G20: Ataque massivo da Rússia à Ucrânia às vésperas da cúpula trava trecho crucial declaração final
Debate sobre parte geopolítica do texto, até então encerrado no fim de semana, pode ressurgir durante encontro de líderes, que começa nesta segunda-feira O fim de semana foi de intensas negociações para que os chefes de Estado e de governo do G20 concordassem em assinar a declaração final da cúpula — com direito a negociadores virando a madrugada em busca de consenso. E quando a presidência brasileira acreditava que o documento estava “fechado”, dependendo apenas de alguns acertos bilaterais a serem tratados ao longo do dia, a Rússia lançou, neste domingo, o seu maior ataque à Ucrânia em meses, alvejando a rede elétrica do país. Em resposta, aliados de Kiev tentaram reabrir as discussões sobre a parte geopolítica do documento, enquanto os EUA foram além e autorizaram as forças ucranianas a usar mísseis de longa distância contra alvos no interior da Rússia. G20 no Rio: Guerra na Ucrânia e conflito em Gaza dificultam consensos na cúpula de líderes 'Promessa': Zelensky diz que a guerra na Ucrânia 'terminará mais cedo' com Trump na Presidência dos EUA Pedido do G7 Após o ataque, que deixou ao menos 11 mortos, os países mais duros em relação à Rússia tinham duas opções: pedir a reabertura das negociações sobre esse trecho da declaração, demanda que o Brasil teria sido obrigado a aceitar; ou, como fizeram, pedir que o Brasil decida reabrir a discussão. O pedido feito pelo G7 — formado por Canadá, França, Alemanha, Itália, Japão, Reino Unido e EUA — deixou a decisão nas mãos do Brasil, que, após dias de negociações, conversou ontem com representantes de vários países. A tendência é que o país não reabra as negociações. No G20, as discussões só terminam quando os presidentes batem o martelo. Portanto, não se pode descartar uma reabertura do debate durante a cúpula presidencial, que começa nesta segunda-feira. “Tudo ficou mais crispado”, resumiu uma fonte do governo brasileiro. E a decisão de Biden de autorizar a Ucrânia a utilizar mísseis de longo alcance na guerra mostrou, em palavras de outra fonte oficial, “a medida do problema” criado pela Rússia. Se os debates já eram complicados, depois do ataque ficaram “muito mais complexos”. Initial plugin text Como esperado, a parte que trata dos conflitos como Guerra da Ucrânia e na Faixa de Gaza é a mais sensível. A estratégia da presidência brasileira foi deixá-la para o fim das tratativas, antecipando que haveria ressalvas. Mas o texto havia sido fechado na madrugada de ontem, conseguindo, em palavras de uma fonte diplomática, “uma fórmula de consenso” capaz de agradar aos países do G7 e aos russos. O mesmo texto também conseguiu superar o embate entre os países que condenam e os que defendem Israel em seu conflito com o grupo terrorista Hamas. Para obter consenso no texto, o Brasil buscou evitar condenações às partes envolvidas e focar em questões como a defesa de um cessar-fogo, busca da paz e ajuda humanitária. Neste ponto, as maiores dificuldades, comentaram as fontes consultadas, “são os países ocidentais e a Argentina, em maior medida”. O governo de Javier Milei, confirmaram fontes em Buenos Aires, não aceitou qualquer menção à guerra que não inclua uma condenação à Rússia. Bastidores do G20: Argentina não quer apoiar declaração sobre guerra sem condenação à Rússia As conversas com os representantes de Milei seguirão, mas a postura final dos argentinos ainda é uma incógnita, já que eles se isolaram, diz um integrante da delegação do Brasil. Um cenário possível, frisaram fontes brasileiras e argentinas, é de que a Argentina, finalmente, não assine a declaração presidencial. A aposta de parte da diplomacia brasileira, contudo, é que são boas as chances de, ao fim, a Argentina embarcar no texto. O risco para Milei de bancar sozinho o isolamento seria alto. Além da questão geopolítica, outra negociação difícil é a relacionada ao clima. Nesse debate, os países do G7, comentou uma fonte oficial, enfrentaram os países produtores de combustíveis fósseis, e por momentos parecia impossível chegar a um acordo. Como no caso da geopolítica, foi alcançada uma fórmula de consenso, e, neste caso, não houve pedidos ao Brasil para reabrir o debate. Mas, apesar das tensões, há um otimismo entre os negociadores diante da forma como as delegações vêm se comportando, contou um diplomata brasileiro. Ele lembra, por exemplo, que na cúpula em Nova Délhi, no ano passado, havia muito mais animosidade não só no debate dos temas geopolíticos, mas uma certa indisposição dos chineses com a presidência indiana. Com o apoio de líderes do G20 e da sociedade civil: Nova iniciativa climática quer lançar bases para a COP30 ‘Não quis trazer a guerra’ No Rio para a cúpula, o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, fez um apelo no domingo aos países do fórum para que alcancem um consenso para a formulação de uma declaração final. — Se o G20 se dividir, ele perde a relevância em nível global — disse, enfático, defendendo ainda uma reforma da governança global, pauta cara à agenda bra
