Atos golpistas, teoria QAnon e prisão de hacker: PF investiga se extremistas estavam por trás de homem-bomba
Agentes da PF apuram se Francisco Wanderley Luiz recebeu algum apoio financeiro em Brasília A Polícia Federal (PF) trabalha com a hipótese de que Francisco Wanderley Luiz, o homem-bomba que acionou artefatos e se explodiu na frente do Supremo Tribunal Federal (STF), fazia parte de grupos de extrema direita na região Sul. Há relatos colhidos pela PF de que ele chegou a participar de atos golpistas em Rio do Sul (SC), onde ele morava e mantinha os seus negócios de promotor de festas, discotecagem e chaveiro. A PF agora quer descobrir se ele participou dos protestos de 8 de janeiro e dos acampamentos na frente dos quarteis. Vídeo: Imagens da Câmara mostram homem-bomba entrando na Casa 11 horas antes da explosão 'Brasil acima de tudo, Deus acima de todos': PF encontra boné com dizeres em trailer de homem-bomba O diretor-geral da PF, Andrei Rodrigues, afirmou que há provas de "idas e vindas" de Wanderley entre a cidade catarinense e a capital federal em 2023 e 2024. Rodrigues também disse que as explosões em frente ao Supremo foram um "ato individual", mas viu indícios de atuação de "grupos extremistas ativos" por trás do episódio. — Particularmente eu tenho algumas ressalvas dessa expressão do ‘lobo solitário’. Ainda que a ação visível seja individual, por trás dessa ação nunca há só uma pessoa, é sempre um grupo ou ideias de um grupo, ou extremismos e radicalismos que levam ao cometimento desses delitos — disse Rodrigues, que completou: — A ação, de fato, foi individual, mas a investigação dirá se há conexões, redes, o que está por trás e impulsionou essa ação. Os investigadores da PF estão apurando se ele recebeu algum apoio financeiro em Brasília (ele ganhou R$ 4.650 de auxílio emergencial durante a pandemia, mas declarou possuir um prédio de dois andares e quatro veículos em 2020) ou se foi incentivado por algum grupo. Nas redes sociais, ele publicava prints de mensagens de WhatsApp enviadas por ele mesmo, falando que o Brasil já era "um país socialista e comunista" e que iria "entregar a sua vida" para que "as crianças cresçam com liberdade". Em uma postagem, ele citou a suposta Operação Storm — uma teoria da conspiração que fala de uma fictícia força-tarefa comandada por Donald Trump para eliminar uma rede internacional de pedofilia revelada pelo grupo de extrema direita QAnon. "Donald Trump, se você ama e respeita as crianças, acelera a operação Storm. Manda o FBI pra ilha de Marajó", escreveu ele Conhecido como Tiu França, o homem teria comparecido ao bloqueio de um trecho da rodovia BR-470 ocorrido após o fim do segundo turno de 2022, segundo pessoas próximas a ele. — Ele não participou, só foi lá e apoiou o movimento. Ele tinha uma bandeira do Brasil enorme que ele usava para passeatas pró-Bolsonaro em 2018. Quando estivemos na manifestação na [BR] 470, contra o resultado das eleições, ele emprestou essa bandeira para a gente, foi hasteada em dois guindastes. Era um patriota, gente boa, nunca esteve metido em nada de falcatrua — relatou o empresário Gilberto Finardi, que integra um grupo de direita de Rio do Sul (SC). O ato contra a vitória eleitoral do presidente Lula ocorreu em frente a uma Loja Havan, e terminou com cenas de agressão a policiais rodoviários federais que tentavam desinterditar a via. — Quando o Bolsonaro não agiu nas eleições e fugiu para o exterior, ele ficou desiludido com o Bolsonaro. Ele não queria saber nem de Lula nem de Bolsonaro. Ele queria saber de Justiça. Ele achava que o Alexandre de Moraes estava sendo injusto. Ele tinha uma raiva incontida contra o Moraes — acrescentou Finardi. Wanderley Luiz também estava presente em uma manifestação realizada contra o presidente do STF, Luis Roberto Barroso, em Porto Belo, no litoral de Santa Catarina, em novembro de 2022. Barroso precisou sair do local escoltado por seguranças. — Quando eu estive num estado da federação, e cercaram a casa onde eu estava com muita agressividade, esse cidadão era um dos participantes desse movimento — disse o ministro do Supremo. O celular e a nuvem de Wanderley são considerados provas essenciais para identificar a troca de comunicação com possíveis terceiros e rastrear os deslocamentos dele de Santa Catarina ao Distrito Federal. O aparelho já está sendo periciado pela PF após ser encontrado dentro de um trailer que ele havia alugado em Brasília. No veículo, também havia um boné com o slogan da campanha de Bolsonaro "Brasil acima de tudo, Deus acima de todos". Numa ofensiva paralela contra grupos extremistas, a Polícia Civil do Rio Grande do Sul prendeu um hacker em Jundiaí (SP) que atuava em grupos extremistas na dark web — um espaço oculto da internet que abriga fóruns e conteúdos acessados por navegadores não convencionais. Especializado em Tecnologia da Informação (TI), ele seria o autor de uma ameaça de "explodir o STF com todos dentro" enviada por e-mail à Corte no fim de 2022. A Polícia Civil e a Polícia Federal estão verificando os aparelhos eletrônicos do hacker para saber
