Aliança com Alckmin, mudança de tom e acenos ao eleitor de Marçal: veja como foi a entrevista de Boulos ao GLOBO, Valor e CBN
Ricardo Nunes não compareceu ao primeiro debate promovido no segundo turno da eleição de São Paulo Diante da ausência do prefeito Ricardo Nunes (MDB) no primeiro debate do segundo turno da disputa pela prefeitura de São Paulo, o deputado federal Guilherme Boulos (PSOL) concedeu entrevista ao GLOBO, Valor e CBN nesta quinta-feira (10). Além de criticar o adversário, chamado de "gasparzinho", o candidato justificou a aproximação com Geraldo Alckmin (PSB), com quem já rivalizou no passado, ensaiou uma mudança de tom na campanha e fez acenos ao eleitorado de Pablo Marçal (PRTB). Alckmin, que deve subir no palanque de Boulos no segundo turno, era governador de São Paulo durante a desocupação na comunidade do Pinheirinho, em São José dos Campos, em 2012, que acabou na detenção em flagrante do ex-líder do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST). O ex-tucano agora é vice-presidente da República e faz parte do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), aliado de Boulos. — O que mudou não foram as personalidades das pessoas, nem a minha e nem a dele. O que mudou foi o Brasil. Nesse meio tempo surgiu um campo político de extrema-direita marcado pelo ódio, pela violência, e que fez com que setores que pensam diferente se unam para poder enfrentar esse campo. Isso esteve em jogo na eleição passada e está em jogo novamente nessa eleição — declarou o candidato. 2º turno: Marçal nega apoio a Nunes e 'libera' eleitores para votarem em Boulos no segundo turno em São Paulo Onde as pesquisas deram resultados mais diferentes? Veja os números por capitais Boulos iniciou o encontro reclamando da ausência de Nunes. — Queria lamentar que o atual prefeito, candidato Ricardo Nunes, tenha fugido do debate. Isso é ruim para a democracia. A gente já teve nessa eleição muito problema com cadeira, mas até agora não tinha tido cadeira vazia. Nós estamos tendo pela primeira vez pelo debate uma cadeira vazia. Embora isso tenha sido um desrespeito e lamentável com os eleitores de São Paulo, não me surpreendeu, porque o mesmo candidato que agora foge de responder a sociedade, foge de debater ideias, foi o prefeito que durante três anos e meio fugiu das suas responsabilidades — disse Boulos. Boulos tentou na sequência inverter a pergunta a respeito das mudanças de posição e disse que Nunes passou a ser “contra a vacina” para contemplar o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), de quem é aliado nestas eleições municipais. O emedebista acenou ao eleitorado bolsonarista ao dizer que considerava um erro o chamado “passaporte sanitário” ou seja, a obrigatoriedade de se apresentar comprovantes de vacinação contra a Covid-19 para acessar determinados espaços públicos e privados. — Ser contra a obrigatoriedade da vacina é ser contra a vacinação — argumentou o candidato. Moderação e 'estridência' Boulos negou que, entre o primeiro e o segundo turno, tenha alterado entre momentos de moderação e “estridência”, em uma estratégia para atrair o eleitor do ex-coach Pablo Marçal (PRTB). — Onde talvez algumas pessoas vejam estridência, radicalismo, eu vejo firmeza, e isso também é o que as pessoas vão escolher no segundo turno, se querem um prefeito fraco, um prefeito que atua como marionete, um pau mandado de outros interesses — disse Boulos, que nesta segunda etapa tem aumentado a tônica dos ataques contra o atual prefeito. Histórico no movimento sem-teto O candidato, que atuou vinte anos como líder do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), tergiversou ao comentar se apoia ou não ocupação de terrenos. — Essa pergunta não é para um prefeito. A pergunta é o seguinte: em um governo meu e da Marta, eu asseguro para você, será o o governo com o menor número de ocupações na história na cidade de São Paulo, porque ocupação de movimento social ocorre quando não tem política de moradia, e nós vamos fazer o maior programa de moradia e regularização fundiária da história dessa cidade — afirmou. Boulos afirmou que tem “o maior orgulho” de ter liderado o MTST, pelo qual acabou preso três vezes em ações