Bolsonaro conspirou com generais e almirante para trair a Constituição

Dizendo-se patriotas, militares se apropriaram de símbolos nacionais para articular golpe Em julho de 2022, Jair Bolsonaro convocou sua tropa para uma reunião no Planalto. Queria discutir o que fazer em caso de derrota nas urnas. “Nós vamos ter que agir. Agir contra determinadas instituições e contra determinadas pessoas”, defendeu o general Augusto Heleno. O militar tinha papel central na engrenagem do golpe. Estava escalado para comandar um “gabinete de crise”, que teria poderes para anular a eleição e prorrogar ilegalmente o mandato do chefe. Entre a vitória e a posse de Lula, o país esteve à beira de uma ruptura institucional. Bolsonaro conspirou contra a democracia para se manter no poder sem votos. “Estivemos próximos do inimaginável”, resumiu o presidente do Supremo, ministro Luís Roberto Barroso. Referia-se a fatos que vieram à tona nesta semana, ao fim de uma longa investigação da Polícia Federal. Os golpistas planejaram sequestrar e matar o presidente e o vice-presidente eleitos. Também tramaram a execução do ministro Alexandre de Moraes, visto como obstáculo ao projeto autoritário do capitão. O plano terrorista foi batizado de “Punhal Verde e Amarelo”. De acordo com a PF, seu idealizador foi o general Mario Fernandes, ex-comandante da tropa de elite do Exército. O oficial estava na reunião em que Heleno estimulou Bolsonaro a agir depressa para “virar a mesa”. Foi preso na terça-feira, acusado de integrar uma organização criminosa. Dos 37 indiciados pela PF no inquérito que apurou a tentativa de golpe, 25 são militares. A lista inclui sete generais e um almirante, além de coronéis, majores e capitães. Dizendo-se patriotas, eles se apropriaram dos símbolos e das cores nacionais para conspirar contra a Constituição. Foram derrotados, mas deixaram um legado de radicalização política na sociedade e nos quartéis. Se tivesse funcionado, o golpe de Bolsonaro teria sido ainda mais sangrento que o de 1964, que instalou a última ditadura brasileira. Há seis décadas, outra geração de militares tomou o poder à força e despachou o presidente João Goulart para o exílio. Em 2022, o plano era mandar Lula e Geraldo Alckmin para o cemitério.

Nov 22, 2024 - 03:56
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Bolsonaro conspirou com generais e almirante para trair a Constituição

Dizendo-se patriotas, militares se apropriaram de símbolos nacionais para articular golpe Em julho de 2022, Jair Bolsonaro convocou sua tropa para uma reunião no Planalto. Queria discutir o que fazer em caso de derrota nas urnas. “Nós vamos ter que agir. Agir contra determinadas instituições e contra determinadas pessoas”, defendeu o general Augusto Heleno. O militar tinha papel central na engrenagem do golpe. Estava escalado para comandar um “gabinete de crise”, que teria poderes para anular a eleição e prorrogar ilegalmente o mandato do chefe. Entre a vitória e a posse de Lula, o país esteve à beira de uma ruptura institucional. Bolsonaro conspirou contra a democracia para se manter no poder sem votos. “Estivemos próximos do inimaginável”, resumiu o presidente do Supremo, ministro Luís Roberto Barroso. Referia-se a fatos que vieram à tona nesta semana, ao fim de uma longa investigação da Polícia Federal. Os golpistas planejaram sequestrar e matar o presidente e o vice-presidente eleitos. Também tramaram a execução do ministro Alexandre de Moraes, visto como obstáculo ao projeto autoritário do capitão. O plano terrorista foi batizado de “Punhal Verde e Amarelo”. De acordo com a PF, seu idealizador foi o general Mario Fernandes, ex-comandante da tropa de elite do Exército. O oficial estava na reunião em que Heleno estimulou Bolsonaro a agir depressa para “virar a mesa”. Foi preso na terça-feira, acusado de integrar uma organização criminosa. Dos 37 indiciados pela PF no inquérito que apurou a tentativa de golpe, 25 são militares. A lista inclui sete generais e um almirante, além de coronéis, majores e capitães. Dizendo-se patriotas, eles se apropriaram dos símbolos e das cores nacionais para conspirar contra a Constituição. Foram derrotados, mas deixaram um legado de radicalização política na sociedade e nos quartéis. Se tivesse funcionado, o golpe de Bolsonaro teria sido ainda mais sangrento que o de 1964, que instalou a última ditadura brasileira. Há seis décadas, outra geração de militares tomou o poder à força e despachou o presidente João Goulart para o exílio. Em 2022, o plano era mandar Lula e Geraldo Alckmin para o cemitério.

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