Ofensiva aérea de Israel no Líbano é a 'mais intensa' fora de Gaza nos últimos 20 anos, diz grupo de monitoramento
Novos ataques ocorreram neste sábado, com dois oficiais do Hamas mortos no país e relatos não confirmados da morte do possível sucessor de Hassan Nasrallah em um ataque na véspera A campanha aérea de Israel no Líbano, que em menos de três semanas matou mais de 1.400 pessoas, feriu quase 7.500 e deslocou mais de um milhão de habitantes, já é considerada a mais intensa fora da Faixa de Gaza em duas décadas, de acordo com o grupo britânico de monitoramento de conflitos Airwars. A ofensiva continuou neste sábado, com novos bombardeios de Israel contra líderes do Hezbollah e aliados em áreas do centro, norte e sul do Líbano, culminando na morte de dois oficiais do grupo terrorista Hamas no país. Além disso, há relatos não confirmados de que Hashem Safieddine, apontado como sucessor do líder do grupo xiita, Hassan Nasrallah, foi morto em um ataque aéreo em Beirute na sexta-feira. Repatriação: FAB monta operação de guerra para retirar brasileiros do Líbano em duas horas Khamenei: Líder supremo do Irã defende ataque com mísseis contra Israel e promete guerra continuada com Estado judeu Segundo Emily Tripp, diretora da Airwars, Israel está realizando ataques aéreos em um nível e intensidade que "seus próprios aliados simplesmente não realizaram nos últimos 20 anos". A diretora comparou a situação à campanha militar liderada pelos Estados Unidos contra o Estado Islâmico (EI) em 2017, quando 500 munições foram usadas em um único dia, no auge do conflito. Israel, por sua vez, usou 2 mil munições e realizou cerca de 3 mil ataques em apenas dois dias, em 24 e 25 de setembro. Tripp também menciona a guerra de 20 anos dos EUA no Afeganistão, com menos de 3 mil ataques por ano — com exceção do primeiro ano da invasão, com cerca de 6.500. — Isso não é normal — disse Tripp à CNN, acrescentando que a campanha aérea de Israel em Gaza no último ano tenha "normalizado" esses ataques em massa. Análise: Forças Armadas de Israel acumulam vitórias, mas também a pergunta: qual o objetivo final? Apesar das alegações israelenses de tentar minimizar danos civis com medidas de precaução — como ligações telefônicas e mensagens de texto para moradores em prédios em áreas que serão alvos de bombardeio —, os ataques continuam causando alta destruição e deslocamento em massa no Líbano, que já teve um quinto de sua população deslocada desde o início do conflito. Segundo ONGs e a imprensa internacional, muitos dos ataques israelenses recentes aconteceram sem aviso prévio, além dos avisos serem enviados no meio da noite, quando a maioria das pessoas está dormindo. Além disso, grupos de direitos humanos, como a Anistia Internacional (AI), apontam que tais avisos não isentam Israel de suas responsabilidades sob o direito humanitário internacional. Irã x Israel: Ranking lista os exércitos mais poderosos do mundo; saiba quem 'ganha' Apesar das preocupações levantadas pelas ONGs e o temor de que o conflito se espalhe cada vez mais para a região, com um envolvimento mais direto do Irã — apoiador do Hezbollah e do Hamas —, o chefe do Estado-Maior do Exército israelense, general Herzi Halevi, afirmou neste sábado que as Forças Armadas continuarão a atacar o grupo xiita no Líbano "sem trégua", intensificando a pressão e infligindo mais danos à organização "sem fazer concessões". Em guerra com o Hamas desde 7 de outubro passado, Israel redirecionou há três semanas o seu foco no conflito para o que diz ser uma garantia da segurança da fronteira norte e o retorno seguro de mais de 60 mil pessoas deslocadas pelos ataques do Hezbollah. A organização libanesa, que diz agir em solidariedade aos palestinos de Gaza, bombardeou quase diariamente o território israelense desde o início do conflito no ano passado, sinalizando que interromperia os ataques somente quando houvesse um acordo de cessar-fogo. A ofensiva israelense no território libanês culminou, entre outras ações e milhares de mortes, no assassinato de Nasrallah e na posterior retaliação do Irã, que lançou um ataque a Israel com mais de 200 mísseis na terça-feira, uma ação defendida pelo líder supremo do país. A resposta de Israel ao ataque é esperada, com o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, fazendo novas ameaças a Teerã neste sábado: — Israel tem o dever e o direito de se defender e responder a esses ataques, e nós o faremos — disse o premier. Por sua vez, o ministro das Relações Exteriores do Irã, Abbas Araghchi, prometeu que Teerã responderá com "mais força" se Israel lançar um ataque de retaliação ao bombardeio. — Para cada ação, haverá uma reação proporcional — disse. Desde a morte de Nasrallah, o grupo ficou com um vácuo de liderança ainda não preenchido, embora múltiplas fontes de segurança afirmem que o mais cotado para ocupar o cargo é Hashem Safieddine. Porém, segundo uma fonte do Hezbollah, que falou à AFP em anonimato neste sábado, o contato com o possível sucessor "se perdeu" desde os bombardeios israelenses de sexta-feira na periferia de Beirute. Safieddine estava com "o