de despejo e protesto em frente à Fiesp, na Avenida Paulista. O candidato declarou que é alvo de uma campanha de difamação por meio de uma “caricatura mentirosa” do movimento. — O que o movimento social faz é identificar imóveis que estão em situação ilegal, que estavam lá abandonados, pichados, terrenos baldios que viram desova de carro roubado e cadáver. O que o movimento fazia era pegar esses imóveis, que estavam abandonados há 20 e 30 anos, devendo mais imposto que o valor do próprio imóvel, e transformar em moradia social. Câmara sem maioria Durante a entrevista, Boulos comentou sobre o atual momento da Câmara dos Vereadores, onde, se eleito, ele não terá maioria. Segundo ele, sua atuação seria de diálogo. — Como prefeito vou chamar os vereadores para dialogar e construir esse compromisso com pautas — afirmou. Sobre como conquistar o voto de Pablo Marçal (PRTB), o candidato disse que vai tentar mostrar para esse grupo que ele representa uma “mu
Ricardo Nunes não compareceu ao primeiro debate promovido no segundo turno da eleição de São Paulo Diante da ausência do prefeito Ricardo Nunes (MDB) no primeiro debate do segundo turno da disputa pela prefeitura de São Paulo, o deputado federal Guilherme Boulos (PSOL) concedeu entrevista ao GLOBO, Valor e CBN nesta quinta-feira (10). Além de criticar o adversário, chamado de "gasparzinho", o candidato justificou a aproximação com Geraldo Alckmin (PSB), com quem já rivalizou no passado, ensaiou uma mudança de tom na campanha e fez acenos ao eleitorado de Pablo Marçal (PRTB). Alckmin, que deve subir no palanque de Boulos no segundo turno, era governador de São Paulo durante a desocupação na comunidade do Pinheirinho, em São José dos Campos, em 2012, que acabou na detenção em flagrante do ex-líder do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST). O ex-tucano agora é vice-presidente da República e faz parte do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), aliado de Boulos. — O que mudou não foram as personalidades das pessoas, nem a minha e nem a dele. O que mudou foi o Brasil. Nesse meio tempo surgiu um campo político de extrema-direita marcado pelo ódio, pela violência, e que fez com que setores que pensam diferente se unam para poder enfrentar esse campo. Isso esteve em jogo na eleição passada e está em jogo novamente nessa eleição — declarou o candidato. 2º turno: Marçal nega apoio a Nunes e 'libera' eleitores para votarem em Boulos no segundo turno em São Paulo Onde as pesquisas deram resultados mais diferentes? Veja os números por capitais Boulos iniciou o encontro reclamando da ausência de Nunes. — Queria lamentar que o atual prefeito, candidato Ricardo Nunes, tenha fugido do debate. Isso é ruim para a democracia. A gente já teve nessa eleição muito problema com cadeira, mas até agora não tinha tido cadeira vazia. Nós estamos tendo pela primeira vez pelo debate uma cadeira vazia. Embora isso tenha sido um desrespeito e lamentável com os eleitores de São Paulo, não me surpreendeu, porque o mesmo candidato que agora foge de responder a sociedade, foge de debater ideias, foi o prefeito que durante três anos e meio fugiu das suas responsabilidades — disse Boulos. Boulos tentou na sequência inverter a pergunta a respeito das mudanças de posição e disse que Nunes passou a ser “contra a vacina” para contemplar o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), de quem é aliado nestas eleições municipais. O emedebista acenou ao eleitorado bolsonarista ao dizer que considerava um erro o chamado “passaporte sanitário” ou seja, a obrigatoriedade de se apresentar comprovantes de vacinação contra a Covid-19 para acessar determinados espaços públicos e privados. — Ser contra a obrigatoriedade da vacina é ser contra a vacinação — argumentou o candidato. Moderação e 'estridência' Boulos negou que, entre o primeiro e o segundo turno, tenha alterado entre momentos de moderação e “estridência”, em uma estratégia para atrair o eleitor do ex-coach Pablo Marçal (PRTB). — Onde talvez algumas pessoas vejam estridência, radicalismo, eu vejo firmeza, e isso também é o que as pessoas vão escolher no segundo turno, se querem um prefeito fraco, um prefeito que atua como