Novos cortes de árvores em canteiros próximos a megapainel publicitário causam protestos na Gávea
Prefeitura diz que fará reunião com empresa responsável por anúncios no local, que nega ter feito remoção A poda e o corte de árvores nos canteiros das avenidas Mário Ribeiro e Padre Leonel Franca, na Gávea, vêm sendo alvo de reclamações de moradores da região. Segundo eles, as ações são realizadas por uma empresa que administra painéis publicitários de LED, e a supressão da vegetação teria o objetivo de dar mais visibilidade aos anúncios. De acordo com um morador da região, a ação de podas agressivas de árvores no local já é corriqueira, e, no começo do mês, mais um caso ocorreu. — Num fim de semana, cortaram pela raiz uma árvore que, aparentemente estava sem folhas devido a cortes criminosos nos seus galhos, mas estava ganhando folhas novas, no cruzamento da Mário Ribeiro com o canal da Visconde de Albuquerque. Nesta madrugada (na quarta-feira passada), cortaram mais árvores e arbustos do canteiro central da Avenida Padre Leonel Franca. Está um absurdo isso. Só deixaram um que não atrapalha a visão do telão. Falei com um dos rapazes que estavam cortando e eles ficaram debochando. Depois, pararam o carro dentro do prédio que tem o telão — diz o morador. — Cortam o que querem. Qualquer dia vão cortar as palmeiras imperiais, que atrapalham (a visão do anúncio) também. Árvore cortada pela raiz no cruzamento da Mário Ribeiro com o canal da Visconde de Albuquerque, na Gávea. Foto do leitor A Prefeitura do Rio afirma que formalizou em agosto o pedido de adoção de parte dos canteiros das avenidas Mário Ribeiro e Padre Leonel Franca, na Gávea, pela empresa Movie Mídia, por meio da Fundação Parques e Jardins. E que a empresa, proprietária de um megapainel de LED instalado na região, está fazendo o paisagismo dos canteiros, com o plantio de grama, bromélias e espécies de flores. “O projeto aprovado, contudo, não autoriza a supressão ou podas de árvores pré-existentes nesses canteiros. A Fundação Parques e Jardins irá se reunir com a empresa nesta semana para averiguar se houve exorbitância da autorização concedida. Caso fiquem comprovadas irregularidades no manejo das espécies locais, a Fundação irá autuar o adotante”, ressalta a prefeitura, em nota. De acordo com a Movie Mídia, não houve remoção de plantas. "A empresa promoveu o embelezamento dos canteiros, dentro das especificações previamente autorizadas pela Fundação Parques e Jardins", disse, em nota. Árvore afetada por poda agressiva no canteiro central da Avenida Padre Leonel Franca Foto do leitor Já a Secretaria da Ordem Pública informa que a empresa é licenciada e tem autorização para manter o telão publicitário no local. Antes do processo de adoção, a Subprefeitura da Zona Sul registrou três boletins de ocorrência na 15ª DP (Gávea), solicitando a investigação do corte ilegal de árvores nos canteiros da Rua Mário Ribeiro. Segundo sua assessoria, o órgão aguarda o resultado da investigação policial. Remoções irregulares O arquiteto e paisagista José dos Guimaraens, coordenador do coletivo Reflorestamento Urbano e morador do Catete, transita diariamente pela Zona Sul e afirma que árvores vêm sendo podadas ou removidas de maneira irregular para abrir espaço para esses equipamentos de publicidade. No mês passado, ele contou ao GLOBO que no Leblon, na saída do Túnel Acústico da Gávea, mudas plantadas pela prefeitura foram arrancadas para dar lugar a uma tela publicitária de grandes proporções. — As árvores são podadas sem critério para garantir a visibilidade dos anúncios — protesta. Segundo Guimaraens, a situação se repete em outros bairros da cidade, como Botafogo, onde uma árvore foi removida de um canteiro próximo ao viaduto Santiago Dantas sem autorização. Ele diz que a Fundação Parques e Jardins confirmou que a remoção foi ilegal, mas explicou que os funcionários do órgão não têm poder de autuação, o que limita sua capacidade de coibir os abusos. Além dos impactos ambientais, como a perda de biodiversidade e o aumento das temperaturas nas áreas urbanas, Guimaraens alerta para outro problema preocupante: a poluição visual e a iluminação excessiva dos outdoors — tema de reportagem do GLOBO em agosto —, que pode comprometer a segurança no trânsito. — Esses painéis luminosos emitem luz muito forte e, às vezes, isso pode prejudicar a visão dos motoristas, especialmente quando estão instalados à altura dos olhos, como acontece atrás de bancas de jornal — diz ele. Ele também chama a atenção para os riscos da poda inadequada de árvores. — Quando você poda uma árvore de forma errada, ela perde o equilíbrio. Se houver um vento forte, as chances de cair aumentam significativamente. E se essa árvore cair sobre alguém ou sobre um carro, quem será responsabilizado? — questiona. Luz demais, problema recorrente Em diversas áreas do Rio, painéis publicitários de LED instalados em locais públicos causam insatisfação entre os moradores. Espalhados por bairros como Copacabana, Leme, Leblon, Barra da Tijuca, Recreio dos Bandeirantes e Tijuca, esses dispositivos têm gerad
