Prêmio Ciência Para Todos apresenta projetos vencedores da terceira edição
Entre trabalhos de professores e estudantes ganhadores estão sistema de distribuição de absorvente, programa para renovação de espelhos d'água e estudo sobre uso plantas medicinais em comunidade paulista O prêmio Ciência Para Todos apresentou nesta manhã os vencedores de sua terceira edição, todos criadores de projetos escolares para aproximar a ciência de problemas de suas cidades e bairros. Entre trabalhos de professores e estudantes ganhadores estão ideias como um sistema de distribuição de absorventes, um programa para revitalizar espelhos d'água e um estudo para valorizar o saber popular sobre plantas medicinais. Entre os projetos premiados estão temas escolhidos que transitam por saúde, meio ambiente, história e geografia. A cerimônia de premiação foi nesta manhã no Museu Catavento, em São Paulo, espaço dedicado à divulgação científica. Pela proposta do prêmio, que teve como tema deste ano "Um mundo melhor para todos", em que todas os inscritos tinham enquadrar seus projetos dentro de algum dos 17 Objetivos do Desenvolvimento Sustentável da Organização das Nações Unidas (ONU), um plano de ação para erradicar a pobreza, proteger o ambiente e consolidar a paz no planeta. Concebida numa parceria entre Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e a Fundação Roberto Marinho, o Ciência Para Todos tem como objetivo estimular o interesse pela ciência, divulgar resultados de pesquisas e fortalecer a educação na área em escolas públicas paulistas. Os colégios vencedores na categoria de ensino médio em2024 são o IFSP (Campinas), a E.E. Severino Moreira Barbosa (Cachoeira Paulista) e a E.E. Padre Fidelis (Tanabi). No ensino fundamental serão premiadas a E.E Jesuíno de Arruda (São Carlos), E.M.E.F. Dr. João Maria de Araújo (Botucatu) e a E.M.E.F. Ermides Barsaglini Gulla (Gavião Peixoto). Engajamento comunitário A escola de Campinas foi aquela em que um grupo de estudantes desenvolveu um sistema automático de distribuição de absorventes íntimos. O projeto foi elaborado após alunas constatarem que meninas em idade de primeira menstruação no colégio se sentiam constrangidas em solicitar o acesso a absorventes gratuitos. A escola já distribuia gratuitamente o produto, mas só diante de solicitação pessoal na secretaria. Estudantes do grupo desenvolveram um sistema de dispenser para liberar os produtos dentro dos sanitários da escola. — A proposta saiu dos alunos. Nós, professores, damos as ferramentas para que eles conseguissem materializar a ideia, com a tutoria e com as conversas — disse o professor Edson Duarte, que orientou os alunos vencedores do prêmio. — Isso aqui oxigena a nossa carreira de docente e mostra que vale a pena trabalhar com os alunos para mostrar que a ciência dá frutos e o estudo dá resultado. Segundo João Alegria, secretário-geral da Fundação Roberto Marinho o projeto incorporou bem o espírito do prêmio de aproximar a ciência de questões da vida dos estudantes. — Pessoas trabalhando juntas ao redor de problemas da vida delas chegam a soluções muito simples e muito viáveis que podem transformar a vida de todo mundo — afirmou. Em Cachoeira Paulista, no Vale do Paraíba, a escola vencedora realizou um projeto para investigar a cultura local de uso de plantas medicinais. Entrevistando moradores da zona rural do município, estudantes catalogaram o conhecimento local, recolheram amostras de plantas usadas e, ao fim, criaram um jogo para promover o conhecimento compilado. — Nós somos de uma cidade do interior, e desde pequenos nós aprendemos a importância das plantas medicinais, mas isso está ficando mais distante dos nossos alunos, porque os jovens não querem mais morar nas zonas rurais — diz a professora Luiziene Alves, que coordenou o trabalho com quatro estudantes. — Às vezes a gente não reconhece a sabedoria que está ali no nosso lado, e a intenção do projeto foi que os alunos pudessem conhecer e valorizar essa ancestralidade que