Rael: 'Meu orgulho é que, embora o rap esteja mais focado no lifestyle, ainda existem as músicas de mensagem'
Astro do rap é um dos convidados do Projeto Aquarius do próximo dia 1º de dezembro, no Parque do Ibirapuera, em São Paulo: ‘É uma responsabilidade muito grande’ Quebrar barreiras é com o paulistano Israel Feliciano, o Rael. Um dos nomes mais conhecidos do rap nacional, MC cheio de rimas que incorporou o violão e as influências do pop e da MPB ao seu som, ele será um dos convidados do Projeto Aquarius, em concerto gratuito que acontece no dia 1º de dezembro, no Parque do Ibirapuera, em São Paulo, a partir das 11h. Stevie B: estrela americana do funk carioca aposta no maior Baile dos Sonhos já visto Grammy Latino 2024: confira a lista de vencedores No evento, que será realizado na área externa do Auditório Oscar Niemeyer, o maestro Wagner Polistchuk estará à frente da Orquestra Experimental de Repertório em um programa com obras de grandes compositores brasileiros, de Heitor Villa-Lobos e Caetano Veloso a Tom Jobim e Pixinguinha. Outro sabor especial será dado pelos músicos ao acompanhar Rael e as cantoras baianas Xênia França e Luedji Luna em seus hits. Artista que no ano passado cantou com o Coldplay para 80 mil pessoas no estádio do Morumbi, o rapper de 41 anos de idade não é estreante com grandes formações eruditas: dois anos atrás, ele se apresentou na Itália com a Orquestra Magna Grécia, cantando clássicos da música brasileira, como o samba “Tristeza”. — É uma responsabilidade muito grande (cantar com orquestra), e acho que no Ibirapuera a sensação vai ser a mesma. Espero que faça uma tarde linda. As pessoas terão a chance de ouvir a minha música com outra roupagem — diz Rael, feliz de dividir o palco com as cantoras Luedji Luna e Xênia França. Pela paz Junto com a Orquestra Experimental de Repertório, o paulistano cantará “Descomunal” (“uma música com metais e sopros, que eu nunca fiz com essa textura de orquestra”), “Sujeito de sorte” (música de Belchior, que o seu parceiro e grande amigo Emicida usou para fazer o sucesso “AmarElo”), e o grande hit de sua carreira, “Envolvidão”, de 2014. — “Envolvidão” é meu cartão de visita, foi a música que me fez furar a bolha, que me apresentou para o grande público no Brasil — reconhece ele, que lançou há uma semana o dançante single “Na pista sem lei”, com participações dos rappers FBC e Rincon Sapiência (que, por sinal, estará com Rael e Mano Brown em faixa do novo disco dos Racionais MCs). — Essa música é uma celebração da vida. Porque tem dias em que a gente canta e não quer guerrear, tem dias que a gente só quer existir. E eu acredito que a gente pode ter um futuro melhor se começar a usar contra os sistemas de opressão todas as armas que tem à disposição, inclusive a alegria. Às vezes um sorriso incomoda mais o inimigo do que a raiva ou o rancor. “Na pista sem lei” é o pontapé para o álbum que Rael lança no primeiro trimestre de 2025. Ainda sem título, é a primeira coleção de inéditas desde o introspectivo álbum “Capim-Cidreira” (de 2019) — e também o disco de sua carreira que terá mais participações, seja de produtores (como Nave, Los Brasileros e Tropkillaz) ou de outros intérpretes, vindos de todas as partes do Brasil. — Embora ainda tenha um pouco dessa conversa do autocuidado, da autoestima, da beleza, do sexo e do calor do anterior, esse novo disco é mais para fora, ele é celebração — explica. — Nasci e fui criado na favela, no Jardim Iporanga (na Zona Sul de São Paulo), periferia violenta, braba. Às vezes eu ia para uma pracinha ou um campo de futebol onde estava rolando um pagode e ali eu curava um pouco das minhas dores. Conectando gerações Em setembro, Rael foi uma das atrações de Pra Sempre Rap, show do Rock in Rio que pôs em perspectiva a história do estilo no Brasil. No palco, estava entre os veteranos Marcelo D2 e Criolo e outros, mais novos que ele: Rincon Sapiência, Karol Conká, Xamã e Djonga. — Ali eu vi uma conexão entre as gerações que, no passado, era um pouco mais difícil de ser feita. Ao longo do tempo, o rap sobressaiu e virou uma indústria. Nos anos 1990, a gente falou “não” para muita coisa, e com razão, afinal o rap era uma coisa que funcionava para a gente, que era mais uma luta do que uma indústria — recorda-se. — Mas era necessário ter um aprimoramento desse lado industrial e isso aconteceu. Hoje, a galera tem mais autoestima e houve uma evolução musical, mas o meu orgulho é que, embora o rap esteja muito mais focado no lifestyle, no capitalismo desenfreado, ainda existem as músicas de mensagem. Pai de um filho de 12 anos, Martin Jorge, Rael diz respeitar os estilos de rap que “não dialogam” com ele, como o trap, de letras que falam de ostentação, armas e sexo. — Mas não posso dar lição de moral e achar que sou o dono da razão. É uma coisa que não tem muito a ver comigo. Mas entendo isso, não é só no Brasil, é um fenômeno mundial. É uma coisa que é mais pro meu filho, talvez, do que para mim — conta. — Mas mesmo o meu filho está mudando. O Ministério da Cultura apresenta o Aquarius São Paulo através da Lei de Incentivo à Cu
