Os desafios de Gabriel Bortoleto em sua temporada de estreia na Fórmula 1

Para o comentarista e ex-piloto Luciano Burti, o fato de o piloto brasileiro entrar em uma equipe de fundo do grid pode ser aproveitada: "Ele pode ter um ano de aprendizado" A expectativa criada durante o GP de São Paulo do último fim de semana se confirmou: o Brasil terá um piloto no grid da Fórmula 1 depois de sete anos de ausência. Atual líder da Fórmula 2, Gabriel Bortoleto foi anunciado ontem pela Sauber para a temporada 2025, ao lado de Nico Hulkenberg, atualmente na Haas. O momento, claro, é de comemoração. Conseguir uma vaga na principal categoria do automobilismo é para poucos. Mas o desafio do jovem é enorme: se manter no cockpit de um F1 pode ser tão difícil quanto entrar em um. Que o digam os últimos brasileiros que por lá estiveram. À exceção de Rubens Barrichello e Felipe Massa, que fizeram carreiras de mais de uma década em grandes equipes e contam com vice-campeonatos em seus currículos, a maioria dos compatriotas que chegaram lá não permaneceu por mais de três temporadas. Lista de todos os pilotos brasileiros na F1 após Ayrton Senna Editoria de Arte Desde a morte de Ayrton Senna, último campeão da F1 pelo país, 15 pilotos fizeram parte do grid — contando com Pietro Fittipaldi que disputou dois GPs em substituição a Romain Grosjean, em 2020, na Haas. Além de Barrichello e Massa, somente Pedro Paulo Diniz e Ricardo Zonta ultrapassaram a marca de três temporadas. Porém, em equipes medianas e com poucos resultados expressivos. — Logicamente, como brasileiro, é uma emoção muito grande ter a nossa bandeira de volta ao grid. Estou muito feliz pelo Gabriel, pelo piloto e pela pessoa que ele é. O Brasil está entrando com o pé direito. O Gabriel é um excelente piloto, vem mostrando resultado dentro das pistas e merece essa oportunidade — disse Massa, que também estreou pela Sauber em 2002. Gabriel Bortoleto e Felipe Massa Reprodução Então membro do programa de desenvolvimento da McLaren, Bortoleto teve de ser liberado pela equipe inglesa para assinar com a Sauber na vaga do finlandês Valtteri Bottas. Dificilmente, o brasileiro teria uma chance no curto prazo na escuderia que conta com dois dos jovens mais promissores da categoria: Lando Norris e Oscar Piastri. Agenciado pela empresa A14 Management do espanhol Fernando Alonso, da Aston Martin, ele viu as portas se abrirem na Sauber como a grande chance da carreira, após a evolução em sua temporada de estreia na F2. — O modo como ele está pilotando e, mais do que isso, sua capacidade de se desenvolver ao longo da própria temporada me impressionou. É um dos novatos mais talentosos e com maior potencial que temos. Foi uma decisão óbvia apostar nele — disse Mattia Binotto, futuro chefe de Bortoleto na Sauber, ao site da F1. Gabriel Bortoleto e Mattia Binotto, chefe da Sauber/Audi Divulgação Contudo, o carro que terá em mãos em 2025 será outro grande desafio para conseguir se firmar. Das dez equipes de 2024, a Sauber é a única que não pontuou em 21 corridas. E não há muitos motivos para considerar que haverá grande evolução em 2025, último ano do atual regulamento. Luciano Burti, comentarista de automobilismo e ex-piloto de F1, argumenta que o sucesso depende tanto do talento quanto das circunstâncias, mesmo que o carro não seja dos melhores. Ele acrescenta ainda que entrar na categoria numa equipe menor pode ser produtivo em um primeiro momento. — É ruim não ter um carro competitivo, mas talvez ajude um pouco. Sem essa expectativa muito aguçada, ele pode ter um ano de aprendizado e, eventualmente, ter a chance mostrar alguns bons resultados — afirma Burti, relembrando que o próprio Alonso, agente de Bortoleto, começou a carreira na Minardi, então o pior carro do grid. — Não tem uma regra exata. Depois que você entra na F1, depende de muitas coisas, inclusive da sorte. Sem talento ninguém vai a lugar nenhum, mas as circunstâncias são muito importantes nesses primeiros anos para direcionar a carreira do piloto. Já as perspectivas a médio prazo dão esperança. A partir de 2026, a Sauber passará a se chamar Audi, montadora alemã que adquiriu a equipe e promete investimentos fortes. — Este é um dos projetos mais empolgantes no automobilismo. Fazer parte de uma equipe que combina as ricas histórias no automobilismo da Sauber e da Audi é uma verdadeira honra. Tenho o objetivo de crescer com este projeto ambicioso e alcançar o auge do automobilismo — disse Bortoleto ao site oficial da Sauber.

