Eleições EUA: Americanos não elegerão só o presidente; entenda
Totalidade da Câmara dos Deputados e mais de 1/3 do Senado serão renovados nesta eleição; disputas estaduais elegerão 11 governadores e mais de 5,8 mil autoridades locais Embora a acirrada disputa entre Donald Trump e Kamala Harris à Presidência dos Estados Unidos ocupe o centro das atenções nesta terça-feira, dia 5 de novembro, os eleitores americanos terão de se posicionar sobre uma série de temas que vão muito além do próximo ocupante da Casa Branca. Em paralelo à corrida presidencial, eleições para a Câmara dos Deputados e o Senado, disputas estaduais e municipais, parte do eleitorado será confrontado com plebiscitos e referendos sobre propostas que tratam desde o direito ao aborto até o uso recreativo de maconha. Eleições americanas: Acompanhe a cobertura completa da disputa entre Trump x Kamala Quem está ganhando as eleições nos EUA? Kamala e Trump: disputa acirrada em estados decisivos, diz pesquisa No campo da representação política, a principal disputa, que mobilizará os 50 estados americanos, será para eleger deputados. A Câmara de Representantes, atualmente presidida pelo republicano Mike Johnson, vai renovar as 435 cadeiras, abrindo possibilidade para uma mudança no atual equilíbrio de poder — seja com um retorno a uma maioria democrata, seja com o aumento da margem republicana, hoje diminuta. A pequena maioria foi motivo de uma série de crises, em razão das divisões nas fileiras republicanas. O primeiro presidente da Câmara durante o mandato de Joe Biden, o republicano Kevin McCarthy, foi eleito apenas após 15 rodadas de votação — sendo posteriormente derrubado por um grupo de poucos deputados radicalizados, que derrubaram McCarthy e travaram as atividades da Casa por três semanas até que se concluíssem tratativas para a indicação de Johnson. Em certa altura, o nome do próprio Donald Trump chegou a ser proposto a fim de quebrar o impasse — sem que uma proposta oficial neste sentido tenha sido levada à votação. No Senado, apenas 34 assentos estarão em disputa — pouco mais de 1/3 das vagas —, com uma também frágil maioria, desta vez democrata, tentando manter a dianteira. Mesmo com menos senadores eleitos na composição atual — 47 a 49 —, o partido governista conseguiu ficar à frente da Câmara Alta do Congresso com o apoio dos candidatos independentes — o mais famoso deles, o ex-presidenciável Bernie Sanders. Initial plugin text As previsões para a reta final de campanha, contudo, já apresentavam um cenário perigoso para a curta vantagem democrata. Uma tendência desfavorável foi detectada por pesquisas de intenção de voto nas corridas para o Senado em Michigan, Pensilvânia e Wisconsin, partes da chamada Muralha Azul, onde os democratas tradicionalmente levam vantagem. As margens de vantagem dos candidatos democratas nos três estados, já justa, diminuiu nas últimas semanas, com o rastreador eleitoral Cook Political Report mudando a previsão para o estado de provável terreno democrata para "indeciso". Como funcionam as eleições nos EUA: 70% dos eleitores votam em cédulas de papel; entenda Consultas populares Fora da disputa por cargos federais, eleitores de 41 estados e territórios americanos serão convocados a se pronunciar sobre uma série de temas e propostas legislativas, incluindo temas como legalização do uso recreativo de maconha, direitos reprodutivos e aborto, reajuste de salário mínimo e reformas eleitorais. Apesar de as propostas serem estaduais, muitos dos temas foram intimamente vinculados às campanhas de Kamala e Trump e podem servir de estímulo para levar os cidadãos às urnas. Ao todo, 147 propostas devem ser colocadas em votação. O direito ao aborto, que motivou trocas de acusação entre os dois candidatos à Casa Branca, é tema de projetos que serão levados à votação em ao menos dez estados, incluindo o Arizona, um dos estados-pêndulo em disputa. Como cada proposta é local, os projetos variam desde proposições que buscam