Filho de vereador preso em operação contra o PCC é eleito em cidade da Grande São Paulo

Pai de Ewerton Inha (Podemos), eleito em Ferraz de Vasconcelos, é acusado de ‘tratar diretamente’ da ‘repartição de valores’ com integrantes de esquema criminoso O filho de um ex-vereador de Ferraz de Vasconcelos (SP) que passou quatro meses preso sob suspeita de envolvimento num esquema criminoso ligado ao PCC foi eleito no último domingo para o mesmo cargo do pai. Ewerton de Lissa Souza (Podemos) foi o segundo vereador mais votado na cidade da região metropolitana de São Paulo, com 2.552 votos. Correligionário da prefeita reeleita, Priscila Gambale, ele é filho de Flávio Batista de Souza, que esteve preso de abril a agosto por conta das investigações da Operação Munditia. Conhecido como “Inha”, Flávio só deixou a prisão e passou a cumprir medidas cautelares após renunciar ao mandato. A campanha de Ewerton recebeu doações de seis pessoas, que totalizaram R$ 29.500. Dentre os doadores está um dos irmãos do agora vereador eleito, Flávio Batista de Souza Junior, e um ex-servidor que trabalhou com Inha (o pai) na Câmara de Ferraz de Vasconcelos. Esta foi a primeira eleição de Ewerton, que apareceu nas urnas com o nome “Ewerton Inha”, em referência ao pai — que estava em seu terceiro mandato como vereador, o segundo consecutivo. Ewerton integra o diretório municipal do Podemos em Ferraz de Vasconcelos. Em nota, Ewerton disse que não pode se manifestar sobre as investigações contra seu pai, pois as mesmas estão sob sigilo. "O mandato é pessoal e será exercido pelo vereador eleito e não por qualquer outra pessoa. Flávio Batista de Souza vai se dedicar integralmente à defesa e não participará do mandato do vereador Ewerton", afirmou. Ainda em agosto, o presidente do diretório municipal do Podemos, Alvaro Costa Vieira, disse que a filiação de Inha está suspensa e afirmou que a candidatura de Ewerton foi aprovada “de forma democrática” na convenção da legenda. — Não podemos penalizar alguém por conta das ações de um familiar, para quem nem existe uma condenação. Ele tem o direito de se candidatar e quem tem que avaliar se ele merece ou não ser vereador é a população — declarou à época. Quem é o pai de Ewerton Na denúncia oferecida à Justiça, o Ministério Público de São Paulo (MP-S) afirmou que Inha integrava um dos “polos de corrupção” no poder público que se relacionava com o crime organizado. Os investigadores identificaram conversas entre o então vereador e o empresário apontado como dono das empresas que simulavam concorrência em licitações para obter contratos públicos em nome do PCC. Segundo os promotores, Inha “tratava diretamente” da “repartição de valores”, e chegou a reclamar da propina oferecida pelo outro suspeito. — Então, mas essa sua matemática está errada. Viu como você é ruim de matemática? Como que você ganha tanto dinheiro assim e não sabe fazer conta? Tá, pior que você sabe, né? Por isso você ganha, né? Estou brincando. Vou mandar a conta certa para você — disse o político em áudio enviado quando ele era presidente da Câmara de Ferraz de Vasconcelos. A Operação Munditia mirou esquema que teria movimentado R$ 200 milhões em contratos públicos em cidades paulistas. Além de Inha, outros dois vereadores foram presos: Ricardo de Oliveira (o “Ricardo Queixão”, do PSD de Cubatão) e Luiz Carlos Alves Dias (o “Luizão Arquiteto”, do MDB de Santa Isabel). Queixão foi o primeiro do trio a ser solto, no dia 9 de agosto. O ministro Otávio de Almeida Toledo, desembargador convocado para o STJ, considerou que o vereador de Cubatão deixou de ter acesso a meios de “turbar a colheita das provas relativas aos fatos objeto da denúncia” a partir do momento em que renunciou ao seu mandato. No mesmo dia daquela decisão, a Justiça paulista concedeu liberdade a Luizão Arquiteto sob o mesmo argumento. Initial plugin text

