Pensilvânia: Na batalha mais decisiva das eleições americanas, democratas e republicanos vão confiantes às urnas
Campanha de Kamala Harris diz crer em margens maiores do que as de Biden em 2020 na Filadélfia e em seus decisivos subúrbios, com o voto das mulheres; Republicanos mostram força nas zonas rurais e disputam cidades da região metropolitana Cynthia Sullivan nem se lembrava da última vez em que votou. Quando chegou, no começo da manhã, na zona eleitoral localizada em uma escola pública em South Philly, o endereço de sua memória, se surpreendeu com a informação dada por um mesário: ela havia transferido o local de votação anos atrás para uma cidade do Connecticut. Foi, lembrou, quando se mudara para um trabalho de curta duração. Fez os cálculos, abriu o GPS e partiu 4h ao norte para votar na vice-presidente Kamala Harris em um estado que a democrata deve ganhar de lavada. Não importa. A enfermeira queria participar de um momento possivelmente histórico e não só: ser mais um voto em eleição que pode ser questionada pelo outro lado, crê, se Donald Trump perder por pouco. O ex-presidente vem anunciando, sem provas, que não perde no voto sem fraude. Quando olha a sua volta, o ex-vereador democrata Bill Greenlee, 71 anos, diz que os republicanos terão de rebolar para vencer na Pensilvânia com o ânimo extra nesta terça-feira de sol e temperaturas amenas dos eleitores dos bairros com população de maioria negra na cidade, onde passou o dia coordenando a boca de urna democrata. Eleitores foram levados às urnas de microônibus, milhares de apartamentos tiveram suas campainhas tocadas diversas vezes e a mobilização impressionou ao veterano que participou pela primeira vez do processo eleitoral na cidade na disputa entre o então governador da Geórgia, Jimmy Carter, e o presidente republicano Gerald Ford. Foi pé quente: o democrata venceu o estado por uma diferença de pouco mais de 3% e os votos da quinta mais concentração de eleitores negros do país foi crucial para a vitória. — E hoje vimos um aumento significativo de mulheres negras liderando o caminho do voto. Trouxeram maridos, filhos, pais, enteados. Até o fim do dia teremos uma estimativa melhor, mas apostamos em uma vantagem de pelo menos 450 mil votos na cidade para Kamala — afirmou. Número próximo ao que Joe Biden conquistou, em 2020, quando abriu frente de 471 mil eleitores na cidade, suficientes para derrotar Trump no estado. O republicano, assim como em 2016, venceu com folga as zonas rurais que ficam entre Filadélfia e Pittsburgh. Chama a atenção que a margem oferecida pelo ex-vereador e considerado um oráculo de pleitos na cidade, foram ligeiramente menores do que as conquistadas por Biden. É que os republicanos apostam em um aumento ainda mais significativo de votos no condado mais populoso do estado para Trump, especialmente de jovens negros e latinos, em sua maioria homens, enfezados com o aumento do custo de vida nos anos Biden, pós-pandemia em bairros como North Philly. Lá, o carteiro Nyzear Banks, de 27 anos, votou pela primeira vez para presidente na cidade, e em Kamala. Não tinha idade para votar em Barack Obama e nenhum outro candidato o animara desde então. Ele conta uma história diferente: — Kamala representa o novo, a nova geração, o futuro, meus amigos estão votando nela por isso, cansamos das mesmas caras velhas e brancas. Trump já deu. E não acredito nessa história de mais negros votando nele. Ou não fui apresentado a nenhum deles aqui em Philly. Só aparecem na hora do voto? O primeiro voto presidencial do carteiro Nyzear Banks, de 27 anos, foi em Kamala Eduardo Graça É nos subúrbios que circundam a cidade, no entanto, que a briga parece mais acirrada. Juntos, eles concentraram em 2020 1,2 milhão dos votos, contra cerca de 1,1 milhão nos dois condados da área metropolitana. Na entrada de uma seção eleitoral de Haverford, duas mesas separavam civilizadamente os militantes cadastrados dos dois lados, que tinham "colas" com cópias de cédula para quem precisasse. Durante meia hora, O GLOBO contou 48 pessoas na mesa democrata e 26 na republicana. Pesquisa nada científica, mas com um detalhe — das 48 pró-Kamala, mais de 60% eram mulheres. No começo do dia, contaram as militantes democratas, a fila para votar antes de as pessoas irem trabalhar "na cidade" demorou quase 1 hora. Fernanda Rowlands Bravo, 47 anos, consultora de moda e cantora carioca que vive na cidade e se tornou cidadã americana, se organizou para votar na hora do almoço. Não pegou fila, e só ficou chateada por não conseguir um adesivo entregue no fim da votação com a frase "eu votei" em inglês: — Estou esperançosa que outras "mamas" como eu (ela tem dois filhos americanos) saiam de casa para defender a Kamala. É uma questão de ética escolher quem é bom para a gente, quem fará as coisas com justiça e de forma correta para todos. Convoco a mulherada para am gente fazer História hoje. A consultora de moda e cantora carioca Fernanda Rowlands Bravo, de 47 anos Eduardo Graça/O Globo Na mesma seção, no entanto, Myriam Leigh e o filho Connor, de 19 anos, votaram em Trump. A mãe, com uma ca
