Itaú vê dólar mais forte e aumento de pressão na inflação e nos juros no Brasil com vitória de Trump nos EUA
Presidente do banco, Milton Maluhy, diz que mercado tem dificuldade de precificar eleição americana já que cenário é de empate entre candidatos O CEO do banco Itaú, Milton Maluhy, afirmou que uma possível vitória do candidato republicano, Donald Trump, nos EUA, tende a fortalecer o dólar e enfraquecer moedas de países emergentes, incluindo o real, o que significa mais pressãosobre a inflação e no ciclo de alta de juros no Brasil. Maluhy falou durante a apresentação dos resultados do banco, que teve lucro de R$ 10,7 bilhões no terceiro trimestre, alta de 18,1% na comparação anual. Bradesco: banco aumenta oferta de crédito, reduz inadimplência e tem lucro de R$ 5,2 bilhões — O cenário parece empatado, mas se Trump ganhar e implementar sua política de protecionismo da economia americana, isso significa dólar mais forte e real mais desvalorizado. Isso gera mais pressão na inflação e também no ciclo de alta de juros por aqui. O mercado tem dificuldade ainda de encontrar uma precificação mais clara. O cenário parece empatado — explicou ele, afirmando que esse cenário será incorporado pelos modelos do banco na visão de tomada de risco de crédito e de mercado. Maluhy afirmou que a volatilidade que afeta o mercado brasileiro, especialmente no câmbio e na Bolsa, não é resultado de um evento exclusivo, mas de um conjunto de fatores. Entre eles, a eleição americana, questões geopolíticas, notícias sobre os estímulos econômicos na China (se isso chega ao consumo) e o cenário doméstico. — As eleições na maior economia do mundo podem ter impacto diferente para países emergentes, incluindo o Brasil. Se Trump ganha, o efeito é um. Se Kamala Harris vence, o impacto é outro. Se for Kamala, a perspectiva é melhor para câmbio e Bolsa — explicou. O presidente do Itaú citou ainda como fator de expectativa o cancelamento da viagem do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, à Europa para tratar dos cortes de gastos. Ele lembrou que metas fiscais foram estabelecidas para 2025 e existe a expectativa de que elas sejam cumpridas conforme o previsto no arcabouço fiscal. Ele disse que existe especulação em relação ao tamanho do ajuste que será anunciado pelo governo. — A depender do resultado do pacote, o mercado de câmbio e a Bolsa reagem. Vemos que o governo está dedicado e preocupado, ampliando a discussão para que todos tenham visibilidade do apetite e do esforço para os cortes. Existe a intenção de que o fiscal entre no trilho para cumprir o arcabouço e que tenhamos no médio e longo prazo a estabilidade da dívida — afirmou. A estabilidade da dívida pública, afirmou Maluhy, é boa não só para o crescimento do país, mas também para que se tenha a inflação cada vez mais controlada, já que ela corroi a renda da população, reduzindo o poder de compra das pessoas, inclusive as beneficiadas pelos programas de assistência do governo. Além disso, esse cenário permite que os juros fiquem em patamares mais baixos, o que é bom para os bancos. — Juro alto não é o que a gente busca. Com juro baixo, a gente consegue crescer a carteira de crédito com qualidade, reduzir a inadimplência e estimular o crescimento da economia — disse. Lucro acima do esperado O Itaú teve lucro de R$ 10,7 bilhões no terceiro trimestre, alta de 19,4% em relação ao mesmo período do ano passado e 6% acima do trimestre anterior. O Retorno Sobre o Patrimônio (ROE), indicador que mede a capacidade de uma empresa de gerar valor com seus próprios recursos, chegou a 22,7%. O mercado esperava lucro de R$ 10,3 bilhões. Os ganhos do Itaú vieram do aumento da margem financeira com clientes, impulsionado pelo crescimento da carteira de crédito. Também aumentou a receita com serviços e seguros. A carteira de crédito total cresceu 9,9% frente ao terceiro trimestre de 2023, atingindo R$ 1,27 trilhão em setembro de 2024. A carteira de pessoas físicas aumentou 5,1% em 12 meses. O banco revisou sua expectativa de crédito para este ano de 6,5% a 9,5% para 9,5% a 12,5% por conta do efeito cambial. O presidente do Itaú disse que o banco já implementou um modelo de gestão ativo no portfolio de crédito e que, mesmo com a piora no cenário de juros no Brasil, as safras de empréstimos têm se mantido com qualidade. A alta dos juros não muda o apetite do banco para crédito, disse. — Implantamos uma gestão de portfólio ativa, e os modelos levam em consideração a perspectiva do cenário econômico, juro, inflação, comprometimento da renda das pessoas, que é atualizado todos os dias. Então, vejo como positiva nossa capacidade de crescimento no crédito. Temos condições de reagir rápido às mudanças de cenário — explicou. A inadimplência caiu para 2,6%, de 2,7% no segundo trimestre e 3% na compração anual. O banco informou que no segmento de atacado houve impacto positivo de R$ 500 milhões por conta de um cliente específico do segmento de grandes empresas. O banco não revela o nome desse cliente, mas no mercado se fala da Americanas. Os analistas do banco Goldman Sachs avaliaram positivamente os resultad
