PMs provocam tensão e comparecem a velório de criança morta em operação, em Santos; vídeo
Familiares de Ryan da Silva Andrade Santos, de 4 anos, protestaram pela presença de agentes; um policial chegou a apontar arma para fotógrafa do GLOBO O enterro do menino Ryan da Silva Andrade Santos, de 4 anos, na manhã desta quinta-feira (7), em Santos, foi marcado pela intimidação de agentes da Polícia Militar. Em diferentes momentos, do velório ao sepultamento, policiais da corporação estiveram presentes nos arredores da cerimônia. Uma viatura chegou a impedir a passagem dos familiares e amigos durante o cortejo do corpo pelo Morro São Bento, onde ocorreu o assassinato. Um dos policiais apontou uma arma em direção à fotógrafa do GLOBO, Maria Isabel Oliveira, e disse: “toma cuidado”. Questionado, o coronel Valmor Racorti, comandante do Policiamento de Choque, desculpou-se pela postura do policial. O menino foi morto durante uma ação policial na terça-feira à noite. Em coletiva de imprensa, a PM admitiu que o tiro partiu “possivelmente” da arma de um policial. Policiais bloqueiam passagem de motos que seguiam para enterro de menino morto em ação da PM em Santos Ainda durante o velório, duas viaturas do 6 Batalhão de Polícia Militar do Interior se posicionaram ao lado do velório, próximo da entrada do morro. Questionados por lideranças de movimentos sociais e familiares, eles recuaram e saíram. Mais adiante, durante o cortejo, uma viatura do Choque fechou uma rua do Morro São Bento e impediu a passagem do corpo seguido das motos e carros. Ao GLOBO, o coronel Rogério Nery Machado, comandante da PM na Baixada Santista e no Vale do Ribeira, afirmou que “a viatura estava em patrulhamento naquela área, visando a segurança das pessoas presentes”. Já o coronel Valmor Racorti, comandante do Policiamento de Choque, disse que os policiais não tinham ordem para impedir o cortejo “de forma alguma”. — Não era a orientação. Essa área é de patrulhamento — disse. — Eles estavam parados na rua Nove, o cortejo entrou na rua. Eles manobraram a viatura, realmente seguraram o cortejo por segurança para a viatura não ficar no meio do cortejo e saíram. A intenção não era interromper o cortejo, mas sim por questão de segurança retirar a viatura — acrescentou. Depois do sepultamento, uma abordagem policial a um motoqueiro na rua da frente do cemitério acabou em confusão. Claudio Aparecido da Silva, ouvidor de Polícia, discutiu com os policiais, questionando sobre a necessidade da presença deles ali. — É repudiante, é um absurdo. Aqui no estado de São Paulo virou política governamental colocar polícia em velório de gente que morre pelas mãos da própria polícia para intimidar as pessoas. Isso é vergonhoso, é o cúmulo da falta de respeito aos direitos fundamentais das pessoas. Neste estado não pode mais ter ato fúnebre? — questionou Silva. Ele afirmou que a ouvidoria acionará o ministro Luís Roberto Barroso, presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), para pedir que operações em favelas sejam conduzidas com o uso de câmeras corporais. Nenhum dos oito policiais envolvidos na ação da morte de Ryan estava usando câmera. O porta-voz da PM, coronel Emerson Massera, explicou em coletiva de imprensa que a ocorrência foi na área do 6º Batalhão da Baixada Santista, que não dispõe do equipamento. Comoção Durante todo o cortejo pelo Morro São Bento, uma tradição de familiares de mortos pela PM, o corpo de Ryan foi homenageado por moradores que se posicionaram nas portas de casas, escolas e comércio. Eles soltavam fogos de artifício à medida que o cortejo passava. Muitos choravam e gritavam por justiça. Já no cemitério, crianças soltaram balões brancos, símbolo da paz, uma última homenagem ao menino. Bastante abalada, sem nem conseguir caminhar, a mãe do menino, Beatriz da Silva Rosa, acompanhou todo o trajeto de cadeira de rodas, repetindo: “o que vou fazer sem meu filho?”.
