AIEA adota resolução crítica ao Irã por por sigilo de programa nuclear
Ação pode levar a sanções contra Teerã, que proibiu o monitoramento internacional de seus esforços acelerados de enriquecimento de urânio A agência de vigilância nuclear das Nações Unidas censurou o Irã nesta quinta-feira por não cooperar totalmente com o monitoramento e a inspeção da agência, como o país é obrigado a fazer pelo Tratado de Não Proliferação Nuclear. A censura da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) pode levar a penalidades contra Teerã, incluindo novas sanções econômicas. Entrevista ao GLOBO: Tensões geopolíticas atuais reavivam apelo de armas nucleares, alerta diretor-geral da AIEA Contexto: Irã está expandindo suas capacidades nucleares, diz agência de energia atômica da ONU O Conselho de Governadores da agência votou 19 a 3, com 12 abstenções, pela censura, apesar do lobby do Irã e seu ministro das Relações Exteriores, Abbas Araghchi. Ele falou com autoridades de países no conselho, incluindo Brasil, África do Sul, Bangladesh, Argélia, Burkina Faso e Paquistão, instando-os a se oporem à resolução, que foi apresentada pelo Reino Unido, França, Alemanha e Estados Unidos. Os três votos contra foram da Rússia, China e Burkina Faso. Aragchi prometeu que o Irã retaliaria se a resolução fosse aprovada, provavelmente optando por acelerar seu enriquecimento de urânio para níveis próximos ao grau de uma bomba atômica, em vez de impor um limite a esse enriquecimento. Seu vice, Kazem Gharibabadi, havia dito antes da votação que "já dissemos claramente que se a resolução for aprovada, daremos uma resposta firme e imediata a ela". As três nações europeias e os Estados Unidos se moveram para censurar o Irã sobre seu programa nuclear secreto e sua recusa consistente em responder perguntas da AIEA ou permitir supervisão. As potências ocidentais esperavam reforçar a credibilidade da agência global responsável por garantir o uso seguro da energia nuclear e prevenir a proliferação de armas nucleares antes do retorno de Donald Trump à Casa Branca. A resolução ocorreu após a circulação de um relatório na agência no início desta semana detalhando a expansão do estoque de urânio enriquecido do Irã, próximo ao grau de armas nucleares, e seus esforços consistentes para impedir que a AIEA monitore seu progresso. Os países que pressionaram pela censura estão preocupados que a contínua resistência do Irã represente uma ameaça significativa ao Tratado de Não Proliferação Nuclear e comprometa a credibilidade da própria AIEA. 'Totalmente infundado': Departamento de Justiça dos EUA acusa Irã de tentar matar Trump antes das eleições, e Teerã rebate Analistas disseram que os países europeus também estão tentando sinalizar que querem ser duros com o Irã, temendo que o presidente eleito americano possa ficar tentado a fechar um acordo separado com o Irã, o que poderia minar o papel da agência. Menos de 1% do urânio encontrado na natureza é a forma radioativa, conhecida como U-235. O enriquecimento de urânio aumenta essa fração para 3 a 5% para usinas nucleares e até 20% para alguns tipos de pesquisa. Uma bomba atômica requer enriquecimento para 85% ou mais. O Irã enriqueceu parte de seu estoque para 60%, o que, segundo especialistas, não tem uso civil conhecido e poderia ser atualizado rapidamente para fazer armas nucleares. O Irã tentou evitar a condenação da AIEA ao propor limitar sua produção de urânio enriquecido a 60% no futuro próximo e expressar a disposição de aceitar quatro novos inspetores da agência para substituir aqueles que o Irã proibiu em setembro de 2023. Mas estes foram vistos como gestos mais simbólicos visando evitar censura e sinalizar um desejo de negociar com uma nova administração americana em troca do afrouxamento de sanções econômicas. Se censurado, no entanto, o Irã alertou que seria improvável que cumprisse qualquer proposta de limitar o enriquecimento.