Astro do rap é um dos convidados do Projeto Aquarius do próximo dia 1º de dezembro, no Parque do Ibirapuera, em São Paulo: ‘É uma responsabilidade muito grande’ Quebrar barreiras é com o paulistano Israel Feliciano, o Rael. Um dos nomes mais conhecidos do rap nacional, MC cheio de rimas que incorporou o violão e as influências do pop e da MPB ao seu som, ele será um dos convidados do Projeto Aquarius, em concerto gratuito que acontece no dia 1º de dezembro, no Parque do Ibirapuera, em São Paulo, a partir das 11h. Stevie B: estrela americana do funk carioca aposta no maior Baile dos Sonhos já visto Grammy Latino 2024: confira a lista de vencedores No evento, que será realizado na área externa do Auditório Oscar Niemeyer, o maestro Wagner Polistchuk estará à frente da Orquestra Experimental de Repertório em um programa com obras de grandes compositores brasileiros, de Heitor Villa-Lobos e Caetano Veloso a Tom Jobim e Pixinguinha. Outro sabor especial será dado pelos músicos ao acompanhar Rael e as cantoras baianas Xênia França e Luedji Luna em seus hits. Artista que no ano passado cantou com o Coldplay para 80 mil pessoas no estádio do Morumbi, o rapper de 41 anos de idade não é estreante com grandes formações eruditas: dois anos atrás, ele se apresentou na Itália com a Orquestra Magna Grécia, cantando clássicos da música brasileira, como o samba “Tristeza”. — É uma responsabilidade muito grande (cantar com orquestra), e acho que no Ibirapuera a sensação vai ser a mesma. Espero que faça uma tarde linda. As pessoas terão a chance de ouvir a minha música com outra roupagem — diz Rael, feliz de dividir o palco com as cantoras Luedji Luna e Xênia França. Pela paz Junto com a Orquestra Experimental de Repertório, o paulistano cantará “Descomunal” (“uma música com metais e sopros, que eu nunca fiz com essa textura de orquestra”), “Sujeito de sorte” (música de Belchior, que o seu parceiro e grande amigo Emicida usou para fazer o sucesso “AmarElo”), e o grande hit de sua carreira, “Envolvidão”, de 2014. — “Envolvidão” é meu cartão de visita, foi a música que me fez furar a bolha, que me apresentou para o grande público no Brasil — reconhece ele, que lançou há uma semana o dançante single “Na pista sem lei”, com participações dos rappers FBC e Rincon Sapiência (que, por sinal, estará com Rael e Mano Brown em faixa do novo disco dos Racionais MCs). — Essa música é uma celebração da vida. Porque tem dias em que a gente canta e não quer guerrear, tem dias que a gente só quer existir. E eu acredito que a gente pode ter um futuro melhor se começar a usar contra os sistemas de opressão todas as armas que tem à disposição, inclusive a alegria. Às vezes um sorriso incomoda mais o inimigo do que a raiva ou o rancor. “Na pista sem lei” é o pontapé para o álbum que Rael lança no primeiro trimestre de 2025. Ainda sem título, é a primeira coleção de inéditas desde o introspectivo álbum “Capim-Cidreira” (de 2019) — e também o disco de sua carreira que terá mais participações, seja de produtores (como Nave, Los Brasileros e Tropkillaz) ou de outros intérpretes, vindos de todas as partes do Brasil. — Embora ainda tenha um pouco dessa conversa do autocuidado, da autoestima, da beleza, do sexo e do calor do anterior, esse novo disco é mais para fora, ele é celebração — explica. — Nasci e fui criado na favela, no Jardim Iporanga (na Zona Sul de São Paulo), periferia violenta, braba. Às vezes eu ia para uma pracinha ou um campo de futebol onde estava rolando um pagode e ali eu curava um pouco das minhas dores. Conectando gerações Em setembro, Rael foi uma das atrações de Pra Sempre Rap, show do Rock in Rio que pôs em perspectiva a história do estilo no Brasil. No palco, estava entre os veteranos Marcelo D2 e Criolo e outros, mais novos que ele: Rincon Sapiência, Karol Conká, Xamã e Djonga. — Ali eu vi uma conexão entre as gerações que, no passado, era um pouco mais difícil de ser feita. Ao longo do tempo, o rap sobressaiu e virou uma indústria. Nos anos 1990, a gente falou “não” para muita coisa, e com razão, afinal o rap era uma coisa que funcionava para a gente, que era mais uma luta do que uma indústria — recorda-se. — Mas era necessário ter um aprimoramento desse lado industrial e isso aconteceu. Hoje, a galera tem mais autoestima e houve uma evolução musical, mas o meu orgulho é que, embora o rap esteja muito mais focado no lifestyle, no capitalismo desenfreado, ainda existem as músicas de mensagem. Pai de um filho de 12 anos, Martin Jorge, Rael diz respeitar os estilos de rap que “não dialogam” com ele, como o trap, de letras que falam de ostentação, armas e sexo. — Mas não posso dar lição de moral e achar que sou o dono da razão. É uma coisa que não tem muito a ver comigo. Mas entendo isso, não é só no Brasil, é um fenômeno mundial. É uma coisa que é mais pro meu filho, talvez, do que para mim — conta. — Mas mesmo o meu filho está mudando. O Ministério da Cultura apresenta o Aquarius São Paulo através da Lei de Incentivo à Cultura. O evento conta ainda com a Cidade de São Paulo como Cidade Anfitriã, patrocínio master da Fundação Theatro Municipal, patrocínio de Santander Brasil e VIVO, apoio de Paper Excellence, do Grupo CCR, por meio do Instituto CCR, e da Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo; tem a rádio CBN como Rádio Oficial e produção da SrCom. A realização é do GLOBO através do Ministério da Cultura, Governo Federal.
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