Festivais Varilux e de Cinema Italiano exibem 52 filmes, de inéditos a clássicos, até em praça

O novo blockbuster francês 'O Conde de Monte Cristo' e homenagem a Alain Delon, com 'O sol por testemunha', estão na programação, que inclui sessões gratuitas e de realidade virtual Preparem as pipocas, cinéfilos cariocas! Já parte do calendário cultural da cidade, o Festival Varilux de Cinema Francês e o Festival de Cinema Italiano estão de volta e dão a largada, a partir desta quinta-feira (7), para uma maratona com 52 filmes, entre inéditos, premiados, sucessos de bilheteria e clássicos. E com muitas sessões gratuitas. Exposições: expoente do impressionismo, Renoir tem obras expostas no Rio Bonequinho aplaude de pé: 'Malu', premiado no Festival do Rio, traz elenco em 'finíssima simbiose' Na edição em que completa 15 anos, o evento francófono — que acontece em 60 cidades e, no Rio, ocupa dez cinemas com 19 produções até o dia 20 — sai do escurinho e invade a praça: até domingo (10), um telão gigante exibe cinco filmes gratuitamente na Praça Nossa Senhora da Paz, em Ipanema, com 200 cadeiras e espreguiçadeiras para o público (veja os horários abaixo). Outra novidade é o retorno da mostra gratuita de realidade virtual em 360°, com oito filmes (boa parte curtas) que já passaram pelo Festival de Veneza, em sessões que contam com cadeiras giratórias e óculos especiais, no Estação Net Rio e no Cinesystem Botafogo. — Quando trouxemos essa mostra pela primeira vez, em 2017, a realidade virtual no cinema ainda era experimental. Retomamos neste ano porque as técnicas evoluíram muito, são filmes mais elaborados — afirma Emmanuelle Boudier, idealizadora e curadora do Varilux, junto ao marido, Christian Bourdieu. Ao lado das modernidades, os clássicos também têm lugar garantido. O astro Alain Delon (1935-2024) é o homenageado da vez, com a exibição do thriller “O sol por testemunha” (1960), de René Clément, que revelou o ator por seu papel como Tom Ripley (personagem que depois seria interpretado nos cinemas por Matt Demon e na TV por Andrew Scott). — Delon foi uma personalidade controversa, mas um grande artista, que marcou gerações. Este é seu filme mais bonito, que gerou desdobramentos para a história do cinema— destaca Boudier. E por falar em ícones, uma nova versão para as telas de “O Conde de Monte Cristo”, clássico de Alexandre Dumas, é destaque na programação. Blockbuster do ano na França, com mais de nove milhões de espectadores, o longa épico acompanha a redenção de Edmond Dantès (Pierre Niney), que, após anos preso injustamente, retorna para se vingar. — Dumas tem um estilo moderno e criou personagens extraordinários, por isso há tantas adaptações. Monte Cristo, por exemplo, usa seu dinheiro para a vingança, mas tem uma dimensão romântica. Foi uma inspiração para “Batman” — destaca Matthieu Delaporte, que divide a direção do filme com Alexandre de La Patellière, com quem fez dupla também no roteiro de “Os três mosqueteiros” (2023). Pela primeira vez, uma produção franco-brasileira integra a seleção: “Madame Durocher”, de Dida Andrade e Andradina Azevedo, que conta a história da primeira mulher a ser membro titular da Academia Imperial de Medicina, em 1871. Nascida na França e naturalizada brasileira, a parteira atendia desde indigentes à Família Real. — Ela foi emblemática no feminismo no Brasil e no mundo, mas pouca gente sabe que ela existiu. Precisamos encontrar essas histórias e contá-las — defende (em português, com leve sotaque carioca) a atriz bilíngue Jeanne Boudier, que vive a protagonista jovem. Itália na tela Em clima de comemoração pelos 150 anos da imigração italiana no Brasil, a 19º edição do Festival de Cinema Italiano chega caprichada, com 32 filmes exibidos gratuitamente no CCBB e no Instituto Italiano de Cultura, ambos no Centro, até 8 de dezembro. Na ala dos inéditos, um dos carros-chefes é o campeão de bilheteria do país em 2024, a comédia “Um mundo à parte”, de Riccardo Milani, sobre um professor (Antonio Albanese) que, após 40 anos ensinando na caótica Roma, é transferido para uma escola rural. Outro destaque é o documentário ítalo-brasileiro “Toquinho”, que celebra a carreira do cantor, que morou na Itália durante a ditadura militar brasileira, com imagens de arquivos e entrevistas com amigos como Ornella Vanoni, Pedro Bial e Ivan Lins. — Toquinho é um exemplo do laço cultural que une Brasil e Itália — afirma a diretora Erica Bernardini, que é também curadora do festival. — Trazemos obras que exploram desde histórias cotidianas, reais, a temas universais, como a política e a moral, mas contados com o olhar italiano. 'O ouro de Nápoles' (1954), com Sophia Loren sob direção de Vittorio De Sica Reprodução Na mostra Retrospectiva, o riso e a sátira ajudam a compor um panorama da Itália no século XX. Símbolo do humor no país, Totò (1898-1967) estrela boa parte dos clássicos, incluindo “Guardas e ladrões” (1951), de Mario Monicelli e Steno, e “O ouro de Nápoles” (1954), ao lado de Sophia Loren, sob direção de Vittorio De Sica. Nomes como Alberto Sordi, Federico Fellini, Ettore Scola,

