Governo anuncia ampliação de meta corte de CO2 sem publicar documento oficial
Comunicação formal de objetivo Brasil deve ser feita em conferência no Azerbaijão; comunicado diz que redução de emissões será ampliada "de 13% a 29%" O governo brasileiro anunciou na noite desta sexta-feira, por meio de um comunicado sem detalhes, que sua nova meta de cortes de emissões de gases do efeito estufa terá um corte "de 59% a 67% em 2035, na comparação aos níveis de 2005". A redução, que na conta do governo representa uma ampliação do objetivo atual de 13% a 29%, deve ser anunciada oficialmente só na semana que vem, pela delegação do Brasil na 29ª Conferência das Partes da Convenção Quadro das Nações Unidas sobre Mudança Climática (COP29), no Azerbaijão. Emissões de CO2: Desmatamento na Amazônia registra menor patamar desde 2014; Cerrado também tem queda Análise: Eleição de Trump é previsão de mau tempo para políticas de combate às mudanças climáticas A contribuição nacionalmente determinada (NDC), documento oficial que o Brasil precisa enviar à Convenção do Clima da ONU (UNFCCC) para a promessa ter validade diplomática, ainda não foi publicada. Segundo a nota que o Planalto distribuiu, a nova promessa equivale, em termos absolutos, a uma "redução de emissões para alcançar entre 850 milhões e 1,05 bilhão de toneladas de gás carbônico equivalente em 2035". Com o anúncio, o governo dá seguimento ao discurso de que pretende estimular outros países a comunicarem metas de corte de CO2 e outros gases-estufa mais ambiciosas antes da COP30, a conferência do clima de 2025, que será realizada em Belém, no Pará. 'Consequências letais': 2024 deve ser o primeiro ano com aquecimento de +1,5ºC, diz observatório europeu "A NDC também reafirma o compromisso do país em aumentar sua capacidade de adaptação, fortalecer a resiliência e reduzir a vulnerabilidade às mudanças climáticas", diz o comunicado. "Também amplia a meta de corte de emissões apresentada na primeira NDC, consolidando uma trajetória de aumento de ambição, como determina o Acordo de Paris, de 2015." Se os números se confirmarem, essa será a primeira vez que o Brasil eleva, de fato, a ambição de suas promessas desde 2015, quando o Acordo de Paris implementou as NDCs como ferramenta de negociação para evitar um aquecimento global acima de 1,5°C. Desde então, o país já recuou sua ambição (decisão altamente criticada durante o governo Bolsonaro), depois retornou para a promessa original, no ano retrasado. Entenda: 2023 foi o ano mais quente em milênios? Veja o motivo e como isso é calculado Ambientalistas afirmam, porém, que levando em conta a profundidade necessária nos cortes de CO2 no planeta, a nova NDC do Brasil está aquém do desejado. "Os números da NDC apresentados nesta sexta-feira pelo governo federal estão desalinhados com a contribuição justa do Brasil para a estabilização do aquecimento global em 1,5°C. Também estão desalinhados com os diversos compromissos públicos já adotados pelo governo, bem como com a promessa do Presidente da República de zerar o desmatamento no país. Em conjunto, essas políticas levariam a uma emissão líquida menor que 650 milhões de toneladas em 2035", afirmou comunicado do Observatório do Clima, maior coalizão de ONGs ambientalistas do país. Segundo o grupo ambientalista, o comunicado distribuído hoje não menciona detalhes importantes sobre a NDC, como o número preciso de reduções que viriam do combate ao desmatamento, da agricultura e da produção e consumo de combustíveis fósseis. "Uma análise completa será feita pelo Observatório do Clima quando o governo brasileiro der transparência ao documento da NDC, como convém a um país que se pretende líder do processo multilateral de combate à crise climática", afirmou o Observatório do Clima. No comunicado de imprensa hoje, o governo comemora o anúncio da redução de 30% no desmatamento da Amazônia anunciado quarta-feira, mas não afirma o quão mais a devastação da floresta precisa recuar. O governo diz que está alinhado com os objetivos de Paris. "A nova NDC abrange todos os setores da economia e está alinhada ao objetivo do Acordo de Paris de limitar o aquecimento médio do planeta a 1,5ºC em relação ao período pré-industrial, conforme Balanço Global acordado na COP28, em Dubai, em 2023. Esse compromisso permitirá ao Brasil avançar rumo à neutralidade climática até 2050, objetivo de longo prazo do compromisso climático."
