Adeus a Saturnino Braga: homenagens marcam despedida a ex-prefeito do Rio 'defensor da democracia'
Primeiro prefeito eleito do Rio após a redemocratização, ele morreu nesta quinta-feira, aos 93 anos O velório do ex-prefeito do Rio Roberto Saturnino Braga foi realizado nesta sexta-feira no Palácio da Cidade, em Botafogo. O político, que morreu aos 93 anos, estava internado no Hospital Pró-Cardíaco e enfrentava uma doença pulmonar obstrutiva crônica. Na cerimônia de despedida, parentes, políticos e amigos prestaram homenagens ao ex-prefeito e senador. Estiveram presentes os políticos petistas Gilberto Palmares e Luiz Alfredo Salomão, o deputado estadual Luiz Paulo (PSD), além dos deputados federais Chico Alencar (Psol); Pedro Paulo (PSD) e Jandira Feghali (PCdoB). Despedida: Morre o ex-prefeito do Rio Roberto Saturnino Braga O homem público: Políticos lamentam a morte de Saturnino Braga, ex-prefeito do Rio Os filhos Bruno Saturnino Braga, Antônio Frederico Saturnino e Maria Adélia Saturnino Braga estavam abraçados próximos ao caixão. No salão nobre do Palácio, um cortejo especial foi feito para receber os convidados com a presença da Guarda de Honra da prefeitura. Coroas de flores dos partidos PSD e PT foram espalhadas pela escada do Palácio. O prefeito Eduardo Paes, ao chegar, cumprimentou familiares e se reuniu com os filhos de Saturnino. — Quero deixar registrado meu agradecimento ao Saturnino como brasileiro. Foi um homem que honrou a vida pública, honrou a política. Ele enfrentou todas as dificuldades possíveis e imagináveis. Deixou o legado de sua luta pela educação, da sua visão de cidade, mais justa, mais humana, de diminuição da desigualdade, olhando para a população mais pobre — disse o prefeito do Rio. Nos corredores do palacete, convidados cantavam e relembravam o jingle que, segundo amigos próximos, "exemplificava o político que Saturnino foi": "É carioca da gema, conhece o Rio de cor, de Santa Cruz e Ipanema, Saturnino é melhor", dizia um trecho da canção. Bruno Saturnino Braga se emocionou ao lembrar de momentos vivenciados pelo pai enquanto esteve à frente do município: — Acompanhei a trajetória política de meu pai desde muito jovem, me lembro da candidatura dele a deputado federal. Depois me lembro do episódio da revolução, aqueles anos perigosos de terror. Vivi tudo isso. Participei ativamente. Fomos para Brasília, trabalhei com ele lá, quer dizer, eu vivi esse ambiente do bastidor, não diria nem do bastidor, mas da linha de frente mesmo. Estava sempre ao lado dele. Quando ele foi prefeito, o gabinete era aqui neste palácio. Ele despachava aqui, e eu trabalhava aqui também, porque eu era chefe do gabinete. Então esse palácio é um território muito familiar, que me traz muitas memórias — afirmou Bruno. Míriam Leitão: Saturnino Braga deixa legado de seriedade e amor à política Saturnino Braga em entrevista ao GLOBO em 2019 Leo Martins Ele lembrou um dos episódios mais difíceis da carreira política do pai: — Houve aquele episódio da falência, o papai saiu humilhado, execrado, enxotado. Foi muito difícil, muito duro para mim. Não era só a demolição do prefeito e do seu projeto político, mas era a demolição do meu pai. Hoje, 35 anos depois, aqui estamos, para essa homenagem, justa, merecida, estou muito contente. Na vida pessoal, segundo os filhos, Roberto Saturnino aproveitou os últimos momentos com os cinco netos e dois bisnetos. Uma coroa de flores, colocada próximo ao caixão, exibia os dizeres: "Para Roberto, nosso querido pai e avô". — Ele estava feliz. Ele conheceu o bisneto que tem apenas 1 ano. Ele pôde ver a família crescer e o legado que ele deixou — disse Bruno. Galerias Relacionadas Emocionado, o escritor e jornalista Luiz Carlos Prestes Filho ressaltou a importância de Saturnino para a democracia brasileira. — Estamos aqui prestando homenagem a um democrata. É muito importante a gente reconhecer no Saturnino um líder político que entendia que a democracia está acima das ideologias, está acima dos regimes, dos governos. Antes de mais nada, a democracia tem um valor universal. Saturnino foi um combativo senador, um homem a quem devemos o retorno da democracia no Brasil e, como prefeito, aquele que colaborou muito para que a democracia fosse robusta e depois, já aposentado nos últimos anos, um ícone. Inquieto, interlocutor, com todas as forças democráticas brasileiras para que a democracia perdurasse. De 1889 até 1989, nunca tivemos um ciclo democrático de 30 anos e devemos a homens como Saturnino a manutenção da democracia hoje no Brasil — afirmou Luiz Carlos, que também relembrou a amizade do político com o pai: — Meu pai era amigo do Saturnino. Defendeu a candidatura dele para prefeito, e eu tive a honra de conhecer o Saturnino exatamente aqui nesse palácio. Quem me trouxe foi o artista Antônio Pedro Borges de Oliveira, na época secretário de Cultura do município. Metrô: Acordo da Estação Gávea pode destravar projetos empacados, como ligação entre Estácio e Praça Quinze
