Abertura do G20 social é marcada por atrasos e confusão na entrada
Representantes da sociedade civil foram barrados e houve bate-boca com membros da organização; profissionais da imprensa, mesmo credenciados, tiveram passagem impedida Ainda faltam quatro dias para começar a Cúpula do G20 no Rio de Janeiro, que irá reunir os chefes de Estado e governo das 20 maiores economias do mundo, União Europeia e União Africana. Mas a cidade já está tomada por uma série de eventos paralelos. Nesta quinta-feira, foi a vez de o G20 Social abrir as portas para o público no auditório do Museu do Amanhã, na Praça Mauá. Tudo sobre o G20 Social: o que é, como participar e as atrações; confira G20 Social vai entregar propostas aos líderes; veja o que diz cada uma delas A iniciativa, uma novidade lançada pela presidência brasileira, visa ampliar a participação da sociedade nas discussões do grupo. A sessão de abertura, no entanto, foi marcada por atrasos e uma confusão na entrada. Muitas pessoas que queriam participar como representantes da sociedade civil foram barradas. Houve bate-boca com membros da organização e profissionais da imprensa, mesmo credenciados, também tiveram a passagem impedida. O espaço tem capacidade para 374 pessoas, segundo o site do Museu do Amanhã. Dentro do auditório, o primeiro a discursar foi o prefeito do Rio, Eduardo Paes, que agradeceu ao presidente Lula pela realização do G20 na cidade, "autoeleita capital do G20", segundo ele. — A gente sente muito orgulho de ser a cara do Brasil para o mundo — declarou. Às vésperas do 'Janjapalooza', chuva no Rio preocupa primeira-dama: 'Vamos jogar um sabãozinho para Santa Clara' Paes também fez uma brincadeira com a primeira-dama Janja Lula da Silva, dizendo que “se dependesse dela, o presidente ficaria mais aqui [no Rio de Janeiro] do que em Brasília". A fala arrancou risadas da plateia, mas pareceu não agradar muito a primeira-dama. O prefeito do Rio saudou ainda a presença das deputadas federais Benedita da Silva e Jandira Feghali. Minutos antes do evento começar, mas já com o auditório cheio, o ministro Wellington Dias também cumprimentou Benedita da Silva, que foi ovacionada pelo público aos gritos de “Benedita, Benedita, Benedita”. O chefe da Pasta de Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome não integrou a mesa principal de abertura do evento, mas esteve presente ao lado de membros do alto escalão do governo Lula, como o ministro da Educação Camilo Santana. A primeira-dama Janja Lula da Silva discursou em seguida e avaliou a presidência do Brasil no G20, destacando a insistência do país em inserir a sociedade civil no processo decisório. — [Essa presidência] teve uma particularidade, porque ela não foi uma presidência isolada do governo brasileiro, ela foi compartilhada com a sociedade civil, com os movimentos, com as instituições, com os grupos de engajamento — defendeu. — Acho que nunca na história recente do G20 essa presença da sociedade civil foi tão forte, foi tão potente. Tenho muito orgulho de estar aqui fazendo uma história diferente para a humanidade, esperando que a gente consiga construir um futuro mais justo e fraterno. Janja também usou o seu discurso para responder a brincadeira de Paes e para parabenizá-lo por seu aniversário. — Samba e chope depois na Gávea Pequena? — brincou ela, referindo-se à residência oficial do prefeito do Rio, no bairro do Alto da Boa Vista. A primeira-dama comentou ainda sobre o desempenho do grupo de trabalho (GT) de "Empoderamento Feminino", cuja resolução final não foi assinada pela Argentina: — Infelizmente, tivemos somente um país que não assinou, que foi a Argentina, por razões que, enfim… — disse ela em tom crítico. — Não assinou porque tinha lá no começo da resolução "igualdade de gênero". Pra mim, conceber que hoje a gente possa pensar o mundo daqui pra frente sem termos igualdade de gênero, onde a nossa voz seja forte e potente, não consigo pensar esse mundo, não consigo pensar que algum país ainda se negue a isso. Mudança de paradigma O chanceler Mauro Vieira, por sua vez, relembrou os três eixos que devem ser seguidos pelo Brasil na presidência do G20: combate à fome, pobreza e