Ministério da Saúde pode recuar na decisão de municipalizar Hospital do Andaraí; entenda

Tema foi tratado durante reunião na semana passada entre a ministra Nísia Trindade e o prefeito Eduardo Paes Quatro meses depois da publicação de uma portaria permitir a descentralização dos serviços de saúde do Hospital Federal do Andaraí, localizado na Grande Tijuca, a municipalização da unidade acordada entre o Ministério da Saúde e a prefeitura do Rio, ainda é um impasse. Oficialmente, a pasta afirma que continua negociando com o município “analisando a viabilidade orçamentária e os termos do acordo”. No entanto, fontes ouvidas pelo GLOBO dizem que o acordo não avançou. Até o momento, nenhuma proposta para que a Rio Saúde, empresa da prefeitura, possa administrar o hospital foi apresentada pela ministra Nísia Trindade. Ministério da Saúde assina acordo de fusão do Gaffrée e Guinle com o Hospital dos Servidores; entenda Gestão compartilhada: além da 'municipalização' do Hospital Federal Andaraí, outras cinco unidades devem ser transferidas; entenda O secretário de Saúde do Rio, Daniel Soranz, não deu detalhes sobre o que deve acontecer caso o ministério decida recuar definitivamente com a entrega do hospital e afirmou que nenhuma reunião foi marcada para os próximos dias: — Até o momento, não tem nada decidido se vai (municipalizar). A unidade está sob gestão federal. Seria uma mudança caso fosse municipalizado. Como não tem mudança, não temos nenhuma previsão de alteração na gestão do Andaraí — afirmou o secretário. Ministra da saúde Nisía Trindade reunida com prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, o vice-prefeito, Eduardo Cavaliere, o secretário de saúde do Rio, Daniel Soranz Divulgação A indefinição sobre a transferência foi discutida em uma reunião realizada na semana passada, no Palácio da Cidade, em Botafogo, entre a ministra Nísia Trindade, o prefeito Eduardo Paes, o vice-prefeito Eduardo Cavaliere e o secretário Soranz. Nos bastidos do Ministério da Saúde, fontes apontam que o impasse principal gira em torno do valor necessário para o orçamento, considerado pela prefeitura como essencial para a manutenção e o funcionamento do hospital, atualmente sucateado. Além disso, até agora, a pasta se quer apresentou um plano de reajuste anual de custeio que garanta ao município recursos suficientes para iniciar a restruturação da unidade. A pressão de sindicatos de profissionais de saúde, contrários ao “fatiamento” dos hospitais federais, também contribuiu para o recuo do Ministério da Saúde. Muitos desses servidores ainda protestam contra a transferência de gestão do Hospital de Bonsucesso para o Grupo Hospitalar Conceição(GHC) do Rio Grande do Sul. A pasta teme que a municipalização do Andaraí inflame ainda mais os ânimos dos servidores. — Os hospitais públicos sempre foram objetos de muita cobiça por esses processos de clientelismo que caracterizam a administração pública brasileira. Os deputados federais e estaduais, além de senadores, eles acabam pressionando no sentido que se tenha o fatiamento da indicação de diretores e cargos para compor seus interesses eleitorais. O que muda nisso tudo são os grupos políticos. Mas os processos se mantém— afirmou a Professora de Saúde Coletiva da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Fátima Siliansky ao completar: — Essa solução que o ministério da saúde está dando de fatiar a rede federal, ou seja, entregar a gestão para diversas organizações, isso não é solução para esse processo porque todas essas organizações também são sujeitas ao mesmo processo. São organizações cujos cargos por indicação. Isso é um problema estrutural do Brasil. Isso é um pano de fundo. Referência em tratamento Referência para tratamentos de alta complexidade, o Hospital Federal do Andaraí, na Zona Norte do Rio, sofre há anos com problemas de gestão. A proposta para recuperar o fôlego da unidade apresentada pelo Ministério da Saúde, no entanto, até agora não deslanchou. Nem mesmo o acordo de cooperação técnica necessário para levar adiante as medidas foi assinado. Na foto, setor novo da Oncologia que será inaugurado ainda este ano Ana Branco / Agencia O Globo Sem avanços e com a gestão compartilhada apenas no papel, antigos problemas persistem. A emergência segue com as portas fechadas, assim como o novo setor de radioterapia, voltado para o atendimento oncológico, segue sem previsão de abertura. E obras importantes, como a de reestruturação do Centro de Tratamento de Queimados (CTQ), estão paradas. Além dos problemas estruturais, o hospital também sofre com a falta de profissionais de saúde. Ontem, o Andaraí estava com 176 leitos ocupados, 90 livres e 38 impedidos por falta de obras e médicos. As áreas mais afetadas são: oncologia; clínica médica; anestesiologista; neurocirurgia e cirurgia geral. De acordo com dados de abril, a unidade tem 332 médicos e 812 auxiliares e técnicos de enfermagem, desses 146 médicos e 225 auxiliares e técnicos trabalham com contrato temporário da União (CTU). Andaraí estava com 176 leitos ocupados, 90 livres e 38 impedidos por falta de ob