marionete, um pau mandado de outros interesses — disse Boulos, que nesta segunda etapa tem aumentado a tônica dos ataques contra o atual prefeito. Histórico no movimento sem-teto O candidato, que atuou vinte anos como líder do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), tergiversou ao comentar se apoia ou não ocupação de terrenos. — Essa pergunta não é para um prefeito. A pergunta é o seguinte: em um governo meu e da Marta, eu asseguro para você, será o o governo com o menor número de ocupações na história na cidade de São Paulo, porque ocupação de movimento social ocorre quando não tem política de moradia, e nós vamos fazer o maior programa de moradia e regularização fundiária da história dessa cidade — afirmou. Boulos afirmou que tem “o maior orgulho” de ter liderado o MTST, pelo qual acabou preso três vezes em ações de despejo e protesto em frente à Fiesp, na Avenida Paulista. O candidato declarou que é alvo de uma campanha de difamação por meio de uma “caricatura mentirosa” do movimento. — O que o movimento social faz é identificar imóveis que estão em situação ilegal, que estavam lá abandonados, pichados, terrenos baldios que viram desova de carro roubado e cadáver. O que o movimento fazia era pegar esses imóveis, que estavam abandonados há 20 e 30 anos, devendo mais imposto que o valor do próprio imóvel, e transformar em moradia social. Câmara sem maioria Durante a entrevista, Boulos comentou sobre o atual momento da Câmara dos Vereadores, onde, se eleito, ele não terá maioria. Segundo ele, sua atuação seria de diálogo. — Como prefeito vou chamar os vereadores para dialogar e construir esse compromisso com pautas — afirmou. Sobre como conquistar o voto de Pablo Marçal (PRTB), o candidato disse que vai tentar mostrar para esse grupo que ele representa uma “mudança real” enquanto uma reeleição de Nunes seria a manutenção do “mesmo grupo político”. — Nós temos o caminho que quer manter tudo do jeito que está, a turma do Doria, a turma do centrão, e do outro lado o caminho de construir uma mudança real — disse. Gastos de campanha O candidato justificou uma pergunta sobre o fundo eleitoral e o fato de ter o maior gasto entre todos os candidatos à prefeitura de São Paulo fazendo, sem provas, uma acusação indireta ao adversário. — Olhe para a rua de São Paulo. Pergunte a qualquer um qual é a campanha mais cara. A diferença é que eu não uso caixa dois. Essa é a grande diferença — declarou o deputado. Indagado sobre com que base fazia essa acusação, Boulos respondeu que era uma questão de “quem tem mais estrutura e material de campanha”. — Denúncia pública, com documentos comprovados, eu não tenho. Mas olha a cidade. Não são ilações. Basta olhar o dinheiro que cada campanha tem e o visual que cada campanha tem. É uma coisa meio lógica. Boulos já recebeu R$ 64 milhões do fundo eleitoral para bancar a sua candidatura, sendo R$ 35 milhões do PSOL e R$ 29 milhões do PT. O partido do presidente Lula deve encaminhar mais R$ 15 milhões para reforçar o caixa no segundo turno. O atual prefeito, por sua vez, que tem a máquina pública na mão, recebeu R$ 44 milhões da sua coligação de 12 partidos. Ambos foram duramente criticados por Marçal a respeito da despesa antes do primeiro turno. O candidato do PRTB teve 28% dos votos válidos no primeiro turno, o que torna o seu eleitorado crucial para as pretensões de quem quer vencer a disputa. Aborto legal O candidato também comentou sobre o serviço de aborto legal na capital. Hoje, no Brasil, a interrupção da gravidez é permitida quando há risco de vida para a mulher e quando a gestação resulta de um estupro, de acordo com o Código Penal, além dos casos em que há anencefalia do feto, por entendimento do Supremo Tribunal Federal (STF). — Já disse mais de uma vez que vou cumprir a lei. E vou respeitar as mulheres na cidade de São Paulo, inclusive fazendo o combate a violência contra a mulher. Aumentou em 40% os feminicídios na cidade, e eu vou fazer valer a patrulha guardiã Maria da Penha para acompanhar mulheres com medidas protetivas, para prevenir e combater violência contra mulher. Hoje ela só atua no centro, não está descentralizada na cidade — afirmou. Plano diretor Boulos