garantir ou ampliar as possibilidades legais de interrupção da gravidez, até outras que pretendem restringir ainda mais a prática. Veja fotos: Suprema Corte dos EUA derruba direito ao aborto e gera reação nas ruas Em ao menos cinco estados, a aprovação dos projetos levaria a uma mudança concreta no acesso a esse direito. Na Flórida, onde o aborto está restrito a seis semanas de gestação, após uma mudança legal em maio, os eleitores poderão escolher aumentar esse limite temporal até o momento em que o feto possa sobreviver fora do útero materno — ou seja, em torno das 24 semanas. Em outro tema recorrente, ao menos cinco estados colocaram em votação propostas sobre o uso de drogas, incluindo Flórida, Missouri e Dakota do Norte. Em um projeto de Massachusetts, a proposta cita legalizar o uso de certos psicodélicos para fins apenas medicinais e de pesquisa. Na Dakota do Sul, por outro lado, o texto que será votado fala em legalizar a posse, a distribuição e o uso recreativo de maconha por maiores de 21 anos. Initial plugin text Embora grande parte das propostas envolv
Totalidade da Câmara dos Deputados e mais de 1/3 do Senado serão renovados nesta eleição; disputas estaduais elegerão 11 governadores e mais de 5,8 mil autoridades locais Embora a acirrada disputa entre Donald Trump e Kamala Harris à Presidência dos Estados Unidos ocupe o centro das atenções nesta terça-feira, dia 5 de novembro, os eleitores americanos terão de se posicionar sobre uma série de temas que vão muito além do próximo ocupante da Casa Branca. Em paralelo à corrida presidencial, eleições para a Câmara dos Deputados e o Senado, disputas estaduais e municipais, parte do eleitorado será confrontado com plebiscitos e referendos sobre propostas que tratam desde o direito ao aborto até o uso recreativo de maconha. Eleições americanas: Acompanhe a cobertura completa da disputa entre Trump x Kamala Quem está ganhando as eleições nos EUA? Kamala e Trump: disputa acirrada em estados decisivos, diz pesquisa No campo da representação política, a principal disputa, que mobilizará os 50 estados americanos, será para eleger deputados. A Câmara de Representantes, atualmente presidida pelo republicano Mike Johnson, vai renovar as 435 cadeiras, abrindo possibilidade para uma mudança no atual equilíbrio de poder — seja com um retorno a uma maioria democrata, seja com o aumento da margem republicana, hoje diminuta. A pequena maioria foi motivo de uma série de crises, em razão das divisões nas fileiras republicanas. O primeiro presidente da Câmara durante o mandato de Joe Biden, o republicano Kevin McCarthy, foi eleito apenas após 15 rodadas de votação — sendo posteriormente derrubado por um grupo de poucos deputados radicalizados, que derrubaram McCarthy e travaram as atividades da Casa por três semanas até que se concluíssem tratativas para a indicação de Johnson. Em certa altura, o nome do próprio Donald Trump chegou a ser proposto a fim de quebrar o impasse — sem que uma proposta oficial neste sentido tenha sido levada à votação. No Senado, apenas 34 assentos estarão em disputa — pouco mais de 1/3 das vagas —, com uma também frágil maioria, desta vez democrata, tentando manter a dianteira. Mesmo com menos senadores eleitos na composição atual — 47 a 49 —, o partido governista conseguiu ficar à frente da Câmara Alta do Congresso com o apoio dos candidatos independentes — o mais famoso deles, o ex-presidenciável Bernie Sanders. Initial plugin text As previsões para a reta final de campanha, contudo, já apresentavam um cenário perigoso para a curta vantagem democrata. Uma tendência desfavorável foi detectada por pesquisas de intenção de voto nas corridas para o Senado em Michigan, Pensilvânia e Wisconsin, partes da chamada Muralha Azul, onde os democratas tradicionalmente levam vantagem. As margens de vantagem dos candidatos democratas nos três estados, já justa, diminuiu nas últimas semanas, com o rastreador eleitoral Cook Political Report mudando a