Renúncia de Gaetz cria disputa entre Senado e Câmara sobre nomeação de Trump para secretário de Justiça

Investigação contra o republicano recém indicado para o cargo envolve alegações de má conduta sexual, suborno e uso de drogas, todas negadas por ele Congressistas americanos pediram nesta quinta-feira que a Comissão de Ética da Câmara divulgue os resultados de uma investigação sobre supostas transgressões do ex-deputado Matt Gaetz, da Flórida, o escolhido de Donald Trump para o cargo de secretário de Justiça dos Estados Unidos em seu novo mandato. As solicitações surgem um dia após a renúncia de Gaetz ao seu assento na Câmara dos Representantes (análoga à Câmara dos Deputados no Brasil), que ocorreu horas depois da nomeação pelo presidente eleito. Gaetz estava sendo investigado por alegações de má conduta sexual, suborno e uso de drogas ilícitas, acusações que ele nega. Medidor de influência: Nomeações provocativas de Trump testam lealdade de Partido Republicano em futuro governo Constituição veta: Trump flerta com reeleição após novo mandato em dia de retorno triunfal à capital dos EUA e à Casa Branca O senador Dick Durbin, democrata de Illinois e presidente da Comissão Judicial, que teria jurisdição sobre a confirmação de um secretário de Justiça, pediu nesta quinta que o painel de ética da Câmara preserve e compartilhe suas conclusões o quanto antes. "A sequência e o timing da renúncia de Gaetz à Câmara levantam sérias questões sobre o conteúdo do relatório", disse Durbin em uma declaração. "Não podemos permitir que essas informações valiosas de uma investigação bipartidária sejam ocultadas do povo americano." Por sua vez, o senador John Cornyn, republicano do Texas, disse a repórteres que ele "quer ver tudo" ao considerar os indicados, incluindo o relatório da Comissão de Ética sobre Gaetz. Ele sugeriu ainda que a Comissão Judicial do Senado poderia convocar o relatório caso a comissão da Câmara se recuse a entregá-lo, e se mostrou aberto a essa ação. — Eu não acho que nenhum de nós queira agir sem informações claras — disse Cornyn. — Parte disso é proteger o presidente contra informações ou surpresas que possam surgir mais tarde e que ele e sua equipe não estavam cientes. Elon Musk, 'falcões', 'czar' da fronteira e mais: Quem Trump já anunciou para compor governo? Entretanto, o deputado Michael Guest, republicano do Mississippi e presidente da Comissão de Ética, sugeriu em comentários a jornalistas que não estava inclinado a divulgar os resultados da investigação agora que Gaetz havia renunciado. — Uma vez que perdemos a jurisdição, não haveria um relatório a ser emitido — disse Guest. Essas divergências levantam a possibilidade de uma disputa entre o Senado, responsável por avaliar e confirmar os indicados presidenciais, e a Câmara logo no início do segundo mandato de Trump. O republicano, segundo o New York Times, já ameaçou contornar o Senado e nomear unilateralmente pessoas para sua administração durante um recesso, interrompendo o processo normal. Incentiva boicotes: O 'influencer' anti-diversidade que persegue empresas americanas e fez Ford, Toyota e Jack Daniel's mudarem suas políticas John Clune, um advogado que representa uma mulher no centro da investigação, também pediu, na quinta-feira, pela liberação do relatório. "A provável nomeação de Gaetz para secretário de Justiça é um desenvolvimento perverso em uma série de eventos verdadeiramente sombrios", escreveu ele nas redes sociais. "Nós apoiaríamos a liberação imediata do relatório pela Comissão de Ética da Câmara. Ela era uma estudante do ensino médio, e havia testemunhas." Apesar das divergências, há um precedente para o painel de ética tornar público seu relatório sobre um ex-membro do Congresso. Em 1987, a comissão divulgou um relatório sobre o ex-deputado William H. Boner, democrata do Tennessee, após ele renunciar em meio a uma investigação. Nomeação controversa Os republicanos no Congresso expressaram choque com a escolha de Gaetz para o cargo. Gaetz, que liderou o esforço bem-sucedido para destituir o ex-presidente da Câmara Kevin McCarthy é um dos membros mais odiados de sua bancada. Por dois anos, o Departamento de Justiça investigou alegações de que ele teve um relacionamento