Comunicação formal de objetivo Brasil deve ser feita em conferência no Azerbaijão; comunicado diz que redução de emissões será ampliada "de 13% a 29%" O governo brasileiro anunciou na noite desta sexta-feira, por meio de um comunicado sem detalhes, que sua nova meta de cortes de emissões de gases do efeito estufa terá um corte "de 59% a 67% em 2035, na comparação aos níveis de 2005". A redução, que na conta do governo representa uma ampliação do objetivo atual de 13% a 29%, deve ser anunciada oficialmente só na semana que vem, pela delegação do Brasil na 29ª Conferência das Partes da Convenção Quadro das Nações Unidas sobre Mudança Climática (COP29), no Azerbaijão. Emissões de CO2: Desmatamento na Amazônia registra menor patamar desde 2014; Cerrado também tem queda Análise: Eleição de Trump é previsão de mau tempo para políticas de combate às mudanças climáticas A contribuição nacionalmente determinada (NDC), documento oficial que o Brasil precisa enviar à Convenção do Clima da ONU (UNFCCC) para a promessa ter validade diplomática, ainda não foi publicada. Segundo a nota que o Planalto distribuiu, a nova promessa equivale, em termos absolutos, a uma "redução de emissões para alcançar entre 850 milhões e 1,05 bilhão de toneladas de gás carbônico equivalente em 2035". Com o anúncio, o governo dá seguimento ao discurso de que pretende estimular outros países a comunicarem metas de corte de CO2 e outros gases-estufa mais ambiciosas antes da COP30, a conferência do clima de 2025, que será realizada em Belém, no Pará. 'Consequências letais': 2024 deve ser o primeiro ano com aquecimento de +1,5ºC, diz observatório europeu "A NDC também reafirma o compromisso do país em aumentar sua capacidade de adaptação, fortalecer a resiliência e reduzir a vulnerabilidade às mudanças climáticas", diz o comunicado. "Também amplia a meta de corte de emissões apresentada na primeira NDC, consolidando uma trajetória de aumento de ambição, como determina o Acordo de Paris, de 2015." Se os números se confirmarem, essa será a primeira vez que o Brasil eleva, de fato, a ambição de suas promessas desde 2015, quando o Acordo de Paris implementou as NDCs como ferramenta de negociação para evitar um aquecimento global acima de 1,5°C. Desde então, o país já recuou sua ambição (decisão altamente criticada durante o governo Bolsonaro), depois retornou para a promessa original, no ano retrasado. Entenda: 2023 foi o ano mais quente em milênios? Veja o motivo e como isso é calculado Ambientalistas afirmam, porém, que levando em conta a profundidade necessária nos cortes de CO2 no planeta, a nova NDC do Brasil está aquém do desejado. "Os números da NDC apresentados nesta sexta-feira pelo governo federal estão desalinhados com a contribuição justa do Brasil para a estabilização do aquecimento global em 1,5°C. Também estão desalinhados com os diversos compromissos públicos já adotados pelo governo, bem como com a promessa do Presidente da República de zerar o desmatamento no país. Em conjunto, essas políticas levariam a uma emissão líquida menor que 650 milhões de toneladas em 2035", afirmou comunicado do Observatório do Clima, maior coalizão de ONGs ambientalistas do país. Segundo o grupo ambientalista, o comunicado distribuído hoje não menciona detalhes importantes sobre a NDC, como o número preciso de reduções que viriam do combate ao desmatamento, da agricultura e da produção e consumo de combustíveis fósseis. "Uma análise completa será feita pelo Observatório do Clima quando o governo brasileiro der transparência ao documento da NDC, como convém a um país que se pretende líder do processo multilateral de combate à crise climática", afirmou o Observatório do Clima. No comunicado de imprensa hoje, o governo comemora o anúncio da redução de 30% no desmatamento da Amazônia anunciado quarta-feira, mas não afirma o quão mais a devastação da floresta precisa recuar. O governo diz que está alinhado com os objetivos de Paris. "A nova NDC abrange todos os setores da economia e está alinhada ao objetivo do Acordo de Paris de limitar o aquecimento médio do planeta a 1,5ºC em relação ao período pré-industrial, conforme Balanço Global acordado na COP28, em Dubai, em 2023. Esse compromisso permitirá ao Brasil avançar rumo à neutralidade climática até 2050, objetivo de longo prazo do compromisso climático."
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