Prefeitura diz que fará reunião com empresa responsável por anúncios no local, que nega ter feito remoção A poda e o corte de árvores nos canteiros das avenidas Mário Ribeiro e Padre Leonel Franca, na Gávea, vêm sendo alvo de reclamações de moradores da região. Segundo eles, as ações são realizadas por uma empresa que administra painéis publicitários de LED, e a supressão da vegetação teria o objetivo de dar mais visibilidade aos anúncios. De acordo com um morador da região, a ação de podas agressivas de árvores no local já é corriqueira, e, no começo do mês, mais um caso ocorreu. — Num fim de semana, cortaram pela raiz uma árvore que, aparentemente estava sem folhas devido a cortes criminosos nos seus galhos, mas estava ganhando folhas novas, no cruzamento da Mário Ribeiro com o canal da Visconde de Albuquerque. Nesta madrugada (na quarta-feira passada), cortaram mais árvores e arbustos do canteiro central da Avenida Padre Leonel Franca. Está um absurdo isso. Só deixaram um que não atrapalha a visão do telão. Falei com um dos rapazes que estavam cortando e eles ficaram debochando. Depois, pararam o carro dentro do prédio que tem o telão — diz o morador. — Cortam o que querem. Qualquer dia vão cortar as palmeiras imperiais, que atrapalham (a visão do anúncio) também. Árvore cortada pela raiz no cruzamento da Mário Ribeiro com o canal da Visconde de Albuquerque, na Gávea. Foto do leitor A Prefeitura do Rio afirma que formalizou em agosto o pedido de adoção de parte dos canteiros das avenidas Mário Ribeiro e Padre Leonel Franca, na Gávea, pela empresa Movie Mídia, por meio da Fundação Parques e Jardins. E que a empresa, proprietária de um megapainel de LED instalado na região, está fazendo o paisagismo dos canteiros, com o plantio de grama, bromélias e espécies de flores. “O projeto aprovado, contudo, não autoriza a supressão ou podas de árvores pré-existentes nesses canteiros. A Fundação Parques e Jardins irá se reunir com a empresa nesta semana para averiguar se houve exorbitância da autorização concedida. Caso fiquem comprovadas irregularidades no manejo das espécies locais, a Fundação irá autuar o adotante”, ressalta a prefeitura, em nota. De acordo com a Movie Mídia, não houve remoção de plantas. "A empresa promoveu o embelezamento dos canteiros, dentro das especificações previamente autorizadas pela Fundação Parques e Jardins", disse, em nota. Árvore afetada por poda agressiva no canteiro central da Avenida Padre Leonel Franca Foto do leitor Já a Secretaria da Ordem Pública informa que a empresa é licenciada e tem autorização para manter o telão publicitário no local. Antes do processo de adoção, a Subprefeitura da Zona Sul registrou três boletins de ocorrência na 15ª DP (Gávea), solicitando a investigação do corte ilegal de árvores nos canteiros da Rua Mário Ribeiro. Segundo sua assessoria, o órgão aguarda o resultado da investigação policial. Remoções irregulares O arquiteto e paisagista José dos Guimaraens, coordenador do coletivo Reflorestamento Urbano e morador do Catete, transita diariamente pela Zona Sul e afirma que árvores vêm sendo podadas ou removidas de maneira irregular para abrir espaço para esses equipamentos de publicidade. No mês passado, ele contou ao GLOBO que no Leblon, na saída do Túnel Acústico da Gávea, mudas plantadas pela prefeitura foram arrancadas para dar lugar a uma tela publicitária de grandes proporções. — As árvores são podadas sem critério para garantir a visibilidade dos anúncios — protesta. Segundo Guimaraens, a situação se repete em outros bairros da cidade, como Botafogo, onde uma árvore foi removida de um canteiro próximo ao viaduto Santiago Dantas sem autorização. Ele diz que a Fundação Parques e Jardins confirmou que a remoção foi ilegal, mas explicou que os funcionários do órgão não têm poder de autuação, o que limita sua capacidade de coibir os abusos. Além dos impactos ambientais, como a perda de biodiversidade e o aumento das temperaturas nas áreas urbanas, Guimaraens alerta para outro problema preocupante: a poluição visual e a iluminação excessiva dos outdoors — tema de reportagem do GLOBO em agosto —, que pode comprometer a segurança no trânsito. — Esses painéis luminosos emitem luz muito forte e, às vezes, isso pode prejudicar a visão dos motoristas, especialmente quando estão instalados à altura dos olhos, como acontece atrás de bancas de jornal — diz ele. Ele também chama a atenção para os riscos da poda inadequada de árvores. — Quando você poda uma árvore de forma errada, ela perde o equilíbrio. Se houver um vento forte, as chances de cair aumentam significativamente. E se essa árvore cair sobre alguém ou sobre um carro, quem será responsabilizado? — questiona. Luz demais, problema recorrente Em diversas áreas do Rio, painéis publicitários de LED instalados em locais públicos causam insatisfação entre os moradores. Espalhados por bairros como Copacabana, Leme, Leblon, Barra da Tijuca, Recreio dos Bandeirantes e Tijuca, esses dispositivos têm gerado impactos negativos tanto na paisagem urbana quanto na vida cotidiana e levado à abertura de processos na Justiça. A Prefeitura do Rio cobra uma taxa pela exibição de publicidade em áreas externas, que varia de acordo com o tipo e o tamanho do anúncio. Pela legislação, no período noturno, entre 20h e 6h, a luminosidade dos painéis não pode ultrapassar 10% de sua capacidade total — as regras não estabelecem, porém, qual é a luminosidade máxima permitida.
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