Novos ataques ocorreram neste sábado, com dois oficiais do Hamas mortos no país e relatos não confirmados da morte do possível sucessor de Hassan Nasrallah em um ataque na véspera A campanha aérea de Israel no Líbano, que em menos de três semanas matou mais de 1.400 pessoas, feriu quase 7.500 e deslocou mais de um milhão de habitantes, já é considerada a mais intensa fora da Faixa de Gaza em duas décadas, de acordo com o grupo britânico de monitoramento de conflitos Airwars. A ofensiva continuou neste sábado, com novos bombardeios de Israel contra líderes do Hezbollah e aliados em áreas do centro, norte e sul do Líbano, culminando na morte de dois oficiais do grupo terrorista Hamas no país. Além disso, há relatos não confirmados de que Hashem Safieddine, apontado como sucessor do líder do grupo xiita, Hassan Nasrallah, foi morto em um ataque aéreo em Beirute na sexta-feira. Repatriação: FAB monta operação de guerra para retirar brasileiros do Líbano em duas horas Khamenei: Líder supremo do Irã defende ataque com mísseis contra Israel e promete guerra continuada com Estado judeu Segundo Emily Tripp, diretora da Airwars, Israel está realizando ataques aéreos em um nível e intensidade que "seus próprios aliados simplesmente não realizaram nos últimos 20 anos". A diretora comparou a situação à campanha militar liderada pelos Estados Unidos contra o Estado Islâmico (EI) em 2017, quando 500 munições foram usadas em um único dia, no auge do conflito. Israel, por sua vez, usou 2 mil munições e realizou cerca de 3 mil ataques em apenas dois dias, em 24 e 25 de setembro. Tripp também menciona a guerra de 20 anos dos EUA no Afeganistão, com menos de 3 mil ataques por ano — com exceção do primeiro ano da invasão, com cerca de 6.500. — Isso não é normal — disse Tripp à CNN, acrescentando que a campanha aérea de Israel em Gaza no último ano tenha "normalizado" esses ataques em massa. Análise: Forças Armadas de Israel acumulam vitórias, mas também a pergunta: qual o objetivo final? Apesar das alegações israelenses de tentar minimizar danos civis com medidas de precaução — como ligações telefônicas e mensagens de texto para moradores em prédios em áreas que serão alvos de bombardeio —, os ataques continuam causando alta destruição e deslocamento em massa no Líbano, que já teve um quinto de sua população deslocada desde o início do conflito. Segundo ONGs e a imprensa internacional, muitos dos ataques israelenses recentes aconteceram sem aviso prévio, além dos avisos serem enviados no meio da noite, quando a maioria das pessoas está dormindo. Além disso, grupos de direitos humanos, como a Anistia Internacional (AI), apontam que tais avisos não isentam Israel de suas responsabilidades sob o direito humanitário internacional. Irã x Israel: Ranking lista os exércitos mais poderosos do mundo; saiba quem 'ganha' Apesar das preocupações levantadas pelas ONGs e o temor de que o conflito se espalhe cada vez mais para a região, com um envolvimento mais direto do Irã — apoiador do Hezbollah e do Hamas —, o chefe do Estado-Maior do Exército israelense, general Herzi Halevi, afirmou neste sábado que as Forças Armadas continuarão a atacar o grupo xiita no Líbano "sem trégua", intensificando a pressão e infligindo mais danos à organização "sem fazer concessões". Em guerra com o Hamas desde 7 de outubro passado, Israel redirecionou há três semanas o seu foco no conflito para o que diz ser uma garantia da segurança da fronteira norte e o retorno seguro de mais de 60 mil pessoas deslocadas pelos ataques do Hezbollah. A organização libanesa, que diz agir em solidariedade aos palestinos de Gaza, bombardeou quase diariamente o território israelense desde o início do conflito no ano passado, sinalizando que interromperia os ataques somente quando houvesse um acordo de cessar-fogo. A ofensiva israelense no território libanês culminou, entre outras ações e milhares de mortes, no assassinato de Nasrallah e na posterior retaliação do Irã, que lançou um ataque a Israel com mais de 200 mísseis na terça-feira, uma ação defendida pelo líder supremo do país. A resposta de Israel ao ataque é esperada, com o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, fazendo novas ameaças a Teerã neste sábado: — Israel tem o dever e o direito de se defender e responder a esses