Vivi para contar: Ele tem a filha dele, e eu não tenho mais a minha Ágatha, diz mãe de menina morta por PM

A criança, de 8 anos, foi baleada em incursão no Complexo do Alemão em setembro de 2019; o júri aconteceu na última sexta-feira, réu foi absolvido do crime O júri do assassinato de Ágatha Félix, ocorrido em 2019, foi na última sexta-feira e teve como sentença a absolvição do policial militar Rodrigo José de Matos Soares. A decisão foi do tribunal do júri, composto por cinco homens e duas mulheres, após quase 13h de julgamento. Por 4 votos a 3, os jurados entenderam que o PM disparou o tiro que atingiu a criança, mas sem intenção de matá-la e o absolveram. Para Vanessa Sales Félix, mãe da menina, o policial Rodrigo José é o culpado. Ela vai recorrer da decisão junto ao Ministério Público do Rio. Para ela, "o júri foi um cenário de mentiras". Saiba mais: 'se minha família estivesse no carro teria sido pior. Nasci de novo', diz motorista de aplicativo baleado por engano em Inhaúma Confira também: presos fingem precisar de atendimento médico, imobilizam policial penal e tentam fugir no Complexo de Gericinó Ágatha Félix, menina de 8 anos que morreu em 21 de setembro de 2019, após ser atingida por um tiro de fuzil Reprodução Veja na íntegra o depoimento de Vanessa ao GLOBO: "Não foi realmente o resultado que nós esperávamos, aqueles que choraram e ainda choram esses cinco anos da perda da Ágata. A gente não esperava a absolvição que os jurados deram ao policial que atirou. Foram quatro votos a três, eu fiquei muito indignada, triste e revoltada. Me senti desrespeitada ali dentro. Nós vamos recorrer. Vou ter uma reunião com o Ministério Público, vamos recorrer dessa decisão. O júri foi um cenário de mentiras. Eles enfatizando que teve confronto naquele dia, coisa que não houve. Eu não arriscaria a vida da minha filha, não arriscaria entrar dentro da comunidade em meio a um confronto. E eles insistiram com isso. A defesa do réu levou uma foto da família dele. Aquilo dali também me estraçalhou porque ele tem a filha dele, que hoje está com 8 anos, ela está viva. Na minha filha, ele atirou e ela está morta. Eu poderia colocar uma foto da minha filha no telão com um tiro, mas não fiz isso para vitimizar ninguém. Ele colocou a foto da filha, com a família dele dizendo que ele é um bom pai mexendo com toda a estrutura da minha família. A minha dor e a minha saudade não foram e não estão sendo somente nesses cinco anos sem a Ágatha. Parece que estão sendo séculos. Essa saudade que não termina, parece que não acaba. Tenho todos os dias que acordar e acreditar que ela está em um bom lugar, mas a saudade não passa. A saudade vai sempre existir, ainda mais em datas especiais. Quando eu me vi naquele cenário de mentiras, aquele policial falando que não atirou e sendo absolvido, meu coração se entristeceu muito. Eu estou muito triste ainda, mas sei de quem é a última palavra. Os homens são falhos, né? Mas Deus é justo e espero que daqui para frente eu recorrendo isso se reverta. Porque ele é culpado sim." Vanessa Sales Félix, mãe de Ágatha, na chegada ao julgamento do PM acusado de matar a menina Gabriel de Paiva / Agência O Globo *Em depoimento a Thayssa Rios.

Nov 12, 2024 - 09:13
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Vivi para contar: Ele tem a filha dele,  e eu não tenho mais a minha Ágatha, diz mãe de menina morta por PM

A criança, de 8 anos, foi baleada em incursão no Complexo do Alemão em setembro de 2019; o júri aconteceu na última sexta-feira, réu foi absolvido do crime O júri do assassinato de Ágatha Félix, ocorrido em 2019, foi na última sexta-feira e teve como sentença a absolvição do policial militar Rodrigo José de Matos Soares. A decisão foi do tribunal do júri, composto por cinco homens e duas mulheres, após quase 13h de julgamento. Por 4 votos a 3, os jurados entenderam que o PM disparou o tiro que atingiu a criança, mas sem intenção de matá-la e o absolveram. Para Vanessa Sales Félix, mãe da menina, o policial Rodrigo José é o culpado. Ela vai recorrer da decisão junto ao Ministério Público do Rio. Para ela, "o júri foi um cenário de mentiras". Saiba mais: 'se minha família estivesse no carro teria sido pior. Nasci de novo', diz motorista de aplicativo baleado por engano em Inhaúma Confira também: presos fingem precisar de atendimento médico, imobilizam policial penal e tentam fugir no Complexo de Gericinó Ágatha Félix, menina de 8 anos que morreu em 21 de setembro de 2019, após ser atingida por um tiro de fuzil Reprodução Veja na íntegra o depoimento de Vanessa ao GLOBO: "Não foi realmente o resultado que nós esperávamos, aqueles que choraram e ainda choram esses cinco anos da perda da Ágata. A gente não esperava a absolvição que os jurados deram ao policial que atirou. Foram quatro votos a três, eu fiquei muito indignada, triste e revoltada. Me senti desrespeitada ali dentro. Nós vamos recorrer. Vou ter uma reunião com o Ministério Público, vamos recorrer dessa decisão. O júri foi um cenário de mentiras. Eles enfatizando que teve confronto naquele dia, coisa que não houve. Eu não arriscaria a vida da minha filha, não arriscaria entrar dentro da comunidade em meio a um confronto. E eles insistiram com isso. A defesa do réu levou uma foto da família dele. Aquilo dali também me estraçalhou porque ele tem a filha dele, que hoje está com 8 anos, ela está viva. Na minha filha, ele atirou e ela está morta. Eu poderia colocar uma foto da minha filha no telão com um tiro, mas não fiz isso para vitimizar ninguém. Ele colocou a foto da filha, com a família dele dizendo que ele é um bom pai mexendo com toda a estrutura da minha família. A minha dor e a minha saudade não foram e não estão sendo somente nesses cinco anos sem a Ágatha. Parece que estão sendo séculos. Essa saudade que não termina, parece que não acaba. Tenho todos os dias que acordar e acreditar que ela está em um bom lugar, mas a saudade não passa. A saudade vai sempre existir, ainda mais em datas especiais. Quando eu me vi naquele cenário de mentiras, aquele policial falando que não atirou e sendo absolvido, meu coração se entristeceu muito. Eu estou muito triste ainda, mas sei de quem é a última palavra. Os homens são falhos, né? Mas Deus é justo e espero que daqui para frente eu recorrendo isso se reverta. Porque ele é culpado sim." Vanessa Sales Félix, mãe de Ágatha, na chegada ao julgamento do PM acusado de matar a menina Gabriel de Paiva / Agência O Globo *Em depoimento a Thayssa Rios.

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