Banco Central eleva taxa Selic a 11,25% e defende ‘apresentação e execução' de medidas fiscais

Decisão foi tomada por unanimidade, na primeira reunião após aprovação de Galípolo para a presidência O Banco Central pisou no acelerador e aumentou o ritmo de alta da taxa Selic, na reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) desta quarta-feira. Os juros básicos da economia brasileira subiram 0,50 ponto percentual, de 10,75% para 11,25% ao ano, após o Copom retomar o ciclo de alta de juros com uma alta mais contida, de 0,25 ponto, em setembro. No comunicado da decisão, o Copom afirmou que a “apresentação e execução” de medidas estruturais nas contas públicas contribuirá para a redução da inflação e para a política monetária. Segundo o BC, o comitê tem acompanhado com atenção como os desenvolvimentos recentes da política fiscal impactam a política monetária e os ativos financeiros e avalia que a percepção dos agentes sobre o cenário tem afetado “de forma relevante” os preços dos ativos, como a taxa de câmbio. “O Comitê reafirma que uma política fiscal crível e comprometida com a sustentabilidade da dívida, com a apresentação e execução de medidas estruturais para o orçamento fiscal, contribuirá para a ancoragem das expectativas de inflação e para a redução dos prêmios de risco dos ativos financeiros, consequentemente impactando a política monetária”, disse o comunicado. Após vencer eleições: Trump fica R$ 6 bi mais rico em ações de mídia social 'Trump trade': Dólar sobe com força no Brasil e no exterior, bitcoin bate recorde; veja reação dos mercados Em um mundo cada vez mais incerto, o BC decidiu por uma reação mais forte por unanimidade, incluindo o atual presidente, Roberto Campos Neto, e Gabriel Galípolo, escolhido pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva para comandar a instituição a partir de janeiro de 2025 e já aprovado pelo Senado. Com a decisão desta quarta-feira, a taxa retoma o mesmo patamar do início deste ano. O movimento não surpreende, mesmo sem nenhuma sinalização concreta do Copom desde o encontro de setembro. Das 125 instituições financeiras consultadas pelo Valor Pro, 122 esperavam que a Selic chegasse a 11,25%. Apenas três previam alta menor, para 11%. Corte de gastos: Abono, seguro-desemprego, pisos de Saúde e Educação, veja o que está no radar O entendimento era de que o BC precisava ser mais duro diante de um ambiente doméstico mais inflacionário, tanto por expectativas de inflação mais altas, quanto pelo dólar nas alturas, a economia sobreaquecida e as preocupações fiscais. O vento do exterior também mudou com a vitória acachapante de Donald Trump nas eleições presidenciais dos Estados Unidos. Se em setembro, a avaliação é de que o cenário externo estava mais favorável, ainda que desafiador, o retorno do republicano à Casa Branca traz temores de políticas inflacionárias que podem impactar o recém-iniciado corte de juros pelo Federal Reserve (BC americano), com repercussões negativas para países emergentes, como o Brasil. Relatório: Consultoria da Câmara sugere medidas para governo economizar mais de R$ 1 tri em dez anos Campos Neto já vinha dizendo que as propostas de Trump e de sua rival, a atual vice-presidente, Kamala Harris, eram inflacionárias, em referência a medidas imigratórias, protecionistas e de aumento de gastos públicos. Mas ao ganhar com maioria no Congresso americano, o republicano pode dar passos ainda mais radicais. Em resposta, o dólar chegou a R$ 5,86 já na abertura dos negócios nesta quarta, embora tenha se acomodado ao longo do dia. O câmbio, porém, já está sob pressão nos últimos dias devido às dúvidas sobre as medidas que o governo Lula vai adotar para conter os gastos públicos e dar sustentabilidade ao arcabouço fiscal e à dívida pública. Mudanças: BPC deve ter cruzamento de dados mensal e reconhecimento facial para evitar fraudes A situação fiscal é outro tema que preocupa o Banco Central. Na reunião de setembro, o BC destacou que a política fiscal estava expansionista e alertou sobre a necessidade de uma política fiscal crível, previsível e transparente e da busca por estratégias que reforcem o compromisso com o arcabouço fiscal. Do último encontro do Copom para cá, o BC também viu as expectativas de inflação se distanciarem ainda mais da meta de 3,0%. Em 2024, o mercado financeiro passou a prever estouro do limite superior da meta, de 4,5%, em 4,59%. Para 2025, subiu de 3,95% para 4,03%. Já para o final de 2026, a mediana chegou a 3,61%.