a gente carrega, com o saber popular. Causa ambiental Na escola vencedora na pequena cidade de Tanabi, no norte do estado, os alunos criaram um projeto para aprimorar o programa de revitalização de espelhos d'água que a prefeitura já realiza na região. O grupo desenvolveu um projeto de análise da qualidade da água, da vegetação no entorno desses corpos d'água, estudou métodos para criação de peixes e fez soltura dos animais num desses reservatórios. Entre as escolas de ensino fundamental, uma das vencedoras também adotou tema de sustentabilidade. Os vencedores de Gavião Peixoto, no interior, criaram um projeto para promover o uso de um parque ecológico municipal, que estava subutilizado, como recurso pedagógico para a popularização da ciência e da educação ambiental. Em São Carlos, o grupo da escola vencedora criou um projeto para combater a desigualdade de gênero na escola, após reclamação de meninas de que os espaços da escola estavam sendo monopolizados por meninos e sequestrando decisões na comunidade de alunos. Abrindo espaços e intervalos esp
Entre trabalhos de professores e estudantes ganhadores estão sistema de distribuição de absorvente, programa para renovação de espelhos d'água e estudo sobre uso plantas medicinais em comunidade paulista O prêmio Ciência Para Todos apresentou nesta manhã os vencedores de sua terceira edição, todos criadores de projetos escolares para aproximar a ciência de problemas de suas cidades e bairros. Entre trabalhos de professores e estudantes ganhadores estão ideias como um sistema de distribuição de absorventes, um programa para revitalizar espelhos d'água e um estudo para valorizar o saber popular sobre plantas medicinais. Entre os projetos premiados estão temas escolhidos que transitam por saúde, meio ambiente, história e geografia. A cerimônia de premiação foi nesta manhã no Museu Catavento, em São Paulo, espaço dedicado à divulgação científica. Pela proposta do prêmio, que teve como tema deste ano "Um mundo melhor para todos", em que todas os inscritos tinham enquadrar seus projetos dentro de algum dos 17 Objetivos do Desenvolvimento Sustentável da Organização das Nações Unidas (ONU), um plano de ação para erradicar a pobreza, proteger o ambiente e consolidar a paz no planeta. Concebida numa parceria entre Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e a Fundação Roberto Marinho, o Ciência Para Todos tem como objetivo estimular o interesse pela ciência, divulgar resultados de pesquisas e fortalecer a educação na área em escolas públicas paulistas. Os colégios vencedores na categoria de ensino médio em2024 são o IFSP (Campinas), a E.E. Severino Moreira Barbosa (Cachoeira Paulista) e a E.E. Padre Fidelis (Tanabi). No ensino fundamental serão premiadas a E.E Jesuíno de Arruda (São Carlos), E.M.E.F. Dr. João Maria de Araújo (Botucatu) e a E.M.E.F. Ermides Barsaglini Gulla (Gavião Peixoto). Engajamento comunitário A escola de Campinas foi aquela em que um grupo de estudantes desenvolveu um sistema automático de distribuição de absorventes íntimos. O projeto foi elaborado após alunas constatarem que meninas em idade de primeira menstruação no colégio se sentiam constrangidas em solicitar o acesso a absorventes gratuitos. A escola já distribuia gratuitamente o produto, mas só diante de solicitação pessoal na secretaria. Estudantes do grupo desenvolveram um sistema de dispenser para liberar os produtos dentro dos sanitários da escola. — A proposta saiu dos alunos. Nós, professores, damos as ferramentas para que eles conseguissem materializar a ideia, com a tutoria e com as conversas — disse o professor Edson Duarte, que orientou os alunos vencedores do prêmio. — Isso aqui oxigena a nossa carreira de docente e mostra que vale a pena trabalhar com os alunos para mostrar que a ciência dá frutos e o estudo dá resultado. Segundo João Alegria, secretário-geral da Fundação Roberto Marinho o projeto incorporou bem o espírito do prêmio de aproximar a ciência de questões da vida dos