'Maraturismo' ganha força entre brasileiros ao unir corridas com viagens

Corredores despreocupados com a alta performance podem juntar diferentes hobbies em provas que se espalham pelo Brasil A comunicadora Cacá Filippini, de 45 anos, define grande parte de suas viagens em função das corridas de rua. Escolhe a prova que quer fazer e, depois, as extensões da viagem. O inverso também acontece: fecha destinos-alvo e depois encaixa eventos esportivos pelo caminho no roteiro. Leia mais: Tour do Rio de ciclismo está de volta após nove anos e com prova para elite e amadores Oito anos: Fabio Azevedo é eleito presidente da Federação Internacional de Vôlei até 2032 Ela já decidiu que, em março do ano que vem, correrá a Meia Maratona de Lisboa, em Portugal, e a Maratona de Barcelona. Depois, fará uma viagem pela Espanha. Segundo ela, correr em cidades icônicas é o combo perfeito: a união entre esporte e turismo. — Eu faço maraturismo — conta Cacá, formada em Direito e criadora de conteúdo sobre viagem e corrida. — A corrida é prioridade, mas também faço o mesmo com mergulho, por exemplo. Vamos conhecer Revillagigedo, no México, em janeiro, após ficar embarcados. Gosto de encaixar esporte em todas as viagens possíveis. Em setembro, Cacá correu a Maratona de Berlim, na Alemanha, e aproveitou para perambular por Bruxelas (Bélgica), Praga (República Tcheca), Budapeste (Hungria), Viena (Áustria) e ainda Nova York (Estados Unidos). A viagem — uma espécie de nova lua de mel — teve renovação dos votos em plena maratona. No quilômetro 35 da prova de Berlim, Cacá e o marido, Antônio Dib Cardeal, administrador de empresas de 51 anos, relembraram o primeiro pedido feito por ele naquele local, em 2019. À época, Cacá o acompanhava na Maratona de Berlim como suporte. Estava a postos no quilômetro 35 apenas para lhe entregar um energético. Mas, no instante em que passou a garrafa, ela recebeu uma folha de papel com um pedido de casamento por escrito. Cacá guarda o bilhete até hoje. — Prometemos que um dia correríamos juntos em Berlim. Essa corrida é especial. Também foi nessa maratona de 2019 que decidi tirar do papel um sonho antigo de correr a Maratona de Nova York — recorda. Rodar o Brasil Por causa da pandemia de Covid-19, Cacá adiou o plano para 2022. Completou a Maratona de NY após uma batalha de 219 dias contra o vírus e sequelas. Entre idas e vindas ao hospital, foi internada na UTI com trombose e problemas respiratórios. — Me lembro de cada quilômetro, de cada pessoa que conheci. Me diverti no percurso inteiro. Larguei como se estivesse indo ao encontro da mulher que me tornei. Com a pessoa feliz e realizada que sou por causa de tudo o que vivi. As dores foram facilmente gerenciadas. Cruzei a linha de chegada sorrindo, depois de 4h40 — desabafa Cacá, ao refletir sobre a perda do primeiro marido, em um acidente de carro, quando estava grávida de oito meses, e sobre ter sido abandonada, dez anos mais tarde, por seu segundo companheiro, quando o filho deles nasceu com graves problemas de saúde. Grupo de brasileiros na Times Square durante viagem neste mês para participar da Maratona de Nova York Acervo pessoal Ontem pela manhã, Cacá, que já completou as maratonas de Nova York, Berlim, Chicago (EUA) e Paris (França), cruzou a linha de chegada de mais uma corrida de rua. Desta vez, na Bahia. Ela participou do Bota Pra Correr, evento da Olympikus, em Itacaré. —Tenho o sonho de correr em todas as capitais do Brasil — diz a comunicadora. — O Bota Pra Correr nos leva a lugares inusitados. E a proposta do evento é justamente essa. Ele já passou por Jalapão (TO), Pantanal, Alter do Chão (PA), Chapada dos Veadeiros (GO) e São Miguel dos Milagres (AL). Em 2025, estará na Serra do Cipó (MG), em março, e em Cumbuco (CE), em novembro. As inscrições são on-line, através do site olympikus.com.br. — Se essa marca tem um desejo ao comemorar seus 50 anos, é correr com os brasileiros — afirma Márcio Callage, diretor de marketing da Vulcabras, empresa que gerencia a Olympikus. Segundo Callage, a marca apoiará 50 corridas entre março de 2025 e 2026, incluindo a Maratona de Salvador (BA) e as de Porto Alegre (RS) e São Paulo (SP). Pacotes especiais Esse casamento entre turismo e corridas é uma