COP29 começa no Azerbaijão com alerta de que 2024 deverá ser o ano mais quente já registrado no mundo

Organização Meteorológica Mundial diz que fenômenos extremos são ‘nova realidade’; encontro, porém, foi ofuscado pela reeleição de Donald Trump nos EUA A 29ª conferência do clima das Nações Unidas (COP29) começou nesta segunda-feira em Baku, a capital do Azerbaijão, com alerta da Organização Meteorológica Mundial (OMM) sobre 2024 estar a caminho de se tornar o ano mais quente já registrado no mundo. Segundo a organização, a temperatura média global entre janeiro e setembro esteve cerca de 1,54ºC acima dos níveis observados no final do século XIX. O relatório da OMM também indicou que os oceanos estão aquecendo mais rapidamente, o gelo do mar está diminuindo, e os anos de 2015 a 2024 também serão a década mais quente já registrada. Preocupações: COP29 começa hoje no Azerbaijão com desafios que podem impactar sucesso da COP30 no Brasil COP29: Calor extremo, fenômenos meteorológicos incontroláveis ​​e poluição representam ameaça crescente à saúde “As chuvas e as inundações recordes, a intensificação rápida dos ciclones tropicais, o calor mortal, a seca implacável e os incêndios catastróficos que observamos em diferentes regiões do mundo este ano são, infelizmente, uma nova realidade e uma antecipação do futuro”, insistiu a secretária-geral da OMM, Celeste Saulo, em comunicado. Apesar disso, a reunião deste ano foi ofuscada pela reeleição de Donald Trump nos Estados Unidos. Embora o país seja o segundo maior emissor de gases de efeito estufa no planeta, ele pode abandonar mais uma vez o Acordo de Paris, base de todas as negociações — algo que Trump fez durante seu primeiro mandato presidencial (2017-2021) e que já prometeu fazer novamente, eliminando os compromissos dos EUA para reduzir emissões de carbono. Como resultado, alertam cientistas, o mundo pode ultrapassar limites críticos de temperatura. — Estamos nos encaminhando para a ruína. E não se trata de problemas futuros. A mudança climática já está aqui — alertou na cerimônia de abertura o presidente da COP29, o ministro da Ecologia do Azerbaijão, Mukhtar Babaiev. — Chegou o momento da verdade. Na COP29, os países tentarão estabelecer um novo quadro global para fornecer os fundos necessários às nações em desenvolvimento para reduzir suas emissões de gases de efeito estufa e se adaptarem aos impactos de eventos climáticos cada vez mais intensos, publicou o Guardian. Os países mais pobres querem que o financiamento climático aumente dos cerca de US$ 100 bilhões anuais para pelo menos US$ 1 trilhão por ano até 2035. Sem os EUA, os Estados desenvolvidos provavelmente encontrarão mais dificuldade para atingir as metas. Como resultado, esses países poderão buscar reduzir a parcela de recursos de fontes públicas, provenientes de orçamentos de ajuda externa e de instituições como o Banco Mundial, no montante destinado ao financiamento climático. Isso poderia significar, ainda segundo o jornal britânico, um maior papel para o setor privado —o que é controverso. Recursos do setor privado vêm com condições e podem aumentar o endividamento dos países. Também são mais difíceis de acessar pelos países pobres, que precisam desses meios com urgência. A ajuda deve servir para mitigar a emissão de gases do efeito estufa, principalmente por uma gigantesca conversão energética mundial, e para medidas de adaptação, como ajuste de residências às temperaturas extremas e construção de barragens, por exemplo. As divergências sobre o assunto são profundas, e as negociações sobre a agenda forçaram uma pausa já nesta segunda-feira, segundo a AFP. Além do valor da ajuda e do calendário, as nações devem chegar a um acordo sobre quem paga. Diz estudo: Consequências serão ‘irreversíveis’ se temperatura média aumentar mais de 1,5ºC Em 2009, na COP15 de Copenhague, pouco mais de 30 países assumiram a missão dos US$ 100 bilhões. O volume de ajuda foi alcançado com dois anos de atraso, em 2022, e a China ficou de fora. Agora, União Europeia e EUA, entre outros, querem que Pequim assuma parte da conta, o que promete ser difícil. A China, principal emissora de gases do efeito estufa, tem sua própria agenda de ajuda climática. Além disso, o país domina grandes setores da conversão de energia, como os metais raros. Países petroleiros e anfitriões No ano passado, em Dubai, os países conseguiram um acordo com muitas dificuldades para uma declaração final da COP28. O texto assumia, pela primeira vez, que os países deveriam empreender uma “transição” para o fim das energias fósseis. Ainda assim, a Agência Internacional de Energia (AIE) recordou em seu relatório anual mais recente, publicado em outubro, que 80% da energia mundial ainda provém dessas fontes (carvão, petróleo, gás). Após a abertura, a COP reúne todos os anos os líderes mundiais por dois dias. A COP29, no entanto, não terá as presenças dos grandes protagonistas do diálogo climático: os presidentes dos Estados Unidos, Joe Biden, do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, e da França, Emmanuel Macron. Sem Lula, que cancelou viagens

Nov 11, 2024 - 09:58
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COP29 começa no Azerbaijão com alerta de que 2024 deverá ser o ano mais quente já registrado no mundo