Nov 7, 2024 - 05:13
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Festivais Varilux e de Cinema Italiano exibem 52 filmes, de inéditos a clássicos, até em praça

O novo blockbuster francês 'O Conde de Monte Cristo' e homenagem a Alain Delon, com 'O sol por testemunha', estão na programação, que inclui sessões gratuitas e de realidade virtual Preparem as pipocas, cinéfilos cariocas! Já parte do calendário cultural da cidade, o Festival Varilux de Cinema Francês e o Festival de Cinema Italiano estão de volta e dão a largada, a partir desta quinta-feira (7), para uma maratona com 52 filmes, entre inéditos, premiados, sucessos de bilheteria e clássicos. E com muitas sessões gratuitas. Exposições: expoente do impressionismo, Renoir tem obras expostas no Rio Bonequinho aplaude de pé: 'Malu', premiado no Festival do Rio, traz elenco em 'finíssima simbiose' Na edição em que completa 15 anos, o evento francófono — que acontece em 60 cidades e, no Rio, ocupa dez cinemas com 19 produções até o dia 20 — sai do escurinho e invade a praça: até domingo (10), um telão gigante exibe cinco filmes gratuitamente na Praça Nossa Senhora da Paz, em Ipanema, com 200 cadeiras e espreguiçadeiras para o público (veja os horários abaixo). Outra novidade é o retorno da mostra gratuita de realidade virtual em 360°, com oito filmes (boa parte curtas) que já passaram pelo Festival de Veneza, em sessões que contam com cadeiras giratórias e óculos especiais, no Estação Net Rio e no Cinesystem Botafogo. — Quando trouxemos essa mostra pela primeira vez, em 2017, a realidade virtual no cinema ainda era experimental. Retomamos neste ano porque as técnicas evoluíram muito, são filmes mais elaborados — afirma Emmanuelle Boudier, idealizadora e curadora do Varilux, junto ao marido, Christian Bourdieu. Ao lado das modernidades, os clássicos também têm lugar garantido. O astro Alain Delon (1935-2024) é o homenageado da vez, com a exibição do thriller “O sol por testemunha” (1960), de René Clément, que revelou o ator por seu papel como Tom Ripley (personagem que depois seria interpretado nos cinemas por Matt Demon e na TV por Andrew Scott). — Delon foi uma personalidade controversa, mas um grande artista, que marcou gerações. Este é seu filme mais bonito, que gerou desdobramentos para a história do cinema— destaca Boudier. E por falar em ícones, uma nova versão para as telas de “O Conde de Monte Cristo”, clássico de Alexandre Dumas, é destaque na programação. Blockbuster do ano na França, com mais de nove milhões de espectadores, o longa épico acompanha a redenção de Edmond Dantès (Pierre Niney), que, após anos preso injustamente, retorna para se vingar. — Dumas tem um estilo moderno e criou personagens extraordinários, por isso há tantas adaptações. Monte Cristo, por exemplo, usa seu dinheiro para a vingança, mas tem uma dimensão romântica. Foi uma inspiração para “Batman” — destaca Matthieu Delaporte, que divide a direção do filme com Alexandre de La Patellière, com quem fez dupla também no roteiro de “Os três mosqueteiros” (2023). Pela primeira vez, uma produção franco-brasileira integra a seleção: “Madame Durocher”, de Dida Andrade e Andradina Azevedo, que conta a história da primeira mulher a ser membro titular da Academia Imperial de Medicina, em 1871. Nascida na França e naturalizada brasileira, a parteira atendia desde indigentes à Família Real. — Ela foi emblemática no feminismo no Brasil e no mundo, mas pouca gente sabe que ela existiu. Precisamos encontrar essas histórias e contá-las — defende (em português, com leve sotaque carioca) a atriz bilíngue Jeanne Boudier, que vive a protagonista jovem. Itália na tela Em clima de comemoração pelos 150 anos da imigração italiana no Brasil, a 19º edição do Festival de Cinema Italiano chega caprichada, com 32 filmes exibidos gratuitamente no CCBB e no Instituto Italiano de Cultura, ambos no Centro, até 8 de dezembro. Na ala dos inéditos, um dos carros-chefes é o campeão de bilheteria do país em 2024, a comédia “Um mundo à parte”, de Riccardo Milani, sobre um professor (Antonio Albanese) que, após 40 anos ensinando na caótica Roma, é transferido para uma escola rural. Outro destaque é o documentário ítalo-brasileiro “Toquinho”, que celebra a carreira do cantor, que morou na Itália durante a ditadura militar brasileira, com imagens de arquivos e entrevistas com amigos como Ornella Vanoni, Pedro Bial e Ivan Lins. — Toquinho é um exemplo do laço cultural que une Brasil e Itália — afirma a diretora Erica Bernardini, que é também curadora do festival. — Trazemos obras que exploram desde histórias cotidianas, reais, a temas universais, como a política e a moral, mas contados com o olhar italiano. 