Brasil quer adesão de países da Liga Árabe à Aliança Global contra a Fome, diz ministro

No comando da pasta de Desenvolvimento Social, Wellington Dias, detalhou estrutura da iniciativa, mas citou que dívidas a serem contraídas por países que precisarem de recursos para combate à desnutrição ainda está sem consenso Após conquistar a adesão de 148 integrantes à Aliança Global contra a Fome, incluindo 82 países, o Brasil mira até o ano que vem a participação de nações da Liga Árabe, como Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos e Iraque, disse o ministro do Desenvolvimento Social, Wellington Dias, durante o encontro do G20 nesta segunda-feira. Infográfico: Veja quais os temas sensíveis que devem causar saia-justa na cúpula do G20 no Rio Bastidores: Países do G7 pressionam, mas Brasil resiste em reabrir texto da declaração do G20 sobre guerra na Ucrânia A expectativa, segundo o ministro, é que a iniciativa impulsionada pela presidência brasileira ainda receba a participação de outros países nos próximos “dias ou meses”. Ele destacou a recente força-tarefa de adesão da União Africana e da União Europeia, mas frisou o interesse em outros blocos econômicos. Nesse sentido, Dias destacou a estratégia do governo de buscar dialogar com países que ainda não aderiram, especialmente os da Liga Árabe. — Queremos ter um diálogo para termos, quem sabe, uma posição em bloco daquela região do mundo. Alguns países árabes já demonstraram compromisso global contra a fome e pobreza, mas outros não. Recursos bilionários O ministro celebrou a mobilização de recursos, sinalizando que a Aliança Global já começa com peso político e financeiro. A CAF (Corporação Andina de Fomento), prometeu US$ 4 bilhões, enquanto o FIDA (Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola) anunciou US$ 9 bilhões. A ex-presidente Dilma Rousseff, à frente do Novo Banco de Desenvolvimento (NBD), dos BRICS, participou de coalizão para apresentar um pacote voltado para a Aliança, destacou Dias. — Já começamos em um patamar elevado. Os anúncios de bancos e países apontam para que temos uma grande perspectiva. Acredito que, a cada mês, vamos ter novos anúncios (de recursos) — afirmou o ministro. Falta consenso sobre dívidas Embora o Brasil tenha se comprometido em cobrir 50% do custo da iniciativa até 2030, outros países, como Finlândia, Noruega, Alemanha e Espanha, também anunciaram suas contribuições à Aliança. Sobre o financiamento, Dias citou que o Banco Mundial — na posição de maior banco de desenvolvimento do mundo — deve apresentar um plano em dezembro, que incluirá empréstimos e fundos não reembolsáveis. No entanto, ainda falta um consenso sobre as dívidas contraídas por países que precisarem de recursos para combate à fome: — Tem ainda uma decisão a ser tomada sobre as dívidas. Essa é uma discussão que vai prosseguir ainda, está com indicativo, mas ainda não há posição final. Teremos ainda uma Trilha na Espanha sobre a temática financeira que inclui esse assunto. Estrutura inclui 'Conselho dos Campeões' O funcionamento da Aliança será conduzido pelo “Conselho dos Campeões”, um colegiado que ficará responsável por uma participação ativa mais dos países e organizações, auxiliando nas tomadas de decisão e na facilitação de parcerias para execução de políticas no nível nacional. Segundo Dias, a Aliança identificará quais países têm capacidade de implementar suas políticas sem apoio externo e quais necessitam de assistência. A Nigéria, por exemplo, já solicitou suporte para programas de alimentação escolar, disse ele. O Conselho atualmente conta com 18 membros, sendo nove países e nove organizações de alto nível. O documento oficial prevê até 50 participantes, com igual divisão entre governos e instituições. Por ora, fazem parte do Conselho as nações que tiveram tempo de se ater sobre as propostas, explicou Renato Godinho, chefe da Assessoria Especial de Assuntos Internacionais do ministério. — Caberá ao Conselho, que fará esse trabalho de planejamento (das ações) até 2030. A ideia é que se tenha um acompanhamento para não termos a frustração que tivemos a partir da aprovação dos ODS (Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, da ONU) em 2015 — concluiu Dias.

