Projeções mostram que partido de extrema direita obteve maioria dos votos na Áustria
Partido caminha para 'vitória histórica', mostram resultados parciais, e candidato se autoproclama "chanceler do povo", como Hitler nos anos 1930 A extrema direita da Áustria lidera sobre os conservadores governistas nas eleições nacionais deste domingo, mostram projeções divulgadas pela emissora pública ORF. Se confirmado, o resultado garantirá aos extremistas vitória inédita no país da União Europeia. Análise: Impacto de morte de Nasrallah é maior do que a de Saddam e Bin Laden Leia também: Crise política e repressão afetam a saúde mental dos venezuelanos O Partido da Liberdade (FPOe) já integrou o governo anteriormente, mas jamais venceu uma eleição nacional. Mesmo que vença, ainda é incerto se conseguirá formar um governo. As projeções mostram o FPO com 29,1% dos votos, contra 26,2% para o conservador Partido Popular (OeVP). Elas são baseadas em votos por correspondência e na contagem de votos de seções eleitorais que fecharam mais cedo neste domingo. Desde que Herbert Kickl assumiu o comando do partido, marcado por escândalos de corrupção em 2021, a popularidade do FPOe se recuperou, impulsionada pela insatisfação dos eleitores com o aumento da imigração, da inflação e das restrições relacionadas à Covid, em linha com o crescimento de partidos de extrema direita em toda a Europa. "Tenho um bom pressentimento sobre hoje. O clima é positivo e esse clima se transformará em votos", disse Kickl aos repórteres após votar em Purkersdorf, nos arredores de Viena, prometendo "cinco bons anos" para a Áustria. O chanceler Karl Nehammer, que conseguiu reduzir a diferença para o FPOe nas últimas semanas nas pesquisas de opinião, prometeu "estabilidade, em vez de caos". "Os problemas podem ser resolvidos muito melhor com confiança do que com medo", afirmou Nehammer após votar em Viena. 'Exceção notável' As urnas abriram às 7h, horário local, e fecharam às 17h. Mais de 6,3 milhões dos nove milhões de habitantes da Áustria estavam aptos a votar. O FPOe participou do governo dos conservadores em 2000, o que gerou protestos generalizados e sanções de Bruxelas. O país alpino foi onde Adolf Hitler nasceu e sofreu com a anexação pela Alemanha nazista em 1938, retomando a independência ao fim da Segunda Guerra Mundial. No comício final do FPOe na sexta-feira, o gerente de café Walter Gerhard Piranty disse à AFP que se sentia intrigado pelo "ascetismo" de Kickl, chamando-o de "uma exceção notável" entre políticos "geralmente devassos ou corruptos". Kickl frequentemente critica as sanções da UE contra a Rússia, defende o conceito de extrema direita de "remigração", que propõe a expulsão de pessoas de origens não europeias que não se integraram, e ataca o governo sem trégua. Durante o auge da crise migratória de 2015, a Áustria – ao lado da Alemanha e da Suécia – foi um dos destinos preferidos para refugiados e continua sendo desde então. Enquanto isso, o apoio ao Conservadores despencou dos mais de 37% consquistados nas últimas eleições nacionais em 2019. Seu atual parceiro de coalizão, os Verdes, estavam com 8,7%, segundo as projeções, também caindo em relação aos resultados de 2019. Sem 'chanceler do povo' No entanto, analistas preveem amplamente que, mesmo que o FPOe ganhe o maior número de assentos, precisará de parceiros para governar. Nehammer reiterou sua recusa em trabalhar sob a liderança de Kickl, que se autoproclamou o futuro "Volkskanzler", ou chanceler do povo, como Adolf Hitler foi chamado na década de 1930 na vizinha Alemanha. Para impedir a ascensão de Kickl à chancelaria, poderia ser formada uma coalizão sem precedentes de três partidos, liderada pelos conservadores, com os social-democratas, que devem obter pouco mais de 20% dos votos, e um terceiro partido, provavelmente o liberal NEOS. "O FPOe apenas explora os medos e nunca contribui com algo construtivo", disse a pesquisadora Theres Friesacher, 29, à AFP após votar em Viena, citando os frequentes escândalos de corrupção que envolveram o partido. Ambos os governos anteriores entre OeVP e FPOe foram de curta duração. O último deles, liderado pelo então carismático líder do OeVP, Sebastian Kurz, colapsou em 2019 após um espetacular escândalo de corrupção envolvendo o FPOe, depois de apenas um ano e meio no poder.