Campanha de Kamala Harris diz crer em margens maiores do que as de Biden em 2020 na Filadélfia e em seus decisivos subúrbios, com o voto das mulheres; Republicanos mostram força nas zonas rurais e disputam cidades da região metropolitana Cynthia Sullivan nem se lembrava da última vez em que votou. Quando chegou, no começo da manhã, na zona eleitoral localizada em uma escola pública em South Philly, o endereço de sua memória, se surpreendeu com a informação dada por um mesário: ela havia transferido o local de votação anos atrás para uma cidade do Connecticut. Foi, lembrou, quando se mudara para um trabalho de curta duração. Fez os cálculos, abriu o GPS e partiu 4h ao norte para votar na vice-presidente Kamala Harris em um estado que a democrata deve ganhar de lavada. Não importa. A enfermeira queria participar de um momento possivelmente histórico e não só: ser mais um voto em eleição que pode ser questionada pelo outro lado, crê, se Donald Trump perder por pouco. O ex-presidente vem anunciando, sem provas, que não perde no voto sem fraude. Quando olha a sua volta, o ex-vereador democrata Bill Greenlee, 71 anos, diz que os republicanos terão de rebolar para vencer na Pensilvânia com o ânimo extra nesta terça-feira de sol e temperaturas amenas dos eleitores dos bairros com população de maioria negra na cidade, onde passou o dia coordenando a boca de urna democrata. Eleitores foram levados às urnas de microônibus, milhares de apartamentos tiveram suas campainhas tocadas diversas vezes e a mobilização impressionou ao veterano que participou pela primeira vez do processo eleitoral na cidade na disputa entre o então governador da Geórgia, Jimmy Carter, e o presidente republicano Gerald Ford. Foi pé quente: o democrata venceu o estado por uma diferença de pouco mais de 3% e os votos da quinta mais concentração de eleitores negros do país foi crucial para a vitória. — E hoje vimos um aumento significativo de mulheres negras liderando o caminho do voto. Trouxeram maridos, filhos, pais, enteados. Até o fim do dia teremos uma estimativa melhor, mas apostamos em uma vantagem de pelo menos 450 mil votos na cidade para Kamala — afirmou. Número próximo ao que Joe Biden conquistou, em 2020, quando abriu frente de 471 mil eleitores na cidade, suficientes para derrotar Trump no estado. O republicano, assim como em 2016, venceu com folga as zonas rurais que ficam entre Filadélfia e Pittsburgh. Chama a atenção que a margem oferecida pelo ex-vereador e considerado um oráculo de pleitos na cidade, foram ligeiramente menores do que as conquistadas por Biden. É que os republicanos apostam em um aumento ainda mais significativo de votos no condado mais populoso do estado para Trump, especialmente de jovens negros e latinos, em sua maioria homens, enfezados com o aumento do custo de vida nos anos Biden, pós-pandemia em bairros como North Philly. Lá, o carteiro Nyzear Banks, de 27 anos, votou pela primeira vez para presidente na cidade, e em Kamala. Não tinha idade para votar em Barack Obama e nenhum outro candidato o animara desde então. Ele conta uma história diferente: — Kamala representa o novo, a nova geração, o futuro, meus amigos estão votando nela por isso, cansamos das mesmas caras velhas e brancas. Trump já deu. E não acredito nessa história de mais negros votando nele. Ou não fui apresentado a nenhum deles aqui em Philly. Só aparecem na hora do voto? O primeiro voto presidencial do carteiro Nyzear Banks, de 27 anos, foi em Kamala Eduardo Graça É nos subúrbios que circundam a cidade, no entanto, que a briga parece mais acirrada. Juntos, eles concentraram em 2020 1,2 milhão dos votos, contra cerca de 1,1 milhão nos dois condados da área metropolitana. Na entrada de uma seção eleitoral de Haverford, duas mesas separavam civilizadamente os militantes cadastrados dos dois lados, que tinham "colas" com cópias de cédula para quem precisasse. Durante meia hora, O GLOBO contou 48 pessoas na mesa democrata e 26 na republicana. Pesquisa nada científica, mas com um detalhe — das 48 pró-Kamala, mais de 60% eram mulheres. No começo do dia, contaram as militantes democratas, a fila para votar antes de as pessoas irem trabalhar "na cidade" demorou quase 1 hora. Fernanda Rowlands Bravo, 47 anos, consultora de moda e cantora carioca que vive na cidade e se tornou cidadã americana, se organizou para votar na hora do almoço. Não pegou fila, e só ficou chateada por não conseguir um adesivo entregue no fim da votação com a frase "eu votei" em inglês: — Estou esperançosa que outras "mamas" como eu (ela tem dois filhos americanos) saiam de casa para defender a Kamala. É uma questão de ética escolher quem é bom para a gente, quem fará as coisas com justiça e de forma correta para todos. Convoco a mulherada para am gente fazer História hoje. A consultora de moda e cantora carioca Fernanda Rowlands Bravo, de 47 anos Eduardo Graça/O Globo Na mesma seção, no entanto, Myriam Leigh e o filho Connor, de 19 anos, votaram em Trump. A mãe, com uma camiseta bordada com a bandeira americana, afirmou que as cidades do subúrbio estão divididas e que a maioria das mães das amigas do filho, que joga futebol americano em uma das escolas da região, irão votar no republicano. — Nossa razão central é a economia. Não concordamos com um Estado maior, que é o que Kamala representa, e queremos pagar menos impostos. Connor estava orgulhoso de votar no candidato que "defende todos os americanos, inclusive os homens jovens como eu". Na Pensilvânia, a contagem dos votos é tradicionalmente lenta e em 2020 só terminou quatro dias após a última zona eleitoral anunciar o fim do voto. O estado é o mais decisivo para o resultado final.
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