Trump eleito: Especialistas apontam republicano 'imprevisível' na política externa em novo mandato
Republicano promete dobrar a aposta em ideias do primeiro mandato De volta ao poder nos Estados Unidos, o ex-presidente e candidato republicano Donald Trump já se mostrou afeito a surpresas sobre como a maior potência econômica e militar do planeta se apresenta diante do mundo. Apesar de similaridades com Joe Biden em temas como Israel e, de certa maneira, a China, a nova gestão do bilionário deve ser marcada pela imprevisibilidade, apontam especialistas ouvidos pelo GLOBO. Presidente eleito: Donald Trump vence Kamala Harris e voltará a Presidência dos EUA após quatro anos de campanha Análise: É a economia, estúpido, que encaminha Trump à Casa Branca e remodela o cenário eleitoral dos EUA Ao longo da campanha, Trump pôs em xeque o envio de mais dinheiro à Ucrânia e chegou a dizer que o conflito estará resolvido antes mesmo de tomar posse, em falas que causaram arrepios em Kiev. Ideias ventiladas por aliados, como o bilionário Elon Musk, sugerem uma cópia dos fracassados Acordos de Minsk, o que significaria o congelamento do conflito, com a suspensão dos combates, a criação de áreas autônomas nas linhas de contato e o início de negociações. Initial plugin text Sobre a Otan, Trump quer repassar as responsabilidades, especialmente financeiras, aos europeus. Quando estava na Casa Branca, disse que os EUA não são mais “a polícia do mundo” e foi bem-sucedido na cobrança: hoje, 23 dos 31 membros da aliança atingiram o patamar de 2% do PIB em gastos de defesa. Quando foi eleito, em 2016, eram cinco. No segundo mandato, o republicano também promete reforçar o arsenal econômico contra Pequim, elevando para até 60% as tarifas sobre produtos chineses. Para o ex-presidente, a ideia é “eliminar completamente a dependência da China em todas as áreas críticas”. Eleições EUA 2024: De Macron a Zelensky e Netanyahu, chefes de Estado parabenizam Trump pela vitória Apuração: Quantos votos Trump teve nas eleições dos EUA? — Trump tem a ideia da China como uma adversária perfeita: é um país comunista, muito competitivo, com bombas nucleares, uma potência global e que é aliada da Rússia — afirmou ao GLOBO Tanguy Baghdadi, professor de Relações Internacionais e criador do podcast Petit Journal. Sobre Taiwan, ele disse, em entrevista à Bloomberg, em julho, que os EUA “não são uma empresa de seguros” e que Taiwan deve pagar pela própria segurança. Casa Branca: Túnel secreto, sala de cinema, 132 quartos e duas piscinas; veja fotos do lar do presidente dos EUA De economia à imigração: Como a vitória de Donald Trump nas eleições americanas pode impactar os brasileiros? Se há dúvidas sobre a Ucrânia e Taiwan, Trump deixou claro seu apoio a Israel. Com frequência, tem afirmado que, caso estivesse na Casa Branca, o ataque do Hamas e a guerra em Gaza não teriam acontecido. Agora, deve intensificar a ajuda aos israelenses. — Muito provavelmente, Trump vai avalizar tudo que Israel precisar e depois tentar obter alguma concessão, como uma aproximação com a Arábia Saudita. Israel sairá muito fortalecido se Trump vencer — disse Baghdadi. Sobre o Irã, não há perspectivas de mudanças a curto prazo. Trump, que no mês passado chegou a sugerir que Israel atacasse instalações nucleares, como forma de retaliação ao ataque com mais de 200 mísseis por Teerã, promete intensificar as sanções adotadas por ele em 2018 e ainda em vigor. Donald Trump, durante discurso em que reconheceu vitória CHIP SOMODEVILLA / GETTY IMAGES NORTH AMERICA / Getty Images via AFP Poder de negociação Se um governo de Kamala poderia soar como uma continuação do que fez Biden, Trump, como mostra seu passado de decisões intempestivas e até midiáticas, será (mais uma vez) um líder imprevisível, que emula ideias apresentadas pelo então empresário Donald Trump em um livro de 1987, “A Arte da Negociação” e se lança em diálogos complexos, sem garantia de sucesso. Após vitória de Trump: Brasil vê EUA mais protecionista e teme pela ligação com bolsonarismo Em 2017, como revelou o ex-chefe de Gabinete do republicano, John Kelly, Trump cogitou usar uma arma nuclear contra a Coreia do Norte — um ano depois, estava apertando a mão do líder do país, Kim Jong-un, uma interação que criou uma bela amizade, mas não levou a resultados concretos na Península Coreana. Já os Acordos de Abraão, que normalizaram os laços entre Israel e os países árabes, foram um exemplo bem-sucedido de apaziguamento. — Essa lógica do poder de negociação dos EUA é algo muito importante para Trump e poderá ser ampliada. Basta ver algumas promessas que fez, como sobre encerrar a guerra [na Ucrânia] com um telefonema — conclui Velasco.