Partido caminha para 'vitória histórica', mostram resultados parciais, e candidato se autoproclama "chanceler do povo", como Hitler nos anos 1930 A extrema direita da Áustria lidera sobre os conservadores governistas nas eleições nacionais deste domingo, mostram projeções divulgadas pela emissora pública ORF. Se confirmado, o resultado garantirá aos extremistas vitória inédita no país da União Europeia. Análise: Impacto de morte de Nasrallah é maior do que a de Saddam e Bin Laden Leia também: Crise política e repressão afetam a saúde mental dos venezuelanos O Partido da Liberdade (FPOe) já integrou o governo anteriormente, mas jamais venceu uma eleição nacional. Mesmo que vença, ainda é incerto se conseguirá formar um governo. As projeções mostram o FPO com 29,1% dos votos, contra 26,2% para o conservador Partido Popular (OeVP). Elas são baseadas em votos por correspondência e na contagem de votos de seções eleitorais que fecharam mais cedo neste domingo. Desde que Herbert Kickl assumiu o comando do partido, marcado por escândalos de corrupção em 2021, a popularidade do FPOe se recuperou, impulsionada pela insatisfação dos eleitores com o aumento da imigração, da inflação e das restrições relacionadas à Covid, em linha com o crescimento de partidos de extrema direita em toda a Europa. "Tenho um bom pressentimento sobre hoje. O clima é positivo e esse clima se transformará em votos", disse Kickl aos repórteres após votar em Purkersdorf, nos arredores de Viena, prometendo "cinco bons anos" para a Áustria. O chanceler Karl Nehammer, que conseguiu reduzir a diferença para o FPOe nas últimas semanas nas pesquisas de opinião, prometeu "estabilidade, em vez de caos". "Os problemas podem ser resolvidos muito melhor com confiança do que com medo", afirmou Nehammer após votar em Viena. 'Exceção notável' As urnas abriram às 7h, horário local, e fecharam às 17h. Mais de 6,3 milhões dos nove milhões de habitantes da Áustria estavam aptos a votar. O FPOe participou do governo dos conservadores em 2000, o que gerou protestos generalizados e sanções de Bruxelas. O país alpino foi onde Adolf Hitler nasceu e sofreu com a anexação pela Alemanha nazista em 1938, retomando a independência ao fim da Segunda Guerra Mundial. No comício final do FPOe na sexta-feira, o gerente de café Walter Gerhard Piranty disse à AFP que se sentia intrigado pelo "ascetismo" de Kickl, chamando-o de "uma exceção notável" entre políticos "geralmente devassos ou corruptos". Kickl frequentemente critica as sanções da UE contra a Rússia, defende o conceito de extrema direita de "remigração", que propõe a expulsão de pessoas de origens não europeias que não se integraram, e ataca o governo sem trégua. Durante o auge da crise migratória de 2015, a Áustria – ao lado da Alemanha e da Suécia – foi um dos destinos preferidos para refugiados e continua sendo desde então. Enquanto isso, o apoio ao Conservadores despencou dos mais de 37% consquistados nas últimas eleições nacionais em 2019. Seu atual parceiro de coalizão, os Verdes, estavam com 8,7%, segundo as projeções, também caindo em relação aos resultados de 2019. Sem 'chanceler do povo' No entanto, analistas preveem amplamente que, mesmo que o FPOe ganhe o maior número de assentos, precisará de parceiros para governar. Nehammer reiterou sua recusa em trabalhar sob a liderança de Kickl, que se autoproclamou o futuro "Volkskanzler", ou chanceler do povo, como Adolf Hitler foi chamado na década de 1930 na vizinha Alemanha. Para impedir a ascensão de Kickl à chancelaria, poderia ser formada uma coalizão sem precedentes de três partidos, liderada pelos conservadores, com os social-democratas, que devem obter pouco mais de 20% dos votos, e um terceiro partido, provavelmente o liberal NEOS. "O FPOe apenas explora os medos e nunca contribui com algo construtivo", disse a pesquisadora Theres Friesacher, 29, à AFP após votar em Viena, citando os frequentes escândalos de corrupção que envolveram o partido. Ambos os governos anteriores entre OeVP e FPOe foram de curta duração. O último deles, liderado pelo então carismático líder do OeVP, Sebastian Kurz, colapsou em 2019 após um espetacular escândalo de corrupção envolvendo o FPOe, depois de apenas um ano e meio no poder.
Qual é a sua reação?