Baseada no conto 'A Pequena Sereia', ópera 'Rusalka' encerra temporada lírica do Theatro Municipal do Rio
Há sessões nesta quinta-feira (14), e nos dias 22 e 24/11; 'num mundo onde se fala tanto de procedimentos estéticos, de aparências nas redes sociais que só mostram fotos felizes, me pareceu uma história muito contemporânea, muito importante', diz diretor André Heller-Lopes Escrito pelo dinamarquês Hans Christian Andersen (1805–1875), o conto "A Pequena Sereia", de 1837, foi uma das inspirações para a ópera tcheca "Rusalka", de Antonín Dvořák (1941-1904), com libreto de Jaroslav Kvapil (1868-1950), que estreou em Praga, em 1901. O espetáculo, que também se apoia livremente no conto de fadas "Ondina", do alemão Friedrich de la Motte Fouqué (1777-1843), será encenado hoje no Theatro Municipal do Rio com ares de estreia. É a primeira montagem de "Rusalka" no Rio de Janeiro. O diretor André Heller-Lopes assina a concepção e a direção artística da ópera, que será executada pelo Coro e pela Orquestra Sinfônica do Theatro Municipal sob regência do maestro Luiz Fernando Malheiro. No elenco estão nomes como Ludmila Bauerfeldt, Eliane Coelho, Denise de Freitas, Giovanni Tristacci e Lício Bruno. André Heller-Lopes: 'Tanto "Ondina" como o conto do Andersen são muito mais violentos do que versão da Disney, que é soft' Daniel Ebendinger / Divulgação Trata-se — como na animação da Disney que popularizou o conto de Andersen no final dos anos 1980 — da história de uma criatura das águas que muda sua essência para ficar com um humano pela qual está perdidamente apaixonada. A ópera eslava, no entanto, é mais "dark", segundo Heller-Lopes. O diretor montou "Rusalka" na Espanha, no início do ano, antes de trazê-la ao Brasil. — Na Espanha, havia uma nova edição da partitura que a editora em Praga estava publicando. O Municipal resolveu fazer essa edição. Então será a primeira vez na América Latina — diz Heller-Lopes. — Normalmente, o primeiro e terceiro ato são embaixo d'agua, na beira do lago, um mundo do conto de fadas, das ninfas. O segundo ato seria o mundo real, o mundo dos humanos, o castelo do príncipe. Dentro da visão que quis trazer, ela tem que confiar na sua essência, não tem que mudar pra agradar. Há esse príncipe que ela se diz apaixonada, sem nunca ter visto. Quando chega no segundo ato, ela descobre que ele só quer ir pra cama com ela. Rusalka não percebe que o mundo do primeiro e do terceiro é o mundo real. E o do segundo é o conto de fadas. Quando me foi oferecido esse projeto, em 2022, comecei a pensar em como abordaria essa peça . Foi daí que me surgiu a ideia da inversão da história — conclui. Para o diretor, há muitas mensagens na história que será levada para o palco do Municipal. — Num mundo onde se fala tanto de procedimentos estéticos, de aparências nas redes sociais que só mostram fotos felizes, me pareceu uma história muito contemporânea, muito importante. Tanto "Ondina" como o conto do Andersen são muito mais violentos do que versão da Disney, que é soft. No conto original, há metáforas mais pesadas sobre crescimento, perda de virgindade. É muito mais violento. Essas duas histórias que serviram de base pro Djovak são muito interessantes. "Rusalka" encerra a temporada lírica deste ano no Theatro Municipal do Rio. A montagem foi coproduzida com o Auditório de Tenerife, na Espanha. Tem cenografia de Renato Theobaldo, iluminação de Gonzalo Córdoba e figurinos de Marcelo Marques. Além da apresentação desta quinta-feira (14), haverá sessões no sábado (16), e na semana que vem, nos dias 22 e 24/11. Uma hora antes de cada espetáculo, haverá palestras gratuitas no Salão Assyrio do Theatro Municipal. Initial plugin text
