Bandeira da gestão Nunes, programa de recapeamento teve hiato de novas obras encerrado na véspera da eleição

Prefeitura ficou de janeiro a setembro sem reparos em novos trechos; secretaria diz que trabalho ‘não parou nenhum dia’ e que cronograma ‘não é pautado pelo calendário eleitoral’ A gestão do prefeito Ricardo Nunes (MDB) em São Paulo passou a maior parte do ano sem dar início a novas obras de recapeamento. O hiato, porém, foi encerrado poucas semanas antes do primeiro turno da eleição. Fotos: Ricardo Nunes, prefeito de São Paulo, teria sido presenteado com harmonização facial Janaina Paschoal: Eleita em partido da base de Ricardo Nunes revela ter votado em Marçal De acordo com dados da prefeitura, o programa bilionário de troca de asfalto que foi amplamente lembrado na campanha para reeleição de Nunes estava desde janeiro sem chegar a novos endereços, mas o expediente foi retomado em 6 de setembro — exatamente um mês antes da votação. Nos 30 dias seguintes, ao menos 67 vias foram visitadas pelos caminhões da prefeitura. — A placa anunciando que seria feito o recapeamento apareceu alguns dias antes da eleição. Foi uma surpresa pra gente. Mas só vieram a fazer mesmo por esses dias — contou ao GLOBO, na segunda-feira, o funcionário de uma loja de rações para animais no Conjunto Residencial José Bonifácio, na Zona Leste. Segundo a prefeitura, 934 trechos já tiveram o asfalto completamente trocado na cidade e outros 117 estavam em obras até esta terça-feira. Das 137 intervenções iniciadas entre setembro e outubro, mais da metade (78) estão em vias da Zona Sul, reduto eleitoral de Nunes. Infográfico mostra datas de início de obras de recapeamento em São Paulo Editoria de Arte Infográfico mostra locais com novas obras de recapeamento iniciadas pela prefeitura de São Paulo Editoria de Arte O atual programa de recapeamento é o maior da história da cidade. Somente neste ano, a prefeitura desembolsou mais de R$ 1,2 bilhão com a troca de asfalto. Foram recuperados até agora 15,3 milhões de metros quadrados, e a meta é que essa área chegue a 20 milhões de metros quadrados até o fim do ano. Em nota, a Secretaria Municipal das Subprefeituras, responsável pelo programa, disse que as ações “não pararam nenhum dia” e que o planejamento para recapear vias onde as obras já haviam sido iniciadas ocupou o período até agosto. “A rotina de trabalho não é pautada pelo calendário eleitoral, e sim pelas metas definidas pela gestão”, assegurou a pasta. O Ministério Público de São Paulo (MP-SP) instaurou em junho um inquérito civil para apurar supostas irregularidades no remanejo de recursos de oito órgãos municipais para o programa de recapeamento. O processo não avançou até hoje. O redirecionamento de cerca de R$ 430 milhões que estavam inicialmente previstos para construção de terminais de ônibus e reformas na infraestrutura do centro e foram transferidos, via decreto, para a troca de asfalto também foi objeto de um processo no Tribunal de Contas do Município (TCM). A representação, protocolada pela deputada federal Tabata Amaral (PSB), que disputou a eleição à prefeitura com Nunes, foi julgada improcedente e acabou arquivada em definitivo em setembro. Reportagem publicada pelo jornal ‘Folha de S.Paulo’ mostra que a gestão Nunes intensificou a agenda de obras e entregas no ano passado. Além do recapeamento, também houve aceleração no ritmo de obras para manutenção de calçadas no ano pré-eleitoral, por exemplo. O programa de metas da prefeitura indica que, até junho de 2023, a atual gestão havia feito reparos em pouco mais de 400 mil metros quadrados de calçadas. Esse número mais que dobrou até junho deste ano: já são 822 mil metros quadrados reformados. (Colaborou a estagiária em jornalismo Fernanda Alves Davi) Initial plugin text