Presidente do banco, Milton Maluhy, diz que mercado tem dificuldade de precificar eleição americana já que cenário é de empate entre candidatos O CEO do banco Itaú, Milton Maluhy, afirmou que uma possível vitória do candidato republicano, Donald Trump, nos EUA, tende a fortalecer o dólar e enfraquecer moedas de países emergentes, incluindo o real, o que significa mais pressãosobre a inflação e no ciclo de alta de juros no Brasil. Maluhy falou durante a apresentação dos resultados do banco, que teve lucro de R$ 10,7 bilhões no terceiro trimestre, alta de 18,1% na comparação anual. Bradesco: banco aumenta oferta de crédito, reduz inadimplência e tem lucro de R$ 5,2 bilhões — O cenário parece empatado, mas se Trump ganhar e implementar sua política de protecionismo da economia americana, isso significa dólar mais forte e real mais desvalorizado. Isso gera mais pressão na inflação e também no ciclo de alta de juros por aqui. O mercado tem dificuldade ainda de encontrar uma precificação mais clara. O cenário parece empatado — explicou ele, afirmando que esse cenário será incorporado pelos modelos do banco na visão de tomada de risco de crédito e de mercado. Maluhy afirmou que a volatilidade que afeta o mercado brasileiro, especialmente no câmbio e na Bolsa, não é resultado de um evento exclusivo, mas de um conjunto de fatores. Entre eles, a eleição americana, questões geopolíticas, notícias sobre os estímulos econômicos na China (se isso chega ao consumo) e o cenário doméstico. — As eleições na maior economia do mundo podem ter impacto diferente para países emergentes, incluindo o Brasil. Se Trump ganha, o efeito é um. Se Kamala Harris vence, o impacto é outro. Se for Kamala, a perspectiva é melhor para câmbio e Bolsa — explicou. O presidente do Itaú citou ainda como fator de expectativa o cancelamento da viagem do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, à Europa para tratar dos cortes de gastos. Ele lembrou que metas fiscais foram estabelecidas para 2025 e existe a expectativa de que elas sejam cumpridas conforme o previsto no arcabouço fiscal. Ele disse que existe especulação em relação ao tamanho do ajuste que será anunciado pelo governo. — A depender do resultado do pacote, o mercado de câmbio e a Bolsa reagem. Vemos que o governo está dedicado e preocupado, ampliando a discussão para que todos tenham visibilidade do apetite e do esforço para os cortes. Existe a intenção de que o fiscal entre no trilho para cumprir o arcabouço e que tenhamos no médio e longo prazo a estabilidade da dívida — afirmou. A estabilidade da dívida pública, afirmou Maluhy, é boa não só para o crescimento do país, mas também para que se tenha a inflação cada vez mais controlada, já que ela corroi a renda da população, reduzindo o poder de compra das pessoas, inclusive as beneficiadas pelos programas de assistência do governo. Além disso, esse cenário permite que os juros fiquem em patamares mais baixos, o que é bom para os bancos. — Juro alto não é o que a gente busca. Com juro baixo, a gente consegue crescer a carteira de crédito com qualidade, reduzir a inadimplência e estimular o crescimento da economia — disse. Lucro acima do esperado O Itaú teve lucro de R$ 10,7 bilhões no terceiro trimestre, alta de 19,4% em relação ao mesmo período do ano passado e 6% acima do trimestre anterior. O Retorno Sobre o Patrimônio (ROE), indicador que mede a capacidade de uma empresa de gerar valor com seus próprios recursos, chegou a 22,7%. O mercado esperava lucro de R$ 10,3 bilhões. Os ganhos do Itaú vieram do aumento da margem financeira com clientes, impulsionado pelo crescimento da carteira de crédito. Também aumentou a receita com serviços e seguros. A carteira de crédito total cresceu 9,9% frente ao terceiro trimestre de 2023, atingindo R$ 1,27 trilhão em setembro de 2024. A carteira de pessoas físicas aumentou 5,1% em 12 meses. O banco revisou sua expectativa de crédito para este ano de 6,5% a 9,5% para 9,5% a 12,5% por conta do efeito cambial. O presidente do Itaú disse que o banco já implementou um modelo de gestão ativo no portfolio de crédito e que, mesmo com a piora no cenário de juros no Brasil, as safras de empréstimos têm se mantido com qualidade. A alta dos juros não muda o apetite do banco para crédito, disse. — Implantamos uma gestão de portfólio ativa, e os modelos levam em consideração a perspectiva do cenário econômico, juro, inflação, comprometimento da renda das pessoas, que é atualizado todos os dias. Então, vejo como positiva nossa capacidade de crescimento no crédito. Temos condições de reagir rápido às mudanças de cenário — explicou. A inadimplência caiu para 2,6%, de 2,7% no segundo trimestre e 3% na compração anual. O banco informou que no segmento de atacado houve impacto positivo de R$ 500 milhões por conta de um cliente específico do segmento de grandes empresas. O banco não revela o nome desse cliente, mas no mercado se fala da Americanas. Os analistas do banco Goldman Sachs avaliaram positivamente os resultados do Itaú, com tendência positiva nos empréstimos e retomada da carteira de cartões de crédito. Eles destacaram que o banco aumentou sua expectativa para o crescimento da carteira de crédito este ano. "A qualidade dos ativos melhorou em todos os segmentos. Acreditamos que o trimestre reafirmou a capacidade do Itaú de cumprir suas expectativas com rentabilidade bem acima dos seus pares do setor privado", escreveram os analistas do Goldman Sachs em relatório aos clientes.
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