PSD e PSDB disputam Raquel Lyra, que tenta minar alianças do rival João Campos em Pernambuco

Troca de legenda não foi anunciada oficialmente, mas governadora tem negociado nos bastidores o seu capital político, fortalecido nas últimas eleições A saída iminente da governadora de Pernambuco, Raquel Lyra, do PSDB rumo ao PSD tem gerado uma disputa pública por ela entre dirigentes dos dois partidos. A troca de legenda não foi anunciada oficialmente, mas nos bastidores Lyra tem negociado o seu capital político, fortalecido nas últimas eleições, contra o seu principal adversário em 2026, o prefeito do Recife, João Campos (PSB). Em derrota para o governo: Senado exclui possibilidade de bloqueio de emendas e desobriga destinação à saúde Entenda: Presidente de órgão do governo de SC ligado a parceria milionária sem licitação com empresa recém-criada deixa o cargo Após ter encolhido nacionalmente, o PSDB trilhou um caminho oposto em Pernambuco, passando de cinco para 32 prefeituras, sob a influência de Lyra. O presidente nacional do PSDB, Marconi Perillo, tem tentado evitar a desfiliação da governadora, que poderia ser candidata à reeleição com o aval tucano. Junto aos governadores Eduardo Leite (RS) e Eduardo Riedel (MS), Lyra é uma das grandes apostas da sigla. — Raquel é um quadro que está se revelando muito bem na gestão. Ela fez o maior número de prefeitos e agora teve um bom tira-teima que foram as eleições de Olinda e Paulista, na Região Metropolitana do Recife, em um confronto direto com João Campos. Venceu as duas — disse Perillo, em entrevista ao podcast ReConversa. O que o presidente do PSDB não mencionou, contudo, é que em em Olinda a prefeita eleita, Mirella, é do PSD. E foi tentando viabilizar a candidatura de sua aliada que Lyra ligou, antes do segundo tuno, para o presidente nacional da sigla, Gilberto Kassab. A governadora pediu mais recursos para a campanha e recebeu uma doação de R$ 1,5 milhão. O afago do dirigente aumentou a sintonia entre os dois, que nutrem uma admiração mútua, verbalizada a aliados. Enquanto o partido de Perillo tem perdido espaço nacionalmente, o PSD se tornou o maior em termos de prefeituras, com 885 municípios. Além de se apresentar como uma opção mais atrativa para a governadora, o partido tem feito acenos a ela. — Qualquer partido gostaria muito de ter nos seus quadros uma mulher com as características da governadora. Jovem, competente, preparada, honesta e uma liderança de peso nacional com enorme futuro. É um convite, uma manifestação de respeito. Seria uma enorme alegria termos a governadora — afirmou o presidente estadual do PSD, o ministro da Pesca, André de Paula. Em meio à disputa por seu nome, Lyra age com cautela: não descarta trocar de partido, mas tampouco bate o martelo. O que não é segredo, todavia, é a insatisfação com o PSDB. Há meses, a governadora tem pleiteado que o partido deixe a oposição ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Ela argumenta que a sigla não foi oposição ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e tem votado com o governo em diversas matérias na Câmara. Perillo é relutante. Com o desejo de concorrer à reeleição em 2026, Lyra também teme ver seus planos prejudicados. Com o declínio do PSDB, ela teria pouco tempo de televisão, principalmente em relação a João Campos, que já está em pré-campanha. Guerra fria Ser disputada por dois partidos e ter conseguido eleger 126 prefeitos de sua base no interior do estado são dois fatores que valorizam o passe de Lyra. Segundo interlocutores do Palácio das Princesas, Lyra entrou no jogo de Campos desde o ano passado, respondendo às provocações dele, que já mostrava o interesse de disputar o governo do estado. Nos papéis de prefeito e governadora, os dois só teriam se reunido sozinhos uma vez. Além disso, Campos tem dificultado a relação de Lyra com a Assembleia Legislativa. Quando Raquel Lyra foi eleita, ele já havia feito um acordo com o presidente da Casa, Álvaro Porto (PSDB), por cargos na Mesa Diretora. No início do ano, na sessão que marcou o retorno do Legislativo, o microfone de Porto vazou enquanto ele criticava o discurso de Lyra. Em contrapartida, Lyra tem atrapalhado o prefeito em sua relação local com o PT, que tem mágoas em relação a Campos. O partido queria a vaga de vice na chapa à reeleição e terminou preterido por Victor Marques (PCdoB), ex-assessor do prefeito.

