Análise Folha/UOL: À espera da próxima onda e o pai de Melquisedeque
Em debate com dinâmica mais flexível, Marçal ataca Nunes de forma ostensiva, mas fica longe de gerar o efeito que esperava E a onda não veio. E não foi por falta de tentativa. Pablo Marçal bem que insistiu, mas não conseguiu surfar como desejava no debate promovido pela Folha/UOL. Num confronto com uma dinâmica mais flexível, que permita aos candidatos administrarem um banco de minutos e usar o tempo para comentar as respostas dos adversários, o ex-coach logo percebeu a chance de se livrar do isolamento imposto pelos rivais nos encontros recentes para atacar seus adversários mais diretos: Boulos e Nunes, com indisfarçável preferência pelo último. A conta é simples: com 21% das intenções de voto na mais recente pesquisa Datafolha, Marçal briga no corpo a corpo com o prefeito (27%) pela preferência do eleitorado mais à direita e evangélico. E foi justamente com foco nesse público que chegou a lançar um desafio bíblico no melhor estilo "Quem Sabe, Sabe!" (popular programa da TV Cultura dos anos 80 e 90) ao prefeito, perguntando se ele sabia quem foi o pai de Melquisedeque, que citasse ao menos duas igrejas do livro do Apocalipse ou ainda mencionasse os nomes de dois filhos de José. Como dizia o então apresentador Randal Juliano, "Quem sabe, sobe!", chamando ao palco quem tivesse a resposta na ponta da língua. Nunes não subiu, escapando de uma possível pegadinha armada pelo ex-coach. BO de Mulher e Máfia das Creches: Os ataques recorrentes de Marçal contra Nunes Nova mancada de Marçal: "Mulher não vota em mulher", diz ex-coach No entanto, aproveitou para criticar o fato de Marçal ter postado foto com o pastor José Wellington Bezerra da Costa, do Ministério Belém da Assembleia de Deus, dizendo que o religioso, de 90 anos, tinha sido usado pelo ex-coach. O filho do pastor afirmou que o pai só recebeu Marçal por educação, mas que em momento algum prometeu apoiá-lo. Tabata aproveitou para entrar na roda e comentar o bate-boca religioso, criticando a instrumentalização da fé no vale-tudo pelo voto. "O bom cristão demonstra seus valores pelos seus atos e não pelas suas palavras bonitas. Quanta gente aqui que já foi condenada, que já foi investigada. Onde é que está na Bíblia que cristão rouba? Que cristão dá golpe, que cristão prejudica, tira dinheiro de coisa miúda e de coisa grande?", disse. Mas o fato é que a polêmica bíblica não prosperou como o esperado e o candidato do PRTB decidiu subir o tom e retomar dois temas que vêm infernizando o prefeito. Apostando na certeza, perguntou, de forma incessante e repetitiva até o esgotamento do seu tempo e ainda depois, sobre o boletim de ocorrência registrado pela mulher do prefeito sobre uma suposta violência doméstica que ela teria sido vítima e a investigação do envolvimento de Nunes na chamada Máfia das Creches. Ambos os assuntos já haviam desestabilizado o candidato do MDB em debates anteriores, gerando bate-bocas e até mesmo desencadeando a discussão que culminou com a agressão do marqueteiro Duda Lima pelo videomaker marçolista Nahuel Medina. O desejo de Marçal era que o prefeito não aguentasse a pressão e "estourasse", gerando assim a tão sonhada 18a onda. Não foi o que aconteceu. Ainda que visivelmente irritado com as seguidas provocações, Nunes não respondeu a nenhuma das duas questões. Insistiu em contra-atacar dizendo que Marçal desde jovem já aplicava golpes virtuais em "velhinhos" e que ele acumulava 22 condenações por irregularidades na campanha atual. A seguidas esquivas acabaram por consumir todo o tempo do prefeito, que se confundiu no manejo do cronômetro e, no final, teve de ouvir calado, sem possibilidade de retrucar, as provocações do candidato do PRTB. Pela segunda vez numa mesma bateria, a tão propagandeada onda de Marçal não veio com a força esperada. Ele mesmo admitiu, não sem esconder a frustração: "O surfista, não cria a onda, infelizmente". Ainda assim, teve gente que aproveitou para pegar carona na marola. Vendo lugar na prancha, Boulos surfou junto e aproveitou para emular o papagaio de pirata e repetir as duas perguntas que tanto incomodavam o prefeito. O objetivo do candidato do PSOL era minar a credibilidade de Nunes e colar nele, numa inesperada dobradinha com o desafeto Marçal, a pecha de "arregão", de quem foge das perguntas mais cabeludas. A intenção de Boulos é ganhar mais espaço na periferia, onde perde para o prefeito, e atrair para si os eleitores que votaram em Lula, mas que ainda resistem a apoiá-lo, preferindo o candidato do MDB. Enquanto isso, após dez debates tão diferentes entre si e à espera do 11º na TV Globo, ainda nos perguntamos como tudo isso vai acabar, se novas ondas virão, se o calor vai aumentar ainda mais e, afinal, quem seria o pai de Melquisedeque.
