Zema, Caiado e Ratinho Júnior: governadores em segundo mandato pavimentam sucessão

Dos 18 reeleitos, seis tentam cacifar seus aliados; três miram projeto presidencial Ainda faltam dois anos para as eleições gerais no Brasil, mas a despeito do prazo alguns governadores de segundo mandato já se movimentam para cacifar seus aliados para a sucessão. Entre os 18 gestores reeleitos em 2022, seis acenam ao eleitorado com os seus indicados — três deles ainda têm projetos mais ambiciosos: a Presidência da República. Aliados de Lula, Boulos e João Campos trocam farpas por eleições: 'Não está autorizado a me dar aulas' Ex-presidente: Bolsonaro elogia ex-ministro de Lula e Dilma e diz que 'sonha' em tê-lo em eventual primeiro escalão Diante da inelegibilidade do ex-presidente Jair Bolsonaro, Romeu Zema (Novo), de Minas; Ronaldo Caiado (União), de Goiás; e Ratinho Júnior (PSD), do Paraná, posicionam-se como alternativa à direita na corrida pelo Palácio do Planalto. Talvez por isso, as escolhas para a sucessão no âmbito estadual estão avançadas. Os outros com planos já traçados para deixar um aliado no governo são Ibaneis Rocha (MDB), do Distrito Federal; Gladson Cameli (PP), do Acre; e Mauro Mendes (União), de Mato Grosso. Em Minas, Zema lançou seu vice, Mateus Simões (Novo). Além de declarações públicas, o governador tem dado cada vez mais espaço em sua gestão ao aliado, que é o responsável pela articulação política com a Assembleia Legislativa. Nos bastidores, interlocutores costumam dizer que Simões é o governador de fato, devido ao protagonismo em decisões importantes. Preferência por vices Simões disse se orgulhar de ter o apoio do governador, mas fez ponderações: apenas sairá candidato se seu nome for um consenso à direita. O senador Cleitinho (Republicanos) também vem sendo apontado como opção, e o vice encara o lançamento de ambos como um erro: — A centro-direita está suficientemente madura para perceber que uma divisão só beneficiaria a esquerda. Com sua pré-candidatura ao Planalto mais do que posta, Caiado pretende fazer de seu vice, Daniel Vilela, seu sucessor. A chapa já teria até a primeira-dama, Gracinha Caiado, como candidata ao Senado. Vilela não esconde que está pronto para a missão: — Tenho uma relação de absoluta confiança (com Caiado). Ele reconhece nosso trabalho e temos atuado na mais absoluta sinergia. Sei que posso contar com ele e com nosso grupo em 2026. No Paraná, Ratinho Júnior tem estratégia diferente. O preferido para ocupar o seu lugar é o prefeito de Curitiba, Rafael Greca (PSD), que termina seu terceiro mandato em 31 de dezembro com 65% de aprovação, segundo Quaest divulgada em setembro. Os dois intensificaram suas agendas juntos e Greca se coloca à disposição: — Quem não gostaria de servir o seu estado? No Distrito Federal, Ibaneis defende o nome da vice Celina Leão (PP). Ela assumiu a gestão por 64 dias logo após o 8 de Janeiro, quando ele foi afastado temporariamente. A experiência é tida por articuladores como suficiente para cacifá-la. A opção dentro da própria máquina estadual ocorre também no Acre, com Cameli, que defende o nome de sua correligionária, Mailza Assis; e em Mato Grosso, onde Mauro Mendes já anunciou que renunciará em março de 2026, dando a Otaviano Pivetta (Republicanos) meses de mandato antes da eleição. — A estratégia consiste em testar esses nomes e, como já são vices, não há preocupação com desgaste de imagem — avalia a cientista política Luciana Santana, da Universidade Federal de Alagoas. Se por um lado há governadores decididos, por outro, há os que evitam se antecipar. No Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB) sofre turbulências no mandato após as chuvas que acometeram o estado. Associado a uma baixa aprovação, ele assiste aliados de olho em seu cargo. No PSDB, despontam a prefeita de Pelotas, Paula Mascarenhas, e o prefeito de Santa Maria, Jorge Pozzobom. Do MDB, o vice Gabriel Souza seria o candidato natural, mas entre ele e o prefeito de Porto Alegre, Sebastião Melo, seu correligionário, o segundo teria a preferência da legenda. Em Alagoas, o governador Paulo Dantas (MDB) não tem interesse em tornar o seu vice, Ronaldo Lessa (PDT), sucessor, para não atrapalhar os planos do seu grupo. O senador emedebista Renan Calheiros tem pressionado para que o escolhido seja o ministro de Transportes, Renan Filho. Há a avaliação de que ele teria mais chances de atrair o apoio do presidente Lula. A preocupação com a sucessão em Alagoas tem um ingrediente a mais: a boa avaliação do prefeito de Maceió, João Henrique Caldas, o JHC (PL). Ele é aliado do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP), rival dos Calheiros. No Rio, a sucessão de Cláudio Castro (PL) está em aberto, e Thiago Pampolha (União), seu vice, é carta fora do baralho. Eles estão rompidos desde o início do ano, quando Pampolha trocou de partido sem consultar o governador. As diferenças se acentuaram na eleição, quando o vice fez campanha pela reeleição de Eduardo Paes (PSD), enquanto o PL tinha Alexandre Ramagem como candidato.