acusou Nunes de atuar pelo interesse de “meia dúzia de construtoras” e fazer uma “pressão brutal” entre os vereadores na aprovação do novo Plano Diretor. Ele deu como exemplo um cenário em que um prédio de 20 andares é construído no centro expandido, substituindo quatro casas. — Onde tinham quatro agora são 40 carros. A rua é a mesma, as condições são as mesmas. Isso é insustentável. O que o Ricardo Nunes fez para atender a especulação imobiliária no plano diretor é um crime contra a cidade. Em seguida, declarou que não é contra o setor da construção civil, porque gera empregos e paga impostos, mas defendeu a revisão das regras atuais. — Não pode ser vale-tudo. A maioria da Câmara foi a favor por uma pressão brutal do Nunes por todos os meios. Dessa vez o prefeito (referindo-se a ele próprio) vai atuar para garantir o interesse da cidade, e não o de meia dúzia de construtores. Empreendedorismo feminino Para atrair o eleitorado feminino, o candidato também afirmou que, em reunião com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, vai apresentar um projeto para mulheres empreendedoras. — A gente está propondo o "Acredita Mulher", que é um crédito para a mulher que desenvolve seu negócio, faz o seu salão de beleza, manicure, a boleira, salgadeira, e que hoje não tem nenhuma assistência da prefeitura — disse. Duas perguntas para Nunes Diante da ausência do prefeito no no que era para ter sido um debate, Boulos teve direito a fazer duas perguntas ao adversário. Na primeira, Boulos lembrou reportagem do UOL mostrando que o chefe de gabinete da Secretaria Municipal de Infraestrutura Urbana e Obras (Siurb), Eduardo Olivatto, funcionário de carreira da prefeitura, é ex-cunhado de Marcos Willians Herba Camacho, o Marcola, chefe do PCC. Sua irmã, Ana Maria Olivatto, foi casada com o traficante até ser assassinada, em 2002. Na segunda, tentou colar Nunes a Jair Bolsonaro, abordando a sua atuação na pandemia e os discursos antivacina e negacionista climático do ex-presidente. Boulos questionou a cadeira vazia a respeito de quem os paulistanos “teriam que engolir” como secretários indicados por Bolsonaro numa eventual segunda gestão do prefeito. Aceno a Uber e taxistas Em dois momentos distintos da entrevista, Boulos anunciou que pretende ir a Brasília conversar com o presidente Lula (PT) para reforçar propostas para trabalhadores autônomos. Até o momento, a principal plataforma era a construção de “casas do trabalhador de aplicativo” para oferecer estrutura de banheiro, pontos de carregamento de celular e descanso, que consta no plano de governo apresentado à Justiça Eleitoral. Para o segundo turno, o psolista acena a esse público prometendo autorizar publicidade no vidros dos carros e facilitar a transferência dos alvarás para taxistas, além de liberar motoristas de aplicativo do rodízio de trânsito. A ideia é implantar uma placa nos carros a serem identificadas por funcionários da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) e câmeras de vigilância. Reforçou ainda que concorda com o programa das faixas azuis para motos, nas suas palavras, “um dos poucos bons projetos” do atual prefeito. Regras em caso de ausência Participam da entrevista, que tem duração prevista de uma hora, as colunistas Vera Magalhães, do GLOBO, e Maria Cristina Fernandes, do Valor, e também o âncora da CBN Milton Jung. O primeiro convite para o debate foi enviado aos representantes dos candidatos no dia 21 de agosto de 2024. Na semana passada, no dia 2, Nunes e Boulos foram novamente convidados, por meio de e-mail enviado aos representantes dos respectivos partidos, com confirmação de recebimento. Na segunda-feira, logo após o primeiro turno, foi realizada a reunião para apresentação das regras do encontro, mas apenas a campanha de Boulos compareceu. O candidato do PSOL confirmou presença no evento. No caso de não comparecimento de um dos candidatos, estava prevista a realização de uma entrevista de uma hora com o candidato presente ao debate. A regra havia sido divulgada ainda no mês de setembro quando O GLOBO, o Valor e a CBN anunciaram publicamente a realização do debate de segundo turno.
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