estudantes. — Pessoas trabalhando juntas ao redor de problemas da vida delas chegam a soluções muito simples e muito viáveis que podem transformar a vida de todo mundo — afirmou. Em Cachoeira Paulista, no Vale do Paraíba, a escola vencedora realizou um projeto para investigar a cultura local de uso de plantas medicinais. Entrevistando moradores da zona rural do município, estudantes catalogaram o conhecimento local, recolheram amostras de plantas usadas e, ao fim, criaram um jogo para promover o conhecimento compilado. — Nós somos de uma cidade do interior, e desde pequenos nós aprendemos a importância das plantas medicinais, mas isso está ficando mais distante dos nossos alunos, porque os jovens não querem mais morar nas zonas rurais — diz a professora Luiziene Alves, que coordenou o trabalho com quatro estudantes. — Às vezes a gente não reconhece a sabedoria que está ali no nosso lado, e a intenção do projeto foi que os alunos pudessem conhecer e valorizar essa ancestralidade que a gente carrega, com o saber popular. Causa ambiental Na escola vencedora na pequena cidade de Tanabi, no norte do estado, os alunos criaram um projeto para aprimorar o programa de revitalização de espelhos d'água que a prefeitura já realiza na região. O grupo desenvolveu um projeto de análise da qualidade da água, da vegetação no entorno desses corpos d'água, estudou métodos para criação de peixes e fez soltura dos animais num desses reservatórios. Entre as escolas de ensino fundamental, uma das vencedoras também adotou tema de sustentabilidade. Os vencedores de Gavião Peixoto, no interior, criaram um projeto para promover o uso de um parque ecológico municipal, que estava subutilizado, como recurso pedagógico para a popularização da ciência e da educação ambiental. Em São Carlos, o grupo da escola vencedora criou um projeto para combater a desigualdade de gênero na escola, após reclamação de meninas de que os espaços da escola estavam sendo monopolizados por meninos e sequestrando decisões na comunidade de alunos. Abrindo espaços e intervalos especiais para as estudantes se expressarem, a escola conseguiu mensurar uma melhora no comportamento geral dos meninos, por meio de uma redução de conflitos que estavam sendo registrados no colégio. A escola de Botucatu premiada apresentou um projeto para conscientização dos estudantes sobre a importância em levar a sério problemas de saúde mental como ansiedade e depressão. O projeto resultou na produção de materiais educativos sobre problemas de saúde mental na adolescência e na proposta de palestra com especialista para orientação. O projeto colocou os alunos em contato com artigos científicos técnicos sobre o tema pela primeira vez. A ideia era, em parte, explicar aos estudantes como a ciência sólida sobre o tema é produzida. — A ciência encontra hoje uma série de resistências e existe uma certa desvalorização, ao redor da produção de conhecimento, que nós precisamos superar — disse Alegria. Para o médico e cientista Marco Antonio Zago, presidente da Fapesp, o prêmio Ciência Para Todos pode eventualmente incentivar jovens a entrarem para a carreira acadêmica, mas o valor principal da iniciativa é fazer o caminho oposto, levando a ciência até a vida das pessoas comuns. — O prêmio provoca o pensamento científico dos estudantes, mas não no sentido da ciência que se faze dentro do laboratório, mas pela compreensão de que a ciência faz parte do dia a dia e da vivência deles — diz o pesquisador. — Faz parte da educação do cidadão conhecera as potencialidades da ciência e saber como ela é construída. Ela é construída com um método que inclui tentativa e erro, experimentação, análise de resultados, que são coisas aplicadas em muitas outras áreas. Os seis grupos premiados em cada uma das categorias ganham como parte do prêmia a visita a um centro de pesquisa apoiado pela Fapesp. Os professores orientadores das equipes premiadas receberão também um notebook cada um.
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