Desmatamento na Mata Atlântica cai pela metade no primeiro semestre, mas meta de zerar a perda de floresta ainda é desafio

Apesar da diminuição, a área desmatada entre janeiro e junho de 2024 equivale a cerca de 20 mil campos de futebol, segundo levantamento Na esteira dos resultados positivos na Amazônia e no Cerrado, o primeiro semestre de 2024 foi marcado por uma redução de 55% no desmatamento da Mata Atlântica se comparado ao mesmo período do ano anterior. O relatório baseado no Sistema de Alertas de Desmatamento (SAD) Mata Atlântica mostra que, entre janeiro e junho, foram desmatados 21.401 hectares, contra 47.896 em 2023. Ainda que tenha diminuído, a área desmatada equivale a cerca de 20 mil campos de futebol, o que está longe da meta de zerar a perda de cobertura florestal até 2030. Pantanal: Escassez de cheias e secas mais prolongadas mudam o bioma e favorecem incêndios intensos Na conferência do clima: Marina cobra dinheiro de países ricos e pede plano para zerar combustíveis fósseis O SAD Mata Atlântica é resultado de uma parceria entre a Fundação SOS Mata Atlântica, a Arcplan e o MapBiomas. Segundo o levantamento, as áreas de encraves — fragmentos de vegetação nativa localizados em limites com outros biomas como Cerrado, Caatinga e Pantanal — tiveram uma redução de 58% no desmatamento, após a destruição ter chamado atenção em 2023. Os pesquisadores apontam que a queda se deve, em grande parte, ao fortalecimento da fiscalização. Outros fatores como o corte de crédito para desmatadores ilegais e o uso de embargos remotos para impedir o uso comercial de terras desmatadas também são citados. O MapBiomas aponta que restam hoje 24% da cobertura florestal original da Mata Atlântica. Os dados mostram que, além da proporção ser inferior ao limite aceitável para a conversão do bioma de 30%, as florestas naturais estão restritas a espaços fragmentados (a maior parte não chega a 50 hectares) e, em 80% dos casos, estão em propriedades privadas. Diretor executivo da Fundação SOS Mata Atlântica, Luis Fernando Guedes Pinto ressalta que o resultado deve ser “comemorado”, após um aumento do desmatamento detectado no ano passado em comparação com 2022. Porém, os dados devem ser vistos com “cautela” já que “qualquer desmatamento na Mata Atlântica é muito”, uma vez que este é o bioma que mais foi devastado pelo homem até aqui. — Grande parte do desmatamento na Mata Atlântica é ilegal e deve haver uma vigilância permanente. Há muita pressão no Congresso e nas Assembleias Legislativas pelo afrouxamento das leis de proteção — aponta. Para ele, a Mata Atlântica tem o potencial de ser o primeiro bioma brasileiro a alcançar a meta de desmatamento zero antes de 2030 — compromisso firmado pelo Brasil no Acordo de Paris. — É preciso haver compromisso com a legislação de proteção da Mata Atlântica. O bioma é, inclusive, importante para evitar tragédias como a observada no Rio Grande do Sul este ano. A falta de água e as chuvas intensas são resultado da falta de floresta — ressalta. O SAD Mata Atlântica utiliza uma classificação automática de indícios de desmatamento baseado na comparação entre imagens de satélite Sentinel 2 (dez metros de resolução). Os focos de potencial desmatamento são enviados para o MapBiomas Alerta e então validados, refinados e auditados individualmente em imagens de alta resolução. Cada desmatamento confirmado é cruzado com informações públicas, incluindo as propriedades do Cadastro Ambiental Rural (CAR), embargos e autorizações de desmatamento do SINAFLOR/IBAMA, para disponibilização em uma plataforma única, aberta e transparente que monitora todo território brasileiro.

Nov 15, 2024 - 21:59
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Desmatamento na Mata Atlântica cai pela metade no primeiro semestre, mas meta de zerar a perda de floresta ainda é desafio

Apesar da diminuição, a área desmatada entre janeiro e junho de 2024 equivale a cerca de 20 mil campos de futebol, segundo levantamento Na esteira dos resultados positivos na Amazônia e no Cerrado, o primeiro semestre de 2024 foi marcado por uma redução de 55% no desmatamento da Mata Atlântica se comparado ao mesmo período do ano anterior. O relatório baseado no Sistema de Alertas de Desmatamento (SAD) Mata Atlântica mostra que, entre janeiro e junho, foram desmatados 21.401 hectares, contra 47.896 em 2023. Ainda que tenha diminuído, a área desmatada equivale a cerca de 20 mil campos de futebol, o que está longe da meta de zerar a perda de cobertura florestal até 2030. Pantanal: Escassez de cheias e secas mais prolongadas mudam o bioma e favorecem incêndios intensos Na conferência do clima: Marina cobra dinheiro de países ricos e pede plano para zerar combustíveis fósseis O SAD Mata Atlântica é resultado de uma parceria entre a Fundação SOS Mata Atlântica, a Arcplan e o MapBiomas. Segundo o levantamento, as áreas de encraves — fragmentos de vegetação nativa localizados em limites com outros biomas como Cerrado, Caatinga e Pantanal — tiveram uma redução de 58% no desmatamento, após a destruição ter chamado atenção em 2023. Os pesquisadores apontam que a queda se deve, em grande parte, ao fortalecimento da fiscalização. Outros fatores como o corte de crédito para desmatadores ilegais e o uso de embargos remotos para impedir o uso comercial de terras desmatadas também são citados. O MapBiomas aponta que restam hoje 24% da cobertura florestal original da Mata Atlântica. Os dados mostram que, além da proporção ser inferior ao limite aceitável para a conversão do bioma de 30%, as florestas naturais estão restritas a espaços fragmentados (a maior parte não chega a 50 hectares) e, em 80% dos casos, estão em propriedades privadas. Diretor executivo da Fundação SOS Mata Atlântica, Luis Fernando Guedes Pinto ressalta que o resultado deve ser “comemorado”, após um aumento do desmatamento detectado no ano passado em comparação com 2022. Porém, os dados devem ser vistos com “cautela” já que “qualquer desmatamento na Mata Atlântica é muito”, uma vez que este é o bioma que mais foi devastado pelo homem até aqui. — Grande parte do desmatamento na Mata Atlântica é ilegal e deve haver uma vigilância permanente. Há muita pressão no Congresso e nas Assembleias Legislativas pelo afrouxamento das leis de proteção — aponta. Para ele, a Mata Atlântica tem o potencial de ser o primeiro bioma brasileiro a alcançar a meta de desmatamento zero antes de 2030 — compromisso firmado pelo Brasil no Acordo de Paris. — É preciso haver compromisso com a legislação de proteção da Mata Atlântica. O bioma é, inclusive, importante para evitar tragédias como a observada no Rio Grande do Sul este ano. A falta de água e as chuvas intensas são resultado da falta de floresta — ressalta. O SAD Mata Atlântica utiliza uma classificação automática de indícios de desmatamento baseado na comparação entre imagens de satélite Sentinel 2 (dez metros de resolução). Os focos de potencial desmatamento são enviados para o MapBiomas Alerta e então validados, refinados e auditados individualmente em imagens de alta resolução. Cada desmatamento confirmado é cruzado com informações públicas, incluindo as propriedades do Cadastro Ambiental Rural (CAR), embargos e autorizações de desmatamento do SINAFLOR/IBAMA, para disponibilização em uma plataforma única, aberta e transparente que monitora todo território brasileiro.

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