Nov 7, 2024 - 05:13
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Os desafios de Gabriel Bortoleto em sua temporada de estreia na Fórmula 1

Para o comentarista e ex-piloto Luciano Burti, o fato de o piloto brasileiro entrar em uma equipe de fundo do grid pode ser aproveitada: "Ele pode ter um ano de aprendizado" A expectativa criada durante o GP de São Paulo do último fim de semana se confirmou: o Brasil terá um piloto no grid da Fórmula 1 depois de sete anos de ausência. Atual líder da Fórmula 2, Gabriel Bortoleto foi anunciado ontem pela Sauber para a temporada 2025, ao lado de Nico Hulkenberg, atualmente na Haas. O momento, claro, é de comemoração. Conseguir uma vaga na principal categoria do automobilismo é para poucos. Mas o desafio do jovem é enorme: se manter no cockpit de um F1 pode ser tão difícil quanto entrar em um. Que o digam os últimos brasileiros que por lá estiveram. À exceção de Rubens Barrichello e Felipe Massa, que fizeram carreiras de mais de uma década em grandes equipes e contam com vice-campeonatos em seus currículos, a maioria dos compatriotas que chegaram lá não permaneceu por mais de três temporadas. Lista de todos os pilotos brasileiros na F1 após Ayrton Senna Editoria de Arte Desde a morte de Ayrton Senna, último campeão da F1 pelo país, 15 pilotos fizeram parte do grid — contando com Pietro Fittipaldi que disputou dois GPs em substituição a Romain Grosjean, em 2020, na Haas. Além de Barrichello e Massa, somente Pedro Paulo Diniz e Ricardo Zonta ultrapassaram a marca de três temporadas. Porém, em equipes medianas e com poucos resultados expressivos. — Logicamente, como brasileiro, é uma emoção muito grande ter a nossa bandeira de volta ao grid. Estou muito feliz pelo Gabriel, pelo piloto e pela pessoa que ele é. O Brasil está entrando com o pé direito. O Gabriel é um excelente piloto, vem mostrando resultado dentro das pistas e merece essa oportunidade — disse Massa, que também estreou pela Sauber em 2002. Gabriel Bortoleto e Felipe Massa Reprodução Então membro do programa de desenvolvimento da McLaren, Bortoleto teve de ser liberado pela equipe inglesa para assinar com a Sauber na vaga do finlandês Valtteri Bottas. Dificilmente, o brasileiro teria uma chance no curto prazo na escuderia que conta com dois dos jovens mais promissores da categoria: Lando Norris e Oscar Piastri. Agenciado pela empresa A14 Management do espanhol Fernando Alonso, da Aston Martin, ele viu as portas se abrirem na Sauber como a grande chance da carreira, após a evolução em sua temporada de estreia na F2. — O modo como ele está pilotando e, mais do que isso, sua capacidade de se desenvolver ao longo da própria temporada me impressionou. É um dos novatos mais talentosos e com maior potencial que temos. Foi uma decisão óbvia apostar nele — disse Mattia Binotto, futuro chefe de Bortoleto na Sauber, ao site da F1. Gabriel Bortoleto e Mattia Binotto, chefe da Sauber/Audi Divulgação Contudo, o carro que terá em mãos em 2025 será outro grande desafio para conseguir se firmar. Das dez equipes de 2024, a Sauber é a única que não pontuou em 21 corridas. E não há muitos motivos para considerar que haverá grande evolução em 2025, último ano do atual regulamento. Luciano Burti, comentarista de automobilismo e ex-piloto de F1, argumenta que o sucesso depende tanto do talento quanto das circunstâncias, mesmo que o carro não seja dos melhores. Ele acrescenta ainda que entrar na categoria numa equipe menor pode ser produtivo em um primeiro momento. — É ruim não ter um carro competitivo, mas talvez ajude um pouco. Sem essa expectativa muito aguçada, ele pode ter um ano de aprendizado e, eventualmente, ter a chance mostrar alguns bons resultados — afirma Burti, relembrando que o próprio Alonso, agente de Bortoleto, começou a carreira na Minardi, então o pior carro do grid. — Não tem uma regra exata. Depois que você entra na F1, depende de muitas coisas, inclusive da sorte. Sem talento ninguém vai a lugar nenhum, mas as circunstâncias são muito importantes nesses primeiros anos para direcionar a carreira do piloto. Já as perspectivas a médio prazo dão esperança. A partir de 2026, a Sauber passará a se chamar Audi, montadora alemã que adquiriu a equipe e promete investimentos fortes. — Este é um dos projetos mais empolgantes no automobilismo. Fazer parte de uma equipe que combina as ricas histórias no automobilismo da Sauber e da Audi é uma verdadeira honra. Tenho o objetivo de crescer com este projeto ambicioso e alcançar o auge do automobilismo — disse Bortoleto ao site oficial da Sauber.

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