Familiares de Ryan da Silva Andrade Santos, de 4 anos, protestaram pela presença de agentes; um policial chegou a apontar arma para fotógrafa do GLOBO O enterro do menino Ryan da Silva Andrade Santos, de 4 anos, na manhã desta quinta-feira (7), em Santos, foi marcado pela intimidação de agentes da Polícia Militar. Em diferentes momentos, do velório ao sepultamento, policiais da corporação estiveram presentes nos arredores da cerimônia. Uma viatura chegou a impedir a passagem dos familiares e amigos durante o cortejo do corpo pelo Morro São Bento, onde ocorreu o assassinato. Um dos policiais apontou uma arma em direção à fotógrafa do GLOBO, Maria Isabel Oliveira, e disse: “toma cuidado”. Questionado, o coronel Valmor Racorti, comandante do Policiamento de Choque, desculpou-se pela postura do policial. O menino foi morto durante uma ação policial na terça-feira à noite. Em coletiva de imprensa, a PM admitiu que o tiro partiu “possivelmente” da arma de um policial. Policiais bloqueiam passagem de motos que seguiam para enterro de menino morto em ação da PM em Santos Ainda durante o velório, duas viaturas do 6 Batalhão de Polícia Militar do Interior se posicionaram ao lado do velório, próximo da entrada do morro. Questionados por lideranças de movimentos sociais e familiares, eles recuaram e saíram. Mais adiante, durante o cortejo, uma viatura do Choque fechou uma rua do Morro São Bento e impediu a passagem do corpo seguido das motos e carros. Ao GLOBO, o coronel Rogério Nery Machado, comandante da PM na Baixada Santista e no Vale do Ribeira, afirmou que “a viatura estava em patrulhamento naquela área, visando a segurança das pessoas presentes”. Já o coronel Valmor Racorti, comandante do Policiamento de Choque, disse que os policiais não tinham ordem para impedir o cortejo “de forma alguma”. — Não era a orientação. Essa área é de patrulhamento — disse. — Eles estavam parados na rua Nove, o cortejo entrou na rua. Eles manobraram a viatura, realmente seguraram o cortejo por segurança para a viatura não ficar no meio do cortejo e saíram. A intenção não era interromper o cortejo, mas sim por questão de segurança retirar a viatura — acrescentou. Depois do sepultamento, uma abordagem policial a um motoqueiro na rua da frente do cemitério acabou em confusão. Claudio Aparecido da Silva, ouvidor de Polícia, discutiu com os policiais, questionando sobre a necessidade da presença deles ali. — É repudiante, é um absurdo. Aqui no estado de São Paulo virou política governamental colocar polícia em velório de gente que morre pelas mãos da própria polícia para intimidar as pessoas. Isso é vergonhoso, é o cúmulo da falta de respeito aos direitos fundamentais das pessoas. Neste estado não pode mais ter ato fúnebre? — questionou Silva. Ele afirmou que a ouvidoria acionará o ministro Luís Roberto Barroso, presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), para pedir que operações em favelas sejam conduzidas com o uso de câmeras corporais. Nenhum dos oito policiais envolvidos na ação da morte de Ryan estava usando câmera. O porta-voz da PM, coronel Emerson Massera, explicou em coletiva de imprensa que a ocorrência foi na área do 6º Batalhão da Baixada Santista, que não dispõe do equipamento. Comoção Durante todo o cortejo pelo Morro São Bento, uma tradição de familiares de mortos pela PM, o corpo de Ryan foi homenageado por moradores que se posicionaram nas portas de casas, escolas e comércio. Eles soltavam fogos de artifício à medida que o cortejo passava. Muitos choravam e gritavam por justiça. Já no cemitério, crianças soltaram balões brancos, símbolo da paz, uma última homenagem ao menino. Bastante abalada, sem nem conseguir caminhar, a mãe do menino, Beatriz da Silva Rosa, acompanhou todo o trajeto de cadeira de rodas, repetindo: “o que vou fazer sem meu filho?”.
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