Agentes da PF apuram se Francisco Wanderley Luiz recebeu algum apoio financeiro em Brasília A Polícia Federal (PF) trabalha com a hipótese de que Francisco Wanderley Luiz, o homem-bomba que acionou artefatos e se explodiu na frente do Supremo Tribunal Federal (STF), fazia parte de grupos de extrema direita na região Sul. Há relatos colhidos pela PF de que ele chegou a participar de atos golpistas em Rio do Sul (SC), onde ele morava e mantinha os seus negócios de promotor de festas, discotecagem e chaveiro. A PF agora quer descobrir se ele participou dos protestos de 8 de janeiro e dos acampamentos na frente dos quarteis. Vídeo: Imagens da Câmara mostram homem-bomba entrando na Casa 11 horas antes da explosão 'Brasil acima de tudo, Deus acima de todos': PF encontra boné com dizeres em trailer de homem-bomba O diretor-geral da PF, Andrei Rodrigues, afirmou que há provas de "idas e vindas" de Wanderley entre a cidade catarinense e a capital federal em 2023 e 2024. Rodrigues também disse que as explosões em frente ao Supremo foram um "ato individual", mas viu indícios de atuação de "grupos extremistas ativos" por trás do episódio. — Particularmente eu tenho algumas ressalvas dessa expressão do ‘lobo solitário’. Ainda que a ação visível seja individual, por trás dessa ação nunca há só uma pessoa, é sempre um grupo ou ideias de um grupo, ou extremismos e radicalismos que levam ao cometimento desses delitos — disse Rodrigues, que completou: — A ação, de fato, foi individual, mas a investigação dirá se há conexões, redes, o que está por trás e impulsionou essa ação. Os investigadores da PF estão apurando se ele recebeu algum apoio financeiro em Brasília (ele ganhou R$ 4.650 de auxílio emergencial durante a pandemia, mas declarou possuir um prédio de dois andares e quatro veículos em 2020) ou se foi incentivado por algum grupo. Nas redes sociais, ele publicava prints de mensagens de WhatsApp enviadas por ele mesmo, falando que o Brasil já era "um país socialista e comunista" e que iria "entregar a sua vida" para que "as crianças cresçam com liberdade". Em uma postagem, ele citou a suposta Operação Storm — uma teoria da conspiração que fala de uma fictícia força-tarefa comandada por Donald Trump para eliminar uma rede internacional de pedofilia revelada pelo grupo de extrema direita QAnon. "Donald Trump, se você ama e respeita as crianças, acelera a operação Storm. Manda o FBI pra ilha de Marajó", escreveu ele Conhecido como Tiu França, o homem teria comparecido ao bloqueio de um trecho da rodovia BR-470 ocorrido após o fim do segundo turno de 2022, segundo pessoas próximas a ele. — Ele não participou, só foi lá e apoiou o movimento. Ele tinha uma bandeira do Brasil enorme que ele usava para passeatas pró-Bolsonaro em 2018. Quando estivemos na manifestação na [BR] 470, contra o resultado das eleições, ele emprestou essa bandeira para a gente, foi hasteada em dois guindastes. Era um patriota, gente boa, nunca esteve metido em nada de falcatrua — relatou o empresário Gilberto Finardi, que integra um grupo de direita de Rio do Sul (SC). O ato contra a vitória eleitoral do presidente Lula ocorreu em frente a uma Loja Havan, e terminou com cenas de agressão a policiais rodoviários federais que tentavam desinterditar a via. — Quando o Bolsonaro não agiu nas eleições e fugiu para o exterior, ele ficou desiludido com o Bolsonaro. Ele não queria saber nem de Lula nem de Bolsonaro. Ele queria saber de Justiça. Ele achava que o Alexandre de Moraes estava sendo injusto. Ele tinha uma raiva incontida contra o Moraes — acrescentou Finardi. Wanderley Luiz também estava presente em uma manifestação realizada contra o presidente do STF, Luis Roberto Barroso, em Porto Belo, no litoral de Santa Catarina, em novembro de 2022. Barroso precisou sair do local escoltado por seguranças. — Quando eu estive num estado da federação, e cercaram a casa onde eu estava com muita agressividade, esse cidadão era um dos participantes desse movimento — disse o ministro do Supremo. O celular e a nuvem de Wanderley são considerados provas essenciais para identificar a troca de comunicação com possíveis terceiros e rastrear os deslocamentos dele de Santa Catarina ao Distrito Federal. O aparelho já está sendo periciado pela PF após ser encontrado dentro de um trailer que ele havia alugado em Brasília. No veículo, também havia um boné com o slogan da campanha de Bolsonaro "Brasil acima de tudo, Deus acima de todos". Numa ofensiva paralela contra grupos extremistas, a Polícia Civil do Rio Grande do Sul prendeu um hacker em Jundiaí (SP) que atuava em grupos extremistas na dark web — um espaço oculto da internet que abriga fóruns e conteúdos acessados por navegadores não convencionais. Especializado em Tecnologia da Informação (TI), ele seria o autor de uma ameaça de "explodir o STF com todos dentro" enviada por e-mail à Corte no fim de 2022. A Polícia Civil e a Polícia Federal estão verificando os aparelhos eletrônicos do hacker para saber se há alguma conexão dele com o Wanderley Luiz. — Apreendemos muitos equipamentos eletrônicos que serão minuciosamente analisados. Daí veremos se há de fato alguma relação — disse a delegada da polícia gaúcha Vanessa Pitrez.
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