Falta de luz na UFRJ pode afetar pesquisas e artefatos: 'A situação é dramática', diz reitor
Logo após a energia ser cortada, a Águas do Rio anunciou a interrupção do abastecimento de água na universidade devido a uma dívida de R$ 18 milhões O reitor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Roberto Medronho, disse, durante uma aula pública convocada nesta quarta-feira, que não há previsão para o restabelecimento da luz em parte da universidade. Quatro espaços da universidade estão sem energia elétrica desde terça-feira, quando a Light interrompeu o fornecimento em razão de uma dívida de mais de R$ 35 milhões. Medronho enfatizou que se preocupa com o mantimento dos materiais de pesquisa e artefatos que estão na universidade. Às vésperas do 'Janjapalooza', chuva no Rio preocupa primeira-dama: 'Vamos jogar um sabãozinho para Santa Clara' Meninos envenenados: ex-padrasto suspeito do crime se entrega à polícia Um dos locais que correu risco de ter a energia desligada foi o espaço onde está guardado o manto Tupinambá, devolvido ao Brasil pelo Museu Nacional da Dinamarca para recompor o acervo, destruído no incêndio há seis anos. Já a Light afirma que as unidades cadastradas como essenciais, como os serviços de saúde e segurança, foram poupadas da suspensão para garantir a continuidade desses atendimentos à população. — De forma arbitrária, eles (a Light) decidiram quais as edificações que serão cortadas. Inicialmente cortaram a luz do prédio do Palácio, onde está uma das edificações em que está o Museu Nacional, não é a única. E aí eles viram o que fizeram, que isso ia parar o projeto de reconstrução nacional, e religaram. Desceram para o Horto Botânico do Museu Nacional, onde está o manto tupinambá e iam desligar lá. Aquele manto, se não tiver com a temperatura e a umidade do ar perfeitas, ele se degrada. Um ancestral de 400 anos. Lula participa da cerimônia de celebração do retorno do Manto Tupinambá ao Brasil Ricardo Stuckert / PR Medronho afirmou que a concessionária desligou luz no campus de São Cristóvão, que fica do outro lado da rua do Museu Nacional. — O local abriga uma coleção de invertebrados, que está preservada em soluções alcoólicas. Com as temperaturas de ontem, o risco de incêndio ia ser imenso. Felizmente, a temperatura caiu, mas eles não religaram. A situação é dramática — conta Medronho. Estão sem luz o prédio que abriga a Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, a Escola de Belas Artes, o estacionamento do Instituto de Pós-Graduação e Pesquisa em Administração (Coppead) e a reitoria da UFRJ. A operação de corte foi suspensa após intervenção da Procuradoria da universidade. De acordo com a Light, a medida foi tomada por inadimplência. A dívida total da UFRJ junto à concessionária soma R$ 31,8 milhões, referente a faturas vencidas entre março e novembro de 2024, além de R$ 3,9 milhões em parcelas não quitadas de um acordo firmado em 2020. Logo após a luz ser cortada, a Águas do Rio anunciou a interrupção do abastecimento de água na UFRJ devido a uma dívida de R$ 18 milhões. A empresa informou que fez várias reuniões com a reitoria da universidade para que se chegasse a um acordo. No último encontro, na sexta-feira, foi formalizada uma proposta de desconto. No entanto, a Águas do Rio pontua que o prazo para a proposta se encerrou na terça-feira e, como não houve retorno, foi iniciado o corte do fornecimento de água em algumas unidades. "Vale destacar que nenhuma unidade de serviço essencial será impactada", diz a empresa. O reitor ressaltou que o corte de energia e água na UFRJ pode impactar diretamente toda a comunidade acadêmica, composta por 4,9 mil docentes, 9,1 mil técnicos administrativos e 70 mil alunos de graduação e pós-graduação. Medronho explica que a situação se agrava por causa do déficit orçamentário da universidade, que atualmente chega a R$ 192 milhões, acumulado nos últimos oito anos. Apenas neste ano, o déficit chega a R$ 70 milhões. A UFRJ informou que está redirecionando recursos destinados a outras finalidades para quitar parte da dívida e garantir o pagamento de uma parcela da conta de luz. A outra parte será coberta por um repasse emergencial do Ministério da Educação, no valor de R$ 1,5 milhão, previsto para ser liberado ainda nesta quarta-feira. Segundo o reitor Roberto Medronho, há também a expectativa de um projeto de repasse adicional de R$ 3 milhões. — Nós reconhecemos que temos esse déficit. Estamos negociando com eles que precisamos de suplementação orçamentária para poder ficar em dia. Como o ensino e a pesquisa são atividades essenciais, apelamos para eles não cortarem. Então, nós entramos com agravo regimental, junto ao Tribunal Regional Federal. Hoje pagaremos uma conta de energia elétrica. Estamos aguardando a suplementação orçamentária do MEC, para pagar uma segunda conta. Vamos mostrar para o juiz que não há má-fé da nossa parte, que nós reconhecemos a dívida, queremos pagar, mas que falta um recurso — pontua Medronho. O reitor enfatizou que os alunos mais vulneráveis socialmente serão os principais prejudicados, pois o restauran
