Jovem é chamada de 'macaca' por mulheres em rede social; Polícia registrou injúria racial

Ana Clara Sabajanes também foi ameaçada de agressão Uma estudante foi vítima de racismo, cometido por duas mulheres que faziam uma transmissão ao vivo no Instagram, na madrugada desta quinta-feira (7). Ana Clara Sabajanes, de 19 anos, gravou vídeo dos momentos. Nas imagens compartilhadas em sua denúncia, as jovens do outro lado da tela aparecem lhe chamando de "macaca", entre outras injúrias raciais cometidas. Mulheres praticam injúria racial em transmissão na internet Apesar de não conhecer pessoalmente as autoras da "live", Ana Clara tinha entrado na transmissão a pedido de um amigo, por volta das 2h. Ao notarem a presença dela, as mulheres lhe chamaram de feia, mandaram diminuir o nariz e repetiram o xingamento racista algumas vezes. "Na noite de ontem fui surpreendida enquanto assistia à uma live. Diria que fui surpreendida da maneira mais suja e nojenta, mas na realidade, foi além disso... Fui surpreendida da maneira mais dolorosa", denunciou Ana Clara em uma postagem feita em sua própria rede social, após registrar queixa sobre o acontecido na delegacia. Após passar a noite em claro, e chorando, Ana Clara Sabanejas foi à 27ª DP (Vicente de Carvalho). O caso foi registrado como intolerância ou injúria racial, de cor ou etnia e ameaça. No vídeos gravado por Ana Clara, as mulheres também riem e ameaçam bater na vítima, caso fizesse qualquer denúncia. "Eu vou ser presa por conta de racismo... Ai, gente... Feia e preta, só nascendo de novo...", disse uma das mulheres. A outra continuou o deboche: "A gente vai ser presa por racismo chamando o povo de macaco. Na moral". As duas ainda afirmaram que cortariam os cabelos dela e lhe agrediriam, caso fossem expostas: "A gente vai rapar seu cabelo. Vacilou...", "Se tu falar, tu vai levar um pau". — Elas sabiam o que estavam fazendo, tanto que estavam debochando disso. Só não acreditavam que eu ia denunciá-las. Após o fim da 'live', elas ainda publicaram minha foto e meu nome nas redes sociais, para as pessoas me xingarem. Foi aí que enviei uma mensagem falando que tinha gravado as falas delas e levaria para a polícia, mas não levaram à sério — conta Ana Clara. Família quer justiça A vítima sabia, desde o primeiro momento, que faria a denúncia. Mas, para seguir em frente, foi necessário força — que tirou da criação por mulheres pretas e da esperança de um futuro melhor para os sobrinhos e futuros filhos. — Eu não dormi. Passei a noite em claro, esperando minha mãe acordar. Às 6h, e ela acordou para levar meus irmãos para a escola, eu chamei para mostrar o vídeo. E ela também falou na mesma hora: 'Vamos na delegacia' — diz. Mãe de Ana Clara, Flávia Sabajanes lembra desse momento com tristeza e revolta: — Ela estava chorando muito e me mostrou os vídeos. Como mãe, a gente vê isso e se sente humilhada, triste, impotente. Como mãe e ser humano, foi revoltante. Racismo é crime. A queixa foi registrada na manhã de quinta-feira, por volta das 11h. De acordo com a Polícia Civil, as envolvidas já foram identificadas e os agentes analisam as imagens do ocorrido. Diligências estão em andamento para apurar os fatos. Inicialmente, Ana Clara desejava deixar o caso ser resolvido apenas nesta esfera. Mas recebeu apoio da irmã para divulgar sua história na internet e assim o fez. — A minha irmã não queria a exposição. Ela estava com muita vergonha. Mas eu falei que precisava sim fazer isso. Elas não tiveram vergonha de praticar racismo com a minha irmã — diz a vendedora Thalita Sabajanes, de 25 anos, que desde então gere as redes sociais de Ana Clara, que procura não rever as imagens gravadas ou acompanhar a repercussão do caso na internet: — A gente tomou as medidas legais, mas o sentimento ainda é de impotência. Queremos que a Justiça seja feita. Confira o relato de Ana Clara na rede social "Na noite de ontem fui surpreendida enquanto assistia à uma live, diria que fui surpreendida da maneira mais suja e nojenta, mas na realidade, foi além disso... Fui surpreendida da maneira mais dolorosa. Passei a noite em claro repensando toda a minha existência como mulher preta nessa sociedade e em como ela ainda pode ser tão cruel, depois de tantos anos de sofrimento. Foram tantos questionamentos... Ainda não obtive a resposta de nenhum deles e sinceramente? Acredito que minhas questões nunca serão esclarecidas. Fui criada por mulheres pretas que também foram criadas por mulheres pretas, existe uma grande descendência negra que cooperou para a minha existência hoje. Foi pensando neles que hoje tirei forças de onde eu nem sabia que havia e me dirigi até a delegacia mais próxima, foi pensando nos meus sobrinhos, futuros filhos e em todas as crianças pretas. Hoje fui forte e sei que precisarei dessa força durante toda a minha vida, pois isso não acabará hoje e nem amanhã. Sinto a necessidade de esclarecer que a minha força não significa que deixarei essa situação somente para as autoridades que devem nos proteger (ou deveriam). Portanto, deixo exposto aqui as duas mulheres brancas que n

Nov 9, 2024 - 16:55
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Jovem é chamada de 'macaca' por mulheres em rede social; Polícia registrou injúria racial

