Destruição de asteroide pode ser a resposta para a existência de luas e anéis em Marte; entenda
Cientistas simularam uma situação que pode oferecer uma explicação mais detalhada de como o Planeta Vermelho acabou com as pequenas Fobos e Deimos Algo não parece certo nas luas de Marte. Elas são muito pequenas — Fobos tem 27 quilômetros de diâmetro, enquanto Deimos mede apenas 15 quilômetros de comprimento. Além disso, não são redondas, mas objetos irregulares e deformados. Francamente, não se parecem com luas. “Elas parecem asteroides, têm as características de asteroides e também se parecem com batatas”, afirmou James O’Donoghue, astrônomo planetário da Universidade de Reading, na Inglaterra. Talvez, então, como sugeriram alguns astrônomos, sejam de fato asteroides — duas rochas espaciais capturadas pela gravidade de Marte há muito tempo. Imagem feita sonda Hope, dos Emirados Árabes Unidos, mostra detalhes da lua Deimos, de Marte Emirates Mars Mission / AFP Um estudo publicado na quarta-feira na revista *Icarus* sugere que as luas realmente começaram como asteroides. Mas não exatamente da forma que muitos imaginavam. Usando simulações com supercomputadores, os cientistas descreveram um cenário em que um asteroide grande foi capturado por Marte e, devido à gravidade do planeta, foi despedaçado, formando brevemente uma nuvem de detritos — e possivelmente um sistema de anéis — ao redor de Marte. Esses detritos eventualmente se aglomeraram, formando as duas luas. “O que eles têm aqui é realmente convincente”, disse O’Donoghue, que não participou do estudo. “Estou convencido.” A ideia de que Fobos e Deimos poderiam ser asteroides capturados sempre enfrentou um grande obstáculo: suas órbitas são muito circulares e bem alinhadas ao redor do equador de Marte. Asteroides que se aproximam de planetas geralmente têm trajetórias inclinadas e elípticas. Se as luas fossem antigos asteroides, seria esperado que suas órbitas também fossem assim. Esse alinhamento peculiar apoia a teoria de que as luas se formaram de outra maneira. Isso se assemelha à história amplamente aceita sobre a origem da Lua terrestre: um objeto do tamanho de Marte colidiu com a Terra em formação, criando uma nuvem de detritos que se juntou para formar nosso satélite. Tanto a água quanto o gelo seco têm um papel importante na escultura da superfície de Marte em altas latitudes Crédito: NASA/JPL-Caltech/University of Arizona Se algo semelhante ocorreu em Marte, cientistas esperariam que os detritos formassem um disco alinhado ao equador marciano, resultando na criação de luas com o mesmo alinhamento orbital — exatamente o que é observado hoje. É nesse contexto que entra a nova simulação e a proposta de um asteroide desintegrado. Esse objeto pode ter tido uma massa comparável à de Vesta, o segundo maior corpo no cinturão de asteroides entre Marte e Júpiter. Ao se aproximar de Marte, o asteroide teria chegado muito perto: entre cerca de 5 mil quilômetros acima da superfície avermelhada do planeta até quase tocá-la. Consequentemente, a gravidade de Marte teria despedaçado o asteroide. “Alguns fragmentos podem ter escapado completamente do sistema”, explicou Jacob Kegerreis, cientista do Centro de Pesquisa Ames da NASA e um dos autores do estudo. “Mas outros podem ter colidido com Marte”, acrescentou, deixando crateras fumegantes na superfície. Muitos fragmentos permaneceriam em órbita ao redor do planeta. Com o tempo, esses detritos seriam influenciados pela gravidade de Marte e do Sol. Eventualmente, eles colidiriam entre si, criando uma nuvem de escombros alinhada ao equador marciano. Os fragmentos mais distantes do planeta acabariam se aglomerando para formar Fobos e Deimos. Essas “luas batata” podem parecer tranquilas agora, mas, claramente, “o sistema solar costumava ser um lugar muito mais caótico”, disse Kegerreis. A palavra final sobre a origem das luas marcianas será buscada pela missão Martian Moons eXploration (MMX), da agência espacial japonesa. Prevista para ser lançada nos próximos anos, a MMX pretende coletar uma amostra geológica de Fobos e trazê-la de volta à Terra, o que revelará se sua composição é marciana ou asteroidal. Foto da Fossa de Cérbero, um dos pontos de estudo da nova pesquisa sobre atividade vulcânicas em Marte Nasa Independentemente dos achados da missão, a história de pelo menos uma dessas luas ainda está longe de terminar. Quando o asteroide foi destruído, qualquer detrito que ficou mais próximo de Marte pode ter se transformado em anéis temporários, semelhantes aos de Saturno. Esses anéis foram características efêmeras — assim como Fobos, que está gradualmente caindo em direção ao planeta. Nos próximos 50 milhões de anos, ela provavelmente colidirá com Marte de forma espetacular ou se despedaçará, formando um novo anel marciano. Tudo no sistema solar pode parecer permanente e imutável para nós, terráqueos. Mas o que é verdadeiro aqui embaixo também vale lá fora: “Nada dura para sempre”, afirmou O’Donoghue.