desigualdade, desenvolvimento sustentável e reforma da governança global. O chefe do Itamaraty deu destaque ao terceiro objetivo, que, segundo ele, é tratado de maneira inédita pelo grupo. — O presidente Lula tem dito que o mundo não pode continuar a ser governado pela geopolítica que resultou do flagelo segunda Guerra Mundial, em 1945, e que levou o mundo a uma situação que hoje vivemos, em que não se pode parar os atos de violência, agressão, morte, guerra, que se vê em todas as regiões, seja no Oriente Médio, seja na Europa — comentou Vieira. Responsável pela articulação diplomática do Brasil, o chanceler relembrou a história do G20, criado após a crise financeira de 2009 inicialmente como uma reunião de ministros da Economia e depois transformado em um fórum de líderes "para buscar soluções para aquele momento tão dramático". Também destacou as mudanças pr
Representantes da sociedade civil foram barrados e houve bate-boca com membros da organização; profissionais da imprensa, mesmo credenciados, tiveram passagem impedida Ainda faltam quatro dias para começar a Cúpula do G20 no Rio de Janeiro, que irá reunir os chefes de Estado e governo das 20 maiores economias do mundo, União Europeia e União Africana. Mas a cidade já está tomada por uma série de eventos paralelos. Nesta quinta-feira, foi a vez de o G20 Social abrir as portas para o público no auditório do Museu do Amanhã, na Praça Mauá. Tudo sobre o G20 Social: o que é, como participar e as atrações; confira G20 Social vai entregar propostas aos líderes; veja o que diz cada uma delas A iniciativa, uma novidade lançada pela presidência brasileira, visa ampliar a participação da sociedade nas discussões do grupo. A sessão de abertura, no entanto, foi marcada por atrasos e uma confusão na entrada. Muitas pessoas que queriam participar como representantes da sociedade civil foram barradas. Houve bate-boca com membros da organização e profissionais da imprensa, mesmo credenciados, também tiveram a passagem impedida. O espaço tem capacidade para 374 pessoas, segundo o site do Museu do Amanhã. Dentro do auditório, o primeiro a discursar foi o prefeito do Rio, Eduardo Paes, que agradeceu ao presidente Lula pela realização do G20 na cidade, "autoeleita capital do G20", segundo ele. — A gente sente muito orgulho de ser a cara do Brasil para o mundo — declarou. Às vésperas do 'Janjapalooza', chuva no Rio preocupa primeira-dama: 'Vamos jogar um sabãozinho para Santa Clara' Paes também fez uma brincadeira com a primeira-dama Janja Lula da Silva, dizendo que “se dependesse dela, o presidente ficaria mais aqui [no Rio de Janeiro] do que em Brasília". A fala arrancou risadas da plateia, mas pareceu não agradar muito a primeira-dama. O prefeito do Rio saudou ainda a presença das deputadas federais Benedita da Silva e Jandira Feghali. Minutos antes do evento começar, mas já com o auditório cheio, o ministro Wellington Dias também cumprimentou Benedita da Silva, que foi ovacionada pelo público aos gritos de “Benedita, Benedita, Benedita”. O chefe da Pasta de Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome não integrou a mesa principal de abertura do evento, mas esteve presente ao lado de membros do alto escalão do governo Lula, como o ministro da Educação Camilo Santana. A primeira-dama Janja Lula da Silva discursou em seguida e avaliou a presidência do Brasil no G20, destacando a insistência do país em inserir a sociedade civil no processo decisório. — [Essa presidência] teve uma particularidade, porque ela não foi uma presidência isolada do governo brasileiro, ela foi compartilhada com a sociedade civil, com os movimentos, com as instituições, com os grupos de engajamento — defendeu. — Acho que nunca na história recente do G20 essa presença da sociedade civil foi tão forte, foi tão potente. Tenho muito orgulho de estar aqui fazendo uma história diferente para a humanidade, esperando que a gente consiga construir um futuro mais justo e fraterno. Janja também usou o seu discurso para responder a brincadeira de Paes e para parabenizá-lo por seu aniversário. — Samba e chope depois na Gávea Pequena? — brincou ela, referindo-se à residência oficial do prefeito do Rio, no bairro do Alto