Ação pode levar a sanções contra Teerã, que proibiu o monitoramento internacional de seus esforços acelerados de enriquecimento de urânio A agência de vigilância nuclear das Nações Unidas censurou o Irã nesta quinta-feira por não cooperar totalmente com o monitoramento e a inspeção da agência, como o país é obrigado a fazer pelo Tratado de Não Proliferação Nuclear. A censura da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) pode levar a penalidades contra Teerã, incluindo novas sanções econômicas. Entrevista ao GLOBO: Tensões geopolíticas atuais reavivam apelo de armas nucleares, alerta diretor-geral da AIEA Contexto: Irã está expandindo suas capacidades nucleares, diz agência de energia atômica da ONU O Conselho de Governadores da agência votou 19 a 3, com 12 abstenções, pela censura, apesar do lobby do Irã e seu ministro das Relações Exteriores, Abbas Araghchi. Ele falou com autoridades de países no conselho, incluindo Brasil, África do Sul, Bangladesh, Argélia, Burkina Faso e Paquistão, instando-os a se oporem à resolução, que foi apresentada pelo Reino Unido, França, Alemanha e Estados Unidos. Os três votos contra foram da Rússia, China e Burkina Faso. Aragchi prometeu que o Irã retaliaria se a resolução fosse aprovada, provavelmente optando por acelerar seu enriquecimento de urânio para níveis próximos ao grau de uma bomba atômica, em vez de impor um limite a esse enriquecimento. Seu vice, Kazem Gharibabadi, havia dito antes da votação que "já dissemos claramente que se a resolução for aprovada, daremos uma resposta firme e imediata a ela". As três nações europeias e os Estados Unidos se moveram para censurar o Irã sobre seu programa nuclear secreto e sua recusa consistente em responder perguntas da AIEA ou permitir supervisão. As potências ocidentais esperavam reforçar a credibilidade da agência global responsável por garantir o uso seguro da energia nuclear e prevenir a proliferação de armas nucleares antes do retorno de Donald Trump à Casa Branca. A resolução ocorreu após a circulação de um relatório na agência no início desta semana detalhando a expansão do estoque de urânio enriquecido do Irã, próximo ao grau de armas nucleares, e seus esforços consistentes para impedir que a AIEA monitore seu progresso. Os países que pressionaram pela censura estão preocupados que a contínua resistência do Irã represente uma ameaça significativa ao Tratado de Não Proliferação Nuclear e comprometa a credibilidade da própria AIEA. 'Totalmente infundado': Departamento de Justiça dos EUA acusa Irã de tentar matar Trump antes das eleições, e Teerã rebate Analistas disseram que os países europeus também estão tentando sinalizar que querem ser duros com o Irã, temendo que o presidente eleito americano possa ficar tentado a fechar um acordo separado com o Irã, o que poderia minar o papel da agência. Menos de 1% do urânio encontrado na natureza é a forma radioativa, conhecida como U-235. O enriquecimento de urânio aumenta essa fração para 3 a 5% para usinas nucleares e até 20% para alguns tipos de pesquisa. Uma bomba atômica requer enriquecimento para 85% ou mais. O Irã enriqueceu parte de seu estoque para 60%, o que, segundo especialistas, não tem uso civil conhecido e poderia ser atualizado rapidamente para fazer armas nucleares. O Irã tentou evitar a condenação da AIEA ao propor limitar sua produção de urânio enriquecido a 60% no futuro próximo e expressar a disposição de aceitar quatro novos inspetores da agência para substituir aqueles que o Irã proibiu em setembro de 2023. Mas estes foram vistos como gestos mais simbólicos visando evitar censura e sinalizar um desejo de negociar com uma nova administração americana em troca do afrouxamento de sanções econômicas. Se censurado, no entanto, o Irã alertou que seria improvável que cumprisse qualquer proposta de limitar o enriquecimento.
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