De ‘estão comendo os cachorros’ a ‘senhoras sem filhos e amantes de gatos’: as 10 frases que marcaram a campanha dos EUA
Gafes, slogans e insultos excessivamente violentos: uma viagem pelas palavras-chave do ciclo eleitoral mais agitado da História recente americana Sabe-se quando terminam as campanhas presidenciais nos Estados Unidos, mas nem sempre quando começam, sinal de um país profundamente dividido que vive em um ciclo eleitoral perpétuo e desequilibrado. Embora não esteja claro o ponto exato – se foi com a apresentação da candidatura do ex-presidente Donald Trump, em novembro de 2022, ou com o anúncio de Joe Biden de que tentaria a reeleição, em abril do ano seguinte – é possível fixar um ponto de inflexão: 27 de junho, quando foi realizado o debate entre os dois candidatos em Atlanta. Votação nos estados decisivos: Acompanhe contagem nos 7 lugares que devem definir presidente Eleições americanas: Primeiras seções eleitorais são abertas; acompanhe ao vivo a disputa Trump x Kamala O episódio disparou os alarmes sobre a capacidade física e mental do atual presidente de concorrer e levou à sua desistência para que Kamala Harris, vice-presidente, assumisse a candidatura democrata. Nesse dia, teve início uma jornada de frases pelas quais a campanha mais atípica da História americana recente será lembrada. Uma louca montanha-russa com reviravoltas inesperadas que chega a um embate acirrado sem resultado previsível nesta terça-feira. 1. ‘Finalmente, vencemos o Medicare’ Foram 11 minutos daquela noite em Atlanta, quando Biden se perdeu em seu próprio labirinto em um discurso desconexo que culminou na frase: “Finalmente, vencemos o Medicare”. Biden nomeou o sistema público de saúde quando pretendia se referir à pandemia. “Acho que ele nem sabe o que está dizendo”, disse Trump depois de um tempo. Por 0,36 ponto: Após 80 mil simulações, há um favorito a vencer a eleição dos EUA As vozes que pediam sua renúncia, dos editoriais da mídia aos apresentadores de talk shows, dos figurões de seu partido aos mais jovens, uniram-se em um coro que acabou levando Biden a anunciar a desistência numa carta publicada em 22 de julho no X: “Acredito que é o melhor para meu partido e para o país”, escreveu. 2. ‘Lutem, lutem, lutem!’ Por volta das 18h11 do dia 13 de julho, o impensável aconteceu: a bala de um atirador de elite chamado Thomas Matthew Crooks, um jovem de 20 anos cujas motivações permanecem obscuras, passou a 0,6 centímetros da cabeça de Trump. Ela atingiu de raspão sua orelha direita, e o candidato caiu no chão. Vários agentes do Serviço Secreto, que estão encarregados da segurança do ex-presidente, correram para cobri-lo com seus corpos. Em segundos, Trump saiu do meio deles e, em um ato fenomenal de instinto político, ergueu o punho e gritou: — Lutem, lutem, lutem!. A frase tornou-se um slogan de campanha e um grito de guerra para o movimento de seus apoiadores. Apuração das eleições nos EUA: 70% votam em cédulas de papel, contadas com scanners ópticos; entenda 3. ‘Levei um tiro em nome da democracia’ Dois dias depois de sobreviver à tentativa de assassinato, teve início a Convenção Nacional Republicana, em Milwaukee. Ela também serviu para selecionar o candidato a vice-presidente: o senador de Ohio J. D. Vance. Trump passou a convenção com a orelha coberta por um curativo, um sinal de que algo profundo havia mudado nele e que ele estava pronto para enterrar sua tendência de estimular o confronto entre os americanos. Foram necessários apenas 20 minutos de seu longo discurso de aceitação para que essa miragem desaparecesse, e Trump voltasse ao seu estado habitual de raiva e rancor. Naquele fim de semana, ele atravessou o Lago Michigan para fazer um comício, o primeiro com Vance. Lá, ele disse: — Levei um tiro em nome da democracia —, uma frase que também entrou em seu repertório. 