Rússia avisou EUA de disparo de míssil hipersônico contra Ucrânia; saiba como funciona a linha direta entre os países
Ataque foi avisado com meia hora de antecedência para evitar escalada nuclear acidental entre as duas maiores potências nucleares do mundo Um pouco antes de o presidente russo, Vladimir Putin, autorizar o lançamento do primeiro míssil balístico hipersônico contra a Ucrânia na quinta-feira, os EUA recebem um alerta da própria Rússia de que o país usaria o armamento com capacidade nuclear, embora não carregasse ogivas. Segundo a secretária de imprensa adjunta do Pentágono, Sabrina Singh, o aviso foi emitido através de uma linha direta presente nos Centros de Redução de Risco Nuclear (NRRC, em inglês), iniciativa lançada no final da Guerra Fria que, apesar do acirramento das tensões entre Washington e Moscou de lá para cá, ainda resiste. Recado: Kremlin diz 'não ter dúvidas' de que EUA entenderam mensagem após lançamento de novo míssil balístico contra Ucrânia Entenda: Como o uso de mísseis de longo alcance contra a Rússia pode afetar a guerra na Ucrânia À agência russa Tass, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, confirmou que o alerta foi dado aos EUA "30 minutos antes do lançamento". A notificação prévia tem como objetivo evitar mal-entendidos que possam levar a um conflito acidental ou escalada entre as duas maiores potências nucleares. O ataque foi uma resposta à autorização dada por EUA e Reino Unido para que a Ucrânia use mísseis de longo alcance ocidentais em ações contra o território russo — antes, eles estavam limitadas a territórios tomados pelos russos e áreas próximas à fronteira. O alvo foi um complexo industrial ucraniano na região de Dnipropetrovsk. Inicialmente, Kiev havia afirmado que se tratava de um míssil balístico intercontinental (ICBM). Batizado de "Oreshnik", o armamento é, na verdade, um míssil de médio alcance (MRBM), o que, de acordo com a Associação para o Controle de Armas, significa um alcance entre 1 mil km e 3 mil km, além de uma margem de erro de cerca de 150 metros em relação ao alvo determinado. Embora não carregasse ogivas, o míssil está na categoria de armas que Moscou e Washington acordaram em avisar um ao outro quando há lançamento. Veja: Vídeo divulgado por ex-presidente russo mostraria ataque na Ucrânia com míssil hipersônico Canal EUA-Rússia A linha direta entre EUA e Rússia foi proposta pela primeira vez em 1982, quando dois senadores americanos criaram um grupo de trabalho bipartidário no Congresso sugerindo a criação de centros de controle de crises nos países para reduzir o risco de um conflito nuclear. Inicialmente, seriam trocadas informações sobre lançamento de mísseis balísticos, acidentes nucleares e incidentes no mar, mas com o tempo diversos alertas estratégicos foram incluídos no canal. A iniciativa recebeu o aval do então presidente soviético, Mikhail Gorbachev, e seu homólogo americano, Ronald Reagan, apenas três anos mais tarde. Em 1988, os centros em Washington e em Moscou foram fundados oficialmente. Nos EUA, a gestão do NRRC ficou a cargo do Departamento de Estado. Embora desde a invasão russa à Ucrânia, em fevereiro de 2022, os laços diplomáticos entre Rússia e EUA tenham se deteriorado, a linha direta entre os dois países permanece sendo um canal bilateral estratégico. Vídeo: Porta-voz russa recebe ordem ao vivo de não comentar sobre suposto míssil intercontinental contra a Ucrânia Evolução do NRRC americano ao longo dos anos Departamento de Estado dos EUA Ao longo dos anos, além de alertas sobre uso de arsenais nucleares, foram trocadas informações sobre terrorismo, lançamentos espaciais, armas químicas e ataques cibernéticos. Mesmo as comunicações relativas ao Tratado de Redução de Armas Estratégicas (Novo Start) — o único do tipo entre os países, mas que foi suspenso por Moscou em 2023 — eram feitas através dos NRRCs. Nos EUA, o centro de comunicação com a Rússia se ampliou para atender outros canais de comunicação estratégicos. Em 1991, o canal se tornou central para a rede de comunicações da Conferência para Segurança e Cooperação na Europa (OSCE, na sigla em inglês), a maior rede de segurança regional do mundo, passando a incluir notificações urgentes e troca de dados sobre controle de armas, contraterrorismo, atividades econômicas etc. A comunicação direta com Moscou, no entanto, sempre se manteve como a pedra angular do NRRC, segundo o Departamento do Estado. Após o 11 de Setembro, por exemplo, a linha foi usada pelos EUA para avisar à Rússia que o aumento nas forças defensivas americanas não miravam Moscou.