Primeiro prefeito eleito do Rio após a redemocratização, ele morreu nesta quinta-feira, aos 93 anos O velório do ex-prefeito do Rio Roberto Saturnino Braga foi realizado nesta sexta-feira no Palácio da Cidade, em Botafogo. O político, que morreu aos 93 anos, estava internado no Hospital Pró-Cardíaco e enfrentava uma doença pulmonar obstrutiva crônica. Na cerimônia de despedida, parentes, políticos e amigos prestaram homenagens ao ex-prefeito e senador. Estiveram presentes os políticos petistas Gilberto Palmares e Luiz Alfredo Salomão, o deputado estadual Luiz Paulo (PSD), além dos deputados federais Chico Alencar (Psol); Pedro Paulo (PSD) e Jandira Feghali (PCdoB). Despedida: Morre o ex-prefeito do Rio Roberto Saturnino Braga O homem público: Políticos lamentam a morte de Saturnino Braga, ex-prefeito do Rio Os filhos Bruno Saturnino Braga, Antônio Frederico Saturnino e Maria Adélia Saturnino Braga estavam abraçados próximos ao caixão. No salão nobre do Palácio, um cortejo especial foi feito para receber os convidados com a presença da Guarda de Honra da prefeitura. Coroas de flores dos partidos PSD e PT foram espalhadas pela escada do Palácio. O prefeito Eduardo Paes, ao chegar, cumprimentou familiares e se reuniu com os filhos de Saturnino. — Quero deixar registrado meu agradecimento ao Saturnino como brasileiro. Foi um homem que honrou a vida pública, honrou a política. Ele enfrentou todas as dificuldades possíveis e imagináveis. Deixou o legado de sua luta pela educação, da sua visão de cidade, mais justa, mais humana, de diminuição da desigualdade, olhando para a população mais pobre — disse o prefeito do Rio. Nos corredores do palacete, convidados cantavam e relembravam o jingle que, segundo amigos próximos, "exemplificava o político que Saturnino foi": "É carioca da gema, conhece o Rio de cor, de Santa Cruz e Ipanema, Saturnino é melhor", dizia um trecho da canção. Bruno Saturnino Braga se emocionou ao lembrar de momentos vivenciados pelo pai enquanto esteve à frente do município: — Acompanhei a trajetória política de meu pai desde muito jovem, me lembro da candidatura dele a deputado federal. Depois me lembro do episódio da revolução, aqueles anos perigosos de terror. Vivi tudo isso. Participei ativamente. Fomos para Brasília, trabalhei com ele lá, quer dizer, eu vivi esse ambiente do bastidor, não diria nem do bastidor, mas da linha de frente mesmo. Estava sempre ao lado dele. Quando ele foi prefeito, o gabinete era aqui neste palácio. Ele despachava aqui, e eu trabalhava aqui também, porque eu era chefe do gabinete. Então esse palácio é um território muito familiar, que me traz muitas memórias — afirmou Bruno. Míriam Leitão: Saturnino Braga deixa legado de seriedade e amor à política Saturnino Braga em entrevista ao GLOBO em 2019 Leo Martins Ele lembrou um dos episódios mais difíceis da carreira política do pai: — Houve aquele episódio da falência, o papai saiu humilhado, execrado, enxotado. Foi muito difícil, muito duro para mim. Não era só a demolição do prefeito e do seu projeto político, mas era a demolição do meu pai. Hoje, 35 anos depois, aqui estamos, para essa homenagem, justa, merecida, estou muito contente. Na vida pessoal, segundo os filhos, Roberto Saturnino aproveitou os últimos momentos com os cinco netos e dois bisnetos. Uma coroa de flores, colocada próximo ao caixão, exibia os dizeres: "Para Roberto, nosso querido pai e avô". — Ele estava feliz. Ele conheceu o bisneto que tem apenas 1 ano. Ele pôde ver a família crescer e o legado que ele deixou — disse Bruno. Galerias Relacionadas Emocionado, o escritor e jornalista Luiz Carlos Prestes Filho ressaltou a importância de Saturnino para a democracia brasileira. — Estamos aqui prestando homenagem a um democrata. É muito importante a gente reconhecer no Saturnino um líder político que entendia que a democracia está acima das ideologias, está acima dos regimes, dos governos. Antes de mais nada, a democracia tem um valor universal. Saturnino foi um combativo senador, um homem a quem devemos o retorno da democracia no Brasil e, como prefeito, aquele que colaborou muito para que a democracia fosse robusta e depois, já aposentado nos últimos anos, um ícone. Inquieto, interlocutor, com todas as forças democráticas brasileiras para que a democracia perdurasse. De 1889 até 1989, nunca tivemos um ciclo democrático de 30 anos e devemos a homens como Saturnino a manutenção da democracia hoje no Brasil — afirmou Luiz Carlos, que também relembrou a amizade do político com o pai: — Meu pai era amigo do Saturnino. Defendeu a candidatura dele para prefeito, e eu tive a honra de conhecer o Saturnino exatamente aqui nesse palácio. Quem me trouxe foi o artista Antônio Pedro Borges de Oliveira, na época secretário de Cultura do município. Metrô: Acordo da Estação Gávea pode destravar projetos empacados, como ligação entre Estácio e Praça Quinze
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