4. ‘Quando lutamos, vencemos’ Após a renúncia de Biden e sua declaração de apoio à Kamala Harris, teve início uma onda de doadores e de endossos de voluntários. Rapidamente ficou claro que a vice-presidente teria o apoio do partido. Os discursos também começaram, marcando o contraste entre seu oponente, um criminoso condenado por 34 crimes, e ela, que foi procuradora-geral da cidade de São Francisco e do estado da Califórnia antes de se tornar senadora e vice-presidente. — Vi predadores de todos os tipos. Predadores que assediaram mulheres, fraudadores que enganaram consumidores, trapaceiros que quebraram as regras de seu próprio jogo. Portanto, ouçam-me quando digo que conheço caras como Trump. E nesta campanha, eu o combaterei com orgulho — disse Kamala em Delaware um dia após a desistência de Biden. Apuração das eleições nos EUA: Que horas as urnas fecham? E quando saem os resultados? No mesmo evento, ela também se apropriou de uma frase conhecida, que se tornou um dos slogans da campanha: “Quando lutamos, vencemos’, palavras que, um mês depois, marcariam a Convenção Nacional Democrata em Chicago, na qual Kamala aceitou a indicação do partido. Outros slogans foram: “Liberdade”, “Um novo caminho para frente” e “Não voltaremos para trás”. 5. ‘A
Gafes, slogans e insultos excessivamente violentos: uma viagem pelas palavras-chave do ciclo eleitoral mais agitado da História recente americana Sabe-se quando terminam as campanhas presidenciais nos Estados Unidos, mas nem sempre quando começam, sinal de um país profundamente dividido que vive em um ciclo eleitoral perpétuo e desequilibrado. Embora não esteja claro o ponto exato – se foi com a apresentação da candidatura do ex-presidente Donald Trump, em novembro de 2022, ou com o anúncio de Joe Biden de que tentaria a reeleição, em abril do ano seguinte – é possível fixar um ponto de inflexão: 27 de junho, quando foi realizado o debate entre os dois candidatos em Atlanta. Votação nos estados decisivos: Acompanhe contagem nos 7 lugares que devem definir presidente Eleições americanas: Primeiras seções eleitorais são abertas; acompanhe ao vivo a disputa Trump x Kamala O episódio disparou os alarmes sobre a capacidade física e mental do atual presidente de concorrer e levou à sua desistência para que Kamala Harris, vice-presidente, assumisse a candidatura democrata. Nesse dia, teve início uma jornada de frases pelas quais a campanha mais atípica da História americana recente será lembrada. Uma louca montanha-russa com reviravoltas inesperadas que chega a um embate acirrado sem resultado previsível nesta terça-feira. 1. ‘Finalmente, vencemos o Medicare’ Foram 11 minutos daquela noite em Atlanta, quando Biden se perdeu em seu próprio labirinto em um discurso desconexo que culminou na frase: “Finalmente, vencemos o Medicare”. Biden nomeou o sistema público de saúde quando pretendia se referir à pandemia. “Acho que ele nem sabe o que está dizendo”, disse Trump depois de um tempo. Por 0,36 ponto: Após 80 mil simulações, há um favorito a vencer a eleição dos EUA As vozes que pediam sua renúncia, dos editoriais da mídia aos apresentadores de talk shows, dos figurões de seu partido aos mais jovens, uniram-se em um coro que acabou levando Biden a anunciar a desistência numa carta publicada em 22 de julho no X: “Acredito que é o melhor para meu partido e para o país”, escreveu. 2. ‘Lutem, lutem, lutem!’ Por volta das 18h11 do dia 13 de julho, o impensável aconteceu: a bala de um atirador de elite chamado Thomas Matthew Crooks, um jovem de 20 anos cujas motivações permanecem obscuras, passou a 0,6 centímetros da cabeça de Trump. Ela atingiu de raspão sua orelha direita, e o candidato caiu no chão. Vários agentes do Serviço Secreto, que estão encarregados da segurança do ex-presidente, correram para cobri-lo com seus corpos. Em segundos, Trump saiu do meio deles e, em um ato fenomenal de instinto político, ergueu o punho e gritou: — Lutem, lutem, lutem!. A frase tornou-se um slogan de campanha e um grito de guerra para o movimento de seus apoiadores. Apuração das eleições nos EUA: 70% votam em cédulas de papel, contadas com scanners ópticos; entenda 3. ‘Levei um tiro em nome da democracia’ Dois dias depois de sobreviver à tentativa de assassinato, teve início a Convenção Nacional Republicana, em Milwaukee. Ela também serviu para selecionar o candidato a vice-presidente: o senador de Ohio J. D. Vance. Trump passou a convenção com a orelha coberta por um curativo, um sinal de que algo profundo havia mudado nele e que ele estava pronto para enterrar sua tendência de estimular o confronto entre os americanos. Foram necessários apenas 20 minutos de seu longo discurso de aceitação para que essa miragem desaparecesse, e Trump voltasse ao seu estado habitual de raiva e rancor. Naquele fim de semana, ele atravessou o Lago Michigan para fazer um comício, o primeiro com Vance. Lá, ele disse: — Levei um tiro em nome da democracia —, uma frase que também entrou em seu repertório. 4. ‘Quando lutamos, vencemos’ Após a renúncia de Biden e sua declaração de apoio à Kamala Harris, teve início uma onda de doadores e de endossos de voluntários. Rapidamente ficou claro que a vice-presidente teria o apoio do partido. Os discursos também começaram, marcando o contraste entre seu oponente, um criminoso condenado por 34 crimes, e ela, que foi procuradora-geral da cidade de São Francisco e do estado da Califórnia antes de se tornar senadora e vice-presidente. — Vi predadores de todos os tipos. Predadores que assediaram mulheres, fraudadores que enganaram consumidores, trapaceiros que quebraram as regras de seu próprio jogo. Portanto, ouçam-me quando digo que conheço caras como Trump. E nesta campanha, eu o combaterei com orgulho — disse Kamala em Delaware um dia após a desistência de Biden. Apuração das eleições nos EUA: Que horas as urnas fecham? E quando saem os resultados? No mesmo evento, ela também se apropriou de uma frase conhecida, que se tornou um dos slogans da campanha: “Quando lutamos, vencemos’, palavras que, um mês depois, marcariam a Convenção Nacional Democrata em Chicago, na qual Kamala aceitou a indicação do partido. Outros slogans foram: “Liberdade”, “Um novo caminho para frente” e “Não voltaremos para trás”. 5. ‘A melhor maneira de avançar é passar a tocha para uma nova geração’ No meio daquela semana, Biden apareceu no Salão Oval para justificar sua renúncia a seus compatriotas. Ele a vendeu como um ato de sacrifício em nome da democracia “para passar a tocha para uma nova geração”. Foi um discurso breve, de pouco mais de 10 minutos. O presidente citou a definição de Benjamin Franklin sobre os Estados Unidos como um aviso aos eleitores: — Uma república, desde que saibamos como mantê-la. (Isso) não pode ser sobre mim. É sobre você. Trata-se de sua família. Seu futuro. Sobre nós, o povo. 6. ‘Um bando de senhoras sem filhos e amantes de gatos’ A frase é mais antiga, mas ganhou notoriedade poucos dias após a notícia de que Trump havia escolhido J. D. Vance como seu companheiro de chapa. A afirmação foi extraída de uma entrevista de 2021 com Tucker Carlson, na época âncora da Fox News. Vance estava fazendo campanha para seu assento na Câmara e, seguindo o tom demagógico de Carlson, reclamou que os Estados Unidos são governados por