ataques, e nós o faremos — disse o premier. Por sua vez, o ministro das Relações Exteriores do Irã, Abbas Araghchi, prometeu que Teerã responderá com "mais força" se Israel lançar um ataque de retaliação ao bombardeio. — Para cada ação, haverá uma reação proporcional — disse. Desde a morte de Nasrallah, o grupo ficou com um vácuo de liderança ainda não preenchido, embora múltiplas fontes de segurança afirmem que o mais cotado para ocupar o cargo é Hashem Safieddine. Porém, segundo uma fonte do Hezbollah, que falou à AFP em anonimato neste sábado, o contato com o possível sucessor "se perdeu" desde os bombardeios israelenses de sexta-feira na periferia de Beirute. Safieddine estava com "o diretor de inteligência do Hezbollah", conhecido como Hajj Murtada, no momento do ataque, acrescentou uma segunda fonte anônima. Novos ataques A ofensiva israelense no país vizinho continuou neste sábado, tendo como alvos "depósitos de armas, centros de comando e outras infraestruturas terroristas" perto de Beirute, sobretudo na região de Dahiya, área controlada pelo Hezbollah, onde nuvens de fumaça foram vistas no início da manhã. Horas depois dos ataques, o Hamas comunicou que o comandante Said Attala Ali, sua esposa e duas de suas filhas foram mortos "num bombardeio sionista contra sua casa" no campo de refugiados palestinos de Beddawi, perto de Trípoli, no norte do Líbano. Em outra nota, o grupo confirmou a morte de Mohammad Hussein al Lawis num ataque na zona de Saadnayel, no leste do país. Segundo os militares israelenses, Hussein estava no comando do Hamas na Judéia e Samaria, nome que Israel usa para se referir à Cisjordânia ocupada, além de ser "responsável pelo estabelecimento do Hamas no Líbano, o fornecimento de armas para ataques de foguetes contra Israel e a fabricação de armas sofisticadas". Também afirmaram que Ali "realizou ataques terroristas contra alvos israelenses e trabalhou para recrutar agentes do Hamas no Líbano". Por sua vez, o Hezbollah disse que disparou cerca de 90 foguetes contra o norte israelense neste sábado. A maioria, contudo, parece ter sido interceptada pelos poderosos sistemas de defesa aérea de Israel, e não houve relatos imediatos de feridos. Também houve novos ataques e avisos de retirada no fim da tarde (início da madrugada de domingo) no sul de Beirute, relatados por repórteres do New York Times como "particularmente intensos". O Exército de Israel também informou que realizou um ataque aéreo perto do campo de refugiados de Jabaliya, em Gaza, visando um centro de comando do Hamas que funcionava em uma antiga instalação da UNRWA, agência da ONU para ajuda aos palestinos. Ao menos cinco pessoas morreram e "várias" ficaram feridas, disse a agência. 'Solução política' Netanyahu afirmou neste sábado em declaração televisionada que o Exército de Israel já conseguiu destruir "grande parte" do arsenal do movimento islamista no Líbano, mudando "o curso do conflito". Mais cedo, o porta-voz das Forças Aramas israelenses, Daniel Hagari, disse que ao menos 440 combatentes do Hezbollah — sendo "30 comandantes de diferentes níveis" — foram mortos por Israel desde o início das operações terrestres no sul do Líbano, que começaram nesta semana. Os nomes não foram divulgados. Sem um cessar-fogo à vista e com o conflito ganhando novas proporções a cada dia, o presidente francês, Emmanuel Macron, defendeu em entrevista a uma rádio francesa que a "prioridade" no momento é voltar a discutir uma "solução política" e pediu que os países aliados parem de fornecer armamento a Israel. Ele também disse que seu país realizará uma conferência internacional de apoio ao Líbano em outubro e lamentou a decisão de Netanyahu de iniciar uma incursão terrestre no país. "Enquanto Israel luta contra as forças da barbárie lideradas pelo Irã, todos os países civilizados deveriam apoiar firmemente Israel. Contudo, o presidente Macron e outros dirigentes ocidentais agora estão pedindo embargos de armas contra Israel. Deveriam estar envergonhados", respondeu Netanyahu em um comunicado. Paralelamente, milhares de manifestantes marcharam em cidades de todo o mundo para pedir um cessar-fogo em Gaza e no Líbano, a dois dias do primeiro aniversário da guerra entre Israel e o Hamas. Apoiadores pró-palestinos se reuniram em cidades do Reino Unido, Itália, Irlanda, França, África do Sul e Suíça para exigir o fim da guerra, que já deixou quase 42 mil mortos no enclave. Dezenas de outros eventos estão sendo convocados para o dia 7 de outubro, data do ataque do Hamas contra Israel no ano passado, que deixou 1,2 mil mortos, principalmente civis, e 251 reféns (97 deles ainda em cativeiro). Com AFP e NYT.
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