Ana Clara Sabajanes também foi ameaçada de agressão Uma estudante foi vítima de racismo, cometido por duas mulheres que faziam uma transmissão ao vivo no Instagram, na madrugada desta quinta-feira (7). Ana Clara Sabajanes, de 19 anos, gravou vídeo dos momentos. Nas imagens compartilhadas em sua denúncia, as jovens do outro lado da tela aparecem lhe chamando de "macaca", entre outras injúrias raciais cometidas. Mulheres praticam injúria racial em transmissão na internet Apesar de não conhecer pessoalmente as autoras da "live", Ana Clara tinha entrado na transmissão a pedido de um amigo, por volta das 2h. Ao notarem a presença dela, as mulheres lhe chamaram de feia, mandaram diminuir o nariz e repetiram o xingamento racista algumas vezes. "Na noite de ontem fui surpreendida enquanto assistia à uma live. Diria que fui surpreendida da maneira mais suja e nojenta, mas na realidade, foi além disso... Fui surpreendida da maneira mais dolorosa", denunciou Ana Clara em uma postagem feita em sua própria rede social, após registrar queixa sobre o acontecido na delegacia. Após passar a noite em claro, e chorando, Ana Clara Sabanejas foi à 27ª DP (Vicente de Carvalho). O caso foi registrado como intolerância ou injúria racial, de cor ou etnia e ameaça. No vídeos gravado por Ana Clara, as mulheres também riem e ameaçam bater na vítima, caso fizesse qualquer denúncia. "Eu vou ser presa por conta de racismo... Ai, gente... Feia e preta, só nascendo de novo...", disse uma das mulheres. A outra continuou o deboche: "A gente vai ser presa por racismo chamando o povo de macaco. Na moral". As duas ainda afirmaram que cortariam os cabelos dela e lhe agrediriam, caso fossem expostas: "A gente vai rapar seu cabelo. Vacilou...", "Se tu falar, tu vai levar um pau". — Elas sabiam o que estavam fazendo, tanto que estavam debochando disso. Só não acreditavam que eu ia denunciá-las. Após o fim da 'live', elas ainda publicaram minha foto e meu nome nas redes sociais, para as pessoas me xingarem. Foi aí que enviei uma mensagem falando que tinha gravado as falas delas e levaria para a polícia, mas não levaram à sério — conta Ana Clara. Família quer justiça A vítima sabia, desde o primeiro momento, que faria a denúncia. Mas, para seguir em frente, foi necessário força — que tirou da criação por mulheres pretas e da esperança de um futuro melhor para os sobrinhos e futuros filhos. — Eu não dormi. Passei a noite em claro, esperando minha mãe acordar. Às 6h, e ela acordou para levar meus irmãos para a escola, eu chamei para mostrar o vídeo. E ela também falou na mesma hora: 'Vamos na delegacia' — diz. Mãe de Ana Clara, Flávia Sabajanes lembra desse momento com tristeza e revolta: — Ela estava chorando muito e me mostrou os vídeos. Como mãe, a gente vê isso e se sente humilhada, triste, impotente. Como mãe e ser humano, foi revoltante. Racismo é crime. A queixa foi registrada na manhã de quinta-feira, por volta das 11h. De acordo com a Polícia Civil, as envolvidas já foram identificadas e os agentes analisam as imagens do ocorrido. Diligências estão em andamento para apurar os fatos. Inicialmente, Ana Clara desejava deixar o caso ser resolvido apenas nesta esfera. Mas recebeu apoio da irmã para divulgar sua história na internet e assim o fez. — A minha irmã não queria a exposição. Ela estava com muita vergonha. Mas eu falei que precisava sim fazer isso. Elas não tiveram vergonha de praticar racismo com a minha irmã — diz a vendedora Thalita Sabajanes, de 25 anos, que desde então gere as redes sociais de Ana Clara, que procura não rever as imagens gravadas ou acompanhar a repercussão do caso na internet: — A gente tomou as medidas legais, mas o sentimento ainda é de impotência. Queremos que a Justiça seja feita. Confira o relato de Ana Clara na rede social "Na noite de ontem fui surpreendida enquanto assistia à uma live, diria que fui surpreendida da maneira mais suja e nojenta, mas na realidade, foi além disso... Fui surpreendida da maneira mais dolorosa. Passei a noite em claro repensando toda a minha existência como mulher preta nessa sociedade e em como ela ainda pode ser tão cruel, depois de tantos anos de sofrimento. Foram tantos questionamentos... Ainda não obtive a resposta de nenhum deles e sinceramente? Acredito que minhas questões nunca serão esclarecidas. Fui criada por mulheres pretas que também foram criadas por mulheres pretas, existe uma grande descendência negra que cooperou para a minha existência hoje. Foi pensando neles que hoje tirei forças de onde eu nem sabia que havia e me dirigi até a delegacia mais próxima, foi pensando nos meus sobrinhos, futuros filhos e em todas as crianças pretas. Hoje fui forte e sei que precisarei dessa força durante toda a minha vida, pois isso não acabará hoje e nem amanhã. Sinto a necessidade de esclarecer que a minha força não significa que deixarei essa situação somente para as autoridades que devem nos proteger (ou deveriam). Portanto, deixo exposto aqui as duas mulheres brancas que na noite anterior me atacaram com falas racistas. Me chamaram de macaca, preta, feia, debocharam dizendo que seriam denunciadas por racismo e expuseram meu perfil para que outras pessoas pudessem me atacar.... Isso não ficará assim. Porque a preta aqui vai até o fim para que vocês tenham o que vocês merecem!"

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