Produção de alimentos em Gaza é 'dizimada' após destruição de 70% das terras agrícolas e morte de 90% do gado, aponta ONU

Antes da guerra, cerca de 40% do território palestino era ocupado por fazendas que produziam vegetais, ovos, leite fresco, aves e peixes suficientes para atender a um terço da demanda local A guerra em Gaza causou danos severos à produção de alimentos, com 70% das terras agrícolas atingidas e mais de 90% do gado morto, segundo análise de imagens de satélite da Organização das Nações Unidas (ONU). De acordo com o jornal inglês The Guardian, Rein Paulsen, diretor do Escritório de Emergências e Resiliência da ONU para Agricultura e Alimentação, alertou que a destruição agravou significativamente o risco de fome na região. Crimes de guerra em Gaza: Tribunal Penal Internacional emite mandados de prisão contra Netanyahu e Gallant Lula diz que China e Brasil defendem 'paz e diálogo': Xi Jinping afirma que comunidade internacional deve fazer mais por Gaza — Imagens de satélite indicam que as trilhas de veículos pesados, demolições, bombardeios e outras pressões relacionadas ao conflito danificaram grandes áreas de terras agrícolas, infraestrutura, poços e outras infraestruturas produtivas — afirmou Paulsen, em pronunciamento ao Conselho de Segurança da ONU. Antes do conflito, cerca de 40% de Gaza era ocupado por fazendas que produziam vegetais, ovos, leite fresco, aves e peixes suficientes para atender a um terço da demanda local. A guerra, no entanto, dizimou mais da metade dos rebanhos de ovelhas e cabras, além de destruir três quartos dos famosos pomares da região. Faraj Jarudat, agricultor forçado a abandonar sua propriedade em Beit Lahiya, no norte de Gaza, relatou perdas totais. — Alguns [animais] morreram de fome, outros foram comidos por pessoas famintas, e uns simplesmente desapareceram. Não sobrou um único — lamentou Jarudat, em entrevista ao Guardian. Ele disse que a fazenda e as casas de sua família foram completamente destruídas por escavadeiras israelenses. Outro fazendeiro, Ismael al-Rahal, de 49 anos, morador do norte de Gaza, disse que apenas um punhado de suas 65 ovelhas permaneceu vivo. — No começo da guerra, embora fosse muito difícil transportar nossos filhos e nossos bens mais valiosos, coloquei algumas ovelhas em um carro alugado e, toda vez que tive que fugir, eu as levei comigo — contou. Agora, apenas quatro ovelhas estão amarradas perto da tenda de Rahal em Deir al Balah, no centro de Gaza, fornecendo pequenas quantidades de leite e esterco que podem ser usados ​​como fertilizante. — Os preços dos alimentos estão muito altos e não conseguimos comprar nem o suficiente para a família. Um saco de farinha está sendo vendido por 100 dólares, 10 vezes o preço normal. Cortamos o que comemos para economizar dinheiro para alimentar as ovelhas — acrescentou o fazendeiro. Crise humanitária e fome iminente Especialistas descrevem a situação como “apocalíptica”. Em mais de um ano de guerra, dois terços dos edifícios em Gaza foram destruídos ou severamente danificados, enquanto a produção de alimentos alcançou seu menor nível histórico. Autoridades humanitárias alertaram para uma crise de fome iminente. Único país a votar contra o texto: EUA vetam nova resolução do Conselho de Segurança pedindo um cessar-fogo em Gaza Israel impôs um bloqueio total de Gaza nas primeiras semanas da guerra, antes de gradualmente aliviar as restrições sob pressão internacional. No entanto, apesar dos EUA terem emitido um ultimato de 30 dias no mês passado, ameaçando sanções se não houvesse aumento nos suprimentos humanitários chegando a Gaza, a ajuda caiu para seu nível mais baixo em outubro. Paulsen afirmou que os agricultores, pescadores e criadores de gado de Gaza continuam arriscando suas vidas para produzir alimentos em meio aos combates. — Os níveis significativos de danos estão exacerbando a crise humanitária e de fome no local. O suprimento de alimentos em [Gaza] se deteriorou drasticamente, enquanto a disponibilidade de alimentos está em um nível mais baixo de todos os tempos — disse o diretor do Escritório de Emergências e Resiliência da ONU para Agricultura e Alimentação. As autoridades israelenses, por sua vez, negam o risco de fome e acusam organizações humanitárias de distorcerem a realidade. Danny Danon, embaixador israelense na ONU, declarou que as projeções de fome são baseadas em “dados parciais e tendenciosos”. — Há uma lacuna gritante entre a realidade no terreno e as declarações distorcidas que algumas ONGs têm feito sobre Israel — afirmou Danon, em entrevista ao Jerusalem Post. O conflito, iniciado em 7 de outubro de 2023 após um ataque surpresa do Hamas em Israel que matou cerca de 1.200 pessoas e sequestrou outras 250, já resultou na morte de quase 44 mil palestinos em Gaza, 70% deles mulheres e crianças, segundo relatórios. — Minha fazenda era como um zoológico. Agora, não sobrou nada. Não temos casa, nem animais. Tudo o que construímos foi destruído nesta guerra — desabafou Rahal.

