Deus me livre

Deus me livre de gente que acha que mulher CEO é um problema. Ainda há quem pense que o lugar delas é na cozinha, cuidando da casa, do marido e dos filhos, como se a vida se resumisse a isso. Dá preguiça ouvir essa conversa, mas pior é ver que, no fundo, muitas pessoas ainda concordam. Esse papo de que mulher não deve liderar, que o mundo dos negócios não é para nós, é arcaico. A ideia de que ela precisa escolher entre a carreira e a família é uma armadilha perigosa, que não apenas prejudica o crescimento pessoal e profissional, mas também o desenvolvimento da sociedade. O Banco Mundial estima que as economias globais perdem mais de 100 trilhões de dólares anualmente com o acesso desigual e limitado das mulheres ao mercado de trabalho. Quando você limita as oportunidades de metade da população, está amarrando a sociedade a uma realidade retrógrada. Olha o tanto de potencial desperdiçado quando se diz a uma mulher o que ela não pode ser! E uma coisa incomoda ainda mais nessa história toda: ao falarmos dessa “polêmica” de mulheres CEOs, parece que o alvo é a mulher branca, majoritariamente quem ocupa altos cargos em grandes empresas. Mas e as negras? E as indígenas? Elas estão aí, há séculos, sendo “CEOs” de suas próprias vidas, trabalhando dentro e fora de casa. É a mulher não-branca que, historicamente, trabalha na casa dos outros, cuida dos filhos dos outros, e chegando em casa ainda precisa dar conta de sua própria família. Para muitas mulheres negras, indígenas e periféricas não há o “privilégio” de escolher entre carreira e família. Muitas vezes, trabalham sem reconhecimento, sem valorização, sem nenhuma opção de crescimento. E agora vem alguém dizer que ser CEO é coisa de homem? Deus me livre dessa hipocrisia! Na prática, essas mulheres já são líderes, mas muitas vezes, invisibilizadas neste contexto de liderança. Aí é fácil dizer que o papel delas é “cuidar da casa”, enquanto ignoram o peso da responsabilidade das múltiplas funções que carregam nos ombros há tanto tempo. É óbvio que essas vozes não representam todos os homens, mas o silêncio de muitos já diz bastante. Não adianta falar de igualdade, de empoderamento, de oportunidades, se, quando surge uma discussão dessas, muitos se calam. Não precisamos dar mais palco para quem quer aparecer ao criar frases de efeito que geram polêmicas. Ao mesmo tempo, o diálogo sobre o machismo estrutural e seus efeitos é sempre válido. O mundo está mudando e as mulheres podem ser CEOs e o que mais quiserem. Não é sobre ser uma coisa ou outra, mas sim uma coisa e outra, dando mais possibilidades para tantas que nunca tiveram escolhas. Ninguém tem o direito de colocar uma cerca em seus caminhos. E quem tentar fazer isso, verá que somos como água: encontramos sempre um jeito de seguir em frente, de fluir, de conquistar. E que continuemos avançando. Deus me livre e te livre de gente no meio do caminho querendo limitar nosso crescimento pessoal ou profissional.

Sep 29, 2024 - 19:07
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Deus me livre de gente que acha que mulher CEO é um problema. Ainda há quem pense que o lugar delas é na cozinha, cuidando da casa, do marido e dos filhos, como se a vida se resumisse a isso. Dá preguiça ouvir essa conversa, mas pior é ver que, no fundo, muitas pessoas ainda concordam. Esse papo de que mulher não deve liderar, que o mundo dos negócios não é para nós, é arcaico. A ideia de que ela precisa escolher entre a carreira e a família é uma armadilha perigosa, que não apenas prejudica o crescimento pessoal e profissional, mas também o desenvolvimento da sociedade. O Banco Mundial estima que as economias globais perdem mais de 100 trilhões de dólares anualmente com o acesso desigual e limitado das mulheres ao mercado de trabalho. Quando você limita as oportunidades de metade da população, está amarrando a sociedade a uma realidade retrógrada. Olha o tanto de potencial desperdiçado quando se diz a uma mulher o que ela não pode ser! E uma coisa incomoda ainda mais nessa história toda: ao falarmos dessa “polêmica” de mulheres CEOs, parece que o alvo é a mulher branca, majoritariamente quem ocupa altos cargos em grandes empresas. Mas e as negras? E as indígenas? Elas estão aí, há séculos, sendo “CEOs” de suas próprias vidas, trabalhando dentro e fora de casa. É a mulher não-branca que, historicamente, trabalha na casa dos outros, cuida dos filhos dos outros, e chegando em casa ainda precisa dar conta de sua própria família. Para muitas mulheres negras, indígenas e periféricas não há o “privilégio” de escolher entre carreira e família. Muitas vezes, trabalham sem reconhecimento, sem valorização, sem nenhuma opção de crescimento. E agora vem alguém dizer que ser CEO é coisa de homem? Deus me livre dessa hipocrisia! Na prática, essas mulheres já são líderes, mas muitas vezes, invisibilizadas neste contexto de liderança. Aí é fácil dizer que o papel delas é “cuidar da casa”, enquanto ignoram o peso da responsabilidade das múltiplas funções que carregam nos ombros há tanto tempo. É óbvio que essas vozes não representam todos os homens, mas o silêncio de muitos já diz bastante. Não adianta falar de igualdade, de empoderamento, de oportunidades, se, quando surge uma discussão dessas, muitos se calam. Não precisamos dar mais palco para quem quer aparecer ao criar frases de efeito que geram polêmicas. Ao mesmo tempo, o diálogo sobre o machismo estrutural e seus efeitos é sempre válido. O mundo está mudando e as mulheres podem ser CEOs e o que mais quiserem. Não é sobre ser uma coisa ou outra, mas sim uma coisa e outra, dando mais possibilidades para tantas que nunca tiveram escolhas. Ninguém tem o direito de colocar uma cerca em seus caminhos. E quem tentar fazer isso, verá que somos como água: encontramos sempre um jeito de seguir em frente, de fluir, de conquistar. E que continuemos avançando. Deus me livre e te livre de gente no meio do caminho querendo limitar nosso crescimento pessoal ou profissional.

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