democratas, oligarcas corporativos e “um bando de senhoras sem filhos e amantes de gatos que estão infelizes com suas próprias vidas e com as escolhas que fizeram, e por isso querem deixar o resto do país infeliz também”. Ele se referia, segundo especificou, a personalidades como a congressista Alexandria Ocasio-Cortez, a própria Kamala ou o secretário de transportes Pete Buttigieg: — O futuro dos democratas é controlado por pessoas sem filhos. E qual é o sentido de entregar (o futuro do) nosso país a pessoas que não têm interesse direto nele? 7. ‘Há pessoas estranhas do outro lado’ Após assumir a chapa dos democratas, Kamala escolheu Tim Walz, governador de Minnesota, como vice. A mensagem era clara: um homem simples do Meio-Oeste, uma região que inclui dois dos sete estados decisivos (Michigan e Wisconsin). Um professor de escola e técnico de futebol americano, sem as armadilhas dos políticos de Washington. Além de todas essas características, uma declaração que Walz fez na televisão pouco antes foi decisiva: — Há pessoas estranhas do outro lado. Elas estão atrás de seus livros. Querem invadir o consultório de seu médico. Walz se referia tanto à tendência republicana de proibir livros quanto aos ataques à liberdade reprodutiva das mulheres. Além disso, sugeria um caminho: depois de oito anos atacando Trump como uma ameaça à democracia, direcionava o tom para a zombaria. 8. ‘Há também a obsessão dela com o tamanho da multidão’ A convenção democrata, realizada em meados de agosto em Chicago, serviu para demonstrar que o partido estava esperançoso e entusiasmado, unido em torno da ideia da candidatura de Kamala. Os ataques a Trump focaram no humor, sem medo de ridicularizar a oposição. Houve muitas falas nesse sentido, mas o espírito talvez tenha sido melhor resumido por uma piada feita pelo ex-presidente Barack Obama: — Há os xingamentos infantis, as conspirações malucas. E há também a obsessão dele com o tamanho das multidões — disse Obama enquanto fazia um gesto de juntar e separar as mãos. 9. ‘Eles estão comendo os cachorros’ Em 10 de setembro, foi realizado o primeiro e único debate entre os atuais candidatos à Presidência. O embate terminou com uma vitória clara de Kamala, mas uma fala de Trump ficou entre as de maior repercussão. Eles falavam sobre imigração, quando ele decidiu ecoar uma teoria da conspiração sem fundamento que circulou nas redes por contas vinculadas a um grupo neonazista. De acordo com essa teoria, os haitianos que chegaram nos últimos anos para trabalhar em uma cidade de Ohio estariam comendo os animais de estimação de seus vizinhos. — Em Springfield, as pessoas que chegaram estão comendo os cachorros, estão comendo os gatos. Estão comendo os animais de estimação que vivem lá. Isso é o que está acontecendo em nosso país, e é uma vergonha — disse Trump. Um produtor sul-africano achou engraçado e transformou a citação em uma música que viralizou nas redes. 10. ‘Ilha flutuante de lixo no meio do oceano’ A última frase dessa turnê é, na verdade, uma palavra, “lixo”, um substantivo que foi protagonista na reta final da campanha. Ela foi usada há dois domingos em um comício de Trump em que Tony Hinchcliffe, um comediante de stand-up, definiu Porto Rico como uma “ilha flutuante de lixo no meio do oceano”. A frase também desencadeou uma cascata de endossos porto-riquenhos famosos a Kamala, de Bad Bunny e Ricky Martin a Jennifer Lopez. Pouco antes, a palavra “lixo” já havia entrado na trilha da campanha pela boca do próprio candidato republicano, quando em um evento em Tempe, Arizona, afirmou que os Estados Unidos se tornaram uma “lata de lixo” de todo o mundo, falando sobre imigração.
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