Há sessões nesta quinta-feira (14), e nos dias 22 e 24/11; 'num mundo onde se fala tanto de procedimentos estéticos, de aparências nas redes sociais que só mostram fotos felizes, me pareceu uma história muito contemporânea, muito importante', diz diretor André Heller-Lopes Escrito pelo dinamarquês Hans Christian Andersen (1805–1875), o conto "A Pequena Sereia", de 1837, foi uma das inspirações para a ópera tcheca "Rusalka", de Antonín Dvořák (1941-1904), com libreto de Jaroslav Kvapil (1868-1950), que estreou em Praga, em 1901. O espetáculo, que também se apoia livremente no conto de fadas "Ondina", do alemão Friedrich de la Motte Fouqué (1777-1843), será encenado hoje no Theatro Municipal do Rio com ares de estreia. É a primeira montagem de "Rusalka" no Rio de Janeiro. O diretor André Heller-Lopes assina a concepção e a direção artística da ópera, que será executada pelo Coro e pela Orquestra Sinfônica do Theatro Municipal sob regência do maestro Luiz Fernando Malheiro. No elenco estão nomes como Ludmila Bauerfeldt, Eliane Coelho, Denise de Freitas, Giovanni Tristacci e Lício Bruno. André Heller-Lopes: 'Tanto "Ondina" como o conto do Andersen são muito mais violentos do que versão da Disney, que é soft' Daniel Ebendinger / Divulgação Trata-se — como na animação da Disney que popularizou o conto de Andersen no final dos anos 1980 — da história de uma criatura das águas que muda sua essência para ficar com um humano pela qual está perdidamente apaixonada. A ópera eslava, no entanto, é mais "dark", segundo Heller-Lopes. O diretor montou "Rusalka" na Espanha, no início do ano, antes de trazê-la ao Brasil. — Na Espanha, havia uma nova edição da partitura que a editora em Praga estava publicando. O Municipal resolveu fazer essa edição. Então será a primeira vez na América Latina — diz Heller-Lopes. — Normalmente, o primeiro e terceiro ato são embaixo d'agua, na beira do lago, um mundo do conto de fadas, das ninfas. O segundo ato seria o mundo real, o mundo dos humanos, o castelo do príncipe. Dentro da visão que quis trazer, ela tem que confiar na sua essência, não tem que mudar pra agradar. Há esse príncipe que ela se diz apaixonada, sem nunca ter visto. Quando chega no segundo ato, ela descobre que ele só quer ir pra cama com ela. Rusalka não percebe que o mundo do primeiro e do terceiro é o mundo real. E o do segundo é o conto de fadas. Quando me foi oferecido esse projeto, em 2022, comecei a pensar em como abordaria essa peça . Foi daí que me surgiu a ideia da inversão da história — conclui. Para o diretor, há muitas mensagens na história que será levada para o palco do Municipal. — Num mundo onde se fala tanto de procedimentos estéticos, de aparências nas redes sociais que só mostram fotos felizes, me pareceu uma história muito contemporânea, muito importante. Tanto "Ondina" como o conto do Andersen são muito mais violentos do que versão da Disney, que é soft. No conto original, há metáforas mais pesadas sobre crescimento, perda de virgindade. É muito mais violento. Essas duas histórias que serviram de base pro Djovak são muito interessantes. "Rusalka" encerra a temporada lírica deste ano no Theatro Municipal do Rio. A montagem foi coproduzida com o Auditório de Tenerife, na Espanha. Tem cenografia de Renato Theobaldo, iluminação de Gonzalo Córdoba e figurinos de Marcelo Marques. Além da apresentação desta quinta-feira (14), haverá sessões no sábado (16), e na semana que vem, nos dias 22 e 24/11. Uma hora antes de cada espetáculo, haverá palestras gratuitas no Salão Assyrio do Theatro Municipal. Initial plugin text
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