Jardim sensorial na Tijuca estimula autonomia e bem-estar de pessoas autistas e com síndrome de Down

Espaço agroecológico do Sesc reúne plantas como hortelã, alecrim e manjericão ‘Eu amo cozinhar, minha avó me ensinou, e aqui no jardim aprendi ainda mais sobre os temperos”, diz Jair Francisco Figueiredo, de 26 anos, com alegria. Autista, ele descreve como o Jardim Sensorial do Centro de Referência em Educação Inclusiva (Crei), no Sesc Tijuca, tem transformado sua vida. — Esse jardim é maravilhoso para mim. Sinto mais felicidade e leveza. Fiz amigos, e as pessoas são muito gentis. Gosto do Gil, que prepara lanches usando ingredientes do jardim, como temperos e plantas — conta Figueiredo, referindo-se ao educador Gilcinei Machado. Esporte: Floresta da Tijuca ganha pista de mountain bike para crianças Teatro, inteligência emocional e YouTube: projeto oferece cursos gratuitos para jovens de baixa renda Sua mãe, Cláudia Maria Figueiredo, de 61 anos, lembra emocionada dos desafios de inclusão enfrentados pelo filho ao longo de sua vida. — Olha, o início foi quase impossível. Nos anos 2000, o autismo não era bem compreendido. Em várias instituições, não havia vaga para autistas, e ele era excluído. Mesmo na igreja, para fazer catequese, tivemos que batalhar. Eu disse que, se ele não fosse incluído, eu ia derrubar a porta — conta Cláudia, mãe solo que sempre buscou uma educação inclusiva para o filho. O espaço na Tijuca: lição de prática inclusiva Divulgação Desde abril, o Crei Sesc Senac tem se destacado na Tijuca como referência em inovação e práticas inclusivas na educação. Agora, a instituição expande seu impacto ao participar da Semana Nacional de Ciência e Tecnologia, realizada até amanhã no Museu Nacional da República, em Brasília. No evento, está sendo feita a apresentação do Jardim Sensorial Agroecológico, uma tecnologia social desenvolvida para apoiar pessoas com transtorno do espectro autista e síndrome de Down, focada em estimular a interação sensorial e promover a biodiversidade. Os visitantes têm a oportunidade de explorar uma amostra do trabalho realizado na Zona Norte carioca, interagindo com plantas escolhidas especialmente para ativar os sentidos. Espécies como hortelã, alecrim e manjericão oferecem uma experiência aromática, enquanto folhas de texturas variadas estimulam o tato. No espaço de 104m², o público também encontra lupas interativas, peças em relevo e informações em braile, que proporcionam uma experiência imersiva e educativa. Risos e boa comida: Restaurante na Tijuca inaugura espaço dedicado ao humor A diretora do Crei, Maria Antônia Goulart, ressalta o impacto transformador da participação na Semana Nacional de Ciência e Tecnologia e a riqueza da programação oferecida no evento: — Nosso estande conta com um jardim natural projetado para estimular os sentidos, além de dispositivos interativos que aproximam pessoas de todas as idades dessa experiência sensorial. As oficinas gastronômicas lideradas pelo educador Gil (Gilcinei Machado), que atua na cozinha pedagógica do Crei, são um ponto alto, pois nelas ele prepara lanches junto com crianças, adolescentes e adultos atendidos pelo Crei, explorando a culinária de forma inclusiva e educativa. Além disso, temos dispositivos de tecnologia assistiva criados pela designer de produto Paola Basto, que oferecem formas multissensoriais de explorar o jardim. A programação também inclui conversas com Andressa Leal, pedagoga do Crei e autista, que compartilha suas experiências pessoais e insights do seu mestrado na Universidade Federal Fluminense (UFF), abordando a inclusão na educação de forma prática e teórica. Temas como tecnologia assistiva e comunicação alternativa também fazem parte das palestras e conversas, além de reflexões sobre educação integral inclusiva, acessibilidade e sustentabilidade. Segundo Maria Antônia, o evento é uma oportunidade para compartilhar os primeiros seis meses de trabalho do Crei, evidenciando a articulação entre as áreas de educação, acessibilidade e inclusão promovida pelo Sesc Rio. Outro destaque é o desenvolvimento de um livro de receitas colaborativo, que o Crei lançará em breve. O projeto visa a compartilhar práticas que têm melhorado a alimentação de crianças e adolescentes com seletividade alimentar, uma condição comum em pessoas com transtorno do espectro autista. A equipe de nutrição do Crei tem registrado todo o processo para fornecer recursos que possam ajudar outras famílias e instituições a superar os desafios da seletividade alimentar. Bandeira Azul: Pela primeira vez na disputa, Praia de Grumari conquista selo internacional Para Jair Figueiredo e outros participantes, o impacto do Jardim Sensorial vai muito além da estimulação dos sentidos, promovendo autonomia, confiança e autoestima. Cláudia Maria celebra as transformações que observa no filho, mesmo após apenas dois meses frequentando o espaço: — Ele mudou completamente. Até se ofereceu para estagiar com crianças no Crei, e elas adoram ele. É uma alegria muito grande vê-lo tão feliz e independente — compartilha Cláudia, impressionada. — Solte