Debate sobre parte geopolítica do texto, até então encerrado no fim de semana, pode ressurgir durante encontro de líderes, que começa nesta segunda-feira O fim de semana foi de intensas negociações para que os chefes de Estado e de governo do G20 concordassem em assinar a declaração final da cúpula — com direito a negociadores virando a madrugada em busca de consenso. E quando a presidência brasileira acreditava que o documento estava “fechado”, dependendo apenas de alguns acertos bilaterais a serem tratados ao longo do dia, a Rússia lançou, neste domingo, o seu maior ataque à Ucrânia em meses, alvejando a rede elétrica do país. Em resposta, aliados de Kiev tentaram reabrir as discussões sobre a parte geopolítica do documento, enquanto os EUA foram além e autorizaram as forças ucranianas a usar mísseis de longa distância contra alvos no interior da Rússia. G20 no Rio: Guerra na Ucrânia e conflito em Gaza dificultam consensos na cúpula de líderes 'Promessa': Zelensky diz que a guerra na Ucrânia 'terminará mais cedo' com Trump na Presidência dos EUA Pedido do G7 Após o ataque, que deixou ao menos 11 mortos, os países mais duros em relação à Rússia tinham duas opções: pedir a reabertura das negociações sobre esse trecho da declaração, demanda que o Brasil teria sido obrigado a aceitar; ou, como fizeram, pedir que o Brasil decida reabrir a discussão. O pedido feito pelo G7 — formado por Canadá, França, Alemanha, Itália, Japão, Reino Unido e EUA — deixou a decisão nas mãos do Brasil, que, após dias de negociações, conversou ontem com representantes de vários países. A tendência é que o país não reabra as negociações. No G20, as discussões só terminam quando os presidentes batem o martelo. Portanto, não se pode descartar uma reabertura do debate durante a cúpula presidencial, que começa nesta segunda-feira. “Tudo ficou mais crispado”, resumiu uma fonte do governo brasileiro. E a decisão de Biden de autorizar a Ucrânia a utilizar mísseis de longo alcance na guerra mostrou, em palavras de outra fonte oficial, “a medida do problema” criado pela Rússia. Se os debates já eram complicados, depois do ataque ficaram “muito mais complexos”. Initial plugin text Como esperado, a parte que trata dos conflitos como Guerra da Ucrânia e na Faixa de Gaza é a mais sensível. A estratégia da presidência brasileira foi deixá-la para o fim das tratativas, antecipando que haveria ressalvas. Mas o texto havia sido fechado na madrugada de ontem, conseguindo, em palavras de uma fonte diplomática, “uma fórmula de consenso” capaz de agradar aos países do G7 e aos russos. O mesmo texto também conseguiu superar o embate entre os países que condenam e os que defendem Israel em seu conflito com o grupo terrorista Hamas. Para obter consenso no texto, o Brasil buscou evitar condenações às partes envolvidas e focar em questões como a defesa de um cessar-fogo, busca da paz e ajuda humanitária. Neste ponto, as maiores dificuldades, comentaram as fontes consultadas, “são os países ocidentais e a Argentina, em maior medida”. O governo de Javier Milei, confirmaram fontes em Buenos Aires, não aceitou qualquer menção à guerra que não inclua uma condenação à Rússia. Bastidores do G20: Argentina não quer apoiar declaração sobre guerra sem condenação à Rússia As conversas com os representantes de Milei seguirão, mas a postura final dos argentinos ainda é uma incógnita, já que eles se isolaram, diz um integrante da delegação do Brasil. Um cenário possível, frisaram fontes brasileiras e argentinas, é de que a Argentina, finalmente, não assine a declaração presidencial. A aposta de parte da diplomacia brasileira, contudo, é que são boas as chances de, ao fim, a Argentina embarcar no texto. O risco para Milei de bancar sozinho o isolamento seria alto. Além da questão geopolítica, outra negociação difícil é a relacionada ao clima. Nesse debate, os países do G7, comentou uma fonte oficial, enfrentaram os países produtores de combustíveis fósseis, e por momentos parecia impossível chegar a um acordo. Como no caso da geopolítica, foi alcançada uma fórmula de consenso, e, neste caso, não houve pedidos ao Brasil para reabrir o debate. Mas, apesar das tensões, há um otimismo entre os negociadores diante da forma como as delegações vêm se comportando, contou um diplomata brasileiro. Ele lembra, por exemplo, que na cúpula em Nova Délhi, no ano passado, havia muito mais animosidade não só no debate dos temas geopolíticos, mas uma certa indisposição dos chineses com a presidência indiana. Com o apoio de líderes do G20 e da sociedade civil: Nova iniciativa climática quer lançar bases para a COP30 ‘Não quis trazer a guerra’ No Rio para a cúpula, o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, fez um apelo no domingo aos países do fórum para que alcancem um consenso para a formulação de uma declaração final. — Se o G20 se dividir, ele perde a relevância em nível global — disse, enfático, defendendo ainda uma reforma da governança global, pauta cara à agenda brasileira. Leia mais: 'Se o G20 se dividir, perde a relevância em nível global', diz secretário-geral da ONU A declaração presidencial é chamada pelos diplomatas brasileiros de “cereja do bolo” — sendo o bolo a presidência brasileira do G20 e suas iniciativas bem-sucedidas, entre elas a Aliança Global contra a Fome e a Pobreza. Mas diante das dificuldades de última hora, alguns diplomatas admitiram que “o bolo poderia ficar sem cereja”. Em entrevista à GloboNews no domingo, Lula disse que “fez questão de não trazer a guerra para o G20”. — A guerra não constrói. Queremos a paz em Gaza, no Líbano, na Ucrânia. Queremos o fim de todas as guerras.
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