Nov 6, 2024 - 19:04
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Banco Central eleva taxa Selic a 11,25% e defende ‘apresentação e execução' de medidas fiscais

Decisão foi tomada por unanimidade, na primeira reunião após aprovação de Galípolo para a presidência O Banco Central pisou no acelerador e aumentou o ritmo de alta da taxa Selic, na reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) desta quarta-feira. Os juros básicos da economia brasileira subiram 0,50 ponto percentual, de 10,75% para 11,25% ao ano, após o Copom retomar o ciclo de alta de juros com uma alta mais contida, de 0,25 ponto, em setembro. No comunicado da decisão, o Copom afirmou que a “apresentação e execução” de medidas estruturais nas contas públicas contribuirá para a redução da inflação e para a política monetária. Segundo o BC, o comitê tem acompanhado com atenção como os desenvolvimentos recentes da política fiscal impactam a política monetária e os ativos financeiros e avalia que a percepção dos agentes sobre o cenário tem afetado “de forma relevante” os preços dos ativos, como a taxa de câmbio. “O Comitê reafirma que uma política fiscal crível e comprometida com a sustentabilidade da dívida, com a apresentação e execução de medidas estruturais para o orçamento fiscal, contribuirá para a ancoragem das expectativas de inflação e para a redução dos prêmios de risco dos ativos financeiros, consequentemente impactando a política monetária”, disse o comunicado. Após vencer eleições: Trump fica R$ 6 bi mais rico em ações de mídia social 'Trump trade': Dólar sobe com força no Brasil e no exterior, bitcoin bate recorde; veja reação dos mercados Em um mundo cada vez mais incerto, o BC decidiu por uma reação mais forte por unanimidade, incluindo o atual presidente, Roberto Campos Neto, e Gabriel Galípolo, escolhido pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva para comandar a instituição a partir de janeiro de 2025 e já aprovado pelo Senado. Com a decisão desta quarta-feira, a taxa retoma o mesmo patamar do início deste ano. O movimento não surpreende, mesmo sem nenhuma sinalização concreta do Copom desde o encontro de setembro. Das 125 instituições financeiras consultadas pelo Valor Pro, 122 esperavam que a Selic chegasse a 11,25%. Apenas três previam alta menor, para 11%. Corte de gastos: Abono, seguro-desemprego, pisos de Saúde e Educação, veja o que está no radar O entendimento era de que o BC precisava ser mais duro diante de um ambiente doméstico mais inflacionário, tanto por expectativas de inflação mais altas, quanto pelo dólar nas alturas, a economia sobreaquecida e as preocupações fiscais. O vento do exterior também mudou com a vitória acachapante de Donald Trump nas eleições presidenciais dos Estados Unidos. Se em setembro, a avaliação é de que o cenário externo estava mais favorável, ainda que desafiador, o retorno do republicano à Casa Branca traz temores de políticas inflacionárias que podem impactar o recém-iniciado corte de juros pelo Federal Reserve (BC americano), com repercussões negativas para países emergentes, como o Brasil. Relatório: Consultoria da Câmara sugere medidas para governo economizar mais de R$ 1 tri em dez anos Campos Neto já vinha dizendo que as propostas de Trump e de sua rival, a atual vice-presidente, Kamala Harris, eram inflacionárias, em referência a medidas imigratórias, protecionistas e de aumento de gastos públicos. Mas ao ganhar com maioria no Congresso americano, o republicano pode dar passos ainda mais radicais. Em resposta, o dólar chegou a R$ 5,86 já na abertura dos negócios nesta quarta, embora tenha se acomodado ao longo do dia. O câmbio, porém, já está sob pressão nos últimos dias devido às dúvidas sobre as medidas que o governo Lula vai adotar para conter os gastos públicos e dar sustentabilidade ao arcabouço fiscal e à dívida pública. Mudanças: BPC deve ter cruzamento de dados mensal e reconhecimento facial para evitar fraudes A situação fiscal é outro tema que preocupa o Banco Central. Na reunião de setembro, o BC destacou que a política fiscal estava expansionista e alertou sobre a necessidade de uma política fiscal crível, previsível e transparente e da busca por estratégias que reforcem o compromisso com o arcabouço fiscal. Do último encontro do Copom para cá, o BC também viu as expectativas de inflação se distanciarem ainda mais da meta de 3,0%. Em 2024, o mercado financeiro passou a prever estouro do limite superior da meta, de 4,5%, em 4,59%. Para 2025, subiu de 3,95% para 4,03%. Já para o final de 2026, a mediana chegou a 3,61%.

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