Nov 9, 2024 - 05:19
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Jardim sensorial na Tijuca estimula autonomia e bem-estar de  pessoas autistas e com síndrome de Down

Espaço agroecológico do Sesc reúne plantas como hortelã, alecrim e manjericão ‘Eu amo cozinhar, minha avó me ensinou, e aqui no jardim aprendi ainda mais sobre os temperos”, diz Jair Francisco Figueiredo, de 26 anos, com alegria. Autista, ele descreve como o Jardim Sensorial do Centro de Referência em Educação Inclusiva (Crei), no Sesc Tijuca, tem transformado sua vida. — Esse jardim é maravilhoso para mim. Sinto mais felicidade e leveza. Fiz amigos, e as pessoas são muito gentis. Gosto do Gil, que prepara lanches usando ingredientes do jardim, como temperos e plantas — conta Figueiredo, referindo-se ao educador Gilcinei Machado. Esporte: Floresta da Tijuca ganha pista de mountain bike para crianças Teatro, inteligência emocional e YouTube: projeto oferece cursos gratuitos para jovens de baixa renda Sua mãe, Cláudia Maria Figueiredo, de 61 anos, lembra emocionada dos desafios de inclusão enfrentados pelo filho ao longo de sua vida. — Olha, o início foi quase impossível. Nos anos 2000, o autismo não era bem compreendido. Em várias instituições, não havia vaga para autistas, e ele era excluído. Mesmo na igreja, para fazer catequese, tivemos que batalhar. Eu disse que, se ele não fosse incluído, eu ia derrubar a porta — conta Cláudia, mãe solo que sempre buscou uma educação inclusiva para o filho. O espaço na Tijuca: lição de prática inclusiva Divulgação Desde abril, o Crei Sesc Senac tem se destacado na Tijuca como referência em inovação e práticas inclusivas na educação. Agora, a instituição expande seu impacto ao participar da Semana Nacional de Ciência e Tecnologia, realizada até amanhã no Museu Nacional da República, em Brasília. No evento, está sendo feita a apresentação do Jardim Sensorial Agroecológico, uma tecnologia social desenvolvida para apoiar pessoas com transtorno do espectro autista e síndrome de Down, focada em estimular a interação sensorial e promover a biodiversidade. Os visitantes têm a oportunidade de explorar uma amostra do trabalho realizado na Zona Norte carioca, interagindo com plantas escolhidas especialmente para ativar os sentidos. Espécies como hortelã, alecrim e manjericão oferecem uma experiência aromática, enquanto folhas de texturas variadas estimulam o tato. No espaço de 104m², o público também encontra lupas interativas, peças em relevo e informações em braile, que proporcionam uma experiência imersiva e educativa. Risos e boa comida: Restaurante na Tijuca inaugura espaço dedicado ao humor A diretora do Crei, Maria Antônia Goulart, ressalta o impacto transformador da participação na Semana Nacional de Ciência e Tecnologia e a riqueza da programação oferecida no evento: — Nosso estande conta com um jardim natural projetado para estimular os sentidos, além de dispositivos interativos que aproximam pessoas de todas as idades dessa experiência sensorial. As oficinas gastronômicas lideradas pelo educador Gil (Gilcinei Machado), que atua na cozinha pedagógica do Crei, são um ponto alto, pois nelas ele prepara lanches junto com crianças, adolescentes e adultos atendidos pelo Crei, explorando a culinária de forma inclusiva e educativa. Além disso, temos dispositivos de tecnologia assistiva criados pela designer de produto Paola Basto, que oferecem formas multissensoriais de explorar o jardim. A programação também inclui conversas com Andressa Leal, pedagoga do Crei e autista, que compartilha suas experiências pessoais e insights do seu mestrado na Universidade Federal Fluminense (UFF), abordando a inclusão na educação de forma prática e teórica. Temas como tecnologia assistiva e comunicação alternativa também fazem parte das palestras e conversas, além de reflexões sobre educação integral inclusiva, acessibilidade e sustentabilidade. Segundo Maria Antônia, o evento é uma oportunidade para compartilhar os primeiros seis meses de trabalho do Crei, evidenciando a articulação entre as áreas de educação, acessibilidade e inclusão promovida pelo Sesc Rio. Outro destaque é o desenvolvimento de um livro de receitas colaborativo, que o Crei lançará em breve. O projeto visa a compartilhar práticas que têm melhorado a alimentação de crianças e adolescentes com seletividade alimentar, uma condição comum em pessoas com transtorno do espectro autista. A equipe de nutrição do Crei tem registrado todo o processo para fornecer recursos que possam ajudar outras famílias e instituições a superar os desafios da seletividade alimentar. Bandeira Azul: Pela primeira vez na disputa, Praia de Grumari conquista selo internacional Para Jair Figueiredo e outros participantes, o impacto do Jardim Sensorial vai muito além da estimulação dos sentidos, promovendo autonomia, confiança e autoestima. Cláudia Maria celebra as transformações que observa no filho, mesmo após apenas dois meses frequentando o espaço: — Ele mudou completamente. Até se ofereceu para estagiar com crianças no Crei, e elas adoram ele. É uma alegria muito grande vê-lo tão feliz e independente — compartilha Cláudia, impressionada. — Soltei-o para o mundo e agora vejo o quanto ele está realizado e autônomo.

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