Nov 19, 2024 - 07:57
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PSD e PSDB disputam Raquel Lyra, que tenta minar alianças do rival João Campos em Pernambuco

Troca de legenda não foi anunciada oficialmente, mas governadora tem negociado nos bastidores o seu capital político, fortalecido nas últimas eleições A saída iminente da governadora de Pernambuco, Raquel Lyra, do PSDB rumo ao PSD tem gerado uma disputa pública por ela entre dirigentes dos dois partidos. A troca de legenda não foi anunciada oficialmente, mas nos bastidores Lyra tem negociado o seu capital político, fortalecido nas últimas eleições, contra o seu principal adversário em 2026, o prefeito do Recife, João Campos (PSB). Em derrota para o governo: Senado exclui possibilidade de bloqueio de emendas e desobriga destinação à saúde Entenda: Presidente de órgão do governo de SC ligado a parceria milionária sem licitação com empresa recém-criada deixa o cargo Após ter encolhido nacionalmente, o PSDB trilhou um caminho oposto em Pernambuco, passando de cinco para 32 prefeituras, sob a influência de Lyra. O presidente nacional do PSDB, Marconi Perillo, tem tentado evitar a desfiliação da governadora, que poderia ser candidata à reeleição com o aval tucano. Junto aos governadores Eduardo Leite (RS) e Eduardo Riedel (MS), Lyra é uma das grandes apostas da sigla. — Raquel é um quadro que está se revelando muito bem na gestão. Ela fez o maior número de prefeitos e agora teve um bom tira-teima que foram as eleições de Olinda e Paulista, na Região Metropolitana do Recife, em um confronto direto com João Campos. Venceu as duas — disse Perillo, em entrevista ao podcast ReConversa. O que o presidente do PSDB não mencionou, contudo, é que em em Olinda a prefeita eleita, Mirella, é do PSD. E foi tentando viabilizar a candidatura de sua aliada que Lyra ligou, antes do segundo tuno, para o presidente nacional da sigla, Gilberto Kassab. A governadora pediu mais recursos para a campanha e recebeu uma doação de R$ 1,5 milhão. O afago do dirigente aumentou a sintonia entre os dois, que nutrem uma admiração mútua, verbalizada a aliados. Enquanto o partido de Perillo tem perdido espaço nacionalmente, o PSD se tornou o maior em termos de prefeituras, com 885 municípios. Além de se apresentar como uma opção mais atrativa para a governadora, o partido tem feito acenos a ela. — Qualquer partido gostaria muito de ter nos seus quadros uma mulher com as características da governadora. Jovem, competente, preparada, honesta e uma liderança de peso nacional com enorme futuro. É um convite, uma manifestação de respeito. Seria uma enorme alegria termos a governadora — afirmou o presidente estadual do PSD, o ministro da Pesca, André de Paula. Em meio à disputa por seu nome, Lyra age com cautela: não descarta trocar de partido, mas tampouco bate o martelo. O que não é segredo, todavia, é a insatisfação com o PSDB. Há meses, a governadora tem pleiteado que o partido deixe a oposição ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Ela argumenta que a sigla não foi oposição ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e tem votado com o governo em diversas matérias na Câmara. Perillo é relutante. Com o desejo de concorrer à reeleição em 2026, Lyra também teme ver seus planos prejudicados. Com o declínio do PSDB, ela teria pouco tempo de televisão, principalmente em relação a João Campos, que já está em pré-campanha. Guerra fria Ser disputada por dois partidos e ter conseguido eleger 126 prefeitos de sua base no interior do estado são dois fatores que valorizam o passe de Lyra. Segundo interlocutores do Palácio das Princesas, Lyra entrou no jogo de Campos desde o ano passado, respondendo às provocações dele, que já mostrava o interesse de disputar o governo do estado. Nos papéis de prefeito e governadora, os dois só teriam se reunido sozinhos uma vez. Além disso, Campos tem dificultado a relação de Lyra com a Assembleia Legislativa. Quando Raquel Lyra foi eleita, ele já havia feito um acordo com o presidente da Casa, Álvaro Porto (PSDB), por cargos na Mesa Diretora. No início do ano, na sessão que marcou o retorno do Legislativo, o microfone de Porto vazou enquanto ele criticava o discurso de Lyra. Em contrapartida, Lyra tem atrapalhado o prefeito em sua relação local com o PT, que tem mágoas em relação a Campos. O partido queria a vaga de vice na chapa à reeleição e terminou preterido por Victor Marques (PCdoB), ex-assessor do prefeito.

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