O manual criança e natureza
A natureza é o território essencial da criança, onde ela pode exercer sua atividade essencial: o livre brincar, ainda melhor com seus pares. A Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) e o Instituto Alana acabam de publicar o manual "Benefícios da natureza no desenvolvimento de crianças e adolescentes" — atualização 2024. Trata-se uma obra pioneira, uma iniciativa conjunta de duas importantes entidades de proteção da infância, que se dirige a pediatras, famílias, educadores e também a crianças e adolescentes, demonstrando a importância do contato com a natureza na infância, com suas implicações na saúde física e mental, nas políticas públicas, nas escolas e na cidade. Nessa edição, o manual traz informações importantes sobre o impacto da crise climática nas infâncias. É preciso entender que estamos legando para nossos filhos um mundo bem pior do que o que recebemos de nossos pais. Nos afastamos cada vez mais da natureza. Exilamos as crianças de seu território essencial: a natureza e o ar livre. A principal causa é nossa urbanização caótica, desigual e injusta. Nossas cidades oferecem, na sua maioria, poucas áreas verdes e recreativas, especialmente na periferia. Praças são mal cuidadas, os brinquedos se deterioram rapidamente, há pouca sombra, acessibilidade, iluminação, segurança. As famílias não têm tempo ou condições para levar. A insegurança das ruas, as longas horas de trabalho e no transporte, a exaustão e o uso excessivo do celular são os principais motivos. As escolas em geral têm poucas áreas abertas e espaços verdes, e os recreios não são valorizados. Resultado: crianças confinadas entre quatro paredes, na maioria absoluta de seu tempo. Sentadas ou deitadas em sofás, sedentárias, com o biscoito ultraprocessado numa mão, e a tela na outra. TVs, tablets e celulares são a única solução para conter a enorme energia que ela deveria estar usando para correr, pular, brincar. As consequências desse cenário são nefastas: crianças adoecendo física, mental e emocionalmente. Doenças do adulto como hipertensão, obesidade e diabetes chegam com força na infância. Transtornos do comportamento, infecções, distúrbios do sono, dificuldades de aprendizado e problemas de saúde mental e emocional se tornando cada vez mais frequentes. Se conseguimos - e esse deve ser um esforço de toda a sociedade e das políticas públicas - levar a criança para o ar livre e a natureza, os resultados são imediatos. Sua curiosidade se aguça, seu senso de descoberta se amplia, ela se torna uma cientista, investigando os fenômenos à sua volta - o vôo dos pássaros e das folhas, o percurso das formigas, a cor e textura das pedras. Sua criatividade e imaginação são acionadas, assim como o raciocínio lógico. A natureza cria desafios, e ela terá que aprender a avaliar riscos, resolver problemas e vencer seus medos. Os benefícios são inúmeros: na forma física, coordenação, concentração, imunidade, sono, alimentação, escolaridade e socialização. A natureza é um remédio para os principais males da infância de hoje: ela reduz a obesidade, alergias, distúrbios do sono, sintomas emocionais. Afasta das telas, reduz o consumismo, o materialismo excessivo dos nossos tempos. E mais: a conexão, o senso de maravilhamento e reverência que a natureza nos oferece trazem uma semente de vida espiritual para a criança. A natureza é o território essencial da criança, onde ela pode exercer sua atividade essencial: o livre brincar, ainda melhor com seus pares. Os serviços que a natureza oferece a toda a sociedade são inúmeros. Ela reduz a poluição, a radiação solar e o calor excessivo (um aumento de 10% na cobertura da copa das árvores pode resultar em uma diminuição de 3 a 4°C na temperatura e reduz as necessidades energéticas e as emissões de carbono), protege contra enchentes e desabamentos (a captação da chuva por árvores, vegetação e solos permeáveis pode reduzir a pressão sobre o sistema de drenagem), traz bem-estar emocional, melhora as relações humanas, contribui para a beleza e harmonia da paisagem urbana. Promove a redução da poluição e minimiza seus efeitos na saúde. Ativa a economia e o turismo, aumenta a arrecadação das prefeituras. As vantagens para a qualidade de vida e para a adaptação climática das cidades são claras. E o investimento necessário não é excessivo. Precisamos de vontade política e de atenção a uma agenda que só traz benefícios para todos. O manual oferece orientações para pediatras e outros profissionais de saúde, educadores e escolas, arquitetos e urbanistas e para famílias, crianças e adolescentes. Ele pode se tornar uma peça valiosa para a elaboração de políticas públicas essenciais para nossos dias e ajudar todos os que trabalham com a infância a promover a saúde integral de nossas crianças e adolescentes.