sexual inapropriado com uma garota de 17 anos e possivelmente violou leis federais de tráfico sexual. O departamento encerrou sua investigação no ano passado sem registrar nenhuma acusação contra o deputado. Fim do Departamento de Educação, agenda 'anti-woke' e censura nas escolas: Veja os planos de Trump para o ensino nos EUA Ainda assim, a Comissão de Ética abriu uma apuração em 2021 sobre as alegações de má conduta sexual, junto com acusações de que Gaetz teria usado indevidamente registros de identificação estadual, convertido fundos de campanha para uso pessoal, aceitado presentes impróprios segundo as regras da Câmara e compartilhado imagens ou vídeos inadequados no plenário da Câmara, entre outras transgressões. Gaetz tentou transformar as alegações contra ele em um "distintivo de honra". — Eu sou o homem mais investigado do Congresso dos Estad

Nov 14, 2024 - 20:20
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Renúncia de Gaetz cria disputa entre Senado e Câmara sobre nomeação de Trump para secretário de Justiça

Investigação contra o republicano recém indicado para o cargo envolve alegações de má conduta sexual, suborno e uso de drogas, todas negadas por ele Congressistas americanos pediram nesta quinta-feira que a Comissão de Ética da Câmara divulgue os resultados de uma investigação sobre supostas transgressões do ex-deputado Matt Gaetz, da Flórida, o escolhido de Donald Trump para o cargo de secretário de Justiça dos Estados Unidos em seu novo mandato. As solicitações surgem um dia após a renúncia de Gaetz ao seu assento na Câmara dos Representantes (análoga à Câmara dos Deputados no Brasil), que ocorreu horas depois da nomeação pelo presidente eleito. Gaetz estava sendo investigado por alegações de má conduta sexual, suborno e uso de drogas ilícitas, acusações que ele nega. Medidor de influência: Nomeações provocativas de Trump testam lealdade de Partido Republicano em futuro governo Constituição veta: Trump flerta com reeleição após novo mandato em dia de retorno triunfal à capital dos EUA e à Casa Branca O senador Dick Durbin, democrata de Illinois e presidente da Comissão Judicial, que teria jurisdição sobre a confirmação de um secretário de Justiça, pediu nesta quinta que o painel de ética da Câmara preserve e compartilhe suas conclusões o quanto antes. "A sequência e o timing da renúncia de Gaetz à Câmara levantam sérias questões sobre o conteúdo do relatório", disse Durbin em uma declaração. "Não podemos permitir que essas informações valiosas de uma investigação bipartidária sejam ocultadas do povo americano." Por sua vez, o senador John Cornyn, republicano do Texas, disse a repórteres que ele "quer ver tudo" ao considerar os indicados, incluindo o relatório da Comissão de Ética sobre Gaetz. Ele sugeriu ainda que a Comissão Judicial do Senado poderia convocar o relatório caso a comissão da Câmara se recuse a entregá-lo, e se mostrou aberto a essa ação. — Eu não acho que nenhum de nós queira agir sem informações claras — disse Cornyn. — Parte disso é proteger o presidente contra informações ou surpresas que possam surgir mais tarde e que ele e sua equipe não estavam cientes. Elon Musk, 'falcões', 'czar' da fronteira e mais: Quem Trump já anunciou para compor governo? Entretanto, o deputado Michael Guest, republicano do Mississippi e presidente da Comissão de Ética, sugeriu em comentários a jornalistas que não estava inclinado a divulgar os resultados da investigação agora que Gaetz havia renunciado. — Uma vez que perdemos a jurisdição, não haveria um relatório a ser emitido — disse Guest. Essas divergências levantam a possibilidade de uma disputa entre o Senado, responsável por avaliar e confirmar os indicados presidenciais, e a Câmara logo no início do segundo mandato de Trump. O republicano, segundo o New York Times, já ameaçou contornar o Senado e nomear unilateralmente pessoas para sua administração durante um recesso, interrompendo o processo normal. Incentiva boicotes: O 'influencer' anti-diversidade que persegue empresas americanas e fez Ford, Toyota e Jack Daniel's mudarem suas políticas John Clune, um advogado que representa uma mulher no centro da investigação, também pediu, na quinta-feira, pela liberação do relatório. "A