da Boa Vista. A primeira-dama comentou ainda sobre o desempenho do grupo de trabalho (GT) de "Empoderamento Feminino", cuja resolução final não foi assinada pela Argentina: — Infelizmente, tivemos somente um país que não assinou, que foi a Argentina, por razões que, enfim… — disse ela em tom crítico. — Não assinou porque tinha lá no começo da resolução "igualdade de gênero". Pra mim, conceber que hoje a gente possa pensar o mundo daqui pra frente sem termos igualdade de gênero, onde a nossa voz seja forte e potente, não consigo pensar esse mundo, não consigo pensar que algum país ainda se negue a isso. Mudança de paradigma O chanceler Mauro Vieira, por sua vez, relembrou os três eixos que devem ser seguidos pelo Brasil na presidência do G20: combate à fome, pobreza e desigualdade, desenvolvimento sustentável e reforma da governança global. O chefe do Itamaraty deu destaque ao terceiro objetivo, que, segundo ele, é tratado de maneira inédita pelo grupo. — O presidente Lula tem dito que o mundo não pode continuar a ser governado pela geopolítica que resultou do flagelo segunda Guerra Mundial, em 1945, e que levou o mundo a uma situação que hoje vivemos, em que não se pode parar os atos de violência, agressão, morte, guerra, que se vê em todas as regiões, seja no Oriente Médio, seja na Europa — comentou Vieira. Responsável pela articulação diplomática do Brasil, o chanceler relembrou a história do G20, criado após a crise financeira de 2009 inicialmente como uma reunião de ministros da Economia e depois transformado em um fórum de líderes "para buscar soluções para aquele momento tão dramático". Também destacou as mudanças propostas pelo Brasil na presidência do grupo: — O Brasil toma com muita responsabilidade e o presidente Lula se empenha desde o primeiro dia, inclusive, decidindo os pilares, os centros de ação do Brasil no G20. O Brasil toma com muita responsabilidade e o presidente Lula se empenha em definir todos os pilares a serem definidos”. Para o ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República, Márcio Macêdo, a promoção do G20 Social poderá ser um dos principais legados da presidência temporária do Brasil no fórum mundial. Segundo Macêdo, a iniciativa muda o padrão das reuniões diplomáticas, geralmente a cargo de "30 ou 40 bacanas de paletó e gravata" e "mulheres bem vestidas". — Se o G20 Social der certo, nunca mais esses bacanas farão reuniões sem a participação do povo — enfatizou. Segundo ele, o governo da África do Sul já informou que fará o G20 Social em 2025, quando estará na presidência temporária do grupo. 'Janjapalooza' A partir desta quinta-feira, a Praça Mauá receberá também o Aliança Global Festival Contra Fome e Pobreza, com 30 shows gratuitos até sábado que devem atrair cerca de 40 mil pessoas por dia, paralelamente às reuniões e conferências do G20 Social. O festival, apelidado de "Janjapalooza", em referência à primeira-dama, sua idealizadora, é inspirado em concertos internacionais como o Live Aid, realizado em 1985, nos Estados Unidos, visando a arrecadar fundos para acabar com a fome na Etiópia, e o Free Nelson Mandela Concert, realizado em 1988, em Londres, em homenagem ao 70º aniversário do líder sul-africano. A programação celebra a diversidade da cultura brasileira e reunirá grandes nomes da música nacional para engajar a todos no compromisso do Brasil de liderar a Aliança Global em defesa de "um mundo sem fome e pobreza, com transição energética, justiça climática e uma representação menos desigual". Trinta e um países finalizaram a adesão à iniciativa, apontada como a principal proposta do Brasil na presidência do G20. Segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), uma das organizações que atuam no apoio técnico da iniciativa, outros 27 governos enviaram pedidos de adesão à presidência brasileira e aguardam aprovação. Há ainda 50 países que sinalizaram o interesse de entrar na aliança. No sábado, o presidente Lula receberá o documento que consolida as discussões do G20 Social, além das recomendações finais de cada um dos grupos de engajamento em uma cerimônia prevista para as 11h, no Armazém da Utopia.
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