Arsenal, mapeamento de rotas e tentativa de golpe: cronologia mostra plano para matar Moraes, Lula e Alckmin, segundo a PF
Quatro militares e um agente da própria corporação foram presos sobs suspeita de arquitetar investida após a derrota de Bolsonaro em 2022 A Polícia Federal prendeu, nesta terça-feira, quatro militares e um policial federal numa operação que apura um suposto plano para matar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o vice Geraldo Alckmin e o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), após a derrota do ex-presidente Jair Bolsonaro na eleição de 2022. A iniciativa seria capitaneada por um grupo de "kids pretos" do Exército, formado por integrantes da Força da ativa ou da reserva e especialistas em operações especiais. As medidas desta terça foram cumpridas como parte do inquérito que apura se houve uma tentativa de golpe de Estado após o resultado da última corrida presidencial. Ao todo, foram expedidos cinco mandados de prisão preventiva e três mandados de busca e apreensão. Os presos são o general da reserva Mário Fernandes e os militares Hélio Ferreira Lima, Rafael Martins de Oliveira e Rodrigo Bezerra de Azevedo, todos “kids pretos”, além do agente da PF Wladimir Matos Soares. Veja abaixo a linha do tempo da investigação sobre a suposta investida golpista. Passo a passo do plano golpista Relatório da PF descreve como foi o planejamento para ação de "kids preto" que previa o assassinato de Lula, Alckmin e Moraes 12 de novembro de 2022 Grupo "kids preto", formado por militares das Forças Especiais, reúne-se no bloco onde morava o general Walter Braga Netto, ex-ministro da Defesa de Bolsonaro, em Brasília. Mensagem encaminhada por Mauro Cid, então ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, ao major Rafael de Oliveira, chamado de "Joe", combina o encontro. 14 de novembro de 2022 Dois dias depois, Oliveira pergunta a Cid sobre novidades, ao que o então ajudante de ordens devolve com outro questionamento sobre gastos e pede uma estimativa com hotel, alimentação e material: "100 mil?", questiona ele. "Para trazer um pessoal do Rio", completa. O major então responde: "Vou te mandar". 15 de novembro de 2022 A estimativa de custos para o que seria o planejamento combinado na reunião na casa de Braga Netto é então enviada por Oliveira a Cid. Ele descreve o documento como "necessidades iniciais". Cid, porém insiste para que ele envie uma "estimativa de valor total". O major então diz que "aquele valor de 100 mil se encaixa nessa estimativa". 21 a 23 de novembro de 2022 Nesse período, de acordo com a PF, integrantes do grupo kid pretos que pretendia capturar Moraes visitou locais que estavam no planejamento da operação. Análise de dados de localização dos celulares usados por dois dos suspeitos — o major Rafael Oliveira e o tenente-coronel Helio Ferreira Lima — mostram que eles estiveram em endereços previamente selecionados para que fosse executada a prisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal. Entre os locais monitorados está a quadra onde fica o apartamento funcional do magistrado. Ainda de acordo com a PF, foi alugado um carro para realizar os deslocamentos. 6 de dezembro de 2022 A PF aponta que neste dia o major Oliveira, o Joe, se deslocou ao Palácio do Planalto no fim da tarde. Uma mensagem no grupo de ajudantes de ordens indica que Bolsonaro, que, naquele período, passava a maior tempo no Palácio da Alvorada, a residência oficial, também esteve na sede da Executivo no mesmo horário. Foi neste mesmo dia, assinala relatório da PF, que o então secretário-executivo da Secretaria-geral da Presidência, Mario Fernandes, imprimiu documento denominado "Punhal verde amarelo", que seria o planejamento operacional para a ação do grupo. Os metadados do arquivo indicam que ele foi criado dia 9/11, ou seja, três dias antes da reunião na casa de Braga Netto. 6 de dezembro de 2022 O "Punhal verde amarelo" produzido por Mario Fernandes também descrevia itens necessários para executar a operação golpista. A lista inclui pistolas, fuzis, lança-granada e lança-rojões. Segundo a PF, o arsenal previsto para a realização do plano "revela o alto poderio bélico que estava programado para ser utilizado na ação". De acordo com a corporação, as armas que seriam empregadas, pistolas e fuzis, "são comumente utilizados por policiais e militares, inclusive pela grande eficácia dos calibres elencados". Relatório da PF mostra as armas que seriam usadas no plano golpista Reprodução 8 de dezembro de 2022 O general Mário Fernandes, então número 2 da Secretaria-Geral da Presidência, conversa por meio de áudio com Cid, segundo mensagens obtidas pela PF. Fernandes diz ter falado pessoalmente com Bolsonaro e demonstrou preocupação com os movimentos golpistas que se concentravam em frente aos quartéis. Cid responde que também falaria com o presidente e que eles teriam "curto tempo para a consumação" do golpe. O general é apontado como ponto focal do grupo com os acampados em frente ao QG do Exército, em Brasília, que um mês depois invadiriam as sedes dos Três Poderes. 9 de dezembro de 2022 Bolso