Nov 18, 2024 - 23:26
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Brasil quer adesão de países da Liga Árabe à Aliança Global contra a Fome, diz ministro

No comando da pasta de Desenvolvimento Social, Wellington Dias, detalhou estrutura da iniciativa, mas citou que dívidas a serem contraídas por países que precisarem de recursos para combate à desnutrição ainda está sem consenso Após conquistar a adesão de 148 integrantes à Aliança Global contra a Fome, incluindo 82 países, o Brasil mira até o ano que vem a participação de nações da Liga Árabe, como Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos e Iraque, disse o ministro do Desenvolvimento Social, Wellington Dias, durante o encontro do G20 nesta segunda-feira. Infográfico: Veja quais os temas sensíveis que devem causar saia-justa na cúpula do G20 no Rio Bastidores: Países do G7 pressionam, mas Brasil resiste em reabrir texto da declaração do G20 sobre guerra na Ucrânia A expectativa, segundo o ministro, é que a iniciativa impulsionada pela presidência brasileira ainda receba a participação de outros países nos próximos “dias ou meses”. Ele destacou a recente força-tarefa de adesão da União Africana e da União Europeia, mas frisou o interesse em outros blocos econômicos. Nesse sentido, Dias destacou a estratégia do governo de buscar dialogar com países que ainda não aderiram, especialmente os da Liga Árabe. — Queremos ter um diálogo para termos, quem sabe, uma posição em bloco daquela região do mundo. Alguns países árabes já demonstraram compromisso global contra a fome e pobreza, mas outros não. Recursos bilionários O ministro celebrou a mobilização de recursos, sinalizando que a Aliança Global já começa com peso político e financeiro. A CAF (Corporação Andina de Fomento), prometeu US$ 4 bilhões, enquanto o FIDA (Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola) anunciou US$ 9 bilhões. A ex-presidente Dilma Rousseff, à frente do Novo Banco de Desenvolvimento (NBD), dos BRICS, participou de coalizão para apresentar um pacote voltado para a Aliança, destacou Dias. — Já começamos em um patamar elevado. Os anúncios de bancos e países apontam para que temos uma grande perspectiva. Acredito que, a cada mês, vamos ter novos anúncios (de recursos) — afirmou o ministro. Falta consenso sobre dívidas Embora o Brasil tenha se comprometido em cobrir 50% do custo da iniciativa até 2030, outros países, como Finlândia, Noruega, Alemanha e Espanha, também anunciaram suas contribuições à Aliança. Sobre o financiamento, Dias citou que o Banco Mundial — na posição de maior banco de desenvolvimento do mundo — deve apresentar um plano em dezembro, que incluirá empréstimos e fundos não reembolsáveis. No entanto, ainda falta um consenso sobre as dívidas contraídas por países que precisarem de recursos para combate à fome: — Tem ainda uma decisão a ser tomada sobre as dívidas. Essa é uma discussão que vai prosseguir ainda, está com indicativo, mas ainda não há posição final. Teremos ainda uma Trilha na Espanha sobre a temática financeira que inclui esse assunto. Estrutura inclui 'Conselho dos Campeões' O funcionamento da Aliança será conduzido pelo “Conselho dos Campeões”, um colegiado que ficará responsável por uma participação ativa mais dos países e organizações, auxiliando nas tomadas de decisão e na facilitação de parcerias para execução de políticas no nível nacional. Segundo Dias, a Aliança identificará quais países têm capacidade de implementar suas políticas sem apoio externo e quais necessitam de assistência. A Nigéria, por exemplo, já solicitou suporte para programas de alimentação escolar, disse ele. O Conselho atualmente conta com 18 membros, sendo nove países e nove organizações de alto nível. O documento oficial prevê até 50 participantes, com igual divisão entre governos e instituições. Por ora, fazem parte do Conselho as nações que tiveram tempo de se ater sobre as propostas, explicou Renato Godinho, chefe da Assessoria Especial de Assuntos Internacionais do ministério. — Caberá ao Conselho, que fará esse trabalho de planejamento (das ações) até 2030. A ideia é que se tenha um acompanhamento para não termos a frustração que tivemos a partir da aprovação dos ODS (Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, da ONU) em 2015 — concluiu Dias.

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