Nov 7, 2024 - 10:02
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Ministério da Saúde pode recuar na decisão de municipalizar Hospital do Andaraí; entenda

Tema foi tratado durante reunião na semana passada entre a ministra Nísia Trindade e o prefeito Eduardo Paes Quatro meses depois da publicação de uma portaria permitir a descentralização dos serviços de saúde do Hospital Federal do Andaraí, localizado na Grande Tijuca, a municipalização da unidade acordada entre o Ministério da Saúde e a prefeitura do Rio, ainda é um impasse. Oficialmente, a pasta afirma que continua negociando com o município “analisando a viabilidade orçamentária e os termos do acordo”. No entanto, fontes ouvidas pelo GLOBO dizem que o acordo não avançou. Até o momento, nenhuma proposta para que a Rio Saúde, empresa da prefeitura, possa administrar o hospital foi apresentada pela ministra Nísia Trindade. Ministério da Saúde assina acordo de fusão do Gaffrée e Guinle com o Hospital dos Servidores; entenda Gestão compartilhada: além da 'municipalização' do Hospital Federal Andaraí, outras cinco unidades devem ser transferidas; entenda O secretário de Saúde do Rio, Daniel Soranz, não deu detalhes sobre o que deve acontecer caso o ministério decida recuar definitivamente com a entrega do hospital e afirmou que nenhuma reunião foi marcada para os próximos dias: — Até o momento, não tem nada decidido se vai (municipalizar). A unidade está sob gestão federal. Seria uma mudança caso fosse municipalizado. Como não tem mudança, não temos nenhuma previsão de alteração na gestão do Andaraí — afirmou o secretário. Ministra da saúde Nisía Trindade reunida com prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, o vice-prefeito, Eduardo Cavaliere, o secretário de saúde do Rio, Daniel Soranz Divulgação A indefinição sobre a transferência foi discutida em uma reunião realizada na semana passada, no Palácio da Cidade, em Botafogo, entre a ministra Nísia Trindade, o prefeito Eduardo Paes, o vice-prefeito Eduardo Cavaliere e o secretário Soranz. Nos bastidos do Ministério da Saúde, fontes apontam que o impasse principal gira em torno do valor necessário para o orçamento, considerado pela prefeitura como essencial para a manutenção e o funcionamento do hospital, atualmente sucateado. Além disso, até agora, a pasta se quer apresentou um plano de reajuste anual de custeio que garanta ao município recursos suficientes para iniciar a restruturação da unidade. A pressão de sindicatos de profissionais de saúde, contrários ao “fatiamento” dos hospitais federais, também contribuiu para o recuo do Ministério da Saúde. Muitos desses servidores ainda protestam contra a transferência de gestão do Hospital de Bonsucesso para o Grupo Hospitalar Conceição(GHC) do Rio Grande do Sul. A pasta teme que a municipalização do Andaraí inflame ainda mais os ânimos dos servidores. — Os hospitais públicos sempre foram objetos de muita cobiça por esses processos de clientelismo que caracterizam a administração pública brasileira. Os deputados federais e estaduais, além de senadores, eles acabam pressionando no sentido que se tenha o fatiamento da indicação de diretores e cargos para compor seus interesses eleitorais. O que muda nisso tudo são os grupos políticos. Mas os processos se mantém— afirmou a Professora de Saúde Coletiva da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Fátima Siliansky ao completar: — Essa solução que o ministério da saúde está dando de fatiar a rede federal, ou seja, entregar a gestão para diversas organizações, isso não é solução para esse processo porque todas essas organizações também são sujeitas ao mesmo processo. São organizações cujos cargos por indicação. Isso é um problema estrutural do Brasil. Isso é um pano de fundo. Referência em tratamento Referência para tratamentos de alta complexidade, o Hospital Federal do Andaraí, na Zona Norte do Rio, sofre há anos com problemas de gestão. A proposta para recuperar o fôlego da unidade apresentada pelo Ministério da Saúde, no entanto, até agora não deslanchou. Nem mesmo o acordo de cooperação técnica necessário para levar adiante as medidas foi assinado. Na foto, setor novo da Oncologia que será inaugurado ainda este ano Ana Branco / Agencia O Globo Sem avanços e com a gestão compartilhada apenas no papel, antigos problemas persistem. A emergência segue com as portas fechadas, assim como o novo setor de radioterapia, voltado para o atendimento oncológico, segue sem previsão de abertura. E obras importantes, como a de reestruturação do Centro de Tratamento de Queimados (CTQ), estão paradas. Além dos problemas estruturais, o hospital também sofre com a falta de profissionais de saúde. Ontem, o Andaraí estava com 176 leitos ocupados, 90 livres e 38 impedidos por falta de obras e médicos. As áreas mais afetadas são: oncologia; clínica médica; anestesiologista; neurocirurgia e cirurgia geral. De acordo com dados de abril, a unidade tem 332 médicos e 812 auxiliares e técnicos de enfermagem, desses 146 médicos e 225 auxiliares e técnicos trabalham com contrato temporário da União (CTU). Andaraí estava com 176 leitos ocupados, 90 livres e 38 impedidos por falta de obras e médicos Ana Branco / Agencia O Globo

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