Logo após a energia ser cortada, a Águas do Rio anunciou a interrupção do abastecimento de água na universidade devido a uma dívida de R$ 18 milhões O reitor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Roberto Medronho, disse, durante uma aula pública convocada nesta quarta-feira, que não há previsão para o restabelecimento da luz em parte da universidade. Quatro espaços da universidade estão sem energia elétrica desde terça-feira, quando a Light interrompeu o fornecimento em razão de uma dívida de mais de R$ 35 milhões. Medronho enfatizou que se preocupa com o mantimento dos materiais de pesquisa e artefatos que estão na universidade. Às vésperas do 'Janjapalooza', chuva no Rio preocupa primeira-dama: 'Vamos jogar um sabãozinho para Santa Clara' Meninos envenenados: ex-padrasto suspeito do crime se entrega à polícia Um dos locais que correu risco de ter a energia desligada foi o espaço onde está guardado o manto Tupinambá, devolvido ao Brasil pelo Museu Nacional da Dinamarca para recompor o acervo, destruído no incêndio há seis anos. Já a Light afirma que as unidades cadastradas como essenciais, como os serviços de saúde e segurança, foram poupadas da suspensão para garantir a continuidade desses atendimentos à população. — De forma arbitrária, eles (a Light) decidiram quais as edificações que serão cortadas. Inicialmente cortaram a luz do prédio do Palácio, onde está uma das edificações em que está o Museu Nacional, não é a única. E aí eles viram o que fizeram, que isso ia parar o projeto de reconstrução nacional, e religaram. Desceram para o Horto Botânico do Museu Nacional, onde está o manto tupinambá e iam desligar lá. Aquele manto, se não tiver com a temperatura e a umidade do ar perfeitas, ele se degrada. Um ancestral de 400 anos. Lula participa da cerimônia de celebração do retorno do Manto Tupinambá ao Brasil Ricardo Stuckert / PR Medronho afirmou que a concessionária desligou luz no campus de São Cristóvão, que fica do outro lado da rua do Museu Nacional. — O local abriga uma coleção de invertebrados, que está preservada em soluções alcoólicas. Com as temperaturas de ontem, o risco de incêndio ia ser imenso. Felizmente, a temperatura caiu, mas eles não religaram. A situação é dramática — conta Medronho. Estão sem luz o prédio que abriga a Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, a Escola de Belas Artes, o estacionamento do Instituto de Pós-Graduação e Pesquisa em Administração (Coppead) e a reitoria da UFRJ. A operação de corte foi suspensa após intervenção da Procuradoria da universidade. De acordo com a Light, a medida foi tomada por inadimplência. A dívida total da UFRJ junto à concessionária soma R$ 31,8 milhões, referente a faturas vencidas entre março e novembro de 2024, além de R$ 3,9 milhões em parcelas não quitadas de um acordo firmado em 2020. Logo após a luz ser cortada, a Águas do Rio anunciou a interrupção do abastecimento de água na UFRJ devido a uma dívida de R$ 18 milhões. A empresa informou que fez várias reuniões com a reitoria da universidade para que se chegasse a um acordo. No último encontro, na sexta-feira, foi formalizada uma proposta de desconto. No entanto, a Águas do Rio pontua que o prazo para a proposta se encerrou na terça-feira e, como não houve retorno, foi iniciado o corte do fornecimento de água em algumas unidades. "Vale destacar que nenhuma unidade de serviço essencial será impactada", diz a empresa. O reitor ressaltou que o corte de energia e água na UFRJ pode impactar diretamente toda a comunidade acadêmica, composta por 4,9 mil docentes, 9,1 mil técnicos administrativos e 70 mil alunos de graduação e pós-graduação. Medronho explica que a situação se agrava por causa do déficit orçamentário da universidade, que atualmente chega a R$ 192 milhões, acumulado nos últimos oito anos. Apenas neste ano, o déficit chega a R$ 70 milhões. A UFRJ informou que está redirecionando recursos destinados a outras finalidades para quitar parte da dívida e garantir o pagamento de uma parcela da conta de luz. A outra parte será coberta por um repasse emergencial do Ministério da Educação, no valor de R$ 1,5 milhão, previsto para ser liberado ainda nesta quarta-feira. Segundo o reitor Roberto Medronho, há também a expectativa de um projeto de repasse adicional de R$ 3 milhões. — Nós reconhecemos que temos esse déficit. Estamos negociando com eles que precisamos de suplementação orçamentária para poder ficar em dia. Como o ensino e a pesquisa são atividades essenciais, apelamos para eles não cortarem. Então, nós entramos com agravo regimental, junto ao Tribunal Regional Federal. Hoje pagaremos uma conta de energia elétrica. Estamos aguardando a suplementação orçamentária do MEC, para pagar uma segunda conta. Vamos mostrar para o juiz que não há má-fé da nossa parte, que nós reconhecemos a dívida, queremos pagar, mas que falta um recurso — pontua Medronho. O reitor enfatizou que os alunos mais vulneráveis socialmente serão os principais prejudicados, pois o restaurante universitário e a residência estudantil também podem ficar sem energia: — Olha que crueldade, esse corte de energia vai atingir os mais vulneráveis. Os alunos que se alimentam no restaurante, os que vivem na residência estudantil e os alunos do curso noturno que não vão poder estudar sem iluminação. Então, afeta os mais vulneráveis, além de ser uma atitude extremamente arbitrária, ela é cruel. As dívidas da universidade tem consequências também em problemas estruturais. O prédio da Escola de Educação Física e Dança está fechado devido a dois desmoronamentos em um período de sete meses. O Escritório Técnico Universitário, cerca de metade dos prédios da UFRJ precisa de reparos na edificação, com obras orçadas em R$ 780 milhões. — Precisamos de um apoio, de suplementação orçamentária para manter a nossa universidade. A conta de luz, água, vigilância, assistência estudantil e restaurante são nossas prioridades, mas o déficit é muito maior. Por isso, deixamos de pagar alguns meses à Light e à Águas do Rio, até mesmo a vigilância, para que pudéssemos pagar esse conjunto enorme de verbas que precisamos — alega Medronho.
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