Em debate com dinâmica mais flexível, Marçal ataca Nunes de forma ostensiva, mas fica longe de gerar o efeito que esperava E a onda não veio. E não foi por falta de tentativa. Pablo Marçal bem que insistiu, mas não conseguiu surfar como desejava no debate promovido pela Folha/UOL. Num confronto com uma dinâmica mais flexível, que permita aos candidatos administrarem um banco de minutos e usar o tempo para comentar as respostas dos adversários, o ex-coach logo percebeu a chance de se livrar do isolamento imposto pelos rivais nos encontros recentes para atacar seus adversários mais diretos: Boulos e Nunes, com indisfarçável preferência pelo último. A conta é simples: com 21% das intenções de voto na mais recente pesquisa Datafolha, Marçal briga no corpo a corpo com o prefeito (27%) pela preferência do eleitorado mais à direita e evangélico. E foi justamente com foco nesse público que chegou a lançar um desafio bíblico no melhor estilo "Quem Sabe, Sabe!" (popular programa da TV Cultura dos anos 80 e 90) ao prefeito, perguntando se ele sabia quem foi o pai de Melquisedeque, que citasse ao menos duas igrejas do livro do Apocalipse ou ainda mencionasse os nomes de dois filhos de José. Como dizia o então apresentador Randal Juliano, "Quem sabe, sobe!", chamando ao palco quem tivesse a resposta na ponta da língua. Nunes não subiu, escapando de uma possível pegadinha armada pelo ex-coach. BO de Mulher e Máfia das Creches: Os ataques recorrentes de Marçal contra Nunes Nova mancada de Marçal: "Mulher não vota em mulher", diz ex-coach No entanto, aproveitou para criticar o fato de Marçal ter postado foto com o pastor José Wellington Bezerra da Costa, do Ministério Belém da Assembleia de Deus, dizendo que o religioso, de 90 anos, tinha sido usado pelo ex-coach. O filho do pastor afirmou que o pai só recebeu Marçal por educação, mas que em momento algum prometeu apoiá-lo. Tabata aproveitou para entrar na roda e comentar o bate-boca religioso, criticando a instrumentalização da fé no vale-tudo pelo voto. "O bom cristão demonstra seus valores pelos seus atos e não pelas suas palavras bonitas. Quanta gente aqui que já foi condenada, que já foi investigada. Onde é que está na Bíblia que cristão rouba? Que cristão dá golpe, que cristão prejudica, tira dinheiro de coisa miúda e de coisa grande?", disse. Mas o fato é que a polêmica bíblica não prosperou como o esperado e o candidato do PRTB decidiu subir o tom e retomar dois temas que vêm infernizando o prefeito. Apostando na certeza, perguntou, de forma incessante e repetitiva até o esgotamento do seu tempo e ainda depois, sobre o boletim de ocorrência registrado pela mulher do prefeito sobre uma suposta violência doméstica que ela teria sido vítima e a investigação do envolvimento de Nunes na chamada Máfia das Creches. Ambos os assuntos já haviam desestabilizado o candidato do MDB em debates anteriores, gerando bate-bocas e até mesmo desencadeando a discussão que culminou com a agressão do marqueteiro Duda Lima pelo videomaker marçolista Nahuel Medina. O desejo de Marçal era que o prefeito não aguentasse a pressão e "estourasse", gerando assim a tão sonhada 18a onda. Não foi o que aconteceu. Ainda que visivelmente irritado com as seguidas provocações, Nunes não respondeu a nenhuma das duas questões. Insistiu em contra-atacar dizendo que Marçal desde jovem já aplicava golpes virtuais em "velhinhos" e que ele acumulava 22 condenações por irregularidades na campanha atual. A seguidas esquivas acabaram por consumir todo o tempo do prefeito, que se confundiu no manejo do cronômetro e, no final, teve de ouvir calado, sem possibilidade de retrucar, as provocações do candidato do PRTB. Pela segunda vez numa mesma bateria, a tão propagandeada onda de Marçal não veio com a força esperada. Ele mesmo admitiu, não sem esconder a frustração: "O surfista, não cria a onda, infelizmente". Ainda assim, teve gente que aproveitou para pegar carona na marola. Vendo lugar na prancha, Boulos surfou junto e aproveitou para emular o papagaio de pirata e repetir as duas perguntas que tanto incomodavam o prefeito. O objetivo do candidato do PSOL era minar a credibilidade de Nunes e colar nele, numa inesperada dobradinha com o desafeto Marçal, a pecha de "arregão", de quem foge das perguntas mais cabeludas. A intenção de Boulos é ganhar mais espaço na periferia, onde perde para o prefeito, e atrair para si os eleitores que votaram em Lula, mas que ainda resistem a apoiá-lo, preferindo o candidato do MDB. Enquanto isso, após dez debates tão diferentes entre si e à espera do 11º na TV Globo, ainda nos perguntamos como tudo isso vai acabar, se novas ondas virão, se o calor vai aumentar ainda mais e, afinal, quem seria o pai de Melquisedeque.
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