Ataque foi avisado com meia hora de antecedência para evitar escalada nuclear acidental entre as duas maiores potências nucleares do mundo Um pouco antes de o presidente russo, Vladimir Putin, autorizar o lançamento do primeiro míssil balístico hipersônico contra a Ucrânia na quinta-feira, os EUA recebem um alerta da própria Rússia de que o país usaria o armamento com capacidade nuclear, embora não carregasse ogivas. Segundo a secretária de imprensa adjunta do Pentágono, Sabrina Singh, o aviso foi emitido através de uma linha direta presente nos Centros de Redução de Risco Nuclear (NRRC, em inglês), iniciativa lançada no final da Guerra Fria que, apesar do acirramento das tensões entre Washington e Moscou de lá para cá, ainda resiste. Recado: Kremlin diz 'não ter dúvidas' de que EUA entenderam mensagem após lançamento de novo míssil balístico contra Ucrânia Entenda: Como o uso de mísseis de longo alcance contra a Rússia pode afetar a guerra na Ucrânia À agência russa Tass, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, confirmou que o alerta foi dado aos EUA "30 minutos antes do lançamento". A notificação prévia tem como objetivo evitar mal-entendidos que possam levar a um conflito acidental ou escalada entre as duas maiores potências nucleares. O ataque foi uma resposta à autorização dada por EUA e Reino Unido para que a Ucrânia use mísseis de longo alcance ocidentais em ações contra o território russo — antes, eles estavam limitadas a territórios tomados pelos russos e áreas próximas à fronteira. O alvo foi um complexo industrial ucraniano na região de Dnipropetrovsk. Inicialmente, Kiev havia afirmado que se tratava de um míssil balístico intercontinental (ICBM). Batizado de "Oreshnik", o armamento é, na verdade, um míssil de médio alcance (MRBM), o que, de acordo com a Associação para o Controle de Armas, significa um alcance entre 1 mil km e 3 mil km, além de uma margem de erro de cerca de 150 metros em relação ao alvo determinado. Embora não carregasse ogivas, o míssil está na categoria de armas que Moscou e Washington acordaram em avisar um ao outro quando há lançamento. Veja: Vídeo divulgado por ex-presidente russo mostraria ataque na Ucrânia com míssil hipersônico Canal EUA-Rússia A linha direta entre EUA e Rússia foi proposta pela primeira vez em 1982, quando dois senadores americanos criaram um grupo de trabalho bipartidário no Congresso sugerindo a criação de centros de controle de crises nos países para reduzir o risco de um conflito nuclear. Inicialmente, seriam trocadas informações sobre lançamento de mísseis balísticos, acidentes nucleares e incidentes no mar, mas com o tempo diversos alertas estratégicos foram incluídos no canal. A iniciativa recebeu o aval do então presidente soviético, Mikhail Gorbachev, e seu homólogo americano, Ronald Reagan, apenas três anos mais tarde. Em 1988, os centros em Washington e em Moscou foram fundados oficialmente. Nos EUA, a gestão do NRRC ficou a cargo do Departamento de Estado. Embora desde a invasão russa à Ucrânia, em fevereiro de 2022, os laços diplomáticos entre Rússia e EUA tenham se deteriorado, a linha direta entre os dois países permanece sendo um canal bilateral estratégico. Vídeo: Porta-voz russa recebe ordem ao vivo de não comentar sobre suposto míssil intercontinental contra a Ucrânia Evolução do NRRC americano ao longo dos anos Departamento de Estado dos EUA Ao longo dos anos, além de alertas sobre uso de arsenais nucleares, foram trocadas informações sobre terrorismo, lançamentos espaciais, armas químicas e ataques cibernéticos. Mesmo as comunicações relativas ao Tratado de Redução de Armas Estratégicas (Novo Start) — o único do tipo entre os países, mas que foi suspenso por Moscou em 2023 — eram feitas através dos NRRCs. Nos EUA, o centro de comunicação com a Rússia se ampliou para atender outros canais de comunicação estratégicos. Em 1991, o canal se tornou central para a rede de comunicações da Conferência para Segurança e Cooperação na Europa (OSCE, na sigla em inglês), a maior rede de segurança regional do mundo, passando a incluir notificações urgentes e troca de dados sobre controle de armas, contraterrorismo, atividades econômicas etc. A comunicação direta com Moscou, no entanto, sempre se manteve como a pedra angular do NRRC, segundo o Departamento do Estado. Após o 11 de Setembro, por exemplo, a linha foi usada pelos EUA para avisar à Rússia que o aumento nas forças defensivas americanas não miravam Moscou.
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