Nov 11, 2024 - 04:16
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Zema, Caiado e Ratinho Júnior: governadores em segundo mandato pavimentam sucessão

Dos 18 reeleitos, seis tentam cacifar seus aliados; três miram projeto presidencial Ainda faltam dois anos para as eleições gerais no Brasil, mas a despeito do prazo alguns governadores de segundo mandato já se movimentam para cacifar seus aliados para a sucessão. Entre os 18 gestores reeleitos em 2022, seis acenam ao eleitorado com os seus indicados — três deles ainda têm projetos mais ambiciosos: a Presidência da República. Aliados de Lula, Boulos e João Campos trocam farpas por eleições: 'Não está autorizado a me dar aulas' Ex-presidente: Bolsonaro elogia ex-ministro de Lula e Dilma e diz que 'sonha' em tê-lo em eventual primeiro escalão Diante da inelegibilidade do ex-presidente Jair Bolsonaro, Romeu Zema (Novo), de Minas; Ronaldo Caiado (União), de Goiás; e Ratinho Júnior (PSD), do Paraná, posicionam-se como alternativa à direita na corrida pelo Palácio do Planalto. Talvez por isso, as escolhas para a sucessão no âmbito estadual estão avançadas. Os outros com planos já traçados para deixar um aliado no governo são Ibaneis Rocha (MDB), do Distrito Federal; Gladson Cameli (PP), do Acre; e Mauro Mendes (União), de Mato Grosso. Em Minas, Zema lançou seu vice, Mateus Simões (Novo). Além de declarações públicas, o governador tem dado cada vez mais espaço em sua gestão ao aliado, que é o responsável pela articulação política com a Assembleia Legislativa. Nos bastidores, interlocutores costumam dizer que Simões é o governador de fato, devido ao protagonismo em decisões importantes. Preferência por vices Simões disse se orgulhar de ter o apoio do governador, mas fez ponderações: apenas sairá candidato se seu nome for um consenso à direita. O senador Cleitinho (Republicanos) também vem sendo apontado como opção, e o vice encara o lançamento de ambos como um erro: — A centro-direita está suficientemente madura para perceber que uma divisão só beneficiaria a esquerda. Com sua pré-candidatura ao Planalto mais do que posta, Caiado pretende fazer de seu vice, Daniel Vilela, seu sucessor. A chapa já teria até a primeira-dama, Gracinha Caiado, como candidata ao Senado. Vilela não esconde que está pronto para a missão: — Tenho uma relação de absoluta confiança (com Caiado). Ele reconhece nosso trabalho e temos atuado na mais absoluta sinergia. Sei que posso contar com ele e com nosso grupo em 2026. No Paraná, Ratinho Júnior tem estratégia diferente. O preferido para ocupar o seu lugar é o prefeito de Curitiba, Rafael Greca (PSD), que termina seu terceiro mandato em 31 de dezembro com 65% de aprovação, segundo Quaest divulgada em setembro. Os dois intensificaram suas agendas juntos e Greca se coloca à disposição: — Quem não gostaria de servir o seu estado? No Distrito Federal, Ibaneis defende o nome da vice Celina Leão (PP). Ela assumiu a gestão por 64 dias logo após o 8 de Janeiro, quando ele foi afastado temporariamente. A experiência é tida por articuladores como suficiente para cacifá-la. A opção dentro da própria máquina estadual ocorre também no Acre, com Cameli, que defende o nome de sua correligionária, Mailza Assis; e em Mato Grosso, onde Mauro Mendes já anunciou que renunciará em março de 2026, dando a Otaviano Pivetta (Republicanos) meses de mandato antes da eleição. — A estratégia consiste em testar esses nomes e, como já são vices, não há preocupação com desgaste de imagem — avalia a cientista política Luciana Santana, da Universidade Federal de Alagoas. Se por um lado há governadores decididos, por outro, há os que evitam se antecipar. No Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB) sofre turbulências no mandato após as chuvas que acometeram o estado. Associado a uma baixa aprovação, ele assiste aliados de olho em seu cargo. No PSDB, despontam a prefeita de Pelotas, Paula Mascarenhas, e o prefeito de Santa Maria, Jorge Pozzobom. Do MDB, o vice Gabriel Souza seria o candidato natural, mas entre ele e o prefeito de Porto Alegre, Sebastião Melo, seu correligionário, o segundo teria a preferência da legenda. Em Alagoas, o governador Paulo Dantas (MDB) não tem interesse em tornar o seu vice, Ronaldo Lessa (PDT), sucessor, para não atrapalhar os planos do seu grupo. O senador emedebista Renan Calheiros tem pressionado para que o escolhido seja o ministro de Transportes, Renan Filho. Há a avaliação de que ele teria mais chances de atrair o apoio do presidente Lula. A preocupação com a sucessão em Alagoas tem um ingrediente a mais: a boa avaliação do prefeito de Maceió, João Henrique Caldas, o JHC (PL). Ele é aliado do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP), rival dos Calheiros. No Rio, a sucessão de Cláudio Castro (PL) está em aberto, e Thiago Pampolha (União), seu vice, é carta fora do baralho. Eles estão rompidos desde o início do ano, quando Pampolha trocou de partido sem consultar o governador. As diferenças se acentuaram na eleição, quando o vice fez campanha pela reeleição de Eduardo Paes (PSD), enquanto o PL tinha Alexandre Ramagem como candidato.

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