tendência mundial. De acordo com dados da Strava, principal comunidade digital para pessoas ativas, com mais de 18,5 milhões de usuários apenas no Brasil, o ano de 2023 registrou o recorde de atividades durante viagens. O país esteve no roteiro de muita gente: a Maratona do Rio de Janeiro ficou entre as três mais gravadas por atletas no mundo todo, atrás apenas de Berlim e Paris. De olho nesse filão, agências de turismo já oferecem pacotes que incluem inscrição, estadia em hotéis próximos ao ponto de largada e orientação aos viajantes. — Especialmente após a pandemia, as pessoas estão correndo como se não houvesse amanhã — garante Elisabet Olival, diretora da Kamel Turismo, agência especializada em pacotes para corredores que participam de provas internacionais e que também atende quem quer vir ao país para correr. No início d

Nov 17, 2024 - 03:36
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'Maraturismo' ganha força entre brasileiros ao unir corridas com viagens

Corredores despreocupados com a alta performance podem juntar diferentes hobbies em provas que se espalham pelo Brasil A comunicadora Cacá Filippini, de 45 anos, define grande parte de suas viagens em função das corridas de rua. Escolhe a prova que quer fazer e, depois, as extensões da viagem. O inverso também acontece: fecha destinos-alvo e depois encaixa eventos esportivos pelo caminho no roteiro. Leia mais: Tour do Rio de ciclismo está de volta após nove anos e com prova para elite e amadores Oito anos: Fabio Azevedo é eleito presidente da Federação Internacional de Vôlei até 2032 Ela já decidiu que, em março do ano que vem, correrá a Meia Maratona de Lisboa, em Portugal, e a Maratona de Barcelona. Depois, fará uma viagem pela Espanha. Segundo ela, correr em cidades icônicas é o combo perfeito: a união entre esporte e turismo. — Eu faço maraturismo — conta Cacá, formada em Direito e criadora de conteúdo sobre viagem e corrida. — A corrida é prioridade, mas também faço o mesmo com mergulho, por exemplo. Vamos conhecer Revillagigedo, no México, em janeiro, após ficar embarcados. Gosto de encaixar esporte em todas as viagens possíveis. Em setembro, Cacá correu a Maratona de Berlim, na Alemanha, e aproveitou para perambular por Bruxelas (Bélgica), Praga (República Tcheca), Budapeste (Hungria), Viena (Áustria) e ainda Nova York (Estados Unidos). A viagem — uma espécie de nova lua de mel — teve renovação dos votos em plena maratona. No quilômetro 35 da prova de Berlim, Cacá e o marido, Antônio Dib Cardeal, administrador de empresas de 51 anos, relembraram o primeiro pedido feito por ele naquele local, em 2019. À época, Cacá o acompanhava na Maratona de Berlim como suporte. Estava a postos no quilômetro 35 apenas para lhe entregar um energético. Mas, no instante em que passou a garrafa, ela recebeu uma folha de papel com um pedido de casamento por escrito. Cacá guarda o bilhete até hoje. — Prometemos que um dia correríamos juntos em Berlim. Essa corrida é especial. Também foi nessa maratona de 2019 que decidi tirar do papel um sonho antigo de correr a Maratona de Nova York — recorda. Rodar o Brasil Por causa da pandemia de Covid-19, Cacá adiou o plano para 2022. Completou a Maratona de NY após uma batalha de 219 dias contra o vírus e sequelas. Entre idas e vindas ao hospital, foi internada na UTI com trombose e problemas respiratórios. — Me lembro de cada quilômetro, de cada pessoa que conheci. Me diverti no percurso inteiro. Larguei como se estivesse indo ao encontro da mulher que me tornei. Com a pessoa feliz e realizada que sou por causa de tudo o que vivi. As dores foram facilmente gerenciadas. Cruzei a linha de chegada sorrindo, depois de 4h40 — desabafa Cacá, ao refletir sobre a perda do primeiro marido, em um acidente de carro, quando estava grávida de oito meses, e sobre ter sido abandonada, dez anos mais tarde, por seu segundo companheiro, quando o filho deles nasceu com graves problemas de saúde. Grupo de brasileiros na Times Square durante viagem neste mês para participar da Maratona de Nova York Acervo pessoal Ontem pela manhã, Cacá, que já completou as maratonas de Nova York, Berlim, Chicago (EUA) e Paris (França), cruzou a linha de chegada de mais uma corrida de rua. Desta