Cientistas simularam uma situação que pode oferecer uma explicação mais detalhada de como o Planeta Vermelho acabou com as pequenas Fobos e Deimos Algo não parece certo nas luas de Marte. Elas são muito pequenas — Fobos tem 27 quilômetros de diâmetro, enquanto Deimos mede apenas 15 quilômetros de comprimento. Além disso, não são redondas, mas objetos irregulares e deformados. Francamente, não se parecem com luas. “Elas parecem asteroides, têm as características de asteroides e também se parecem com batatas”, afirmou James O’Donoghue, astrônomo planetário da Universidade de Reading, na Inglaterra. Talvez, então, como sugeriram alguns astrônomos, sejam de fato asteroides — duas rochas espaciais capturadas pela gravidade de Marte há muito tempo. Imagem feita sonda Hope, dos Emirados Árabes Unidos, mostra detalhes da lua Deimos, de Marte Emirates Mars Mission / AFP Um estudo publicado na quarta-feira na revista *Icarus* sugere que as luas realmente começaram como asteroides. Mas não exatamente da forma que muitos imaginavam. Usando simulações com supercomputadores, os cientistas descreveram um cenário em que um asteroide grande foi capturado por Marte e, devido à gravidade do planeta, foi despedaçado, formando brevemente uma nuvem de detritos — e possivelmente um sistema de anéis — ao redor de Marte. Esses detritos eventualmente se aglomeraram, formando as duas luas. “O que eles têm aqui é realmente convincente”, disse O’Donoghue, que não participou do estudo. “Estou convencido.” A ideia de que Fobos e Deimos poderiam ser asteroides capturados sempre enfrentou um grande obstáculo: suas órbitas são muito circulares e bem alinhadas ao redor do equador de Marte. Asteroides que se aproximam de planetas geralmente têm trajetórias inclinadas e elípticas. Se as luas fossem antigos asteroides, seria esperado que suas órbitas também fossem assim. Esse alinhamento peculiar apoia a teoria de que as luas se formaram de outra maneira. Isso se assemelha à história amplamente aceita sobre a origem da Lua terrestre: um objeto do tamanho de Marte colidiu com a Terra em formação, criando uma nuvem de detritos que se juntou para formar nosso satélite. Tanto a água quanto o gelo seco têm um papel importante na escultura da superfície de Marte em altas latitudes Crédito: NASA/JPL-Caltech/University of Arizona Se algo semelhante ocorreu em Marte, cientistas esperariam que os detritos formassem um disco alinhado ao equador marciano, resultando na criação de luas com o mesmo alinhamento orbital — exatamente o que é observado hoje. É nesse contexto que entra a nova simulação e a proposta de um asteroide desintegrado. Esse objeto pode ter tido uma massa comparável à de Vesta, o segundo maior corpo no cinturão de asteroides entre Marte e Júpiter. Ao se aproximar de Marte, o asteroide teria chegado muito perto: entre cerca de 5 mil quilômetros acima da superfície avermelhada do planeta até quase tocá-la. Consequentemente, a gravidade de Marte teria despedaçado o asteroide. “Alguns fragmentos podem ter escapado completamente do sistema”, explicou Jacob Kegerreis, cientista do Centro de Pesquisa Ames da NASA e um dos autores do estudo. “Mas outros podem ter colidido com Marte”, acrescentou, deixando crateras fumegantes na superfície. Muitos fragmentos permaneceriam em órbita ao redor do planeta. Com o tempo, esses detritos seriam influenciados pela gravidade de Marte e do Sol. Eventualmente, eles colidiriam entre si, criando uma nuvem de escombros alinhada ao equador marciano. Os fragmentos mais distantes do planeta acabariam se aglomerando para formar Fobos e Deimos. Essas “luas batata” podem parecer tranquilas agora, mas, claramente, “o sistema solar costumava ser um lugar muito mais caótico”, disse Kegerreis. A palavra final sobre a origem das luas marcianas será buscada pela missão Martian Moons eXploration (MMX), da agência espacial japonesa. Prevista para ser lançada nos próximos anos, a MMX pretende coletar uma amostra geológica de Fobos e trazê-la de volta à Terra, o que revelará se sua composição é marciana ou asteroidal. Foto da Fossa de Cérbero, um dos pontos de estudo da nova pesquisa sobre atividade vulcânicas em Marte Nasa Independentemente dos achados da missão, a história de pelo menos uma dessas luas ainda está longe de terminar. Quando o asteroide foi destruído, qualquer detrito que ficou mais próximo de Marte pode ter se transformado em anéis temporários, semelhantes aos de Saturno. Esses anéis foram características efêmeras — assim como Fobos, que está gradualmente caindo em direção ao planeta. Nos próximos 50 milhões de anos, ela provavelmente colidirá com Marte de forma espetacular ou se despedaçará, formando um novo anel marciano. Tudo no sistema solar pode parecer permanente e imutável para nós, terráqueos. Mas o que é verdadeiro aqui embaixo também vale lá fora: “Nada dura para sempre”, afirmou O’Donoghue.
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