Entenda como a China censurou informações sobre o atropelamento que deixou 35 mortos e mais de 40 feridos

Inicialmente, a polícia informou que haviam apenas 'pessoas feridas' e forçaram a retirada de flores e velas do local da tragédia As autoridades da cidade de Zhuhai demoraram quase 24 horas para anunciar o número de mortos no acidente que vitimou 35 pessoas na última segunda-feira, um atraso que se explica pelos esforços de Pequim para impedir a divulgação de informações que considera sensíveis. Inicialmente, a polícia informou que haviam apenas "pessoas feridas" e forçaram a retirada de flores e velas do local da tragédia. Vídeo: Motorista invade centro esportivo, atropela e mata 35 pessoas na China Pelo menos 35 pessoas morreram e 43 ficaram feridas: China remove memorial improvisado para vítimas de atropelamento mortal Poucas horas depois do acidente, imagens de corpos caídos na estrada começaram a circular nas redes sociais. A manchete "Homem em Zhuhai atropela multidão, matando 35" viraliziou no Weibo, semelhante ao X (antigo Twitter). No entanto, na manhã de terça-feira, as publicações desapareceram. Por isso, a AFP analisou como a China bloqueou informações sobre o ataque em massa mais relevante dos últimos anos. No local do acidente, por exemplo, jornalistas da AFP viram entregadores colocando buquês de flores perto de velas para homenagear as vítimas. Como a imprensa local noticiou o acidente O acidente ocorreu um dia antes do maior salão aeronáutico da China, que acontece em Zhuhai, evento emblemático promovido durante semanas pela mídia estatal. Na China, a imprensa estatal atua como porta-voz do governo. Nesta quarta-feira, o jornal Global Times publicou apenas um pequeno artigo sobre o "caso de atropelamento de um carro", enquanto a primeira página destacava os aviões de combate do salão aeronáutico. O Diário do Povo, por sua vez, publicou um pequeno texto na primeira página com as instruções do presidente chinês, Xi Jinping, para tratar os moradores feridos e punir o autor do crime. Vídeo: Xi Jinping virá ao Peru inaugurar megaporto financiado pela China Já o Xinwen Lianbo, noticiário noturno do canal de televisão CCTV, dedicou cerca de um minuto e meio às instruções de Xi Jinping, sem exibir imagens. 'Limpeza' das redes sociais A China monitora de perto as suas redes sociais, onde é comum que palavras-chave ou conteúdos considerados sensíveis sejam removidos em poucos minutos. No Weibo, fotos ou vídeos sobre o acidente desapareceram rapidamente. O mesmo acontece com as postagens no Xiaohongshu, o equivalente ao Instagram. A China tem uma longa tradição de controle da informação, o que por vezes tem consequências na resposta a catástrofes. Em 2008, as autoridades tentaram reprimir informações sobre o leite contaminado que envenenou quase 300 mil crianças poucos dias antes dos Jogos Olímpicos de Pequim. Em 2019, as autoridades atrasaram a resposta à covid-19 e penalizaram as autoridades de saúde locais que alertaram que o coronavírus estava se espalhando rapidamente.

Nov 13, 2024 - 15:21
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Entenda como a China censurou informações sobre o atropelamento que deixou 35 mortos e mais de 40 feridos

Inicialmente, a polícia informou que haviam apenas 'pessoas feridas' e forçaram a retirada de flores e velas do local da tragédia As autoridades da cidade de Zhuhai demoraram quase 24 horas para anunciar o número de mortos no acidente que vitimou 35 pessoas na última segunda-feira, um atraso que se explica pelos esforços de Pequim para impedir a divulgação de informações que considera sensíveis. Inicialmente, a polícia informou que haviam apenas "pessoas feridas" e forçaram a retirada de flores e velas do local da tragédia. Vídeo: Motorista invade centro esportivo, atropela e mata 35 pessoas na China Pelo menos 35 pessoas morreram e 43 ficaram feridas: China remove memorial improvisado para vítimas de atropelamento mortal Poucas horas depois do acidente, imagens de corpos caídos na estrada começaram a circular nas redes sociais. A manchete "Homem em Zhuhai atropela multidão, matando 35" viraliziou no Weibo, semelhante ao X (antigo Twitter). No entanto, na manhã de terça-feira, as publicações desapareceram. Por isso, a AFP analisou como a China bloqueou informações sobre o ataque em massa mais relevante dos últimos anos. No local do acidente, por exemplo, jornalistas da AFP viram entregadores colocando buquês de flores perto de velas para homenagear as vítimas. Como a imprensa local noticiou o acidente O acidente ocorreu um dia antes do maior salão aeronáutico da China, que acontece em Zhuhai, evento emblemático promovido durante semanas pela mídia estatal. Na China, a imprensa estatal atua como porta-voz do governo. Nesta quarta-feira, o jornal Global Times publicou apenas um pequeno artigo sobre o "caso de atropelamento de um carro", enquanto a primeira página destacava os aviões de combate do salão aeronáutico. O Diário do Povo, por sua vez, publicou um pequeno texto na primeira página com as instruções do presidente chinês, Xi Jinping, para tratar os moradores feridos e punir o autor do crime. Vídeo: Xi Jinping virá ao Peru inaugurar megaporto financiado pela China Já o Xinwen Lianbo, noticiário noturno do canal de televisão CCTV, dedicou cerca de um minuto e meio às instruções de Xi Jinping, sem exibir imagens. 'Limpeza' das redes sociais A China monitora de perto as suas redes sociais, onde é comum que palavras-chave ou conteúdos considerados sensíveis sejam removidos em poucos minutos. No Weibo, fotos ou vídeos sobre o acidente desapareceram rapidamente. O mesmo acontece com as postagens no Xiaohongshu, o equivalente ao Instagram. A China tem uma longa tradição de controle da informação, o que por vezes tem consequências na resposta a catástrofes. Em 2008, as autoridades tentaram reprimir informações sobre o leite contaminado que envenenou quase 300 mil crianças poucos dias antes dos Jogos Olímpicos de Pequim. Em 2019, as autoridades atrasaram a resposta à covid-19 e penalizaram as autoridades de saúde locais que alertaram que o coronavírus estava se espalhando rapidamente.

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