Quatro militares e um agente da própria corporação foram presos sobs suspeita de arquitetar investida após a derrota de Bolsonaro em 2022 A Polícia Federal prendeu, nesta terça-feira, quatro militares e um policial federal numa operação que apura um suposto plano para matar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o vice Geraldo Alckmin e o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), após a derrota do ex-presidente Jair Bolsonaro na eleição de 2022. A iniciativa seria capitaneada por um grupo de "kids pretos" do Exército, formado por integrantes da Força da ativa ou da reserva e especialistas em operações especiais. As medidas desta terça foram cumpridas como parte do inquérito que apura se houve uma tentativa de golpe de Estado após o resultado da última corrida presidencial. Ao todo, foram expedidos cinco mandados de prisão preventiva e três mandados de busca e apreensão. Os presos são o general da reserva Mário Fernandes e os militares Hélio Ferreira Lima, Rafael Martins de Oliveira e Rodrigo Bezerra de Azevedo, todos “kids pretos”, além do agente da PF Wladimir Matos Soares. Veja abaixo a linha do tempo da investigação sobre a suposta investida golpista. Passo a passo do plano golpista Relatório da PF descreve como foi o planejamento para ação de "kids preto" que previa o assassinato de Lula, Alckmin e Moraes 12 de novembro de 2022 Grupo "kids preto", formado por militares das Forças Especiais, reúne-se no bloco onde morava o general Walter Braga Netto, ex-ministro da Defesa de Bolsonaro, em Brasília. Mensagem encaminhada por Mauro Cid, então ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, ao major Rafael de Oliveira, chamado de "Joe", combina o encontro. 14 de novembro de 2022 Dois dias depois, Oliveira pergunta a Cid sobre novidades, ao que o então ajudante de ordens devolve com outro questionamento sobre gastos e pede uma estimativa com hotel, alimentação e material: "100 mil?", questiona ele. "Para trazer um pessoal do Rio", completa. O major então responde: "Vou te mandar". 15 de novembro de 2022 A estimativa de custos para o que seria o planejamento combinado na reunião na casa de Braga Netto é então enviada por Oliveira a Cid. Ele descreve o documento como "necessidades iniciais". Cid, porém insiste para que ele envie uma "estimativa de valor total". O major então diz que "aquele valor de 100 mil se encaixa nessa estimativa". 21 a 23 de novembro de 2022 Nesse período, de acordo com a PF, integrantes do grupo kid pretos que pretendia capturar Moraes visitou locais que estavam no planejamento da operação. Análise de dados de localização dos celulares usados por dois dos suspeitos — o major Rafael Oliveira e o tenente-coronel Helio Ferreira Lima — mostram que eles estiveram em endereços previamente selecionados para que fosse executada a prisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal. Entre os locais monitorados está a quadra onde fica o apartamento funcional do magistrado. Ainda de acordo com a PF, foi alugado um carro para realizar os deslocamentos. 6 de dezembro de 2022 A PF aponta que neste dia o major Oliveira, o Joe, se deslocou ao Palácio do Planalto no fim da tarde. Uma mensagem no grupo de ajudantes de ordens indica que Bolsonaro, que, naquele período, passava a maior tempo no Palácio da Alvorada, a residência oficial, também esteve na sede da Executivo no mesmo horário. Foi neste mesmo dia, assinala relatório da PF, que o então secretário-executivo da Secretaria-geral da Presidência, Mario Fernandes, imprimiu documento denominado "Punhal verde amarelo", que seria o planejamento operacional para a ação do grupo. Os metadados do arquivo indicam que ele foi criado dia 9/11, ou seja, três dias antes da reunião na casa de Braga Netto. 6 de dezembro de 2022 O "Punhal verde amarelo" produzido por Mario Fernandes também descrevia itens necessários para executar a operação golpista. A lista inclui pistolas, fuzis, lança-granada e lança-rojões. Segundo a PF, o arsenal previsto para a realização do plano "revela o alto poderio bélico que estava programado para ser utilizado na ação". De acordo com a corporação, as armas que seriam empregadas, pistolas e fuzis, "são comumente utilizados por policiais e militares, inclusive pela grande eficácia dos calibres elencados". Relatório da PF mostra as armas que seriam usadas no plano golpista Reprodução 8 de dezembro de 2022 O general Mário Fernandes, então número 2 da Secretaria-Geral da Presidência, conversa por meio de áudio com Cid, segundo mensagens obtidas pela PF. Fernandes diz ter falado pessoalmente com Bolsonaro e demonstrou preocupação com os movimentos golpistas que se concentravam em frente aos quartéis. Cid responde que também falaria com o presidente e que eles teriam "curto tempo para a consumação" do golpe. O general é apontado como ponto focal do grupo com os acampados em frente ao QG do Exército, em Brasília, que um mês depois invadiriam as sedes dos Três Poderes. 