provável nomeação de Gaetz para secretário de Justiça é um desenvolvimento perverso em uma série de eventos verdadeiramente sombrios", escreveu ele nas redes sociais. "Nós apoiaríamos a liberação imediata do relatório pela Comissão de Ética da Câmara. Ela era uma estudante do ensino médio, e havia testemunhas." Apesar das divergências, há um precedente para o painel de ética tornar público seu relatório sobre um ex-membro do Congresso. Em 1987, a comissão divulgou um relatório sobre o ex-deputado William H. Boner, democrata do Tennessee, após ele renunciar em meio a uma investigação. Nomeação controversa Os republicanos no Congresso expressaram choque com a escolha de Gaetz para o cargo. Gaetz, que liderou o esforço bem-sucedido para destituir o ex-presidente da Câmara Kevin McCarthy é um dos membros mais odiados de sua bancada. Por dois anos, o Departamento de Justiça investigou alegações de que ele teve um relacionamento sexual inapropriado com uma garota de 17 anos e possivelmente violou leis federais de tráfico sexual. O departamento encerrou sua investigação no ano passado sem registrar nenhuma acusação contra o deputado. Fim do Departamento de Educação, agenda 'anti-woke' e censura nas escolas: Veja os planos de Trump para o ensino nos EUA Ainda assim, a Comissão de Ética abriu uma apuração em 2021 sobre as alegações de má conduta sexual, junto com acusações de que Gaetz teria usado indevidamente registros de identificação estadual, convertido fundos de campanha para uso pessoal, aceitado presentes impróprios segundo as regras da Câmara e compartilhado imagens ou vídeos inadequados no plenário da Câmara, entre outras transgressões. Gaetz tentou transformar as alegações contra ele em um "distintivo de honra". — Eu sou o homem mais investigado do Congresso dos Estados Unidos — disse Gaetz sobre a investigação, insinuando que a apuração era apenas uma forma de punição por minar a liderança de McCarthy. Controle da Câmara A renúncia de Gaetz complica a matemática para os republicanos da Câmara, que efetivamente assumiram o controle da Casa na noite de quarta-feira, de acordo com a Associated Press. Mas eles estão com uma maioria pequena e, com a saída de Gaetz, perderão um assento já no início. O presidente da Câmara, Mike Johnson, republicano da Louisiana, anunciou a renúncia de Gaetz em uma coletiva de imprensa na noite de quarta-feira, após os republicanos da Câmara escolherem seus líderes para o próximo Congresso. Johnson disse que havia chamado o governador Ron DeSantis, da Flórida, para iniciar o processo de agendamento de uma eleição especial para preencher o cargo. Trump informou a Johnson sobre sua decisão de nomear Gaetz mais cedo naquele dia, pouco antes de subir ao palco para se dirigir brevemente e parabenizar a conferência republicana. Nessas declarações, Trump fez uma piada sobre "roubar" mais membros da bancada republicana para sua administração. — Eu implorei e pedi ao novo presidente: "Já basta, ok?" — disse Johnson aos repórteres. — Porque nossos números são pequenos. Mais cedo naquele dia, alguns colegas de Gaetz não esconderam a alegria com sua saída. — A maioria das pessoas ali está eufórica com isso. Mandem ele embora — disse o representante Max Miller, republicano de Ohio, falando sobre seus colegas do Partido Republicano reunidos para votar nas eleições de liderança. Ele afirmou que Trump tinha muitas outras boas opções de nomeados, mas provavelmente escolheu Gaetz para recompensar sua lealdade. Antes de a renúncia de Gaetz ser anunciada publicamente, Miller sugeriu que, se as audiências no Senado descobrissem novas evidências convincentes de que as alegações de má conduta contra Gaetz eram verdadeiras, seus colegas poderiam expulsá-lo, como fizeram com o representante George Santos no final do ano passado. Miller disse que ele e outros republicanos da Câmara ficaram surpresos com o fato de Gaetz ter concordado em participar das audiências de confirmação no Senado, que envolvem rigorosos e invasivos exames de antecedentes. — Fiquei surpreso que Matt faria isso consigo mesmo — disse Miller. — Eu quero pegar um grande saco de pipoca e assistir a essa "apresentação" da primeira fila.

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