Gomes um vídeo com "conteúdo antidemocrático", segundo os investigadores. "Cid, acho que você está tendo uma reunião importante agora no Alvorada. Pô, mostra esse vídeo pro comandante, cara. Se possível, transmite durante a reunião, porra. Isso é história. E a história é marcada por momentos como esse que nós estamos vivendo agora", disse o general na mensagem interceptada pela PF. Nesta quinta-feira, a PF indiciou Bolsonaro, Mario Fernandes, Mauro Cid, e outros 22 militares por envolvimento no planejamento e na execução da tentativa de golpe de Estado no país. Eles devem responder pelos crimes de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado e organização criminosa. A representação da PF foi enviada a Alexandre de Moraes, do STF, que é o relator do caso na Corte.
Indiciado por tramar um golpe, ex-presidente nega as acusações O relatório final da Polícia Federal lista um conjunto de indícios que aponta que o ex-presidente Jair Bolsonaro estava a par do plano para capturar ou matar o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). A aliados, o ex-mandatário tem dito que não sabia sobre a trama. Entre as provas elencadas pelos investigadores, estão mensagens trocadas entre auxiliares do ex-presidente, reuniões e registros de entrada e saída do Palácio do Planalto, além da impressão do plano chamado de "Punha Verde e Amarelo" na sede do Executivo na mesma hora em que Bolsonaro estava lá. O relatório da PF, que ainda está sob sigilo, traz o indiciamento de Bolsonaro e outras 36 pessoas entre militares de alta patente, ex-ministros, juristas e um padre. Outra evidência destacada pela PF é a movimentação do general Mário Fernandes, número dois da Secretaria-Geral da Presidência. Segundo os investigadores, o militar imprimiu as três páginas do plano golpista no Palácio do Planalto em 6 de dezembro de 2022. Novo depoimento: Cid reforçou a Moraes que Bolsonaro sabia da minuta golpista e sugeriu alterações no documento A PF descobriu que, na noite de 8 de dezembro, Mário Fernandes enviou um áudio a Mauro Cid, então ajudante de ordens de Bolsonaro, dizendo que teve uma conversa com o presidente. "A primeira, durante a conversa que eu tive com o presidente, ele citou que o dia 12, pela diplomação do vagabundo, não seria uma restrição, que isso pode, que qualquer ação nossa pode acontecer até 31 de dezembro e tudo. Mas, porra, aí na hora eu disse, pô presidente, mas o quanto antes, a gente já perdeu tantas oportunidades", relatou Fernandes, indicando que Bolsonaro havia autorizado "qualquer ação nossa" até o fim do ano, segundo a PF. A PF comprovou que, no mesmo dia do áudio, Fernandes esteve no Palácio da Alvorada, residência oficial do presidente, por cerca de 40 minutos, conforme mostram registros de entrada e saída do local. No dia seguinte, de acordo com a investigação, Bolsonaro fez a sua primeira manifestação pública após a derrota nas eleições de 2022, no cercadinho do Alvorada. Na ocasião, ele pediu para que os seus apoiadores não fizessem "críticas" sobre o que não sabem e deu a entender que estava trabalhando em uma "decisão" que não dependia exclusivamente dele. — As decisões, quando são exclusivamente nossas, são menos difíceis e menos dolorosas. Mas quando elas passam por outros setores da sociedade são mais difíceis e devem ser trabalhadas. Se algo der errado é porque eu perdi a minha liderança. Eu me responsabilizo pelos meus erros. Mas peço a vocês: não critiquem sem ter certeza absoluta do que está acontecendo — disse o então presidente. A manifestação de Bolsonaro foi comemorada por Fernandes, que enviou enviou um outro áudio a Cid, dizendo que Bolsonaro havia "aceitado" o "nosso assessoramento". “Deu a cara pro público dele, pra galera que confia, acredita nele até a morte", celebrou ele. Segundo a PF, o general da Secretaria Geral da Presidência era um "ponto focal" entre o Planalto e os golpistas acampados na frente do Quartel General do Exército. A PF também apontou que Fernandes acompanhava de perto as reuniões palacianas de Bolsonaro. Em 7 de dezembro — o mesmo dia em que o plano "Punhal Verde e Amarelo" começou a ser colocado em prática —, Bolsonaro convocou uma reunião com os comandantes do Exército e da Marinha no Palácio da Alvorada para apresentar uma minuta de golpe de Estado, segundo relato de Mauro Cid, em seu acordo de delação premiada. O texto sugeria a decretação de um Estado de Sítio e uma Operação de Garantia da Lei e da Ordem (GLO). O teor do documento foi confirmado em depoimento à PF prestado pelo general Freire Gomes, então comandante do Exército, na condição de testemunha. Fernandes sabia que o general estava reticente em aderir ao plano golpista. Por isso, enviou um áudio ao Cid pedindo para que ele mostrasse a Freire Gomes um vídeo com "conteúdo antidemocrático", segundo os investigadores. "Cid, acho que você está tendo uma reunião importante agora no Alvorada. Pô, mostra esse vídeo pro comandante, cara. Se possível, transmite durante a reunião, porra. Isso é história. E a história é marcada por momentos como esse que nós estamos vivendo agora", disse o general na mensagem interceptada pela PF. Nesta quinta-feira, a PF indiciou Bolsonaro, Mario Fernandes, Mauro Cid, e outros 22 militares por envolvimento no planejamento e na execução da tentativa de golpe de Estado no país. Eles devem responder pelos crimes de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado e organização criminosa. A representação da PF foi enviada a Alexandre de Moraes, do STF, que é o relator do caso na Corte.
Qual é a sua reação?