'Ninguém quer', da Netflix, é comédia romântica deliciosa (e tem um título cheio de significados)
Para quem busca um descanso do festival de true crime pesado que vem dominando o streaming, recomendo “Ninguém quer”. Trata-se de uma comédia romântica com todos os ingredientes e esquemas que se espera do gênero. Ela se encaixa tão perfeitamente nessa classificação que provoca até uma espécie de efeito mnemônico. Faz o espectador lembrar de detalhes de clássicos, como “Uma linda mulher”, “Bridget Jones”, “Um lugar chamado Notting Hill”, “Para sempre Cinderela”, entre tantos outros. A série está na Netflix e é pura diversão. São dez episódios curtos, de menos de meia hora. O formato, aliás, é agradável e leve como essa história. Ele convida à maratona. Quem se animar pode devorar tudo em dois dias. Acompanhamos o romance cheio de obstáculos entre Joanne (Kristen Bell) e Noah (Adam Brody). Ela comanda — com a irmã, Morgan (Justine Lupe, de “Succession”) — um podcast sobre sexo. Ele é um jovem rabino com uma carreira ascendente numa sinagoga reformista de Los Angeles. O casal improvável se apaixona perdidamente. Kristen Bell e Justine Luppe, as irmãs em "Ninguém quer" Netflix Quando os somos apresentados aos dois, ele acaba de romper com Rebecca (Emily Arlook), de quem ficaria noivo. Noah foi criado para se casar com uma moça judia certinha e formar uma família tradicional. É filho de imigrantes de origem russa. Seu pai (Paul Ben-Victor) é um sujeito cordato, mas integralmente submisso à mulher, Bina (Tovah Feldshuh), uma tirana. Me siga no Instagram aqui Já Joanne vem de uma série de relacionamentos fracassados. Não tem formação religiosa. Seu pai é gay (Michael Hitchcock) e separado da mãe (Stephanie Faracy), uma pessoa complicada e ainda apaixonada por ele. Os entraves para o amor do par central são os das fórmulas tradicionais do gênero. O gato e rato, os contrastes culturais, os clichês e o sexo animado movem a trama. A narrativa se concentra em poucos personagens, o que é outro acerto. É tudo tão compacto que até Los Angeles, imensa e cheia de viadutos, parece uma cidade pequena: os personagens se encontram acidentalmente na rua e até na sex shop. As situações cômicas se multiplicam. Bina, uma sogra-bruxa de manual, só se refere a Joanne como “shiksa”. A palavra iídiche que dizer literalmente “gentia”, mas traz mil outros significados demeritórios ocultos. Joanne, por sua vez, não sabe sequer o que é shabat nem nunca escutou a palavra shalom (a saudação hebraica mais banal). Quando visita a família do namorado, leva um prato de frios de presente — e porco é uma carne proibida para os judeus. “Ninguém quer” é um título eloquente. Joanne e Noah não desejariam para si tantos impedimentos para a felicidade. A família dele e a comunidade que ele lidera não querem o namoro. Finalmente, a irmã de Joanne detesta quando ela se desinteressa do podcast para mergulhar numa relação convencional. Vale conferir.
Para quem busca um descanso do festival de true crime pesado que vem dominando o streaming, recomendo “Ninguém quer”. Trata-se de uma comédia romântica com todos os ingredientes e esquemas que se espera do gênero. Ela se encaixa tão perfeitamente nessa classificação que provoca até uma espécie de efeito mnemônico. Faz o espectador lembrar de detalhes de clássicos, como “Uma linda mulher”, “Bridget Jones”, “Um lugar chamado Notting Hill”, “Para sempre Cinderela”, entre tantos outros. A série está na Netflix e é pura diversão. São dez episódios curtos, de menos de meia hora. O formato, aliás, é agradável e leve como essa história. Ele convida à maratona. Quem se animar pode devorar tudo em dois dias. Acompanhamos o romance cheio de obstáculos entre Joanne (Kristen Bell) e Noah (Adam Brody). Ela comanda — com a irmã, Morgan (Justine Lupe, de “Succession”) — um podcast sobre sexo. Ele é um jovem rabino com uma carreira ascendente numa sinagoga reformista de Los Angeles. O casal improvável se apaixona perdidamente. Kristen Bell e Justine Luppe, as irmãs em "Ninguém quer" Netflix Quando os somos apresentados aos dois, ele acaba de romper com Rebecca (Emily Arlook), de quem ficaria noivo. Noah foi criado para se casar com uma moça judia certinha e formar uma família tradicional. É filho de imigrantes de origem russa. Seu pai (Paul Ben-Victor) é um sujeito cordato, mas integralmente submisso à mulher, Bina (Tovah Feldshuh), uma tirana. Me siga no Instagram aqui Já Joanne vem de uma série de relacionamentos fracassados. Não tem formação religiosa. Seu pai é gay (Michael Hitchcock) e separado da mãe (Stephanie Faracy), uma pessoa complicada e ainda apaixonada por ele. Os entraves para o amor do par central são os das fórmulas tradicionais do gênero. O gato e rato, os contrastes culturais, os clichês e o sexo animado movem a trama. A narrativa se concentra em poucos personagens, o que é outro acerto. É tudo tão compacto que até Los Angeles, imensa e cheia de viadutos, parece uma cidade pequena: os personagens se encontram acidentalmente na rua e até na sex shop. As situações cômicas se multiplicam. Bina, uma sogra-bruxa de manual, só se refere a Joanne como “shiksa”. A palavra iídiche que dizer literalmente “gentia”, mas traz mil outros significados demeritórios ocultos. Joanne, por sua vez, não sabe sequer o que é shabat nem nunca escutou a palavra shalom (a saudação hebraica mais banal). Quando visita a família do namorado, leva um prato de frios de presente — e porco é uma carne proibida para os judeus. “Ninguém quer” é um título eloquente. Joanne e Noah não desejariam para si tantos impedimentos para a felicidade. A família dele e a comunidade que ele lidera não querem o namoro. Finalmente, a irmã de Joanne detesta quando ela se desinteressa do podcast para mergulhar numa relação convencional. Vale conferir.
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