Republicano promete dobrar a aposta em ideias do primeiro mandato De volta ao poder nos Estados Unidos, o ex-presidente e candidato republicano Donald Trump já se mostrou afeito a surpresas sobre como a maior potência econômica e militar do planeta se apresenta diante do mundo. Apesar de similaridades com Joe Biden em temas como Israel e, de certa maneira, a China, a nova gestão do bilionário deve ser marcada pela imprevisibilidade, apontam especialistas ouvidos pelo GLOBO. Presidente eleito: Donald Trump vence Kamala Harris e voltará a Presidência dos EUA após quatro anos de campanha Análise: É a economia, estúpido, que encaminha Trump à Casa Branca e remodela o cenário eleitoral dos EUA Ao longo da campanha, Trump pôs em xeque o envio de mais dinheiro à Ucrânia e chegou a dizer que o conflito estará resolvido antes mesmo de tomar posse, em falas que causaram arrepios em Kiev. Ideias ventiladas por aliados, como o bilionário Elon Musk, sugerem uma cópia dos fracassados Acordos de Minsk, o que significaria o congelamento do conflito, com a suspensão dos combates, a criação de áreas autônomas nas linhas de contato e o início de negociações. Initial plugin text Sobre a Otan, Trump quer repassar as responsabilidades, especialmente financeiras, aos europeus. Quando estava na Casa Branca, disse que os EUA não são mais “a polícia do mundo” e foi bem-sucedido na cobrança: hoje, 23 dos 31 membros da aliança atingiram o patamar de 2% do PIB em gastos de defesa. Quando foi eleito, em 2016, eram cinco. No segundo mandato, o republicano também promete reforçar o arsenal econômico contra Pequim, elevando para até 60% as tarifas sobre produtos chineses. Para o ex-presidente, a ideia é “eliminar completamente a dependência da China em todas as áreas críticas”. Eleições EUA 2024: De Macron a Zelensky e Netanyahu, chefes de Estado parabenizam Trump pela vitória Apuração: Quantos votos Trump teve nas eleições dos EUA? — Trump tem a ideia da China como uma adversária perfeita: é um país comunista, muito competitivo, com bombas nucleares, uma potência global e que é aliada da Rússia — afirmou ao GLOBO Tanguy Baghdadi, professor de Relações Internacionais e criador do podcast Petit Journal. Sobre Taiwan, ele disse, em entrevista à Bloomberg, em julho, que os EUA “não são uma empresa de seguros” e que Taiwan deve pagar pela própria segurança. Casa Branca: Túnel secreto, sala de cinema, 132 quartos e duas piscinas; veja fotos do lar do presidente dos EUA De economia à imigração: Como a vitória de Donald Trump nas eleições americanas pode impactar os brasileiros? Se há dúvidas sobre a Ucrânia e Taiwan, Trump deixou claro seu apoio a Israel. Com frequência, tem afirmado que, caso estivesse na Casa Branca, o ataque do Hamas e a guerra em Gaza não teriam acontecido. Agora, deve intensificar a ajuda aos israelenses. — Muito provavelmente, Trump vai avalizar tudo que Israel precisar e depois tentar obter alguma concessão, como uma aproximação com a Arábia Saudita. Israel sairá muito fortalecido se Trump vencer — disse Baghdadi. Sobre o Irã, não há perspectivas de mudanças a curto prazo. Trump, que no mês passado chegou a sugerir que Israel atacasse instalações nucleares, como forma de retaliação ao ataque com mais de 200 mísseis por Teerã, promete intensificar as sanções adotadas por ele em 2018 e ainda em vigor. Donald Trump, durante discurso em que reconheceu vitória CHIP SOMODEVILLA / GETTY IMAGES NORTH AMERICA / Getty Images via AFP Poder de negociação Se um governo de Kamala poderia soar como uma continuação do que fez Biden, Trump, como mostra seu passado de decisões intempestivas e até midiáticas, será (mais uma vez) um líder imprevisível, que emula ideias apresentadas pelo então empresário Donald Trump em um livro de 1987, “A Arte da Negociação” e se lança em diálogos complexos, sem garantia de sucesso. Após vitória de Trump: Brasil vê EUA mais protecionista e teme pela ligação com bolsonarismo Em 2017, como revelou o ex-chefe de Gabinete do republicano, John Kelly, Trump cogitou usar uma arma nuclear contra a Coreia do Norte — um ano depois, estava apertando a mão do líder do país, Kim Jong-un, uma interação que criou uma bela amizade, mas não levou a resultados concretos na Península Coreana. Já os Acordos de Abraão, que normalizaram os laços entre Israel e os países árabes, foram um exemplo bem-sucedido de apaziguamento. — Essa lógica do poder de negociação dos EUA é algo muito importante para Trump e poderá ser ampliada. Basta ver algumas promessas que fez, como sobre encerrar a guerra [na Ucrânia] com um telefonema — conclui Velasco.
Qual é a sua reação?