vez, na Bahia. Ela participou do Bota Pra Correr, evento da Olympikus, em Itacaré. —Tenho o sonho de correr em todas as capitais do Brasil — diz a comunicadora. — O Bota Pra Correr nos leva a lugares inusitados. E a proposta do evento é justamente essa. Ele já passou por Jalapão (TO), Pantanal, Alter do Chão (PA), Chapada dos Veadeiros (GO) e São Miguel dos Milagres (AL). Em 2025, estará na Serra do Cipó (MG), em março, e em Cumbuco (CE), em novembro. As inscrições são on-line, através do site olympikus.com.br. — Se essa marca tem um desejo ao comemorar seus 50 anos, é correr com os brasileiros — afirma Márcio Callage, diretor de marketing da Vulcabras, empresa que gerencia a Olympikus. Segundo Callage, a marca apoiará 50 corridas entre março de 2025 e 2026, incluindo a Maratona de Salvador (BA) e as de Porto Alegre (RS) e São Paulo (SP). Pacotes especiais Esse casamento entre turismo e corridas é uma tendência mundial. De acordo com dados da Strava, principal comunidade digital para pessoas ativas, com mais de 18,5 milhões de usuários apenas no Brasil, o ano de 2023 registrou o recorde de atividades durante viagens. O país esteve no roteiro de muita gente: a Maratona do Rio de Janeiro ficou entre as três mais gravadas por atletas no mundo todo, atrás apenas de Berlim e Paris. De olho nesse filão, agências de turismo já oferecem pacotes que incluem inscrição, estadia em hotéis próximos ao ponto de largada e orientação aos viajantes. — Especialmente após a pandemia, as pessoas estão correndo como se não houvesse amanhã — garante Elisabet Olival, diretora da Kamel Turismo, agência especializada em pacotes para corredores que participam de provas internacionais e que também atende quem quer vir ao país para correr. No início deste mês, a empresa levou mais de 400 brasileiros para a Maratona de Nova York. E, segundo Elisabet, cerca de 70% dos grupos optam por permanecer mais tempo no destino. — Ficam, em média, mais três noites na cidade da prova ou em uma cidade próxima. E geralmente depois da corrida, porque não querem se cansar antes do grande dia e também por causa dos eventos prévios de confraternização — explica Elisabet, que fundou a Kamel em 1988 e usa o slogan "Viajo porque corro”. — A decisão de correr uma prova acontece em função da capacidade do atleta e sua meta. Depois, o corredor pensa no resto. Maratona do Vinho combina prazer pela corrida com o pela bebida Divulgação Cerveja, vinho e até pizza nas provas ‘alternativas’ Para além do turismo, as corridas de rua passaram a ser associadas a outras formas de lazer, como experiências gastronômicas e de degustação de bebidas. Três cidades gaúchas — Bento Gonçalves, Garibaldi e Monte Belo do Sul — sediarão a sétima edição da Maratona do Vinho, que ocorrerá em fevereiro, época da colheita de uvas. Nessa prova, une-se esporte à bebida. Durante o percurso, há áreas de reabastecimento com produtos da região: uva, suco, vinho, pão, queijo, salame, entre outros, ao som de músicas típicas. No caso do Circuito dos Cervejeiros, a corrida fica em segundo plano. A ideia é mesmo beber entre os amigos. Geralmente, o percurso tem cerca de 5 km, com paradas estratégicas para degustação de cervejas. As duas últimas etapas aconteceram no Rio de Janeiro, em Ilha Grande e Penedo. E as próximas corridas serão no interior do estado: em Cabo Frio (30 de novembro) e Petrópolis (8 de dezembro). Também no próximo dia 30 acontecerá a Run & Pizza, corrida de 5 km casada com um “open bar” de pizza. A ideia, segundo a Fila, organizadora do evento, é levar os corredores às ruas do bairro paulista de Pinheiros sem preocupação com a performance. Não haverá cronometragem, e o kit inclui uma pochete de LED. — Na Fila, a transversalidade entre lifestyle e corrida é fundamental. Além disso, valorizamos não apenas a performance, mas a conexão com os corredores — diz Adriana Magalhães, diretora de marketing da Fila Brasil. — Queremos que o Run & Pizza seja uma celebração. Participarão cerca de 300 corredores, que poderão consumir 113 pizzas de sabores diversos, entre margherita, caprese com azeite trufado e opções doces (banana ou brigadeiro). (*A repórter viajou a convite da Olympikus)

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