9 de dezembro de 2022 Bolsonaro se reúne com o então comandante do Comando de Operações Terrestres (Coter), general Estevam Caos Teophilo, para discutir a minuta de um decreto golpista, segundo a PF. O documento, ainda de acordo com as investigações, determinaria a decretação de Estado de Defesa no âmbito do Tribunal Superior Eleitoral Tribunal Superior Eleitoral (TSE),além da prisão do ministro Alexandre de Moraes. 10 de dezembro de 2022 A PF afirma ter identificado novas trocas de mensagens entre Mauro Cid e Marcelo Câmara que indicam a existência de um monitoramento em curso. Em uma delas, o assessor descreve qual a rota seria utilizada por Moraes para participar da diplomação de Lula, no dia 12 de dezembro. Essas mensagens haviam sido apagadas do celular de Cid, mas foram recuperadas depois. 12 de dezembro de 2022 No dia da diplomação de Lula, novas troca de mensagens de Cid e Câmara. Às 12h58, Cid escreve “Nada”. Em seguida, às 13h06, Câmara responde: “Ainda não”. Ele completa dois minutos depois: “O cara está assustado”. A PF destaca em seu relatório que o plano previa, além do assassinato de Moraes, a morte de Lula e seu vice, Geraldo Alckmin. 13 de dezembro de 2022 O agente da PF Wladimir Matos Soares envia mensagens ao assessor especial da Presidência Sérgio Cordeiro, capitão do Exército, a respeito de como era a segurança de Lula no hotel em que ele estava hospedado em Brasília antes de tomar posse. Em uma das mensagens, ele alerta para um homem que se hospedou no mesmo hotel e questiona Cordeiro se era do GSI. Segundo as investigações, Wladimir fornecia informações que pudesse de alguma forma subsidiar o plano de assassinar Lula. 15 de dezembro de 2022 Mauro Cid, ajudante de ordens de Bolsonaro, envia mensagem às 16h12 para Marcelo Câmara, então assessor da Presidência, questionando se ele tinha "Algo?". A resposta só vem no dia seguinte, 16 de dezembro, com a informação que o ministro Alexandre de Moraes viajou a São Paulo e que retornaria na manhã de segunda-feira (21/11) a Brasília, mas voltando para a capital paulista no mesmo dia. "Por enquanto só retorna a Brasília pra posse do ladrão. Qualquer mudança que saiba lhe informo”, escreve o assessor. 15 de dezembro de 2022 Mensagens no aplicativo Signal indicam que integrantes do grupo kid pretos se deslocaram para posições específicas da capital, como um restaurante próximo ao Parque da Cidade e na quadra onde fica o apartamento funcional de Moraes. Os diálogos no grupo batizado de "Copa 2022" começam às 20h33. Após algumas mensagens em que informam estar "na posição", às 20h59 daquele dia, um dos usuários do grupo no Signal envia uma ordem para "abortar" e "voltar para local de desembarque". Eles usavam nomes de países para se identificar. 16 de dezembro de 2022 Documento apreeendido pela PF aponta essa data como o dia em que seria instaurado o "Gabinete Institucional de Gestão de Crise", que teria a missão de comandar o país após a execução do plano no dia 15. A estrutura, de acordo com o previsto no arquivo, seria comandado pelo general Augusto Heleno, então ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI). 17 de dezembro de 2022 Registros de entrada do Palácio da Alvorada mostram que Mario Fernandes foi um dos visitantes da residência oficial da presidência, onde Bolsonaro ficou recluso após perder as eleições para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. No mesmo dia, Filipe Martins, que, segundo a delação de Cid, foi um dos mentores da minuta golpista, também esteve no local no mesmo dia. 21 de dezembro de 2022 Cid envia nova mensagem a Marcelo Câmara questionando “Por onde anda a Professora?”. O codinome "professora" era usado pelo grupo para se referir a Moraes, segundo a PF. Câmara responde: “Informação que foi para uma escola em SP”. O ex-ajudante de ordens então pergunta: "E tem previsão de volta". Ao que o assessor diz: "Somente para o início do ano letivo". 24 de dezembro de 2022 Cid pergunta mais uma vez para Marcelo Câmara sobre o paradeiro de Moraes. O assessor responde que o magistrado está em São Paulo, mas que retornaria no dia 31 para a posse do presidente eleito. 04 de janeiro de 2023 Oliveira envia para alguns contatos do seu WhatsApp vídeo com entrevista de Moraes ao GLOBO na qual o ministro relata que a PF identificou um plano para matá-lo. 08 de janeiro de 2023 As sedes dos Três Poderes são invadidas por golpistas que tentam tomar o poder. A PF apura se os kids preto tiveram relação com a investida antidemocrática. Evaristo Sá/AFP
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