previsão para o estado de provável terreno democrata para "indeciso". Como funcionam as eleições nos EUA: 70% dos eleitores votam em cédulas de papel; entenda Consultas populares Fora da disputa por cargos federais, eleitores de 41 estados e territórios americanos serão convocados a se pronunciar sobre uma série de temas e propostas legislativas, incluindo temas como legalização do uso recreativo de maconha, direitos reprodutivos e aborto, reajuste de salário mínimo e reformas eleitorais. Apesar de as propostas serem estaduais, muitos dos temas foram intimamente vinculados às campanhas de Kamala e Trump e podem servir de estímulo para levar os cidadãos às urnas. Ao todo, 147 propostas devem ser colocadas em votação. O direito ao aborto, que motivou trocas de acusação entre os dois candidatos à Casa Branca, é tema de projetos que serão levados à votação em ao menos dez estados, incluindo o Arizona, um dos estados-pêndulo em disputa. Como cada proposta é local, os projetos variam desde proposições que buscam garantir ou ampliar as possibilidades legais de interrupção da gravidez, até outras que pretendem restringir ainda mais a prática. Veja fotos: Suprema Corte dos EUA derruba direito ao aborto e gera reação nas ruas Em ao menos cinco estados, a aprovação dos projetos levaria a uma mudança concreta no acesso a esse direito. Na Flórida, onde o aborto está restrito a seis semanas de gestação, após uma mudança legal em maio, os eleitores poderão escolher aumentar esse limite temporal até o momento em que o feto possa sobreviver fora do útero materno — ou seja, em torno das 24 semanas. Em outro tema recorrente, ao menos cinco estados colocaram em votação propostas sobre o uso de drogas, incluindo Flórida, Missouri e Dakota do Norte. Em um projeto de Massachusetts, a proposta cita legalizar o uso de certos psicodélicos para fins apenas medicinais e de pesquisa. Na Dakota do Sul, por outro lado, o texto que será votado fala em legalizar a posse, a distribuição e o uso recreativo de maconha por maiores de 21 anos. Initial plugin text Embora grande parte das propostas envolvam temas considerados polêmicos, como é o caso de uma proposta na West Virgínia sobre proibição do suicídio assistido, e outras sejam mais pragmáticas, como discussão sobre novos valores para o salário mínimo e imposição de taxas e impostos sobre certos produtos, como armas de fogo, algumas das votações miram temas curiosos. No Colorado, eleitores decidirão se proíbem ou não a "caça de troféus", ou seja, a caçada e exibição de cabeças de animais como linces e pumas. No Missouri, uma proposta apoiada por equipes locais profissionais tenta legalizar o mercado de apostas esportivas. Disputas estaduais e locais Além das disputas em nível federal e as consultas públicas sobre uma infinidade de temas, eleitores de diversos estados terão de decidir também sobre seus candidatos estaduais e municipais. De acordo com informações divulgadas pelo governo americano, 11 governadores serão eleitos, além de 371 prefeitos e mais de 5,8 mil legisladores estaduais e municipais — o que representa cerca de 80% dos cargos com este perfil no país. Initial plugin text No caso da disputa para o Executivo, estarão em disputa estados como Dakota do Norte, Indiana, Utah, Missouri, Montana, Virgínia Ocidental, Vermont e New Hampshire, que têm governadores republicanos, e Carolina do Norte, Delaware e Washington, governados por democratas. Apesar das votações de alta importância, o sistema eleitoral americano descentralizado leva à consulta direta do eleitorado uma série de cargos, desde autoridades judiciais (juízes), policiais (xerifes) e administrativas (representantes de conselhos escolares, por exemplo), até cargos inusitados. Nas eleições de 2018, o estado de Vermont elegeu seu "apanhador de cachorros" oficial, um cargo similar à carrocinha, responsável pela retirada de cães de rua da via pública. (NYT, El País e AFP)
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