A natureza é o território essencial da criança, onde ela pode exercer sua atividade essencial: o livre brincar, ainda melhor com seus pares. A Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) e o Instituto Alana acabam de publicar o manual "Benefícios da natureza no desenvolvimento de crianças e adolescentes" — atualização 2024. Trata-se uma obra pioneira, uma iniciativa conjunta de duas importantes entidades de proteção da infância, que se dirige a pediatras, famílias, educadores e também a crianças e adolescentes, demonstrando a importância do contato com a natureza na infância, com suas implicações na saúde física e mental, nas políticas públicas, nas escolas e na cidade. Nessa edição, o manual traz informações importantes sobre o impacto da crise climática nas infâncias. É preciso entender que estamos legando para nossos filhos um mundo bem pior do que o que recebemos de nossos pais. Nos afastamos cada vez mais da natureza. Exilamos as crianças de seu território essencial: a natureza e o ar livre. A principal causa é nossa urbanização caótica, desigual e injusta. Nossas cidades oferecem, na sua maioria, poucas áreas verdes e recreativas, especialmente na periferia. Praças são mal cuidadas, os brinquedos se deterioram rapidamente, há pouca sombra, acessibilidade, iluminação, segurança. As famílias não têm tempo ou condições para levar. A insegurança das ruas, as longas horas de trabalho e no transporte, a exaustão e o uso excessivo do celular são os principais motivos. As escolas em geral têm poucas áreas abertas e espaços verdes, e os recreios não são valorizados. Resultado: crianças confinadas entre quatro paredes, na maioria absoluta de seu tempo. Sentadas ou deitadas em sofás, sedentárias, com o biscoito ultraprocessado numa mão, e a tela na outra. TVs, tablets e celulares são a única solução para conter a enorme energia que ela deveria estar usando para correr, pular, brincar. As consequências desse cenário são nefastas: crianças adoecendo física, mental e emocionalmente. Doenças do adulto como hipertensão, obesidade e diabetes chegam com força na infância. Transtornos do comportamento, infecções, distúrbios do sono, dificuldades de aprendizado e problemas de saúde mental e emocional se tornando cada vez mais frequentes. Se conseguimos - e esse deve ser um esforço de toda a sociedade e das políticas públicas - levar a criança para o ar livre e a natureza, os resultados são imediatos. Sua curiosidade se aguça, seu senso de descoberta se amplia, ela se torna uma cientista, investigando os fenômenos à sua volta - o vôo dos pássaros e das folhas, o percurso das formigas, a cor e textura das pedras. Sua criatividade e imaginação são acionadas, assim como o raciocínio lógico. A natureza cria desafios, e ela terá que aprender a avaliar riscos, resolver problemas e vencer seus medos. Os benefícios são inúmeros: na forma física, coordenação, concentração, imunidade, sono, alimentação, escolaridade e socialização. A natureza é um remédio para os principais males da infância de hoje: ela reduz a obesidade, alergias, distúrbios do sono, sintomas emocionais. Afasta das telas, reduz o consumismo, o materialismo excessivo dos nossos tempos. E mais: a conexão, o senso de maravilhamento e reverência que a natureza nos oferece trazem uma semente de vida espiritual para a criança. A natureza é o território essencial da criança, onde ela pode exercer sua atividade essencial: o livre brincar, ainda melhor com seus pares. Os serviços que a natureza oferece a toda a sociedade são inúmeros. Ela reduz a poluição, a radiação solar e o calor excessivo (um aumento de 10% na cobertura da copa das árvores pode resultar em uma diminuição de 3 a 4°C na temperatura e reduz as necessidades energéticas e as emissões de carbono), protege contra enchentes e desabamentos (a captação da chuva por árvores, vegetação e solos permeáveis pode reduzir a pressão sobre o sistema de drenagem), traz bem-estar emocional, melhora as relações humanas, contribui para a beleza e harmonia da paisagem urbana. Promove a redução da poluição e minimiza seus efeitos na saúde. Ativa a economia e o turismo, aumenta a arrecadação das prefeituras. As vantagens para a qualidade de vida e para a adaptação climática das cidades são claras. E o investimento necessário não é excessivo. Precisamos de vontade política e de atenção a uma agenda que só traz benefícios para todos. O manual oferece orientações para pediatras e outros profissionais de saúde, educadores e escolas, arquitetos e urbanistas e para famílias, crianças e adolescentes. Ele pode se tornar uma peça valiosa para a elaboração de políticas públicas essenciais para nossos dias e ajudar todos os que trabalham com a infância a promover a saúde integral de nossas crianças e adolescentes.
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