Nov 12, 2024 - 04:30
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Bandeira da gestão Nunes, programa de recapeamento teve hiato de novas obras encerrado na véspera da eleição

Prefeitura ficou de janeiro a setembro sem reparos em novos trechos; secretaria diz que trabalho ‘não parou nenhum dia’ e que cronograma ‘não é pautado pelo calendário eleitoral’ A gestão do prefeito Ricardo Nunes (MDB) em São Paulo passou a maior parte do ano sem dar início a novas obras de recapeamento. O hiato, porém, foi encerrado poucas semanas antes do primeiro turno da eleição. Fotos: Ricardo Nunes, prefeito de São Paulo, teria sido presenteado com harmonização facial Janaina Paschoal: Eleita em partido da base de Ricardo Nunes revela ter votado em Marçal De acordo com dados da prefeitura, o programa bilionário de troca de asfalto que foi amplamente lembrado na campanha para reeleição de Nunes estava desde janeiro sem chegar a novos endereços, mas o expediente foi retomado em 6 de setembro — exatamente um mês antes da votação. Nos 30 dias seguintes, ao menos 67 vias foram visitadas pelos caminhões da prefeitura. — A placa anunciando que seria feito o recapeamento apareceu alguns dias antes da eleição. Foi uma surpresa pra gente. Mas só vieram a fazer mesmo por esses dias — contou ao GLOBO, na segunda-feira, o funcionário de uma loja de rações para animais no Conjunto Residencial José Bonifácio, na Zona Leste. Segundo a prefeitura, 934 trechos já tiveram o asfalto completamente trocado na cidade e outros 117 estavam em obras até esta terça-feira. Das 137 intervenções iniciadas entre setembro e outubro, mais da metade (78) estão em vias da Zona Sul, reduto eleitoral de Nunes. Infográfico mostra datas de início de obras de recapeamento em São Paulo Editoria de Arte Infográfico mostra locais com novas obras de recapeamento iniciadas pela prefeitura de São Paulo Editoria de Arte O atual programa de recapeamento é o maior da história da cidade. Somente neste ano, a prefeitura desembolsou mais de R$ 1,2 bilhão com a troca de asfalto. Foram recuperados até agora 15,3 milhões de metros quadrados, e a meta é que essa área chegue a 20 milhões de metros quadrados até o fim do ano. Em nota, a Secretaria Municipal das Subprefeituras, responsável pelo programa, disse que as ações “não pararam nenhum dia” e que o planejamento para recapear vias onde as obras já haviam sido iniciadas ocupou o período até agosto. “A rotina de trabalho não é pautada pelo calendário eleitoral, e sim pelas metas definidas pela gestão”, assegurou a pasta. O Ministério Público de São Paulo (MP-SP) instaurou em junho um inquérito civil para apurar supostas irregularidades no remanejo de recursos de oito órgãos municipais para o programa de recapeamento. O processo não avançou até hoje. O redirecionamento de cerca de R$ 430 milhões que estavam inicialmente previstos para construção de terminais de ônibus e reformas na infraestrutura do centro e foram transferidos, via decreto, para a troca de asfalto também foi objeto de um processo no Tribunal de Contas do Município (TCM). A representação, protocolada pela deputada federal Tabata Amaral (PSB), que disputou a eleição à prefeitura com Nunes, foi julgada improcedente e acabou arquivada em definitivo em setembro. Reportagem publicada pelo jornal ‘Folha de S.Paulo’ mostra que a gestão Nunes intensificou a agenda de obras e entregas no ano passado. Além do recapeamento, também houve aceleração no ritmo de obras para manutenção de calçadas no ano pré-eleitoral, por exemplo. O programa de metas da prefeitura indica que, até junho de 2023, a atual gestão havia feito reparos em pouco mais de 400 mil metros quadrados de calçadas. Esse número mais que dobrou até junho deste ano: já são 822 mil metros quadrados reformados. (Colaborou a estagiária em jornalismo Fernanda Alves Davi) Initial plugin text

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