'O ouro de Nápoles' (1954), com Sophia Loren sob direção de Vittorio De Sica Reprodução Na mostra Retrospectiva, o riso e a sátira ajudam a compor um panorama da Itália no século XX. Símbolo do humor no país, Totò (1898-1967) estrela boa parte dos clássicos, incluindo “Guardas e ladrões” (1951), de Mario Monicelli e Steno, e “O ouro de Nápoles” (1954), ao lado de Sophia Loren, sob direção de Vittorio De Sica. Nomes como Alberto Sordi, Federico Fellini, Ettore Scola, Marcello Mastroianni e Claudia Cardinale completam o cardápio. A seguir, confira mais destaques dos festivais. FESTIVAL VARILUX Até o dia 20, o evento ocupa Cine Santa, Kinoplex (Fashion Mall, Globoplay, São Luiz), Cinemark Downtown; Cinépolis Rio Design, Cinesystem Botafogo, Estação Net (Botafogo, Rio, Gávea). O valor do ingresso varia de acordo com o local. Programação completa: variluxcinefrances.com. A seguir alguns destaques. ‘A favorita do rei’. A atriz e diretora Maïwenn divide as telas com Johnny Depp no drama filmado em Versailles. Ela interpreta uma mulher de origem humilde que, para viver sua paixão com o rei Luís XV, precisa vencer preconceitos da Corte. ‘A história de Souleymane’. Um imigrante sobrevive como entregador em Paris enquanto tenta obter e documentação. O thriller de Boris Lojkine se inspira na realidade do próprio protagonista, o guineano Abou Sangare — melhor ator na mostra Um Certain Regard, de Cannes. ‘Apenas alguns dias’. Benjamin Biolay e Camille Cottin vivem casal improvável na comédia dramática de Julie Navarro: Mathilde trabalha ajudando exilados e pede ao apaixonado Arthur, crítico de rock, que abrigue um jovem afegão. ‘O segundo ato’. O produtor e músico Quentin Dupieux dirige comédia surrealista que abriu o Festival de Cannes. Na trama, Léa Seydoux, Louis Garrel, Vincent Lindon e Raphaël Quenard são atores que participam de uma filmagem realizada com inteligência artificial. Aos poucos, torna-se difícil distinguir a ficção da realidade. ‘O sucessor’. Vencedor de quatro prêmios César com “Custódia”, Xavier Legrand volta à direção com o drama que segue Elias (Marc-André Grondin), homem com uma carreira de sucesso na alta costura, que retorna ao Canadá após a morte do pai e se vê em uma situação complicada. > Sessões na Praça Nossa Sra. da Paz Qui: “O sol por testemunha” (19h). Sex: “A favorita do rei” (19h). Sáb: Animação “Selvagens” (18h30); “A fanfarra” (20h), comédia dramática sobre irmãos separados na infância. Dom: “Mega cena”, comédia ácida sobre vencedores da loteria (19h). > Mostra de Realidade Virtual Estação Net Rio (até o dia 13) e Cinesystem Botafogo (de 14 a 20), das 14h às 21h. Sessões de 10 a 60 minutos, por ordem de chegada. FESTIVAL ITALIANO A mostra ocupa o CCBB (ingressos on-line e na bilheteria); Istituto Italiano di Cultura (Av. Presidente Antônio Carlos 40; programação e ingressos em sympla.com.br/produtor/iicrio); e Faculdade de Letras da UFRJ. Grátis. A seguir alguns destaques. ‘Eu, capitão’. Premiado em Veneza (2023), o drama de Matteo Garrone explora o tema da imigração através da odisseia e dos infortúnios de dois irmãos senegalenses para chegar à Europa. Leia a crítica do bonequinho. ‘Mia’. O longa de Ivano De Matteo medita sobre perda e resiliência com enredo de adolescente e sua família que têm suas vidas transformadas em um pesadelo com a chegada de um rapaz manipulador. Vencedor do Globo d’oro de melhor roteiro original e melhor ator (Edoardo Leo). ‘Nascida para você’. Baseado em uma história real, o longa de Fabio Mollo aborda a paternidade moderna e o desafio de uma adoção. Um homem gay católico e solteiro trava uma luta na Justiça para obter a guarda de uma menina com síndrome de Down abandonada. O roteiro é coescrito por Furio Andreotti e Giulia Calenda, de “Ainda temos o amanhã”. ‘Romeu e Julieta’. Eleita a melhor comédia do ano pelo Globo d’oro, a obra de Giovanni Veronesi narra a história de uma jovem atriz (Pilar Fogliati) que assume uma identidade masculina para conseguir o papel de Romeo em uma montagem do clássico de Shakeaspeare por um famoso diretor (Sergio Castellitto).

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