Organização Meteorológica Mundial diz que fenômenos extremos são ‘nova realidade’; encontro, porém, foi ofuscado pela reeleição de Donald Trump nos EUA A 29ª conferência do clima das Nações Unidas (COP29) começou nesta segunda-feira em Baku, a capital do Azerbaijão, com alerta da Organização Meteorológica Mundial (OMM) sobre 2024 estar a caminho de se tornar o ano mais quente já registrado no mundo. Segundo a organização, a temperatura média global entre janeiro e setembro esteve cerca de 1,54ºC acima dos níveis observados no final do século XIX. O relatório da OMM também indicou que os oceanos estão aquecendo mais rapidamente, o gelo do mar está diminuindo, e os anos de 2015 a 2024 também serão a década mais quente já registrada. Preocupações: COP29 começa hoje no Azerbaijão com desafios que podem impactar sucesso da COP30 no Brasil COP29: Calor extremo, fenômenos meteorológicos incontroláveis ​​e poluição representam ameaça crescente à saúde “As chuvas e as inundações recordes, a intensificação rápida dos ciclones tropicais, o calor mortal, a seca implacável e os incêndios catastróficos que observamos em diferentes regiões do mundo este ano são, infelizmente, uma nova realidade e uma antecipação do futuro”, insistiu a secretária-geral da OMM, Celeste Saulo, em comunicado. Apesar disso, a reunião deste ano foi ofuscada pela reeleição de Donald Trump nos Estados Unidos. Embora o país seja o segundo maior emissor de gases de efeito estufa no planeta, ele pode abandonar mais uma vez o Acordo de Paris, base de todas as negociações — algo que Trump fez durante seu primeiro mandato presidencial (2017-2021) e que já prometeu fazer novamente, eliminando os compromissos dos EUA para reduzir emissões de carbono. Como resultado, alertam cientistas, o mundo pode ultrapassar limites críticos de temperatura. — Estamos nos encaminhando para a ruína. E não se trata de problemas futuros. A mudança climática já está aqui — alertou na cerimônia de abertura o presidente da COP29, o ministro da Ecologia do Azerbaijão, Mukhtar Babaiev. — Chegou o momento da verdade. Na COP29, os países tentarão estabelecer um novo quadro global para fornecer os fundos necessários às nações em desenvolvimento para reduzir suas emissões de gases de efeito estufa e se adaptarem aos impactos de eventos climáticos cada vez mais intensos, publicou o Guardian. Os países mais pobres querem que o financiamento climático aumente dos cerca de US$ 100 bilhões anuais para pelo menos US$ 1 trilhão por ano até 2035. Sem os EUA, os Estados desenvolvidos provavelmente encontrarão mais dificuldade para atingir as metas. Como resultado, esses países poderão buscar reduzir a parcela de recursos de fontes públicas, provenientes de orçamentos de ajuda externa e de instituições como o Banco Mundial, no montante destinado ao financiamento climático. Isso poderia significar, ainda segundo o jornal britânico, um maior papel para o setor privado —o que é controverso. Recursos do setor privado vêm com condições e podem aumentar o endividamento dos países. Também são mais difíceis de acessar pelos países pobres, que precisam desses meios com urgência. A ajuda deve servir para mitigar a emissão de gases do efeito estufa, principalmente por uma gigantesca conversão energética mundial, e para medidas de adaptação, como ajuste de residências às temperaturas extremas e construção de barragens, por exemplo. As divergências sobre o assunto são profundas, e as negociações sobre a agenda forçaram uma pausa já nesta segunda-feira, segundo a AFP. Além do valor da ajuda e do calendário, as nações devem chegar a um acordo sobre quem paga. Diz estudo: Consequências serão ‘irreversíveis’ se temperatura média aumentar mais de 1,5ºC Em 2009, na COP15 de Copenhague, pouco mais de 30 países assumiram a missão dos US$ 100 bilhões. O volume de ajuda foi alcançado com dois anos de atraso, em 2022, e a China ficou de fora. Agora, União Europeia e EUA, entre outros, querem que Pequim assuma parte da conta, o que promete ser difícil. A China, principal emissora de gases do efeito estufa, tem sua própria agenda de ajuda climática. Além disso, o país domina grandes setores da conversão de energia, como os metais raros. Países petroleiros e anfitriões No ano passado, em Dubai, os países conseguiram um acordo com muitas dificuldades para uma declaração final da COP28. O texto assumia, pela primeira vez, que os países deveriam empreender uma “transição” para o fim das energias fósseis. Ainda assim, a Agência Internacional de Energia (AIE) recordou em seu relatório anual mais recente, publicado em outubro, que 80% da energia mundial ainda provém dessas fontes (carvão, petróleo, gás). Após a abertura, a COP reúne todos os anos os líderes mundiais por dois dias. A COP29, no entanto, não terá as presenças dos grandes protagonistas do diálogo climático: os presidentes dos Estados Unidos, Joe Biden, do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, e da França, Emmanuel Macron. Sem Lula, que cancelou viagens internacionais após uma queda doméstica, a delegação brasileira terá como líder o vice-presidente Geraldo Alckmin. A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, deve equilibrar a agenda do Azerbaijão com eventos do G20. O Acordo de Paris, adotado em 2015, pretende limitar o aquecimento global a 2°C e prosseguir com os esforços para contê-lo a 1,5°C na comparação com os níveis pré-industriais. O ambiente de austeridade orçamentária nos países ricos, as guerras na Ucrânia e no Oriente Médio e o resultado das eleições americanas, contudo, ofuscam as perspectivas diplomáticas. (Com AFP)

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