Oct 12, 2024 - 02:28
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Filho de vereador preso em operação contra o PCC é eleito em cidade da Grande São Paulo

Pai de Ewerton Inha (Podemos), eleito em Ferraz de Vasconcelos, é acusado de ‘tratar diretamente’ da ‘repartição de valores’ com integrantes de esquema criminoso O filho de um ex-vereador de Ferraz de Vasconcelos (SP) que passou quatro meses preso sob suspeita de envolvimento num esquema criminoso ligado ao PCC foi eleito no último domingo para o mesmo cargo do pai. Ewerton de Lissa Souza (Podemos) foi o segundo vereador mais votado na cidade da região metropolitana de São Paulo, com 2.552 votos. Correligionário da prefeita reeleita, Priscila Gambale, ele é filho de Flávio Batista de Souza, que esteve preso de abril a agosto por conta das investigações da Operação Munditia. Conhecido como “Inha”, Flávio só deixou a prisão e passou a cumprir medidas cautelares após renunciar ao mandato. A campanha de Ewerton recebeu doações de seis pessoas, que totalizaram R$ 29.500. Dentre os doadores está um dos irmãos do agora vereador eleito, Flávio Batista de Souza Junior, e um ex-servidor que trabalhou com Inha (o pai) na Câmara de Ferraz de Vasconcelos. Esta foi a primeira eleição de Ewerton, que apareceu nas urnas com o nome “Ewerton Inha”, em referência ao pai — que estava em seu terceiro mandato como vereador, o segundo consecutivo. Ewerton integra o diretório municipal do Podemos em Ferraz de Vasconcelos. Em nota, Ewerton disse que não pode se manifestar sobre as investigações contra seu pai, pois as mesmas estão sob sigilo. "O mandato é pessoal e será exercido pelo vereador eleito e não por qualquer outra pessoa. Flávio Batista de Souza vai se dedicar integralmente à defesa e não participará do mandato do vereador Ewerton", afirmou. Ainda em agosto, o presidente do diretório municipal do Podemos, Alvaro Costa Vieira, disse que a filiação de Inha está suspensa e afirmou que a candidatura de Ewerton foi aprovada “de forma democrática” na convenção da legenda. — Não podemos penalizar alguém por conta das ações de um familiar, para quem nem existe uma condenação. Ele tem o direito de se candidatar e quem tem que avaliar se ele merece ou não ser vereador é a população — declarou à época. Quem é o pai de Ewerton Na denúncia oferecida à Justiça, o Ministério Público de São Paulo (MP-S) afirmou que Inha integrava um dos “polos de corrupção” no poder público que se relacionava com o crime organizado. Os investigadores identificaram conversas entre o então vereador e o empresário apontado como dono das empresas que simulavam concorrência em licitações para obter contratos públicos em nome do PCC. Segundo os promotores, Inha “tratava diretamente” da “repartição de valores”, e chegou a reclamar da propina oferecida pelo outro suspeito. — Então, mas essa sua matemática está errada. Viu como você é ruim de matemática? Como que você ganha tanto dinheiro assim e não sabe fazer conta? Tá, pior que você sabe, né? Por isso você ganha, né? Estou brincando. Vou mandar a conta certa para você — disse o político em áudio enviado quando ele era presidente da Câmara de Ferraz de Vasconcelos. A Operação Munditia mirou esquema que teria movimentado R$ 200 milhões em contratos públicos em cidades paulistas. Além de Inha, outros dois vereadores foram presos: Ricardo de Oliveira (o “Ricardo Queixão”, do PSD de Cubatão) e Luiz Carlos Alves Dias (o “Luizão Arquiteto”, do MDB de Santa Isabel). Queixão foi o primeiro do trio a ser solto, no dia 9 de agosto. O ministro Otávio de Almeida Toledo, desembargador convocado para o STJ, considerou que o vereador de Cubatão deixou de ter acesso a meios de “turbar a colheita das provas relativas aos fatos objeto da denúncia” a partir do momento em que renunciou ao seu mandato. No mesmo dia daquela decisão, a Justiça paulista concedeu liberdade a Luizão Arquiteto sob o mesmo argumento. Initial plugin text

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