Nov 22, 2024 - 15:25
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Produção de alimentos em Gaza é 'dizimada' após destruição de 70% das terras agrícolas e morte de 90% do gado, aponta ONU

Antes da guerra, cerca de 40% do território palestino era ocupado por fazendas que produziam vegetais, ovos, leite fresco, aves e peixes suficientes para atender a um terço da demanda local A guerra em Gaza causou danos severos à produção de alimentos, com 70% das terras agrícolas atingidas e mais de 90% do gado morto, segundo análise de imagens de satélite da Organização das Nações Unidas (ONU). De acordo com o jornal inglês The Guardian, Rein Paulsen, diretor do Escritório de Emergências e Resiliência da ONU para Agricultura e Alimentação, alertou que a destruição agravou significativamente o risco de fome na região. Crimes de guerra em Gaza: Tribunal Penal Internacional emite mandados de prisão contra Netanyahu e Gallant Lula diz que China e Brasil defendem 'paz e diálogo': Xi Jinping afirma que comunidade internacional deve fazer mais por Gaza — Imagens de satélite indicam que as trilhas de veículos pesados, demolições, bombardeios e outras pressões relacionadas ao conflito danificaram grandes áreas de terras agrícolas, infraestrutura, poços e outras infraestruturas produtivas — afirmou Paulsen, em pronunciamento ao Conselho de Segurança da ONU. Antes do conflito, cerca de 40% de Gaza era ocupado por fazendas que produziam vegetais, ovos, leite fresco, aves e peixes suficientes para atender a um terço da demanda local. A guerra, no entanto, dizimou mais da metade dos rebanhos de ovelhas e cabras, além de destruir três quartos dos famosos pomares da região. Faraj Jarudat, agricultor forçado a abandonar sua propriedade em Beit Lahiya, no norte de Gaza, relatou perdas totais. — Alguns [animais] morreram de fome, outros foram comidos por pessoas famintas, e uns simplesmente desapareceram. Não sobrou um único — lamentou Jarudat, em entrevista ao Guardian. Ele disse que a fazenda e as casas de sua família foram completamente destruídas por escavadeiras israelenses. Outro fazendeiro, Ismael al-Rahal, de 49 anos, morador do norte de Gaza, disse que apenas um punhado de suas 65 ovelhas permaneceu vivo. — No começo da guerra, embora fosse muito difícil transportar nossos filhos e nossos bens mais valiosos, coloquei algumas ovelhas em um carro alugado e, toda vez que tive que fugir, eu as levei comigo — contou. Agora, apenas quatro ovelhas estão amarradas perto da tenda de Rahal em Deir al Balah, no centro de Gaza, fornecendo pequenas quantidades de leite e esterco que podem ser usados ​​como fertilizante. — Os preços dos alimentos estão muito altos e não conseguimos comprar nem o suficiente para a família. Um saco de farinha está sendo vendido por 100 dólares, 10 vezes o preço normal. Cortamos o que comemos para economizar dinheiro para alimentar as ovelhas — acrescentou o fazendeiro. Crise humanitária e fome iminente Especialistas descrevem a situação como “apocalíptica”. Em mais de um ano de guerra, dois terços dos edifícios em Gaza foram destruídos ou severamente danificados, enquanto a produção de alimentos alcançou seu menor nível histórico. Autoridades humanitárias alertaram para uma crise de fome iminente. Único país a votar contra o texto: EUA vetam nova resolução do Conselho de Segurança pedindo um cessar-fogo em Gaza Israel impôs um bloqueio total de Gaza nas primeiras semanas da guerra, antes de gradualmente aliviar as restrições sob pressão internacional. No entanto, apesar dos EUA terem emitido um ultimato de 30 dias no mês passado, ameaçando sanções se não houvesse aumento nos suprimentos humanitários chegando a Gaza, a ajuda caiu para seu nível mais baixo em outubro. Paulsen afirmou que os agricultores, pescadores e criadores de gado de Gaza continuam arriscando suas vidas para produzir alimentos em meio aos combates. — Os níveis significativos de danos estão exacerbando a crise humanitária e de fome no local. O suprimento de alimentos em [Gaza] se deteriorou drasticamente, enquanto a disponibilidade de alimentos está em um nível mais baixo de todos os tempos — disse o diretor do Escritório de Emergências e Resiliência da ONU para Agricultura e Alimentação. As autoridades israelenses, por sua vez, negam o risco de fome e acusam organizações humanitárias de distorcerem a realidade. Danny Danon, embaixador israelense na ONU, declarou que as projeções de fome são baseadas em “dados parciais e tendenciosos”. — Há uma lacuna gritante entre a realidade no terreno e as declarações distorcidas que algumas ONGs têm feito sobre Israel — afirmou Danon, em entrevista ao Jerusalem Post. O conflito, iniciado em 7 de outubro de 2023 após um ataque surpresa do Hamas em Israel que matou cerca de 1.200 pessoas e sequestrou outras 250, já resultou na morte de quase 44 mil palestinos em Gaza, 70% deles mulheres e crianças, segundo relatórios. — Minha fazenda era como um zoológico. Agora, não sobrou nada. Não temos casa, nem animais. Tudo o que construímos foi destruído nesta guerra — desabafou Rahal.

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